My Little Gift ('The Orphan' - Season 2)

Capítulo 23 – Masks Falls


Capítulo 23 – Masks Falls

“As Máscaras Caem”

– Violet –

Senti meu corpo ser derrubado no chão bruscamente e comprimiu meu rosto ao peito de Cedrico, que continuava sob mim. Minha cabeça parecia estar prestes a explodir, meu cérebro sobrecarregado, minhas pernas latejavam e meus braços ardiam como se estivessem sobre brasas. Meu rosto era totalmente tomado pelas lágrimas. Meu peito arfava e meus olhos choravam toda a dor que senti nos últimos minutos, lamentavam todas as perdas e todas as desilusões.

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Uma enxurrada de sons invadiu meus ouvidos e por um momento toda a agonia voltou com força, o medo de que Voldemort tinha me alcançado ou me impedido assolavam-se. Eu não queria abrir os olhos, não queria ouvir mais nada. Só queria chorar e gritar o quanto eu pudesse. Queria limpar toda a mágoa do meu peito, queria me livrar da culpa por Cedrico estar morto... Queria desaparecer numa fumaça e nunca mais voltar...

E então senti duas mãos agarrem meus braços sangrando violentamente, virando-me de barriga para cima.

– Violet! Violet!

Eu reconhecia aquela voz. Abri meus olhos e encarei a imensidão de estrelas sobre minha cabeça. Sombras escuras se aglomeravam ao meu redor cada vez mais. Meu choro se intensificou e passei a gritar de dor, de agonia, de medo... Gritei por todas as vezes que Voldemort lançou-me Crucius, por todas as vezes que caí e por todos os cortes que recebi de bom grado.

– Violet! Violet, fale comigo, por favor! – gritou Snape desesperadamente enquanto tentava soltar-me de Cedrico.

Assim que vi as arquibancadas ao fundo, percebi que estava de volta.

– Violet, o que aconteceu? – perguntou Dumbledore ao meu lado.

– Ele voltou... – falei em meio ao choro descontrolado – Voldemort voltou... – minha frase perdeu-se no final. – Cedrico... Ele... Ele...

– Solte-o Violet... – pediu Dumbledore

– Ele pediu... Ele pediu que eu o trouxesse para os pais... Eu não pude evitar... Não... Ele... – tentei novamente enquanto alguém soltava minhas mãos do corpo de Cedrico - Tem... Tem um Comensal infiltrado em Hogwarts... Eu não...

– Shhh... Está tudo bem agora... – sussurrou Snape puxando-me para seus braços.

Meus gritos ficavam ainda mais altos. Estar comprimida nos braços de meu pai fez com que os meus ardessem em resposta, porém, ignorei. Apertei-me ainda mais no homem que me consolava na tentativa de expulsar os fantasmas em minha mente. Tudo que eu ouvia eram gritos e confusões nas arquibancadas.

– Severo, preciso de você... – pediu Dumbledore levantando-se.

Snape agarrou meus braços machucados e ergue-me do chão, colocando-me em pé. Minha cabeça latejava e minhas pernas ameaçavam derrubar-me novamente, não aguentaria por muito tempo. -

Fique aqui Violet, fique aqui... – mandou Snape antes de se afastar.

Minhas pernas já não sustentavam o peso do meu corpo.

– Está tudo bem filha, estou com você... Vamos, vamos à ala hospitalar... – disse alguém

– Meu pai me mandou ficar... – sussurrei sem forças, minha visão totalmente borrada e confusa.

– Você precisa se deitar... Vamos... Agora.

Senti braços fortes puxarem-me pela confusão de vultos que corriam de um lado para o outro. Estava desnorteada, não sabia quem me puxava ou mesmo para onde. Tentei forçar minhas pernas a acompanharem, mas era um esforço que elas estavam cansadas de fazer. Logo os mesmos braços rodearam minha cintura e, não sei como, carregaram-me.

– O que aconteceu Violet?

Um som metálico atravessou meus ouvidos.

Moody.

– A Taça era uma Chave de Portal – murmurei – Nos levou para um cemitério... Ele estava lá... Voldemort estava lá... – falei não contendo as lágrimas.

– O Lord das Trevas estava lá? O que aconteceu depois?

– Cedrico... Rabicho matou Cedrico...

– E então?

– Ele... Ele recuperou o corpo dele...

– Voldemort recuperou seu corpo? Ele voltou?

– E os Comensais da Morte vieram... Ele queria que eu fosse um deles... Mas depois duelamos...

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– Você duelou com o Lord das Trevas?

– Eu escapei... Minha varinha... Ela... Ela fez algo estranho... Eu vi... Vi Lillian e minha avó... Elas...

– Aqui dentro Violet, aqui dentro... Sente-se, você vai ficar bem agora...

Ouvi uma chave girar na fechadura e senti que Moody empurrava um copo em minhas mãos.

– Beba isso... Você vai se sentir melhor... Vamos, eu preciso saber exatamente o que aconteceu...

Moody pegou em minhas mãos e forçou-me a virar o copo em minha boca. O gosto apimentado queimava minha garganta. Repentinamente tudo à minha volta começou a entrar em foco, assim como Moody, que parecia extremamente pálido. Seus olhos estavam fixos em meu rosto sem ao menos piscar e meu corpo já não doía como antes.

– Voldemort voltou Violet? Você tem certeza? Como foi que ele fez isso?

– Ele... Ele usou algo do túmulo do pai, depois do Rabicho e de mim...

Lentamente minha cabeça começava a clarear, amenizando as dores.

– O que ele tirou de você? – perguntou Moody

– Sangue – respondi erguendo o braço.

Pela primeira vez consegui avaliar o estrago que Rabicho fizera. Minha manga estava rasgada e ensanguentada. Moody deixou escapar um assobio longo e baixo.

– E os Comensais da Morte... Voltaram? – perguntou extremamente interessado.

– Dúzias deles... – respondi.

– E como ele os tratou? Foram perdoados? Perdoados?

Em momento algum eu comentei que os Comensais pediram perdão...

“Tem um Comensal infiltrado em Hogwarts” dissera Voldemort. “Um servo fiel que assegurou-se de que a garota seria selecionada pelo Cálice e que passaria pelas provas e chegaria até nós esta noite”

“Moody nem se lembra de nossas aventuras juntos”, disse Catherine assim que viu Moody. “Ele mudou muito”

“Ele não para de olhar para você e para o Harry”, falou Sophie na noite em que Moody apareceu em Hogwarts.

Ele deu a dica sobre como passar pelos dragões da primeira tarefa.

Ele deu o livro à Sophie que me ajudou na segunda tarefa!

– Por que o interesse repentino? – perguntei desconfiada.

Moody encarou-me profundamente e riu gostosamente. Puxou sua varinha e apontou-a para mim.

– Eu lhe perguntei... – disse calmamente – Se ele perdoou a ralé que jamais foi procurá-lo. Aqueles traidores covardes que sequer arriscaram ser mandados para Azkaban por ele. Os porcos desleais e imprestáveis que tiveram coragem suficiente para desfilar de máscaras na Copa Mundial de Quadribol, mas fugiram ao ver a Marca Negra quando eu a projetei no céu. – rosnou.

– Rodolphus... - concluí surpresa - É você o Comensal infiltrado em Hogwarts...

Moody sorriu.

– Você é inteligente Violet... – riu – Sabe, se tem uma coisa que eu mais detesto é um Comensal da Morte que foi absolvido. Viraram as costas ao meu amo quando ele mais precisava deles. Eu esperei que ele os castigasse. Esperei que ele os torturasse. Diga-me que ele os machucou Violet... – perguntou com um sorriso diabólico. – Me diga que ele disse a todos que eu, somente eu, permaneci fiel... Preparado para arriscar tudo para entregar em suas mãos o que ele mais queria... Você

– Nem tudo acontece como queremos... Acho que já deveria ter se acostumado a isso. Aquela noite na Copa, por exemplo, você não queria me matar, e sim me capturar não é? Meu pai aparecer estragou seus planos...

– Severo... Sempre intrometido...

– Voldemort não machucou ninguém. – afirmei com um sorriso no rosto – Ele apenas os repreendeu. Mas ele comentou o nome de seu maior servo... Bellatrix Lestrange...

– Ela não se arriscou por ele como eu fiz... Não foi fácil, Violet, orientá-la durante aquelas tarefas sem despertar suspeitas...

– Você colocou meu nome do Cálice de Fogo... Você deu o livro à Sophie com a informação do Guelricho...

– Você realmente me surpreendeu na segunda tarefa. Fiquei te vigiando o tempo todo... – falou – Todos aqueles treinos, todo aquele esforço... E quando ficou tanto tempo no lago, pensei que tinha se afogado. Mas, por sorte, Dumbledore tomou sua burrice por nobreza e lhe deu uma nota altíssima...

– E você mais uma vez respirou aliviado...

De onde vem essa calma toda que estou sentindo?

– Quem afugentou cada pessoa que julguei que poderia machucá-la ou impedir que você ganhasse o torneio? Fui eu. – levantou-se – Quem encorajou Hagrid a lhe mostrar os dragões? Quem fez você ver a única maneira de vencer o dragão? Eu. – sibilou – Tive de usar cada grama de astúcia que possuo para não deixar transparecer o meu dedo no seu sucesso. Dumbledore teria ficado desconfiado se você conseguisse tudo com muita facilidade. Desde que você entrasse no labirinto, de preferência com uma boa dianteira, eu sabia que teria uma chance de me livrar dos outros campeões e deixar o seu caminho desimpedido...

– Então você, como um bom patrulheiro, estuporou a Fleur e impediu que o Vitor avançasse, deixando o caminho livre até a Taça...

Moody caminhou pela sala e circundou a cadeira na qual estava sentada. Seu rosto tremia, lentamente voltando para sua verdadeira identidade.

– O Lord das Trevas não conseguiu te transformar numa Comensal, Violet... E ele queria tanto! – sussurrou Moody – Imagine a recompensa que me dará, quando descobrir que eliminei a única ameaça à vitória dele! Vou receber mais honrarias que todos os outros Comensais da Morte. Eu e Bellatrix seremos seus seguidores mais queridos, mais próximos!

– Bellatrix... Ela sempre soube, não é?

Enquanto ele falava, apalpei minhas roupas até encontrar a varinha que esperava ansiosamente. Cerrei minha mão nela e retirei-a, escondendo-a atrás de mim. Então, diante de meus olhos, seu rosto começou a mudar.

As cicatrizes foram desaparecendo, a pele foi se tornando lisa, o nariz mutilado ficou inteiro e diminuiu de tamanho. A longa juba de cabelos castanhos foi se retraindo para o couro cabeludo ondulado e enegrecendo. De repente, com um forte baque, a perna de pau caiu e uma perna normal apareceu em seu lugar. Em seguida o olho mágico saltou do rosto e um verdadeiro olho preto o substituiu.

À minha frente estava um homem alto, pálido, olhos negros e cabelos pretos ondulados com um sorriso malicioso no rosto.

– Sabe, ela se afeiçoou muito a você... Mas mesmo assim te treinou e preparou para esse momento... – comentou – Você foi muito idiota em recusar uma proposta tão bondosa...

– Eu nunca me aliaria a pessoas como você... – rosnei

– E agora você morrerá aqui... Nesta sala... – falou encostando a ponta de sua varinha em meu rosto. – Este é o seu fim... Violet Snape – sorriu.

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– O fim é sempre um recomeço... – avisei. Rodolphus afastou-se ligeiramente, já com seu verdadeiro rosto, e apontou a varinha para o meu coração.

Violet! – chamou Snape por trás da porta trancada.

– Parece que não temos tempo... – sorriu - Avada Kedavra! – gritou

Sectumsempra!- levantei minha varinha ao mesm tempo.

Assim como no cemitério, nossos feitiços se encontraram no ar. Porém, senti minhas forças se esgotando, os efeitos da poção que bebi cessavam e as dores voltavam.

– Estupefaça!

Houve um lampejo ofuscante de luz vermelha e, com um grande estrondo, a porta da sala rachou ao meio. Rodolphus foi atirado de costas ao chão e seu feitiço ricocheteou num dos objetos do lugar, que caiu sobre mim.

Ah! – gemi assim que senti o metal frio sobre o braço machucado.

– Minerva, por favor, vá buscar a Poção da Verdade mais forte que tem na sala do Snape... – disse Dumbledore.

Snape aproximou-se rapidamente de onde eu estava e retirou o objeto de cima de mim.

– Violet, você está bem? – perguntou enquanto tentava me levantar.

– Não consigo ficar em pé... Estou cansada... – murmurei.

– Tudo bem, não precisa se levantar... – sussurrou abraçando-me.

– Ele foi estuporado e controlado pela Maldição Imperius, está muito fraco... – disse Dumbledore.

Assim que levantei o olhar percebi que diretor não estava em lugar nenhum, Minerva prostrava-se diante de sete malões sobrepostos e olhava para dentro.

O que eu perdi?

– Minerva, atire-me a capa do impostor, Alastor está congelando. Madame Ponfrey precisará examiná-lo, mas ao que parece não corre perigo imediato. – disse ele novamente.

Minerva pegou a capa de Rodolphus e atirou para dentro do malão, de onde Dumbledore apareceu com um homem enrolado na capa.

– Poção Polissuco... Vê a simplicidade e a genialidade da coisa. Moody jamais bebe nada a não ser do frasco do bolso, todo mundo sabe disse. O impostor precisou, é claro, manter o verdadeiro Moody por perto para poder continuar a preparar a poção... – disse ele colocando Moody numa das cadeiras – Mas acho que, na excitação de hoje à noite, o falso Moody talvez tenha esquecido de tomar a poção com a necessária frequência...

– Quem é ele? – perguntou Minerva entregando um pequeno frasco com um líquido transparente.

– Rodolphus Lestrange. – respondi

– Como sabe? – assustou-se Minerva

– Ele que lançou a Marca Negra na noite da Copa de Quadribol... – expliquei.

– Era dele que estava fugindo? – perguntou Snape com ódio nos olhos

– Era um jogo para ele...

Dumbledore se levantou, debruçou-se sobre ele e abriu sua boca à força, despejando o líquido do frasco.

Enervate! – exclamou apontando para Rodolphus, que abriu os olhos imediatamente – Você está me ouvindo?

– Estou – murmurou.

– Diga seu nome.

– Rodolphus Lestrange. – respondeu.

– Como fugiu dos aurores quando Voldemort caiu?

– Bellatrix é uma mulher incrível. Ela elaborou um plano perfeito e, com a ajuda da Poção Polissuco, escapamos e nos refugiamos num lugar afastado. – sorriu com a lembrança – Depois Lúcio nos encontrou e nos trouxe de volta.

– Por que ele fez isso? – continuou

– Porque ele precisava da Bellatrix para um plano...

– Qual plano?

– Anos atrás uma profecia foi feita, e ano passado foi reafirmada. “Aquele com o poder de vencer o Lorde das Trevas não estará sozinho. Um novo herdeiro será capaz de decidir o destino de todos, o único com o poder de levar o Lord das Trevas à vitória, assim como levá-lo à derrota. Quando a batalha final chegar, aquele com sangue real deverá fazer uma escolha, determinando quem sobreviverá. O herdeiro nascido no início do nono mês, fruto da relação de grandes opostos, da traição e da rejeição, se aproxima...”. Ela precisaria ser preparada para tornar-se uma Comensal da Morte, e quem melhor para prepará-la do que a melhor Comensal viva que o Lord das Trevas teve? – sorriu maliciosamente. – Bellatrix encontrou a criança e a tirou de um orfanato trouxa. Assumiu uma identidade falsa e treinou a garota psicologicamente desde pequena... Quando a menina completou 11 anos, o verdadeiro treino começou. Minha Bella ensinou-a todos os feitiços e Maldições e explicou tudo sobre o mundo bruxo. Com 13 anos já estava preparada para vir à Hogwarts. Uma pequena influencia do Lúcio permitiu acrescentar a ficha da garota entre os novos alunos e, como ano passado o responsável pelas cartas era outro professor, ele obviamente nem percebeu a falsificação.

– E quem vocês acreditam ser A Escolhida? – perguntou Dumbledore, mas eu já sabia a resposta.

– Filha de grandes opostos, Sonserina e Grifinória, fruto da traição e da rejeição, foi abandonada quando nasceu, em 2 de setembro de 1979... Violet Eileen Evans Prince... – sorriu. – ...Snape – acrescentou.

– Por que matou Bartô Crouch? – perguntou.

– Ele descobriu tudo quando ouviu uma conversa entre o filho e Voldemort. Quando apareceu em Hogwarts fui obrigado a eliminá-lo, para assim proteger meu amo.

– Quando aliou-se à Voldemort? – continuou Dumbledore.

– Há muitos anos atrás... Ficou tão satisfeito quando contamos da profecia!

– E o que foi que Lord Voldemort lhes pediu para fazer?

– Ele me perguntou se eu estava disposto a arriscar tudo por ele. Eu estava. Era um sonho, minha maior ambição, servi-lo e ser merecedor do mesmo apreço que ele tinha por Bellatrix. Ele me disse que precisaria colocar um servo fiel em Hogwarts, um servo que orientasse Violet Prince durante o Torneio Tribruxo sem parecer que estava fazendo isso. Um servo que a vigiasse, que garantisse que a garota chegasse à Taça Tribruxo. Que transformasse a Taça em uma Chave de Portal e que levasse a primeira pessoa a tocá-la ao meu amo. Mas primeiro...

– Você precisava de Alastor Moody.

– Bella e eu fizemos isso. Preparamos antes uma Poção Polissuco e viajamos até a casa do auror. Moody resistiu, houve uma grande confusão, mas conseguimos dominá-lo a tempo. Nós o enfiamos à força no malão mágico, tiramos alguns fios de cabelo e acrescentamos à poção. Eu bebi e me transformei no duplo Moody. Depois de resolver alguns assuntos, guardei tudo que era dele no malão e parti para Hogwarts. Conservei-o vivo, dominado pela Maldição Imperius, queria poder interrogá-lo, descobrir seu passado, aprender seus hábitos de modo a enganar Dumbledore. Precisava também do cabelo dele para a Poção Polissuco. Os outros ingredientes foram fáceis de encontrar. Roubei tudo das masmorras e, quando o professor de Poções me encontrou em sua sala, eu disse que tinha ordens para revistá-la.

– Era o plano perfeito... – comentou Dumbledore.

– Imaginem a surpresa que tive quando Severo Snape pediu-me para ser o padrinho da garota e protegê-la? – riu – O plano ficava cada vez mais forte! E hoje à noite... Eu me ofereci para levar a Taça Tribruxo para o labirinto antes do jantar e transformei-a em uma Chave de Portal. O plano de meu amo deu resultado. Ele voltou ao poder e eu receberei honrarias que ultrapassam os sonhos de qualquer bruxo – exclamou com um sorriso demente invadindo seu rosto antes de sua cabeça tombar para o lado e desmaiar.

Dumbledore levantou-se, encarou-o com desgosto e voltou seu olhar para Minerva, que prostrava-se ao seu lado.

– Minerva, por favor, fique aqui de guarda enquanto levo a Violet para cima?

– Naturalmente. – falou levantando sua varinha firmemente na direção de Rodolphus.

– Severo, por favor, peça a Madame Ponfrey para vir até aqui. Precisamos levar Alastor para a ala hospitalar. Depois desça aos jardins, procure Cornélio Fudge e traga-o para esta sala. Com certeza vai querer interrogar Rodolphus pessoalmente. Diga-lhe que estarei na ala hospitalar dentro de meia hora, caso precise de mim.

– Dumbledore, não posso deixá-la...

– Ela ficará bem... Não se preocupe. – respondeu o diretor.

– Tudo bem... – concordou – Eu volto logo... – sussurrou para mim levantando-se e deixando a sala.

– Violet? – chamou-me Dumbledore gentilmente.

Levantei-me rapidamente, porém, a dor na perna e nos braços, que mal sentira durante o “interrogatório”, voltou com força total. Assim que fiquei em pé senti a sala rodar e cambaleei, porém, o diretor segurou-me pelo braço e ajudou-me a sair para o corredor escuro.

– Quero que venha primeiro ao meu escritório, Violet. Catherine Addams e Pierce Seyfried querem vê-la.

Tentei ignorar a dor dos cortes no braço, porém, cada passo era um sacrifício, assim como parecia impossível livrar minha mente das lembranças frescas e nítidas que não paravam de lampejar em minha mente. Olho-Tonto

– Professor... Onde estão o Sr. e Sra. Diggory? – murmurei

– Estão com a Profª Sprout... – disse com sua voz levemente abatida. – Ela é a diretora da Casa de Cedrico e o conhecia melhor...

Tínhamos acabado de chegar à Gárgula de pedra. Dumbledore disse a senha e ajudou-me a subir a escada rolante circular até a porta de carvalho, abrindo-a. Catherine e Pierce, mãe da Mary e pai da Sophie, esperavam-me. A mulher tinha uma aparência cansada e pálida.

– Violet, você está bem? – perguntou-me atravessando a sala

– Olá Violet, sou Pierce Seyfried, pai da Sophie... Creio que ela contou sobre mim...

– Sim... É um prazer conhecê-lo Sr. Seyfried. – falei com a voz rouca.

– Por Merlin, você está terrível! Sem ofensas... – comentou Catherine ajudando-me a sentar numa cadeira próxima à mesa do diretor.

– Desculpe a pergunta, mas... O que fazem em Hogwarts? Pensei que apenas os alunos e a família dos campeões poderiam assistir... – falei enquanto Catherine e Pierce sentavam-se ao meu lado.

– Bom, eu já estava desconfiada do Moody... Ele era um excelente auror, inclusive conhecido por sua boa memória. – começou ela – Quando conversamos no baile ele começou a me elogiar muito. Olho-Tonto nunca fazia isso, pelo contrário! Ele me respeitava imensamente. Outro fato é que ele sequer lembrava nossas aventuras, tanto que inventei uma missão e ele concordou com a mentira.

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– Então ela veio falar comigo. Nós concordamos que Moody estava diferente, e mesmo todos dizendo que era apenas a loucura que o assolava, nós sabíamos que Alastor Moody nunca deixaria de ser quem era... – completou Pierce - Ele nunca mudaria tão bruscamente...

– Começamos a investigar sobre ele e descobrimos, por meio de nossas filhas, hábitos extremamente estranhos da parte dele... Coisas que nunca fazia...

– Por isso pedimos permissão à Dumbledore para que viéssemos assistir à terceira tarefa. Ficamos de olho no Moody, mas, enquanto patrulhava ficava difícil segui-lo.

– Quando você voltou e ele se aproximou, vimos em seu rosto a desaprovação, como se algo estivesse errado. Ouvimos também Dumbledore e Snape pedirem que você ficasse sob a supervisão deles, e Moody tirou-a de lá o mais rápido que pode.

– Alastor nunca faria isso. Então descemos rapidamente e avisamos Dumbledore. Snape disse que, segundos antes de te deixar, você havia falado que um Comensal estava infiltrado em Hogwarts. Logo concluímos que ele era o tal Comensal.

– Então Dumbledore, Snape e McGonagall seguiram-no. O resto você já sabe... – concluiu Catherine.

– Mas agora precisamos saber o que aconteceu depois que você tocou a Chave de Portal no labirinto Violet... – disse Dumbledore logo em seguida. – Eu sei que dói lembrar... Mas amortecer a dor por algum tempo apenas a tornará pior quando você finalmente a sentir. Você demonstrou uma coragem acima do que eu poderia ter esperado. Estou pedindo que demonstre novamente. Estou pedindo que conte-nos o que aconteceu... – pediu.

Dumbledore estava certo, eu precisava me livrar da dor, precisava desabafar com alguém. Inspirei profundamente e comecei a contar. Enquanto falava, visões de tudo que se passara pareciam desfilar diante dos meus olhos. Catherine percebeu meu incômodo e segurou minhas mãos carinhosamente. Falar era um verdadeiro alívio. Era como se algo ruim estivesse sendo puxado de dentro de mim. Eu realmente estava cansada, talvez ainda mais do que nunca, mas precisava continuar falando, eu sabia que, assim que terminasse, um peso seria tirado de minhas costas.

Contei sobre como Cedrico salvara minha vida com a aranha no labirinto e como resolvemos a situação da Taça. Quando falei da maneira com que Rabicho o matou, senti um aperto no peito e lágrimas caíram de meus olhos novamente. Catherine continuava a acariciar minhas mãos, e nesse momento Snape entrou na sala. Pierce rapidamente levantou-se e deu lugar ao meu pai, que sentou-se ao meu lado e abraçou-me fortemente, onde permaneci.

Quando contei que Rabicho cortara meu braço, Dumbledore levantou-se tão rapidamente que chegou a me assustar. Catherine, Pierce e Snape esperavam atentamente enquanto o diretor pedia que eu levantasse o braço. Assim que mostrei minha manga rasgada e suja com sangue, um rosnado de raiva escapou pelos dentes de Severo.

– Ele falou que o meu sangue o tornaria mais forte do que se usasse o do Harry ou qualquer outro inimigo... – murmurei.

– Por favor, continue... – pediu Dumbledore após longos segundos encarando o braço machucado.

Recuando o braço dolorido, prossegui. Expliquei como Voldemort emergira do caldeirão e repeti tudo que consegui lembrar de seu discurso aos Comensais da Morte. Contei sobre como Bellatrix tentou me convencer à juntar-me à eles e no quão preocupada parecia estar com minha provável morte.

– Você resistiu à Maldição Cruciatus e à Maldição Imperius? – perguntou Pierce maravilhado.

– Eu sabia que iria morrer, estava até preparada! Mas não daria o gosto a eles de verem-me implorando por misericórdia ou gritando... Enquanto a dor invadia meu corpo de todas as formas possíveis, concentrei-me nas pessoas que eu amava e que contavam comigo. Lembrei-me das promessas que tinha deixado para trás e da mágoa que sentia por ter sido manipulada... E deu certo. Eu não gritei nem implorei um segundo sequer... E quando mandou que eu me curvasse, recusei-me com todas as forças que tinha.

Contei sobre como Voldemort pareceu desapontado e como resolveu o problema preparando-me para um duelo. Mas quando cheguei à parte do raio de luz dourada que ligara nossas varinhas, minha garganta estava embargada e meu coração palpitava furiosamente. Tentei falar, mas as lembranças das pessoas que saiam da varinha inundavam minha mente.

– As varinhas se ligaram? – perguntou Catherine à Dumbledore – Por quê?

– Prioni Incantatem – murmurou em resposta

– A reversão do feitiço. – comentou Pierce.

– Exatamente. – disse Dumbledore – A sua varinha e a de Voldemort, assim como a de Harry, têm o mesmo cerne. Cada uma contém uma pena da cauda da mesma fênix...

– Eu pensei que as varinhas gêmeas fossem apenas as do Harry e do Voldemort... – disse Catherine.

– Originalmente eram três varinhas gêmeas. Quando foram feitas, apenas uma foi vendida e as outras duas foram guardadas. Quando Harry testou e comprou a segunda varinha, a terceira foi esquecida. O Sr. Olivaras imaginou que ninguém jamais seria escolhido pela mesma varinha que Voldemort e Harry Potter. Porém, quando você entrou naquela loja ano passado e testou todas que tinha, ele pensou “Quem sabe?”. E deu certo. Assim que você saiu da loja ele entrou em contato comigo e avisou que a terceira varinha estava com você...

– Então o que acontece quando uma varinha encontra sua irmã? – perguntou Catherine.

– Elas não funcionam bem uma contra a outra. Se, no entanto, o dono de uma das varinhas forçar uma luta entre elas, produzirá um efeito muito raro. Uma das varinhas forçará a outra a expelir os feitiços que realizou, na ordem inversa. O mais recente primeiro, depois os que o antecederam... – disse o diretor encarando-me interrogativamente.

Por isso que Cedrico, o velho, Berta Jorkins, minha avó e até os pais o Harry voltaram...

– O que significa que alguma forma de Cedrico deve ter reaparecido. Uma espécie de eco inverso. Uma sombra do Cedrico vivente teria emergido da varinha... Estou certo Violet?

– Ele falou comigo, pediu para eu não romper a ligação... – falei sentindo um aperto no peito.

– Um eco que reteve a aparência e o caráter de Cedrico. Imagino que outras formas semelhantes tenham aparecido... Vítimas menos recentes da varinha de Voldemort... – olhou sugestivamente para mim.

– Cedrico foi o primeiro... Depois um homem idoso, Berta Jorkins e... – parei.

Minha imagem duplicada, minha avó, ainda permanecia em minha mente.

– Sua mãe? – disse Dumbledore calmamente.

Senti a mão de Snape apertar meu braço assim que o diretor falou dela.

Ele ainda a amava.

– Também... – comentei. – Mas antes dela veio outra pessoa... Eileen. Era como se eu estivesse olhando para um espelho...

– Eileen Prince foi morta por Voldemort? – surpreendeu-se Pierce – Todos diziam que ela sofrera um acidente no trabalho...

– Minha mãe recusou-se a seguir o lado das trevas assim que vim para Hogwarts, como resposta ele a matou. – disse Snape.

Algo em sua voz me dizia que ainda doía muito falar da mãe.

Mais uma coisa que tínhamos em comum.

– Vi também Thiago Potter... – comentei.

– As últimas mortes executada pela varinha – confirmou Dumbledore – Na ordem inversa. Mais teriam aparecido, é claro, se vocês continuassem a manter a ligação.

– Mas apareceram... – interrompi – Eu não sei exatamente quantos, mas o lugar estava cheio dessas...sombras ou seja lá qual for o nome...

– Muito bem Violet, esses ecos, essas sombras... O que fizeram?

Recomecei minha história. Contei como as sombras insultavam Voldemort e me incentivavam a continuar. Disse também como ele pareceu temê-las e como a sombra de Eileen disse-me o que fazer e como Cedrico fizera seu último pedido. Nesse ponto descobri que não conseguiria continuar.

Severo apertou-me ainda mais contra si, claramente tentando passar-me tranquilidade. Em seus olhos eu via a mensagem que queria me passar.

Tudo ficaria bem...

– Vou repetir... – disse Dumbledore em seguida – Esta noite você revelou uma bravura que ultrapassou o que eu teria esperado de você, Violet. Revelou uma bravura igual à daqueles que morreram combatendo Voldemort no auge de seu poder. Você carregou o fardo de um bruxo adulto e esteve à altura dele, e você agora nos deu tudo o que temos direito a esperar. – falou sorrindo – Agora Severo a levará para a Ala Hospitalar, você está claramente no limite. Uma Poção do Sono e algum sossego irão ajudá-la... Catherine, Pierce... Gostariam de algo?

Dumbledore levantou-se e começou a conversar com Catherine e Pierce perto da porta. Severo acariciou meu cabelo e apertou-me mais.

– Não sabe o quão preocupado eu fiquei quando Delacour e Krum voltavam estuporados... – sussurrou – Ser pai é mais trabalhoso do que pensa... Por sua causa eu quase tive um infarto... – debochou.

– Ainda bem que não teve... – sorri

– Mesmo sabendo que esse Torneio acabou, algo me diz que meus infartos serão frequentes daqui pra frente... – suspirou

– Quanta confiança... – ironizei

– Se você tivesse uma filha como a minha, saberia do que estou falando... – ironizou - Mas não se incomode em descobrir tão cedo... – acrescentou rapidamente fazendo-me rir - Você precisa descansar... Consegue se levantar?

Tentei levantar-me, mas minha visão ainda não era das melhores, tanto que Snape ajudou-me em todo o percurso até a enfermaria. Assim que Catherine abriu a porta deparei-me com diversos rostos preocupados ao redor de uma eufórica Madame Ponfrey, aparentemente exigindo algo.

– Violet! – exclamou Harry assim que entrei

Alessa e os demais ameaçaram avançar, porém, Catherine colocou-se à frente.

– Pessoal, por favor... – pediu ela erguendo a mão – Violet passou por algo terrível esta noite e acabou de desabafar com o diretor. Tudo que ela precisa agora é descanso, paz e silêncio. Mary querida? - chamou.

Todos acenaram num misto de preocupação e alívio. Madame Ponfrey ajudou-me a trocar minhas roupas, cada machucado que encontrava causava uma expressão séria e preocupada. Logo em seguida apontou para uma das macas desocupadas e pediu que Snape me ajudasse a deitar.

Não sei como, mas assim que me deitei percebi que não tinha mais ninguém na enfermaria a não ser meu pai e Madame Ponfrey, que saiu apressada e voltou segurando uma taça e um frasquinho com alguma poção.

– Beba isso Violet, é a Poção Sono sem Sonhos, vai te ajudar a dormir esta noite... – disse ternamente. – Enquanto isso eu cuido dos outros machucados...

– Obrigada – respondi pegando o cálice e engolindo.

Senti-me sonolenta imediatamente.

Tudo começou a ficar escuro até que finalmente apagou...