Heart By Heart

Cause it's freaking out


Anna não chegou nem perto de mim. Quando a professora de Ed. Física estava fazendo as duplas para rebaterem e ela saiu comigo, ela disse que estava passando mal e que não poderia participar. Quando estava rindo e acabava olhando para mim, fechava a cara e se virava rapidamente. Ela fez até mesmo a proeza de mandar uma mensagem para Maíra só para pedir que ela fosse até a sua mesa porque queria conversar com ela.
Isso já está ridículo. Já não sabia o que fazer, não iria puxar conversa, mas já sentia falta dela. Durante a aula recebi uma mensagem, era de Aline pedindo para a gente se encontrar lá fora. Saio primeiro e depois de alguns minutos ela aparece.

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_ Sinto muito. – ela diz simplesmente.
_ Por quê?
_ Ela está te evitando mesmo.
_ Não é sua culpa. Tentei conversar e ela nem mesmo está olhando na minha cara, não posso fazer nada. Ela pode estar chateada, mas esta agindo como uma criança.
_ Posso ver o quanto você esta triste com isso.
_Não se preocupe, ela sabe o que está fazendo. Não vou correr atrás, quando ela quiser coversar comigo sem me julgar ou qualquer coisa, vou estar à disposição dela. Só espero que não demore. – digo e ela me abraça. - Será que custa ela me entender?
_ Lamento por não ter como te ajudar, sendo que sou meio que a causa do problema.
_ Mas às vezes o problema pode virar solução. – digo e a puxo para um beijo.Ela é a minha distração nesse problema todo.
_ Fernanda... – ela diz na com os lábios no meu. – a gente está na escola... Alguém pode pegar.
_ Tem razão, vem. – digo e começo a puxar sua mão, mas ela não se mexe. – O que foi? – pergunto olhando para ela.
_ Não vamos para o banheiro de novo. – ela diz cruzando os braços.
_ Por que não? – Digo levantando os braços.
_ Já quase fomos pegas lá. E eu não quero ver sua cara de “cólica” de novo, se bem que sua cara estava realmente parecendo que tinha um demônio em seu útero possuído pelo ritmo ragatanga.
_ Para de me lembrar disso, e todo mundo caiu na minha atuação. – digo rindo fingindo uma carranca.
_ Vamos logo pra sala, antes que você precise fazer outra atuação como aquela.
_ Tá bom chatice, vamos lá.
Começamos a ir para sala, mas volto para ir ao banheiro enquanto Aline foi para sala para que a professora não brigue. Molho o rosto um pouco e vou para uma das cabines. De repente ouço a porta se abrindo e vozes que conheço muito bem.
_ Mas você sabe que não adianta, ela não vai mudar! Não importa o quanto você a ignore.
_ Eu só não entendo, na quinta ela estava namorando o Giovanni, e na sexta ela sai com Aline, os dois terminam e alguns dias depois pego as duas se pegando na piscina. Não consigo aceitar isso,e o tanto que as pessoas vão falar... Não posso simplesmente ignorar os cochichos e os olhares.
O que? Quem não acredita sou eu. Era só o que me faltava Anna querer por toda a culpa em Aline, sendo que a culpa e do Giovanni que me traiu. E ela não pode lidar com o povo falando? Como se fosse ela de quem eles vão falar. Quase saio da cabine e digo tudo isso na cara dela, mas a voz da Maíra me impede.
_ E daí que ela tá gostando de meninas? Quem vai sofrer isso tudo é ela e a Aline, e nenhuma das duas parecem estar ligando muito para isso, e também, elas nunca fizeram nada em público. – até imagino a cara da Anna, ela deve estar se olhando no espelho e retocando a maquiagem nem prestando muita atenção no que Maíra diz. - Olho, eu que deveria ter criado qualquer tipo de empecilho. Afinal a Aline é a ex do Guilherme, mas eu estou nem aí. A Fernanda não vai virar outra pessoa, porque está com ela, ou com qualquer outra.
_ Ela não é mais a mesma. – Estou me segurando para não sair da cabine.
_ Ela é aquela mesma pessoa que deixou de viajar, quando você estava com a perna quebrada e mal conseguia andar. A mesma pessoa que sempre que você precisou estava lá por você. E você não consegue nem ao menos aceitar essa nova fase agora.
_ Não sei se é apenas uma fase, e também não é só isso. Como posso brincar com ela sabendo que ela pode querer me beijar a qualquer momento, ou sei lá mais o que. Não consigo nem mesmo olhar para ela sem me lembrar do que rolou na piscina.
Agora foi demais, saio da cabine, e Maíra que tinha falado algo parou e olho pasma para mim. Anna compartilhava o mesmo olhar
_ Sério mesmo? Você acha mesmo que eu poderia te agarrar e te beijar?! – digo olhando para ela e ela não diz nada. – O que você acha que eu sou? Uma tarada, só porque já beijei UMA garota? Caramba, você é como uma irmã para mim, Anna. Pelo menos era né. Depois de ouvir isso tudo, quem não quer mais nem olhar na sua cara, sou eu. E ah, que bom que pude ouvir sua opinião mais uma vez.
_ Parece que você se enganou Maíra, ela não pode me aceitar. Isso vai afetar a “popularidade” dela. Espero que você curta bem ela.
Digo e saio do banheiro. Não vou para a sala, ao invés disso sigo para o corredor e vou até a escada que leva ao terraço. Me sento no mesmo basculante em que vi Aline sentada,e fico observando a vista. Realmente é muito lindo, dá para ver a cidade toda de um jeito que é totalmente impossível lá embaixo na selva de pedra que é o centro de Belo Horizonte. Meu telefone estava vibrando com mensagens e ligações de Maíra e Guilherme, eu o desligo e o coloco no bolso da blusa. Fico ali por minutos, ou até podia ser horas, não saberia dizer, e então ouço passos.
_Está todo mundo atrás de você. Maíra me contou o que aconteceu. – diz Aline chegando perto de mime pondo os braços nos meus ombros.
_ Hum, mas só você me achou.
_ Aham, mas só porque eu tenho um super poder de te encontrar. - ela diz rindo e me encosto mais nela. - E por que poucos conhecem o terraço, aqui em cima eu posso pensar de verdade.
_ Também sinto isso aqui, é fresco e tudo mais. - ouço das mochilas batendo no chão. - Bateu o sinal já?
_ Sim, fomos liberados mais cedo e a maioria dos alunos já saiu. Maíra e Guilherme estavam loucos atrás de você, mas não faziam a mínima de onde você estava. Como tinha uma noção, acabei trazendo sua mochila junto.
_ Valeu. - digo me levantando.
_ Minha mãe vai vir me buscar, quer carona?
_ Claro. - digo e estendo minha mão para ela, que entrelaça nossas mãos e vamos embora.
_ Uau, mamãe! Você está linda. - diz Aline enquanto entramos no carro. A ultima vez que tinha visto a mãe dela foi ao funeral, e ela estava muito mal. Agora, ela esta com um aspecto mais jovial, cortou o cabelo ate perto dos ombros e pintou para uma cor mais escura de loiro.
_ Obrigada. E oi, Fernanda. - ela diz me cumprimentado pelo retrovisor.
_ Ola, Don... Sabrina. - disse me lembrando de como ela pediu para chama-la quando nos conhecemos. Conversamos durante todo o percurso até minha casa, e a mãe de Aline recebeu uma ligação e teve que voltar correndo para o trabalho, por causa de uma emergência e Aline fica comigo em casa.
_ Não demore para voltar para casa, se cuidem meninas. - foi a ultima coisa que a mãe dela falou antes de ir.
_ Ela parece melhor. - comento enquanto entramos no prédio.
_ E esta, voltou ao trabalho, esta sorrindo mais e já ate está indo as reuniões de família em que a vovó nos chama. Ela esta conseguindo seguir em frente.
_ Ela merece, sei o quão ruim é perder alguém.
_ Você sempre disse que sabe o quanto é difícil, deve ter perdido alguém muito importante. - ela diz olhando para mim.
_ É, realmente era - Ela não faz ideia. Ate passa pela minha cabeça contar para ela, mas não sei se estou pronta para falar sobre esse assunto novamente. Acho que ela percebe o quanto isso me afeta, então ela muda de assunto.
_ E aí, o que vamos fazer agora?
_ Ah, sei lá. Tem alguns filmes lá em casa, podemos fazer brigadeiro e pipoca, uma verdadeira bagunça.
_ Por mim tudo bem.
Entramos em casa e começamos a preparar tudo. Logo ta tudo pronto e fomos para meu quarto assistir.
_ Qual? Tem Cartas para Julieta, The Wonders, Gente Grande... Você escolhe. - Digo mexendo na pilha de DVD's.
_ The Wonders? Nunca ouvi falar.
_ O que?? - Digo surpresa. Já assisti tantas vezes que já até perdi as contas. - E simplesmente um clássico, é o meu filme favorito. É sobre uma banda que faz um tremendo sucesso com uma música e se torna uma sensação no mundo da música. Todas as músicas são boas, bem melhores que algumas que existem hoje em dia. – estava tão empolgada falano que nem vi quando ela veio até mim e pegou o DVD da minha mão, fico olhando para ela enquanto ela lia a sinopse na contra capa.
_ Parece ser legal, vamos ver se passa no teste e ganha o selo Aline De Qualidade. - ela coloca no aparelho de DVD e vai deitar na cama batendo no vazio ao seu lado. - Vem.
Vou para lá e assistimos ao filme, minha cama ficou coberta de pipoca. No final ela já sabia cantar “That Thing You Do!” de cor e salteado.
_ Como é que pode nunca ter visto esse filme? Passava tanto na sessão da tarde quanto A Lagoa Azul.
_ Ah sei lá, já devo ter visto e não me lembro. Não sabia dessa foto. - Disse apontando para o meu mural, ali tem de tudo, de anotações a fotos. E ali tinha uma que tiramos na festa da namorada de Henrique.
_ A da festa nem eu me lembro, só sei que estava no meu celular e resolvi mandar revelar, só tinha visto a alguns dias atrás.
_ An, quero uma cópia. - disse e continuou olhando as foto que estavam ali, tinham fotos minhas desde que eu era criança. - Você era muito fofa, pena que cresce.
_ Haha! - digo apenas e ela ri. Chego perto dela e conto sobre o momento em que foram tiradas as fotos, e pego uma em especial e coloco dentro da gaveta, ela estava entretida em outra foto e nem percebe. Ela para sobre uma que Guilherme bateu a uns dois anos, Anna estava montada em mim de cavalinho e estávamos correndo pela rua feito idiotas enquanto Maíra simplesmente lia um livro fingindo que não nos conhecia. Foi um dia incrível aquele e não consigo manter um pouco de emoção fora da voz.
_ Isso vai passar. Ela vai cair na real, e vai entender tudo isso.
_ Olha, todo mundo me diz isso e quero muito acreditar, mas... Isso vai contra tudo o que ela acredita. Conhecendo ela como conheço, se isso acontecer vai levar um tempo. Um tempo ao qual não estou disposta a dar para sempre.
_ Não quero que perca uma amizade por minha causa, não seria o certo.
_ Pode ir parando, não é só por sua causa. Isso me ajudou a ver que se ela não me entende e me aceita, como e que podemos ser amigas de verdade? Pode ate ser que as coisas entre nós duas não durem, mas não quero alguém que não me aceite e me julgue. - digo sentada na beirada da cama. Ela vem até mim, se ajoelha e me beija. Coloco as mãos no seu pescoço a trazendo para mim. Ela se levanta e cai por cima de mim colocando as mãos por dentro da minha blusa, gemo na sua boca e isso a incentiva mais e mais, ela começa a tirar minha blusa, mas oco o barulho da porta se fechando e vozes na sala.

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_ Merda, minha mãe chegou. – digo colocando minha blusa de volta e ela se levanta para arrumar o cabelo no espelho. Eu sento e fico olhando ela da cama.

_ O que foi?

_ Tá linda, e também tá parecendo aquelas namoradas que não querem que ninguém saiba o que estava rolando no quarto.

_ É, mas eu não sou uma namorada normal. – ela disse e se virou para mim, abrindo um sorrisinho. – Na verdade, eu não sou a namorada.

_Pois é não é, mas mesmo assim vou te apresentar para o sogr... Que dizer meu pai.

_ Se ele me perguntar o que eu já fiz contigo... Sogrão eu nem te conto, nem te conto, nem te conto. – ela começa a cantar e colocar uma mão na cabeça e a outra na cintura dançando arrocha.

_ Mas aí vai ter que pedir minha mão para o sogrão. E me aturar para o resto da vida, no mínimo. - eu a provoco, adoro fazer isso.

_ Olha que eu peço mesmo, e isso é o que mais quero. - ela diz chegando perto de mim.
_ Assim eu apaixono. – provoco mais um pouco.

_ Você está atrasada, eu já me apaixonei há muito tempo. – diz e me beijou.

Essa menina ainda me mata, o problema é que eu acho que já estou apaixonada há muito tempo. Tudo que eu mais quero é essa menina comigo, e não importa se ela é uma garota, isso é apenas um detalhe, que é sexy para caramba. Eu só consigo prestar atenção no seu sorriso e na sua voz, devo ter um sensor ALINE, que consigo detectar qualquer movimento dela mesmo a distância, e se estou longe, arranjo qualquer desculpa para conversar e trocar mensagem. E se me perguntassem se trocaria uma amizade como a de Anna, depois de tudo o que rolou nesse final de semana, por um tempo ao lado de Aline, eu não preciso pensar duas vezes sobre o que eu vou querer.
Me afasto dela e a puxo para fora. Meus pais estavam no sofá e apresento Aline para ele, como amiga é claro. Os dois se dão super bem, mas como ela tem que ir embora o assunto cessa. Meu pai se oferece para levar ela até em casa e ela aceita. Fico na sala com minha mãe por mais um tempo e depois vou para o quarto ler um pouco, e nem vejo quando meu pai voltou.

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Se passou um mês, e durante esse tempo algumas coisas aconteceram. Não, Anna e eu não voltamos a conversar, desde o incidente do banheiro não trocamos palavra alguma. Aline e eu nos aproximamos ainda mais nesse tempo, e passávamos cada vez mais tempo juntas. Meus pais descobriram, e isso resultou a alguns dias sem se falar, mas eles chegaram até mim e conversamos. Eles disseram que nenhum pai está pronto para saber que sua filha gosta de meninas, mas que eles entendem e respeitam, amei essa atitude dos dois. Me apoiaram em casa e acolheram Aline sem problema algum. Nós duas nos beijamos algumas vezes em publico, e não sofremos nada além de alguns olhares. Não estava ligando, se isso é um preço ao qual tenho que pagar para poder ficar com ela, pago sem problema algum. Ainda não a pedi em namoro oficialmente, só estamos ficando sério. Estava esperando uma data especial e segundo o irmão dela (que sabia que estávamos juntas), me disse que o aniversário dela estava chegando, então resolvi que seria nesse dia mesmo.

Já tinha o plano toda na minha cabeça e combinei tudo com Guilherme, Maíra, Henrique e a Gabrielle, uma amiga de Aline que conheci e acabamos virando amigas.

2 Semanas Depois

Estava super nervosa e já refiz o discurso várias vezes na minha cabeça, ajeito pela milésima vez o amassado inexistente no meu vestido, e verificando se está tudo em ordem. Eles estão demorando muito, penso. Fico nessa neurose por mais um tempo até que vejo Guilherme e Henrique se aproximando trazendo Aline com uma venda nos olhos.

È agora ou nunca ...