– Que é que você tá fazendo aqui?

Tentei, sem sucesso algum, alternar minha voz entre o “sussurrar” e o “gritar” para o garoto que estava em pé no meu jardim e sorrindo para mim.

– Dando uma visitinha da madrugada para minha namorada, não posso?

A palavra “namorada” piscou em meu cérebro como um alerta vermelho, fazendo-me entrar naquele típico transe onde você viaja num mundo de pensamentos e esquece que existe um loiro com as mãos enterradas nos bolsos da calça jeans, o cabelo bagunçado e um sorriso sedutor olhando pra você com uma cara de paspalho.

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Certo, já estávamos há um bom tempo juntos, talvez umas três semanas, ou mais, eu realmente não lembro. Isso faz de nós dois como namorados? E ainda tem o fato de temos falado essa “inocente” palavra para referir-nos repetidas vezes e... Fala sério né? Eu nunca tive um relacionamento sério, e muito menos cheguei tão longe com um garoto como eu cheguei com o Austin. Aquilo estava me deixando extremamente confusa e sem argumentos, e ficar olhando para a calçada com cara de idiota foi a única coisa que eu fiz durante os cinco minutos que se passaram.

– Você tá bem? – um sussurro perto do meu ouvido fez-me arrepiar juntamente com o pulo que dei.

– COMO VOCÊ ENTROU AQUI? – gritei assustada pronta pra dar um belo dum tapa no peito do garoto, mas o mesmo segurou meus punhos e me olhou divertido.

– Pela porta, ué. Por onde mais seria? – respondeu tranquilamente, o que me fez olha-lo procurando por respostas. – E por falar nisso, acho melhor você checar todas as saídas dessa casa, pra sua própria segurança morena.

Aquele apelido.

Eu sabia porque ele tava ali.

Sabia o que ele queria.

E esse pensamento não me causou mais do que um revirar de olhos.

– Austin.

Chamei o garoto que se jogava em minha cama e se ajeitava como se estivesse em seu próprio quarto. Ele me olhou curioso e fez menção de perguntar o que era, mas eu o interrompi.

– Temos que conversar.

Pude ver como toda a sua animação se esvaiu e como ele desviou o olhar para o chão, como se calculasse os vários significados que aquelas três palavras poderiam ter.

– Você quer terminar comigo, é isso? Foi a Kira de novo? Porra Ally, eu já lhe disse, isso é tudo...

– Austin, para. Não! Não é nada com a Kira, eca. – fiz uma cara de nojo que poderia ter feito o Austin rir, mas o garoto estava muito ocupado absorto na ideia de que eu queria romper com ele. E esse era exatamente o ponto. – Eu não vou terminar contigo porque eu simplesmente não faço a mínima ideia do que temos. – demorou um minuto até que o loiro voltasse a olhar para mim e abrir a boca para falar algo.

– Você me disse que o que queria era tentar. E estamos tentando, não é?

– Sim, mas... – pausei. Ele tinha razão. Caminhei em passos apressados até a cama e sentei-me ao lado do garoto. – Às vezes eu me pego pensando, o que somos? Somos namorados? Ficantes? Amigos com benefícios? Idiotas que se amam e que se pegam sempre mas não têm coragem de assumir um compromisso? Eu não sei. Isso tudo me confunde.

– O que você quer que sejamos? – sua voz saiu tão calma, o que consequentemente me acalmou. Aquela onda tranquilidade que só o Austin consegue me fazer sentir.

– Mais. – murmurei. – Algo mais.

O garoto virou seu corpo para mim, olhando pela primeira vez naquela noite diretamente em meus olhos. Seus dedos encontraram meu queixo e um selinho foi depositado em meus lábios.

– Você vai ter o que quer, – ele disse – Morena.

Um sorriso instalou-se em meus lábios e eu tive certeza de uma coisa, namorando ou não, ficando ou não, seja lá o que eu tenha com esse loiro dos infernos, hoje, agora, eu posso confirmar para mim mesma.

Não importa o que aconteça.

Eu amo esse garoto.

Mais do que eu poderia imaginar que amaria alguém.

Eu o amo.

(...)

Acordei mais cansada do que eu fui dormir. Passei a noite agarrada ao Austin, apenas sentindo a sua presença calorosa. Eu podia me acostumar com aquilo numa boa.

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Conversamos sobre tudo que aparecia em nossas mentes, inclusive o caso Kira e Trent e minha amizade com a Trish. Sabíamos que aos poucos a baixinha ia cedendo, eu só não sabia quanto tempo duraria até que esses poucos se completassem. Bolamos planos inúteis e sem sentido para deter a Kira e o Trent, mas nada bom o suficiente nos veio a mente. Eu já começava a ficar frustrada com tudo aquilo, quando o Austin, novamente, inventou de dar uma de “Austin” e me confortar em relação a tudo aquilo.

Minha noite não podia ter sido melhor.

Até eu acordar e ter que lidar com a realidade que é acordar cedo e ir para escola. Deprimente.

Estava pronta para sair da sala assim que a aula havia terminado, o Austin tinha treino de basquete hoje e eu não estava a fim de dar de cara com as duas moscas mortas que tiraram o dia para me atormentar.

– Será que você tem um tempinho pra sua talvez ex melhor amiga que foi idiota o bastante para acusar uma das pessoas que ela mais ama nessa vida por causa de um otário que me enganou?

A voz conhecida ressoou em meus ouvidos e junto às palavras um sorriso brotou em meus lábios. Era a Trish.

Vir-me-ei para ela ainda com o sorriso plantado no rosto, desejando internamente pular nos braços daquela garota idiota e nunca mais me soltar do abraço.

– Primeiramente, você nunca receberia o titulo de “ex melhor amiga”, entendido? – disse, fazendo a mesma assentir rapidamente, abaixando a cabeça num ato tímido. – Segundo, algo me diz que há uma vírgula faltando nessa sua frase, não? – o riso vindo da garota fez meu coração aquecer-se; a saudade de vê-la rindo atingiu-me feito um canhão e eu tive vontade de sair correndo e pegá-la em meus braços. – Terceiro e último, eu sempre terei um tempinho pra você, Trish. Ou melhor, a qualquer hora, qualquer minuto, qualquer segundo, lembra? – o sorriso da baixinha alargou-se mais e mais, e eu finalmente venci a distância que nos separava, deixando os livros de lado e abraçando a Trish com toda a minha força. O cheiro de seus cabelos e de seu perfume forte balançou minha mente e eu sorri com o pensamento de que, finalmente, eu havia conseguido a minha melhor amiga de volta.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.