Dracolândia

Capítulo 6 - Cuecas queimadas


Caminhou em direção da casa colorida observando o estranho homem peixe com asas na cabeça, o ser estranho estava vestindo uma roupa rosa com detalhes em branco e dourado. Era a primeira vez que via algo tão bizarro. Ao se aproximar teve a impressão de que sabia quem ele era, só não lembrava o nome. Pode notar uma carta lacrada com a letra U em sua mão. Distraído com o ser à sua frente nem passou pela mente do loiro em perguntar o que significava aquela letra no lacre. O fato de o lacre ser rosa, e não vermelho como era usual, já não surpreendia.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

- Quem é você? – Draco perguntou interessadíssimo em saber como ele se mantinha fora da água e porque tinha asas, já que era um peixe. Teve o cuidado de não falar "O que é você", pois poderia ser muito ofensivo. Já tinha muito com o que se preocupar para ter uma mistura de ser humano e animal o perseguindo para se vingar.

O homem peixe voador se virou olhando-o curiosamente de cima a baixo. Os tufos de cabelo ruivo que saiam da cabeça escamosa e os óculos de aro grosso cor-de-rosa pioravam a sua aparência. Draco começou a ter uma vontade incontrolável de rir, era muita extravagância em uma pessoa só. E olha que Draco havia conhecido muita bizarrice naquele dia. No momento em que encarava o homem peixe, segurando estoicamente o riso que começava a machucar seu rosto pela força que fazia para não gargalhar, que Draco o reconheceu.

"Outro Weasley! Por Merlin, eles não acabam nunca. Tem sempre mais um."

- Percy, o lacaio real – respondeu o homem-peixe se curvando em uma reverência afetada. Apesar de ser um Weasley até que ele sabia como cumprimentar um Malfoy.

- Certo... – Draco falou – E o que você faz aqui?

"Quantas coisas posso falar de uma pessoa só?" Pensava Draco olhando para Percy "Ele é um homem, com cara de peixe, com asas, cabelo ruivo, com óculos, vestido de rosa e ainda por cima é um lacaio. Então ele deve ser o Percy - homem peixe ruivo voador quatro olhos - lacaio real!" E ainda segurando a gargalhada que queria explodir, o loiro sentiu os olhos encherem de lágrimas.

- Desculpe meu jovem – o Percy peixe falou incomodado com a careta que Draco fazia sem imaginar que o loiro se divertia as suas custas – mas isso não lhe concerne.

Isso somente aumentou a sua vontade de saber. Então mais curioso ainda Malfoy ficou esperando enquanto o peixe batia novamente na porta azul e se ouvia, de dentro da casa, um barulho infernal. Parecia que alguém brincava de batucar panelas sem ter nenhum tino musical.

- Acho que não escutaram. – o loiro comentou como quem não quer nada depois de algum tempo.

Percy, o peixe, não respondeu, apenas voltou a bater na porta com mais força.

"Não se pode dizer que ele não é insistente." Pensava Draco aguardando ao lado do lacaio.

Escutaram passos aproximando-se e logo em seguida uma mulher estranha (o que estava parando de ser uma surpresa) e alta abriu a porta com cara de poucos amigos (se bem que com aquela cara não devia ter nenhum mesmo). Seus cabelos estavam bagunçados (alôuuu, nunca ouviu falar de "pente"?), era óbvio que estava ocupada criando sua cacofonia sem musicalidade, pois demonstrava não ter gostado nem um pouco de ser interrompida.

- Boa tarde senhora – o homem peixe falou – sou Percy, o lacaio real, trago um recado da Rainha Rosa para a Duquesa de Outro Mundo.

A curiosidade de Draco chegou aos extremos no momento em que escutou para quem o recado era, pois lembrou que o gato lhe desejara sorte com a Duquesa. E mais ainda pelo nome peculiar que ela tinha. Ficou imaginando que tipo de pessoa deveria ser.

Pela primeira vez prestou atenção à mulher que abrira a porta e colocou a mão na boca disfarçadamente tentando segurar o riso ao reconhecer a Professora Sibila Trelawney, mesmo que ela estivesse com os olhos esbugalhados e cara fechada.

Trelawney entrou indicando ao homem peixe ruivo voador que entrasse. Draco os seguiu mesmo sem ter sido convidado, precisava conhecer a Duquesa. A casa possuía um layout bem diferente, a porta da entrada principal dava diretamente na cozinha.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Mal entrou deu de cara com Luna sentada em uma cadeira de balanço com algo embrulhado nos braços parecendo um bebê (muito feio por sinal) e perdida em pensamentos. Nesse instante o loiro entendeu o porquê do nome. Achou afinal que combinava bem com a loira.

- Duquesa, – Trelawney chamou mal humorada, contorcendo mais ainda seu rosto – recado da Rainha Rosa para a senhora. – Depois se virou e voltou aos seus afazeres.

Luna virou sua cabeça em direção a Percy, o lacaio, e sorriu acenando com a mão pedindo para que se aproximasse.

- Senhora Duquesa – o rapaz começou cheio de pompa – a primorosa e belíssima Rainha Rosa a convida para o chá da meia lua no palácio e pede que responda o mais breve.

- Oh, que bondade! – a voz suave da Duquesa se fez ouvir – Claro que irei. Por favor, confirme minha presença senhor lacaio.

Notou outra presença e ao olhar pra Draco e seu rosto abriu-se em um sorriso radiante.

- Veja cozinheira! – falou para Trelawney que estava no fogão reclamando – Um visitante estranho. Que emoção! Diga-me jovem desconhecido, – falou para Draco que a olhava entre entretido e preocupado – você veio da lua?

- Vim de onde? – perguntou com os olhos arregalados imaginando o porque de tão inusitada pergunta.

- Da lua oras, de onde mais? – respondeu a Duquesa de Outro Mundo como se fosse a coisa mais óbvia – É verdade que existem sapos verdes por lá?

- Bem, eu não sei – Draco estava confuso com as perguntas sem pé nem cabeça – mas não são todos os sapos verdes?

A Duquesa jogou a cabeça para trás soltando uma risada alta e divertida.

- Ora que bobinho, é claro que não. Os sapos são violetas com bolinhas azuis. Todos sabem disso. – Falou olhando para Draco como se ele não batesse bem da cabeça.

Resolveu não comentar nada, o loiro considerou que provavelmente estaria errado de qualquer jeito. Ignorou o olhar da Duquesa onde se percebia claramente que o achava louco, desviou os olhos do rosto de Luna para o embrulho em suas mãos que de repente abriu o berreiro. Impressionado ficou mesmo ao reconhecer o ser em seus braços.

- Dobby? – o loiro disse incrédulo enquanto a Duquesa embalava-o como uma criança.

- Não é lindo? – a Duquesa disse e Draco sorriu sem graça. Era a coisa mais feia que já tinha visto. – Sabe... – disse Luna olhando para Percy, o lacaio – ouvi dizer que antigamente os homens peixe eram assassinados para fazer tortas deliciosas com sua carne. Era uma iguaria muito requisitada. Imagino se... – e lançou um olhar curioso para o pobre lacaio real.

Segurando o riso Draco viu o desconforto do peixe lacaio que se curvou e saiu rapidamente da casa da Duquesa que parecia triste por não ter a chance de experimentar a tão aclamada torta.

Notando que a Cozinheira Trelawney fazia comida o loiro imaginou se não poderia ficar para comer. Já ia perguntar quando um cheiro horrível entrou por suas narinas fazendo-o pensar que pareciam cuecas queimadas, o que fez com que o estomago vazio de Draco mandasse um aviso de que não comeria aquilo em que fosse a última comida do mudo.

- Que cheiro... é esse? – perguntou abruptamente sem usar a palavra "nojento", que por muito pouco não escapuliu de seus lábios, procurando se aproximar da porta para fugir daquele fedor.

- Sopa de Dilátex de Água Doce – respondeu a Duquesa sorrindo deliciada como se fosse a iguaria mais apetitosa do mundo inteiro – tem um cheiro divino, não concorda? Até abre o apetite.

Draco definitivamente não concordava, mas foi salvo de responder no momento em que um gato roxo listrado de rosa entrava pela porta e se aconchegava nos pés da Duquesa.

- Você... – o loiro estava pronto para falar mal e amaldiçoar até a quinta geração do maldito Severus-Gato quando a Duquesa chamou sua atenção.

- Já que está aqui fique para comer o lanche da madrugada. – ela disse ignorando o fato do sol brilhar radiante do lado de fora – Vou lhe contar a história de quando um dos Bufadores de Chifres Enrugado participou do chá da Rainha Rosa. Oh, foi muito divertido.

Sem pensar duas vezes o loiro respondeu:

- Obrigado Duquesa, é muita bondade sua me convidar, me sinto honrado que queira minha humilde presença no... lanche da madrugada, mas lembrei que tenho um compromisso e preciso correr. Prazer e passar bem.

Draco falou tudo de um folego só e sem dar chance de resposta saiu da casa rapidamente. Era muita loucura em um lugar só. Não conseguiria nenhuma resposta digna e estava mais perdido do que nunca. Ainda por cima sua barriga reclamava de fome, mas nunca comeria aquela coisa que chamavam de sopa.

Só havia uma estrada então seguiu em frente caminhando cabisbaixo chutando as poucas pedras que apareciam em seu caminho.

"Nunca vou conseguir sair daqui?" Pensava. O desespero já se apossando de sua mente.

Andava há algum tempo, não encontrando mais novas pedras para descontar sua frustração, quando avistou um portão grande e enferrujado. Aproximou-se interessado em algo tão inusitado no meio do nada, havia uma placa escrita "Não há lugar como o lar".

Franziu o cenho considerando a frase muito inoportuna já que não tinha como ir para casa, mas estava curioso para saber onde aquele portão iria dar.

Como pior do que estava não podia ficar (isso era o que o loiro realmente achava) Draco entrou avistando uma longa mesa cheia de doces deliciosos.