A Vida (caótica) De Uma Adolescente Em Crise.

Capítulo 30: A conversa que a loira não devia ter ouvido.


(…) - Alison foi um anjo na minha vida.

– Eaí, vai chama-la pra sair ou não?

– É claro que vou, só estou esperando o momento certo. Cara, ela é a minha garota. Não existe outra igual a ela. Mal vejo a hora de chama-la logo pra sair e dizer que gosto dela desde a sexta série. Ah, cara! Estou tão ansioso! Espero que ela não me odeie.

– Ei! Vai com calma aí, Valdez! Ela não vai te odiar. Ela é uma garota compreensiva e inteligente o suficiente para não fazer isso.

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– Assim espero, cara. Assim espero (…)

Cloe não queria ter ouvido nada. De verdade. Ela apenas estava passando pelo corredor e ouviu a conversa. Uma conversa que, definitivamente, ela não queria ouvir.

A conversa que flagrou entre Chase e Leo antes deles saírem era, com certeza, a última coisa que ela queria escutar.

Não se aguentou e saiu dali do corredor, correndo. Cloe entrou pelo banheiro e se enfiou na primeira cabine e lá chorou, como poucas vezes na vida havia chorado. Ela escondeu o rosto nas mãos enquanto as lágrimas a encharcavam. Não podia acreditar. Na verdade, podia, mas não queria acreditar no que ouvira. Alison. Leo gostava de Alison, sua melhor amiga desde a vida toda. Não. Ela não podia suportar essa dor. Logo agora que, depois de tanto suas amigas insistirem, ela admitiu pra si mesma que sim. Sim, ela amava Leonard Valdez. Mas depois do que ouviu e entendeu da conversa de Chase e Leo, ele queria Alison. Não a ela. E ele confessou que gostava dela desde a sexta série (mesma época, no caso, em que Cloe desconfiou se odiava mesmo um certo Valdez, ou se o sentimento era ao contrário).

Não. Com isso Cloe não podia conviver. Não. Definitiva e irremediavelmente não. Ela não suportaria olhar nem para ele nem para Alison depois daquele dia. Se sentiria estúpida, raivosa, irada, magoada, entristecida, furiosa, mas, acima de tudo, desolada e traída. Oh sim! Totalmente traída, mas não por ele nem por ela, mas por si mesma. Ela, Cloe Marie Aster, havia levantado esperanças falsas em relação ao Valdez. Não. Essa humilhação ela não aceitaria. Já se sentia uma burra e idiota ali, no reservado, sozinha. Se o visse então, começaria a se espancar (ou a espanca-lo) por ter sido tão estúpida e ter chegado a cogitar a ideia de que Leo podia sentir qualquer coisa diferente por ela.

Que estupidez da minha parte!, gritou uma voz em sua mente. Ela, mesmo chorando, levou a mão em punho até a testa e começou a se esmurrar.

– Mais que burra! - ela murmurou entre soluços – Burra! Burra! Como eu pude... Arg! Burra!

Cloe chutava a porta do reservado enquanto se xingava. Não podia acreditar na própria ingenuidade. Já haviam se passado dez, talvez quinze, minutos pós sinal e ela nem ligava (isso que estamos falando de Cloe Marie Aster, aquela que odeia atrasos). Na verdade, ela nem queria continuar naquela escola mais.

O que ela fez? Bem, algo em sua mente gritou com ela, mandando-a parar de chorar e se recompor. Cloe deixou o reservado e parou diante o espelho do banheiro. Sim, ela parecia um monstro. Seu rosto, sempre branquinho, agora estava avermelhado e inchado, e seus olhos estavam um pouco injetados.

Ela simplesmente respirou fundo, jogou água no rosto e remexeu nos cabelos loiros. Os soltou e os bagunçou um pouco, assim como Laila fazia. Tirou do bolso (magicamente, tipo puff!) um batom de tom avermelhado que pertencia a Claire e o destampou. A voz marota em sua cabeça lhe disse algo que a agradou.

– Bem, Leonard Valdez – ela disse para o próprio reflexo enquanto deslizava o batom pelos lábios - , se você quer a Wood – ela sorriu travessa para si mesma após passar o batom e guardar - , pode ficar. Eu quero curtir!

Ela jogou os cabelos pro lado e deu as costas para o banheiro. Passou pela fileira de armários até parar na frente do próprio e o abriu. Arrancou o suéter que usava e o jogou lá dentro. Pegou o celular na mochila dentro do armário e a jogou de volta. Bateu a porta com um baque e deixou o corredor saltitando. Mandou uma única mensagem, para Laila, algo sobre ir “ali” e sair da escola. Nada de mais. Saltitou até a porta de entrada da escola, que estava sempre aberta e sem monitores. Uma vozinha irritante na mente de Cloe se manifestou babulciando algo sobre ser errado matar aula e ir para bares, mas o resto de sua mente a mandou para o inferno, então tudo certo.

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Cloe simplesmente passou pela porta, desceu os degraus da frente, atravessou o canteiro até os portões e saiu. Saiu para curtir.