Tudo Muda

Capítulo 22 Sentimentos -talvez- contínuos


[P.O.V. EMILY]

Jade me leva até o jardim, onde ele sempre gostou muito de ficar, entramos na estufa, por causa da chuva.

– O que você queria me dizer? - pergunto a ele.

– Okay, eu ensaiei MUITO pra te dizer isso, e não sei de onde tirei coragem, mas aqui vai: Emily... Eu... ainda gosto de você.

– Oi? - É tudo que consigo dizer.

– Não me faça repetir!

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– Olha, eu realmente não quero te magoar, mas...

– Nós ficamos dois anos separados? O amor acabou assim?

– Que bom que sabe! - Eu digo, me virando para sair.

– O quê? Acha mesmo que um sentimento pode acabar com a distância?

– Eu não acho, mas parece que você achava, não é? - me viro para ele novamente.

– Diz isso só por eu ter ido embora sem me despedir? Eu errei eu sei, mas não acho que seja motivo para...

– CALA A BOCA! - esse assunto já está me irritando! - POR ACASO NÃO LEMBRA O QUE ME DISSE ANTES DE IR? SE VOCÊ NÃO LEMBRA, EU SIM. ESSAS PALAVRAS FICARAM GRAVADAS EM MIM PARA SEMPRE, POIS O GAROTO QUE EU AMAVA E QUE EU PENSEI QUE ME AMAVA TAMBÉM DISSE QUE SERIA IMPOSSÍVEL CONTINUARMOS JUNTOS! - meus olhos estão cheios de lágrimas, que já começam a rolar pelo meu rosto. - O amor não é assim, Jade - eu digo, já mais calma - não é simplesmente querer ou não querer sentir, deixá-lo com você ou a mercê. O amor apenas acontece. Não se pode explicar, proibir, privar, ele vai continuar ali, e se ele desaparecer então não é amor.

– Exatamente, Emily, ele continua comigo. - ele diz, limpando minhas lágrimas. Ele começa a se aproximar do meu rosto, posso sentir sua respiração e então... o empurro.

– Não! Não posso!

– Por quê?

– Porque eu não te amo, me desculpa, mas é a verdade. Não sinto mais nada. Desculpe, mas não quero te magoar, te fazer sofrer, então, se afaste. Por favor! - mais uma lágrima rola pela minha bochecha e posso sentir seu gosto salgado quando vai de encontro a minha boca.

– Eu te terei novamente, Emily. É uma promessa!

Corro. Corro mais rápido que nunca. Não me importo de ter esquecido o guarda-chuva e estar me molhando. Acho que é bom para esfriar a cabeça. É muita preocupação, muita informação, muitos sentimentos. Sentimentos talvez contínuos...

Chego em casa e não me importo de molhar o piso, ou de minha mãe brigar comigo mais tarde, pra variar. Só quero meu quarto, minha cama, meu travesseiro para encharcar. Lembro-me do que meu avô dizia para mim: "Vai chorar na cama, que é lugar quente". Nunca havia entendido e agora...

Entro no meu quarto e me tranco. Choro e, enfim, adormeço...

"Estou em um lugar escuro, não enxergo nem que seja um palmo a frente do meu nariz. Uma luz cai sobre mim e percebo que, na verdade, o cômodo é negro, lustroso, brilhante de se enxergar o reflexo. Olho para mim mesma e vejo que estou vestida com roupas lolitas, o que já basta para eu cair de joelhos no chão. Sinto o choro chegando quando mais quatro holofotes brilham. Esses, porém, são fracos e apenas enxergo mãos e pés amarrados, nada de corpo ou rosto. Sabe-se lá como, me toco de que são garotos e quando finalmente me notam começam a gritar e clamar por ajuda e socorro. Uma voz fala por cima de tudo:

– Vamos, Emily, escolha. Só e apenas um, nada mais do que um. Você só pode salvar um.

Mesmo a voz sendo grossa parece cortante como cacos de vidro. Escolher, escolher. Escolher um dos garotos, imagino. Mas qual? Quero salvar todos. A decisão é difícil ainda mais quando não consigo ver seus rostos. A indecisão, os gritos, a voz cortante não colaboram. Choro. Parece que é tudo que consigo fazer hoje. Chorar. A decisão aperta, a voz pressiona, repetindo suas frases. O que eu faço agora? Quem escolho? O que eu sinto?"