Me Apaixonei Por Um Imbecil
Ela é a minha garota.
Senti que havia algo errado. Não era para eu estar ao seu lado. A sua aproximação me incomodava, e eu não tinha certeza se aquilo – para ele – não passava de uma simples caminhada; um gesto bondoso de um “amigo”.
– Então, por que o interesse assim em querer me levar para casa? – perguntei. Não queria ser indiscreta, e muito menos parecer grosseira ao lado do moreno, mas a minha curiosidade me matava por dentro, e eu tinha que arrancar respostas convincentes da boca do rapaz.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!– Eu vejo que você costuma ir sozinha pra casa, e só tive a ideia de te acompanhar. – ele respondeu.
– Assim do nada? – indaguei. O garoto me olhou confuso e eu percebi que o meu tom não foi usado muito bem. – Quer dizer, nós nunca sequer conversamos, Trent, e assim de repente você me vem com esse papo e...
– Eu sou só um amigo levando uma amiga para casa, que mal tem nisto? – ele arqueou sua sobrancelha para mim. Deixei que o ar que se acumulava em meus pulmões saíssem, e eu aceitei de uma vez aquela situação.
– Nenhum, está tudo bem... Então, temos que pegar um ônibus...
– Esquece o ônibus, Ally. Eu te levo em meu carro. – ele sorriu pra mim, mostrando todos os dentes. Sorri sem graça, aquilo não seria bom. – Vem – o mesmo me puxou levemente pelo braço, guiando-me até o seu carro.
Talvez eu tenha ficado surpresa ao ver um daqueles carrões de luxo à minha frente, e na verdade, o carro do Trent era muito maior e mais equipado do que o do Austin. Deixei que um “wow” escapasse por meus lábios, e o moreno riu da minha reação, guiando-me novamente até o lado do carona e abrindo a porta pra mim.
Assim que ele deu partida no carro, senti um desconforto imediato. Era estranho estar assim num mesmo local que um garoto que eu mal conhecia, e que por um acaso era o namorado da minha melhor amiga.
Ficamos calados a maior parte do tempo. Minha casa não era tão longe, e eu me surpreendi ao saber que o Trent sabia o meu endereço. Meus dedos apertavam o banco de couro a cada olhar que o moreno dirigia a mim, e eu não via logo a hora daquilo acabar.
– E a Trish? – perguntei.
– O que é que tem a Trish? – ele respondeu, seus olhos revezando entre a estrada e eu.
– Ela é sua namorada, ou você se esqueceu disso?
– Ah, claro que não. Está tudo bem com a gente.
– Por que não convidou ela para vir com a gente?
Ele demorou de responder, o que só me deu mais nervoso.
– Ela me disse que não podia, que a mãe iria busca-la. – disse por fim. E foi aí que eu percebi. Ele estava mentindo. A Trish odeia que a mãe dela busque-a no colégio, e ela nunca que falaria isso para alguém a não ser eu.
Assenti para ele, e o mesmo sorriu. Um sorriso estranho. Eu só não entendia o que ele escondia através daquele maldito sorriso.
...
– Chegamos! – disse rápido assim que enxerguei o portão da mina casa – Obrigada pela carona, Trent. Agradeço-lhe muito. – já ia tirando o cinto e abrindo a porta, quando o garoto de repente agarra o meu braço, impedindo que eu saísse. Meus olhos encontraram com os seus, e eu me controlei para não demonstrar o medo que eu estava sentindo ali.
– Espera um pouco, quero falar uma coisa com você. – ele sorriu de novo.
– Primeiro me solta, agora. – frisei o “agora” e o garoto pareceu perceber que ainda segurava meu braço. Consertei-me no banco e ele virou-se, de forma que ficou de frente a mim.
– Desculpa é que... – ele me olhou de uma maneira singela, e eu aceitei suas desculpas. – Eu queria falar, er, eu ouvi os boatos na escola...
– Boatos? – arqueei as sobrancelhas. – Que boatos?
– Que você e o Austin estavam... sabe... – ele disse sem jeito, soltei um “ah”. As fofocas costumam se espalhar em menos de 48 horas...
– E o que você tem haver com isso?
– Ally, eu conheço o Austin há bastante tempo, e sei que ele não é uma boa opção para você e... – cortei-o.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!– Opção? O que você tá achando, em? Que o Austin é um brinquedinho que eu escolhi entre tantas outras opções numa loja?
– Não, você entendeu errado.
– Não tenho tanta certeza disso.
– Você não é para ele, Ally. Ele não te merece, ele é um galinha, vive pegando as garotas e as jogando fora! Você não merece sofrer por um cara tão baixo como o Moon.
– E agora eu repito, o que é que você tem haver com isso? Acho que no dia que eu aceitei me envolver com Austin Moon eu medi todas as consequências e sabia no que estava me metendo, não é mesmo Trent? Vou te dar uma dica, da próxima vez se concentre em dar mais atenção para a sua namorada em vez de ficar dando palpites nos relacionamentos dos outros – conclui com um sorriso irônico, rezando para que o cara entendesse logo que eu não queria papo com ele. – De novo obrigada, e tchau. – saí do carro decidida a nunca mais ousar entrar nele novamente.
...
– O Trent te deu carona? Por que? Pra que? E por que diabos você aceitou uma carona daquele otário? – o Austin andava de um lado para o outro no meu quarto, enquanto, dificilmente, eu tentava me concentrar em meu dever de matemática.
– Dá pra parar de andar desse jeito possessivo? – o loiro parou em minha frente, pondo rapidamente as mãos na cintura e me olhando com as sobrancelhas arqueadas – Pra que toda essa coisa, Austin? Foi só uma carona, ele pediu pra trazer-me e eu aceitei, só isso.
– Logo o Trent, Dawson? – ele abaixou as mãos, derrotado, sentando-se na beirada da cama.
Suspirei e desisti de terminar aquela atividade, seguindo em direção ao Austin e sentando em teu colo de lado. Pus meu dedo em seu queixo e levantei seu rosto para que ele olhasse para mim.
– Ei, relaxa. – sussurrei.
– E tem como? – ele disse.
– Bom... – sorri pra ele, e o mesmo pareceu entender o que eu queria dizer.
– Tá desviando do assunto... – ele murmurava enquanto eu distribuía beijos por toda a extensão de seu pescoço.
– Esse é o objetivo. – eu disse, sorrindo para o loiro. Em resposta, Austin agarrou minha cintura, apertando firmemente; o bastante para me fazer suspirar ‘sem querer’, e nós caímos para trás na cama.
...
– Você vai contar a Trish o que aconteceu hoje? – o loiro perguntou sonolento.
– Não tenho certeza. Tenho medo de ela entender errado o que aconteceu e brigar comigo, ou brigar com o namorado dela.
– Ally, se ela brigar com aquele otário, o beneficio vai ser puro e totalmente dela. Ela vai tá é ganhando.
– Qual é dessa sua rixa com o Trent? – perguntei enquanto colocava alguns cabelos loiros, um pouco grandes, do Austin atrás de sua orelha.
Estávamos deitados na cama. Não chegou a rolar nada, existia um motivo muito plausível para não rolar: meu dever de matemática! Eu tinha que termina-lo!
– Isso é uma coisa antiga, esquece.
– Esqueceu com quem você tá falando né, querido? É lógico que eu não vou esquecer!
– “Querido” é? – ele me olhou divertido.
– Seu imbecil – eu ri das piadinhas que ele fez depois do que eu disse. – Mas é sério Austin, o cara tentou dar palpite no nosso namoro e...
– Espera, para tudo Terra, eu quero descer! – o loiro disse do nada, o que me deixou confusa.
– Que foi criatura?
Austin virou pra mim, ficando a centímetros do meu rosto e sussurrou: - “nosso namoro”?
Tá legal, aquilo meio que me deixou embaraçada. Ou completamente sem graça. Ou só sem respostas mesmo.
– A gente tá namorando, Dawson?
– Não combinamos que íamos parar de nos tratar pelo sobrenome? – ignorei seu primeiro comentário.
– Responde a pergunta.
– Você não respondeu a minha.
– Isso é um jogo?
– Talvez.
– Tá ok, você venceu. – o garoto disse, se ajeitando e me pondo com a cabeça em seu peito e o teu braço em meus ombros.
– Já? Mas nem começamos...
– Você quer que eu conte?
– Conta logo! – disse com uma voz estranha e o loiro riu, começando a contar.
Isso deve ter sido há uns 3 anos. Eu e o Trent treinávamos basquete na quadra da Marino para o próximo campeonato interno que haveria. Naquela época, não sei se você se lembra, mas éramos muito amigos. Fazíamos tudo juntos, desde paquerar as garotas a colar na prova de história. Mas nesse mesmo dia, aconteceu uma coisa que simplesmente destruiu todos os laços de nossa amizade.
– Foi uma garota, não é? – indaguei.
– Se você me deixar contar – ele respondeu.
– Foi? – insisti.
– Sim – ele disse e eu fiquei calada, deixando que ele continuasse.
Na quadra de futebol do outro lado do campo, havia terminado a aula das garotas, ou seja, a aula da garota. Eu e ele, e o time, lógico, não paramos de treinar os arremessos por causa das reclamações delas sobre: como o dia estava quente, ou o porquê da professora de educação física ter pegado tão pesado com elas e essas coisas. Daí as garotas começaram a entrar na quadra, já que só tem um vestiário e fica dentro da quadra de basquete. Sério, eu mal estava ligando para os acenos e os assovios que elas mandavam pra gente, mas o Trent quase tirava a camisa pra mostrar sua barriga lisa para as garotas, até porque com treze anos o máximo que ele teria é, enfim. A última garota passou pela arquibancada, e seu olhar nem para nós ela desviou. É óbvio que eu a reconheci, né? Como eu não reconheceria a menina que eu estava gostando há mais ou menos dois meses?
– Pode pular essa parte... – disse sem ânimo. Pra que diabos eu iria querer ouvir a paixãozinha do Austin da sétima série?
– Não, agora as coisas vão ficar interessantes – ele disse animado – Mas me diz uma coisa, você não lembra nada disso, tipo...
– Não, por que eu lembraria?
– Nada, deixa eu falar.
Enquanto a garota atravessava a arquibancada para chegar até o vestiário, o Trent parou ao meu lado.
– Bem gatinha essa mina, heim? – ele dizia ao meu lado, secando a garota por trás. Não sei bem o que senti na hora, mas meu sangue meio que ferveu na hora e eu me controlei pra não partir pra cima do cara.
– Não acho – respondi frio, pedindo um tempo ao pessoal.
– Ah vai lá Austin, eu sei que você adora ficar atrás dessa garota, vive irritando ela pelos cantos no colégio.
– Tá maluco, cara?
– Tô sim, por essa mina. Vai, qual o nome dela, tenho certeza que pego ela logo agora na saída. – me afastei do Trent, indo para o bebedouro e largando ele no meio da quadra.
– Ela não é para o seu bico, seu idiota. Nem pense em encostar um dedo nela – falei, percebendo que ele me seguia. Virei-me e o moreno me olhava divertido.
– Então você admite que tem algo com aquela putinha? E que aliás, tem uma bundinha bem... – não deixei que o garoto continuasse e prensei-o na parede, puxando um punhado de sua camisa.
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– Ah é? E você vai fazer o que? Me bater? – ele ria descaradamente, e eu me controlava pra não acertar logo um soco em sua barriga.
– Quer testar? Vai Trent, seja homem, acho que toda a Marino sabe que eu sou mais forte que você, não é?
– Você vai mesmo deixar que uma puta duma garota faça isso com nossa amizade? – ele disse abafado, sabia que não conseguiria se livrar assim de levar uma surra.
– Não foi ela, Trent. Foi você. – soltei-o, o que fez com que ele caísse no chão com o impacto. – E da próxima vez que você ousar encostar nela ou sequer falar dela, você vai ganhar tudo que perdeu agora neste momento. Pense bem Trent, a Dawson não é uma garota. Ela é a minha garota.
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