Dark Paradise

Insanidade


“Se o nosso amor é uma tragédia,

por que você é meu remédio?

Se o nosso amor é insanidade,

por que você é minha clareza?”

Violet

O telefone começou a tocar lá embaixo e eu sabia que era a Ale. Eu desabei no chão. Não sei quanto tempo fiquei ali, perdida em pensamentos.

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Começaram a bater novamente na porta.

– Abre a porta! Sou eu, o Jonas.

– Jonas...

Eu levantei e abri a porta. Ele entrou e olhou apavorado o estrago que eu tinha feito.

– Você está bem? O que aconteceu? Ele te machucou? Ele saiu correndo e Ale ligou dizendo que estão todos vindo pra cá.

Eu o abracei e comecei a chorar. Ele me levou até a cozinha e me deu um copo de água com açúcar. Alguém tocou a campainha e ele foi atender. Ouvi a voz de Ale. Levantei-me e fui até a sala. Ela estava contando o que havia acontecido a Jonas que parecia apavorado. Quando ela terminou de contar tudo, ele ficou fora de si.

– Eu vou atrás daquele desgraçado – disse e foi saindo. Jairo o segurou.

– Jonas, fique aqui. Você precisa se acalmar, está de cabeça quente e vai acabar fazendo alguma besteira. Ele vai voltar.

– Aquele desgraçado, inconseqüente...

– Vamos todos nos sentar e nos acalmar. Precisamos conversar e resolver o que fazer.

Nos sentamos todos, eu estava um pouco mais calma, mas ainda tremia.

– Eu tenho toda a conversa de vocês gravada nesse cd, Violet. Nós temos que convencê-lo a se entregar, senão nós teremos que fazer isso.

Tate entrou e bateu a porta. Pareceu surpreso ao ver nós quatro juntos. Jairo segurou Jonas pelo braço, com medo que ele fosse voar em cima do Tate.

– Seu assassino, desgraçado...

– Jonas, se acalme. – Jairo pediu. – Tate sente-se. Estávamos conversando sobre você.

Ele parecia confuso. Provavelmente estava se perguntando como os outros ficaram sabendo tão rápido de tudo.

– Eu não tive culpa, - começou a falar. – Eu não queria...

– Ninguém o está culpando. – disse Ale. - Nós sentimos muito pelo que aconteceu, queremos ajudá-lo, mas você vai precisar ir a polícia e confessar tudo.

– Não! – Tate gritou. - Eu não quero ser preso!

– Se você fizer isso, – começou Jairo - se entregar voluntariamente, poderá responder em liberdade e conseguir redução na pena se for condenado...

– Não, eu não vou passar o resto da minha vida numa prisão!

Tate pôs as mãos na cabeça e começou a balançá-la.

– Ale foi até ele e colocou a mão em seus ombros – Ouça o que o Jairo está dizendo. Ele trabalha com um advogado, entende dessas coisas e pode conseguir um ótimo advogado para você.

– Não! - ele se desvencilhou dela – eu não vou fazer isso. Eu não tenho bons antecedentes. Já roubei, usei drogas e fui preso. Não sou réu primário, não vão permitir que eu responda em liberdade.

Ale respirou fundo e olhou para Jairo, pedindo - lhe para continuar. Parecia que ela não tinha forças para fazer o que viria a seguir.

– Tate – ele começou – quando Jonas foi embora aquele dia, ele foi nos procurar. Contou sobre a Rafa e nós a procuramos. Achamos estranho o comportamento dela e queríamos saber o que havia acontecido. Ela nos contou tudo. Ficamos preocupados com a Violet e eu tive a idéia de colocar uma câmera no quarto dela, para garantir que não acontecesse nenhum mal a ela. Então nós temos toda a conversa de vocês gravada.

Ele estendeu o CD para Tate que olhou para o objeto incrédulo.

– Vocês estão brincando né? Violet – ele olhou para mim – Você fez isso?

– Me desculpe, eles me convenceram que era o melhor e...

– Eu abri meu coração pra você, eu entreguei ele pra você e você me traiu! Como pôde fazer isso comigo? Achei que você me amasse e que iria me entender e me perdoar.

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– Desculpe! – Minhas lágrimas começaram a cair novamente – O que você fez foi errado e precisa pagar por isso.

– Mas você me ama não é? - ele foi até mim e segurou minhas mãos – Vai me perdoar e ficar comigo.

– Eu não sei Tate, eu ainda estou muito confusa e não sei o que fazer. É melhor a gente dar um tempo e ver como as coisas vão se resolver.

– Violet, você não pode me deixar! Você é minha!

– Você não ouviu o que ela disse? – Jonas gritou – Ela quer ficar sozinha, deixa ela.

Ele me soltou.

– Não se meta, eu não estou falando com você!

– Se acalmem vocês dois – disse Jairo – a questão é essa, Tate: ou você se entrega por livre e espontânea vontade, ou nós vamos até a polícia e entregamos este CD com a sua confissão. Você escolhe.

– Me dá um tempo pra pensar? Eu preciso criar coragem...

– Tudo bem. Você tem até o final da semana.

– Eu vou sair. Não me esperem.

– Espere! Onde você... – Eu comecei a dizer, mas ele já tinha saído antes de eu concluir a frase.

– Deixe-o. – disse Ale – ele quer ficar sozinho. Nós precisamos ir também, deixamos a Rafa sozinha. Vocês vão ficar bem?

– Tá tudo bem Ale. Eu cuido da Violet. - respondeu Jonas.

– Eu estou bem. Vou subir e tentar dormir um pouco. – Avisei.

Eu subi, mas ao invés de ir para o meu quarto, fui até o quarto de Tate.

Eu entrei no quarto dele. Eu queria acreditar que tudo estava se acertando, que tudo daria certo, que nós não nos desentenderíamos mais e tudo iria se resolver... Agora o meu céu desabou e eu fui do paraíso ao inferno. Nada mais será como antes. Eu o amo! Deus sabe como eu o amo. Mas não sei como será de agora em diante.

Foi difícil! Mas eu tive que afastá-lo. A idéia da morte da madrinha ter sido causada por uma estupidez dele me deixava indignada. Não era justo! Como ele havia conseguido acabar com a felicidade de tantas pessoas em tão pouco tempo. Primeiro ele causa a morte da madrinha, depois engravida e larga a Rafa, faz eu terminar com o Jonas e agora me decepciona e parte meu coração desse jeito!

Eu deitei na cama dele. Droga! Ainda podia sentir o cheiro dele nela. Eu abracei o travesseiro dele e adormeci.

*

Tate

Entrei no carro e dirigi pela rua, sem rumo. Aquilo não podia estar acontecendo. Num momento estava nos braços de Violet, feliz, e agora ela estava me rejeitando. Eu não podia ter me aberto daquele jeito com ela, mas achei que ela me entenderia e me perdoaria. Quem ama perdoa e eu merecia uma chance de recomeçar tudo do zero. Era isso que eu queria fazer, passar uma borracha no passado e seguir em frente. Talvez até ajudasse a Rafa com o nosso filho.

Eu parei em um bar. Precisava beber, precisava esquecer a dor da rejeição dela. Fui até o balcão e pedi vodka.

Ela era a única que eu esperava que ficasse ao meu lado, mas ela também me condenava, mesmo depois de ter explicado que tudo foi um acidente. Eu bebi um copo e pedi mais.

Precisava fazer algo. Não podia ser preso, não podia perdê-la. Mas para isso eu precisaria destruir todas as evidências contra mim: a gravidez da Rafa e a gravação de minha confissão. Eu lembrei que tinha alguns amigos que me deviam favores e não se negariam a me ajudar. Peguei o celular e disquei um número.