A MENINA virou a cabeça repentinamente, revelando grande olhos azuis amedrontados, levantou derrubando o que trazia as mãos no chão e entrou correndo pela casa, batendo a porta atrás de si. Ouvi muitas coisas caindo.

Olhei para Annabeth. Ela segurava a alça da mochila que estava pendurada em um de seus ombros, a outra mão colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha, como ela faz quando está nervosa. E ela mordeu o lábio em preocupação. Quando percebeu que eu olhava, Annabeth engoliu em seco.

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Groover estava parado, sem expressão no rosto, somente olhando para a casa.

-Vamos entrar - ele disse, abrindo o portão e parando na frente da porta.

Groover tocou a campainha e esperou. Vários minutos se passaram sem resposta. Novamente ele tentou, e mais uma vez ficamos sem resposta. Achei ter ouvido um soluço, e um frio percorreu minha espinha.

Olhei para Annebth, fiquei feliz em perceber que ela entendeu.

Tentei abrir a maçaneta da porta, mas ela fora trancada, e abaixo das janelas haviam arbustos enormes.

-Groover - comecei - Acho que... Acho que a garota está sozinha. Quero dizer, os pais não estão e ela está com medo.

Ele engoliu em seco, entendendo o que eu disse. Nos afastamos um pouco da porta, e Groover pegou impulso, jogando toda a sua força nela, que acabou não resistindo. Um grito foi ouvido quando a porta caiu.

Bem, não sei o que é pior ver estranhos arrombando sua porta para entrar do que não ver alguém pulando sua janela. Pelo menos para uma criança, deve ser assustador.

A menina estava encolhida em um canto, com os olhos bem fechados e as mãos tapando os ouvidos. Annabeth e eu trocamos mais um olhar. Nos aproximamos, os três.

-Não! - a menininha gemeu, tentando ir mais para trás da parede. - Não...

-Ei - Annabeth disse, docemente, - nós queremos ajudar. Onde está sua mãe? - ela se ajoelhou na frente dela.

Os olhos azuis muito vivos da menina faiscaram e ela tirou a mão dos ouvidos e as colocou ao redor do joelho.

-Ela saiu - a voz da menina era chorosa.

-Como assim, saiu? - Annabeth tornou a perguntar.

-Ela foi trabalhar - a menina reprimiu um soluço - vocês são maus?

-Não somos maus - Annbeth assegurou. Me ajoelhei ao lado dela, passando um braço sob seus ombros.

-Ei, - disse - que tal darmos uma volta?

Um brilho pareceu surigir nos seus olhos, mas apenas por um segundo. Ela negou com a cabeça.

-Então... - Groover sentou ao meu lado - Que tal contar o que houve? Sabe onde está sua irmã?

-Bem... - a menina começou, cautelosa, mas parecia confiar em nós - Mamãe disse que ela está em um lugar mais seguro que aqui...

-Qual é seu nome? - Annabeth perguntou com voz suave.

-Susana... - ela disse. - Mas costumam me chamar de Su, sabe. Eu tenho 9 anos.

Annabeth assentiu.

-Faz um tempo... - Susana estremeceu - faz um tempo que monstros começaram a perseguir a minha irmã... Eu tentei ajudar, mas ela sempre dizia que era perigoso, até que um dia ela sumiu.

-Ela está segura - Annabeth disse, dando um sorriso largo. - Mas que tipo de monstros, você os viu?

-Sim. Eu vi todos eles. Eles nunca ligavam para mim... Era como se eu nunca existisse, mas eu sempre via eles, e sempre tive medo.

Annabeth, pela expressão, estava pensando.

-O que você faz - ela sugeriu - quero dizer, o que você estava fazendo quando chegamos aqui? Estava escrevendo.

-Não! - ela exclamou. - Não escrevo. Eu só desenho mesmo. Eu adoro desenhar, sabe! Vocês querem ver? - e sem esperar resposta ela correu para apanhar o caderno. Parecia bem mais a vontade, entendendo que não faríamos mal algum.

-O que houve? - perguntei a Annabeth, apertando um pouco seus ombros.

-Estou pensando... - ela simplesmente disse.

-Olhem! - a menina ergueu um caderno bem na nossa frente - fui eu que fiz!

Annabeth abafou uma exclamação ao meu lado, levando a mão a boca. O desenho era lindo. Não estava pintado, mas todos os traços estavam bem delineados, era um excelente trabalho para uma criança de 9 anos. Um lobo olhava para frente, e atrás de si uma mansão que parecia abandonada. No canto do desenho, havia uma palavra escrita em grego, traduzindo "Lupa".

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Olhei para Annabeth, que estava de sobrancelhas franzidas.

-Lupa... - ela disse. - Rômulo e Rêmulo... A Casa do Lobo.

-Oi? - perguntei.

-Mais tarde - ela me disse - tem mais?

A menina assentiu.

O próximo desenho mostrava um dragão que parecia ser feito de bronze. Ele estava parado no alto de um morro, olhando para o lado.

-De onde você tirou esses desenhos? - Annbeth parecia um pouco confusa.

-Da minha cabeça - a menina respondeu, dando de ombros e fechando o caderno. - Eu sonhei e resolvi desenhar.

-E você sempre sonha com coisas desse tipo? - Annie perguntou novamente.

-Não sempre - a menina afirmou.

-E com monstros, você também sonha com monstros?

-Claro! - Susana tornou. - Muitas vezes, mas não tantas assim. Mas já aconteceu.

-E tem algum monstro que você tem visto ultimamente? - Annabeth fez a pergunta parecer parte do assunto (embora fosse realmente parte do assunto).

-Na verdade tem sim - a menina ficou séria - Na verdade, quase todos os dias.

Lá fora, um latido muito alto ecoou por todos os lados, seguido de um rosnado.

-E ele acabou de chegar.