Simplesmente Percabeth

Morangos voadores


COLHER ALGUNS morangos poderia ser divertido.Poderia. Se antes você não tivesse acabado de escapar de uma briga maior com sua namorada e se os sátiros não estivessem, hum, alegres de mais, fazendo chover morangos para todos os cantos.

Assim que Annabeth e eu colocamos os pés nos campos de morangos, os irmãos Stoll foram chamados. Legal. Eramos só nós dois e outros sátiros que não estavam tocando as flautas de bambu que nos ajudavam a colher.

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No começo parecia algo totalmente normal no acampamento. Annabeth foi para um lado e eu para o outro. Os sátiros tocavam uma melodia alegre nas suas flautas, e os morangos que eu colhia eram enormes e pareciam muito suculentos. Mas depois que você fica muito tempo fazendo a mesma coisa - ainda mais se você tem déficit de atenção, hiperatividade, TDAH e é um semideus, isso é ainda pior - cansa e irrita.

Sei lá, acho que uns 15 minutos depois eu já estava quase virando a recheada de morangos na cabeça de um sátiro. Então eles trocaram de lugar. Um sátiro jovem tomou o lugar de outros dois, sentou e começou a tocar.

Então os morangos literalmente voaram. As folhas começaram a se erguer e enroscar uma nas outras, deixando os morangos bem à vista. Então eles simplesmente saltaram do pequeno cabo que os prendia a planta e voaram desgovernados. O sátiro somente aumentou o ritmo, de olhos fechados, e nem pareceu perceber a confusão que estava causando.

-Anni! - gritei. - Ai! - um morango acertou a frente da minha camisa e deixou uma mancha vermelha enorme.

-Ei! - ela tentou correr em direção ao sátiro, mas morangos voavam em sua direção. Annabeth desembainhou a adaga e acertou um morango no ar. - Faça alguma coisa, Cabeça de alga!

-Eu?!

-Você está mais perto dele! - ela disse, logo em seguida um morango acertou seu cabelo.

Assim que virei o rosto para o sátiro e comecei a caminhar em sua direção, uma chuva de morangos achou legal cair em cima de mim. Consegui me jogar para o lado, desviando de alguns, mas um deles me acertou um cheio no pescoço.

Tentando ignorar a chuva de morangos - o que é bem difícil se eles levantam do chão e vão propositalmente em sua direção - fui correndo até o sátiro. Quanto mais perto eu estava, mais percebia o quanto ele era jovem e como segurava a flauta de mal jeito - parecia Groover quando era inseguro - . Os olhos dele estavam fechados com força e a melodia seguia esganiçada e confusa, além de muito alta ao seu lado.

-Eeei! - gritei, sacudindo os ombros do sátiro. Um morango atingiu minha boca. Fiz uma careta e enquanto o cuspia fora sacudi o sátiro novamente.

Ele ergueu os olhos, assutado.

-O que... - ele começou, mas olhou ao redor. - Ah! - ele levou as mãos ao rosto. - Que foi que eu fiz! - e depois baixou a cabeça, escondendo o rosto nas mãos. - Eu sou um desastre... Um desastre...

-Ei, cara - eu ajoelhei ao seu lado, procurando Annabeth e logo a vi chegando. - Você não é um fracasso. Só precisa praticar um pouco mais.

-Darter! - um grito veio e vi que um sátiro gordinho vinha em nossa direção com um porrete na mão. - O que você fez aqui?!

-Gleeson! - ele arregalou ainda mais os olhos. - Gleeson! Me desculpe, eu não queria... Eu não...

O sátiro parou a nossa frente com uma cara raivosa.

-É Gleeson Hedge, pra você - ele disse, entredentes - e você precisa aprender a tocar essa flauta direito se quiser ser um sátiro de verdade!

-Hedge - Annabeth apareceu. - Por favor.

Ele a encarou por um segundo, mas depois olhou novamente para o sátiro.

-Vou ensinar como se toca uma melodia para os morangos ficarem felizes - ele disse - e não para eles ficarem furiosos por serem uma planta e atacarem as pessoas que vão comê-los - depois ele olhou para Annabeth e eu. - E vocês dois, fora.

Saímos dos canteiros de morangos e não deixamos de cair na gargalhada. Olhei atentamente para Annabeth e a vi direito desde a chuva de morangos. Sua camiseta do acampamento meio-sangue estava um pouco manchada, mas os cabelos e o rosto estavam piores. Os braços também tinham manchas, mas os olhos cinzentos ainda riam de toda a situação.

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-Vai ser legal passar na frente de todo mundo - Annabeth murmurou, vendo que havia muita gente perto dos chalés.

Dei a mão para ela, já prevendo a humilhação. Mas... Vida de semideus é assim mesmo. Pensei totalmente diferente quando o pessoal olhou diretamente para nós dois. Todos tinham um sorriso muito debochado no rosto. As bochechas de Annabeth estavam mais vermelhas do que os morangos, mas eu sentia o meu próprio rosto muito quente.

-Andaram brigando, ein? - a voz de Clarisse debochou em algum lugar. Risinhos maliciosos e cheios de segundas intenções responderam a isso. - Aposto que você se entregou, não foi Jackson?

Os risinhos ficaram ainda mais altos. Se é possível, Annabeth ficou ainda mais vermelha.

-Erre es korakas - ela murmurou, entre dentes.

Assim que seu chalé se aproximou ela soltou minha mão, me encarou por um segundo e depois sumiu na porta do chalé. Andei mais depressa para o meu.

Pelo menos os outros haviam voltado para as suas atividades.