Rivais... Ou Amantes?

Tudo vindo á tona


"Eu não entendo, apenas sinto. Tenho medo de um dia entender, e deixar de sentir."

— Caio Fernando de Abreu.

POV Nate:

Depois de tomar banho com Payne, entro no meu quarto e pego uma camisa polo listrada de azul com branco e uma jeans preta confortável. Penteio meu cabelo e me deparo com um garoto sorridente na frente do espelho.

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— Merda, isso é tudo por ela. Aquela garota... — falo sozinho, ainda sorrindo.

Deixo o cabelo como sempre, despenteado, e ainda por cima molhado. Passo perfume e saio do quarto, direto para o da Payne. Verifico se nem meu pai nem Cate estão por perto, e então bato na porta. Ouço uma confirmação e entro.

Payne está de pé, usando uma saia jeans e uma camisa cor-de-rosa com alguma coisa em inglês escrito. Só de olhar para sua roupa me sinto mal.

É quase a mesma roupa que ela usa quando eu tenho sonhos aterrorizantes, nos quais estamos presos e não conseguimos escapar. Devo ter ficado pálido, porque ela vem na minha direção com um olhar de preocupação.

— Tudo bem, Nate? — pergunta.

— Eu... — hesito.

Não posso contar á ela do sonho, essa é nossa noite. Tem que ficar tudo bem. Então sorrio.

— Tudo bem. Você está linda.

— Você tá elegante. — rebate, sorrindo. — Vamos ver o tal frango.

— Ah, então você sabia o que eu estava cozinhando?

— Você comprou frango, limpou o frango, e ainda quer que eu não tenha sabido? — desdenha Payne, rindo.

Saímos do seu quarto de mãos dadas direto para a sala. Decidimos ir de mãos dadas até lá embaixo mesmo, para começar á prepará-los. A mãe de Payne já estava sentada em uma das cadeiras, mexendo no seu celular. Quando nos vê, ela solta o aparelho e abre um sorriso.

— Seu pai está tomando banho, mas já deve descer. — avisa. — Vamos esperá-lo conversando, então.

Eu e Payne nos sentamos lado a lado e penso em começar á dar umas indiretas, mas é bem melhor esperar meu pai chegar.

— Vocês já estão no fim do ano, não é? — certifica-se Cate.

— Aleluia! — exclama Payne, jogando as mãos para cima dramaticamente. Sorrio.

— Como sempre, vai ter aquele baile de final de ano?

O que Cate chama de baile é nada menos que uma desculpa para os alunos se pegarem no colégio já que não é permitido nos dias normais, beberem como loucos, colocarem a música que quiserem ouvir, e, claro, se comportarem feito idiotas. Essa é a melhor parte.

— Vai. — respondo. Cate bate palmas e sorri como uma adolescente.

— E vocês dois já sabem com quem vão?

Payne e eu trocamos um rápido olhar e rimos baixinho.

— Sabemos. — diz ela. — Mas não peça para falar quem é. É surpresa.

Exatamente aí meu pai chega, sorrindo e trazendo consigo o aroma do seu perfume mais forte. Ele senta do lado de Cate.

— O que é surpresa? — pergunta.

— Nada. Payne, você, como minha auxiliar, vem comigo trazer o jantar? — pergunto.

Sem esperar resposta, eu a puxo pelo pulso para a cozinha. Como é praticamente grudada com a sala, não podemos conversar, então Payne pega a salada colocada em uma tigela de vidro e eu tiro o frango do forno e levamos para a mesa.

Cate e meu pai arqueiam as sobrancelhas. Damos mais uma viagem até a cozinha, e Payne pega a Coca-Cola e quatro copos, e eu pego o molho que fiz e pratos. Levamos tudo para a mesa e enfim nos sentamos.

— Nossa, tudo bem caprichado, hein! — comenta meu pai, pegando um prato da pequena pilha.

— Não se deixe enganar, Learn. Eles fizeram isso tudo apenas para contar alguma coisa, tenho certeza. Não foi só para nos agradar. — diz a mãe de Payne, gentilmente. — Digam o que querem.

— Primeiro, sirvam-se! — pede Payne.

Quando todos os quatro pratos estão servidos, aperto a mão de Payne por debaixo da mesa. Ela me olha e sorri. Cate e meu pai nos olham curiosamente, enquanto comem.

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— Hã... Agora podemos contar. — anuncio. — Você quer falar ou eu falo, Pay?

— Ahn, nós falamos juntos, ok?

— Quanto suspense. — comenta Learn.

Eu e Payne nos olhamos de novo e damos um sorriso cúmplice. Então, em coro falamos:

— Nós estamos namorando.

–--**---

Nossos pais nos encaram boquiabertos. Os olhos arregalados, sem expressão. Meu pai é o primeiro à soltar o garfo e a faca e quando ele puxa a cadeira para trás percebo que tem alguma coisa muito errada.

— Vocês perderam o juízo?! — grita ele. — Vocês são irmãos agora!

Payne, a mais esquentada de nós dois se levanta e entra na briga.

— Não de sangue! — contesta ela.

— Mas moram no mesmo teto, e veem seus pais juntos! — reclama Cate.

— Mas nós nos amamos! — afirmo, entrando na briga também.

Meu pai me olha furioso. Mais furioso ainda quando eu e Payne damos as mãos. Cate parece totalmente alterada.

— Amor? Que diabos vocês pensam que sabem do amor? Não passam de dois adolescentes loucos para burlar as regras! Vocês estão loucos. — diz meu pai.

— Nós podemos não ser adultos como vocês dois, mas sabemos bem o que sentimos! E nós sentimos! — fala Payne.

— Podemos ser jovens, mas temos sentimentos, então, por favor, nos deixem escolher. — intervenho.

— Chega! Não quero mais saber dessa conversa por hoje, e não quero mais vê-los juntos. — ordena meu pai.

Eles nos olham severamente, e Payne é a primeira à sair correndo e subir a escada, e eu posso jurar que vi lágrimas nos seus olhos. Olho para os dois e balanço a cabeça, então subo as escadas direto para meu quarto. Quando bato a porta com força, a ficha me caí. A roupa de Payne. O pesadelo repetitivo. As algemas são nossos pais.

Nunca um sonho me apavorou tanto.

Nunca desejei que um sonho não tivesse se realizado como desejo agora.

POV Learn:

Eles só podiam estar brincando. Ainda me recuso à acreditar que meu filho e a filha da mulher que amo estão namorando. Isso não pode ser. Cate me direciona, tentando me manter lúcido o bastante para não subir aquelas escadas e sacudir Nathaniel até ele prometer ficar bem longe da Payne.

— O que vamos fazer Cate? — pergunto, afundando o rosto nas mãos. — O que vamos fazer com aqueles dois irresponsáveis?

— Ah, meu amor. Eu vou falar com a Payne, vou falar com ela e vai ficar tudo bem. Você pode falar com seu filho quando se acalmar o suficiente. Deve ter algum equívoco em tudo isso.

— E há! O nosso! Deixamos eles se confundirem e agora temos que separá-los.

— Vou trazer um copo de água para você.

Eu espero e começo á lembrar de tudo que os dois me disseram. "Mas nós nos amamos!", "Nós podemos não ser adultos como vocês dois, mas sabemos bem o que sentimos!", e outras asneiras. Cate retorna me trazendo um copo d'água e uma pílula.

— É calmante. — explica. — Vai te fazer bem.

— Vou falar com meu filho. — afirmo, me levantando.

— Primeiro, tome o calmante.

Obedeço e jogo a pílula garganta abaixo, logo em seguida tomo água. Cate me deixa subir as escadas e fica encarando a mesa do jantar. Aquele jantar, que nunca aconteceu e que foi um fiasco.

Paro na frente do quarto de Nathaniel e suspiro. Giro a maçaneta e entro devagar. Nathaniel está sentado na cama, olhando para o nada através da janela. Ele se vira e fica me encarando conforme ando e sento na sua cama. Reúno toda a paciência que me resta.

— Nathaniel. — falo. — Filho, você poderia me falar como isso aconteceu?

Ele se ajeita melhor na cama, ficando de frente para mim. Nunca o vi tão sério quanto hoje.

— Na verdade, isso vem acontecendo desde sempre. Desde que tínhamos, hm, 12 anos ou menos. Mas só agora assumimos para nós mesmos e para vocês.

— Você compreende o erro que isso é?

— Sim, um erro. Mas o erro de termos achado que vocês entenderiam.

— Como entenderíamos? Vocês são irmãos, moram na mesma casa e... — então eu me interrompo, e uma expressão de terror me domina. — Vocês... Vocês já...

— É claro que não! — exclama Nathaniel, exasperado. — Não somos tão promíscuos assim!

Suspiro aliviado.

— Melhor, não vai ser tão dolorosa a separação se vocês não tem um... Laço emocional forte, ainda. — digo.

— Só porque nunca fomos para a cama não quer dizer que não tenhamos um laço emocional forte. Nós temos! Pai, diga, você nunca foi jovem?

— Eu nunca me envolvi com minha irmã!

— Ela não é minha irmã, pelo amor de Deus!

— Ela deveria ser, se você a considerasse assim.

Meu filho bufa de raiva e se levanta, vai até a porta do seu quarto e a escancara.

— Saia! — grita.

— Eu sou seu pai, você não pode me mandar sair!

— Esse é meu quarto, e eu não o quero aqui, por favor, saia!

Fecho os olhos e massageio minhas têmporas. Mas entendo o que ele diz e saio do seu quarto, deixando-o sozinho com seus próprios pensamentos.

Mas estou mais do que disposto à não apoiar esse relacionamento.