POV Terry

O som irritante de gotas me acorda, minha cabeça lateja no ritmo da água que cai pingando bem próxima ao meu rosto, o chão úmido de pedra fria e áspera só cooperaram para meu desconforto ao me mover da terrível posição que estive durante o que me parece ser horas jogado naquela cela, ou melhor, masmorra.

O frio brota das paredes escuras juntamente com o mofo que preenche minhas narinas e a única luz provêm de uma tocha no corredor. Tratando de ignorar minhas roupas molhadas e a friagem que penetra meus ossos, tenciono meu rosto contras as barras de ferro, tentando ver onde estão os outros que foram enganados juntamente comigo. Aquele maldito anão apareceu depois que eu havia tomado um merecido banho e no momento seguinte apaguei, não sei o que ele fez comigo, mas vai se arrepender quando o encontrar novamente. Não só ele é claro, mas o rei Valdur certamente receberá um agradecimento especial de minha parte pela sua hospedagem atenciosa.

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Alguém vivo por aqui? – Grito na esperança de que os outros estejam acordados e bem.

Terry?– Ouço a voz de Luc na cela do lado direito a minha. —Você está bem?

É claro que estou bem e os outros?

Eu estou aqui. - Diz a voz feminina um pouco mais longe de mim.

— Te pegaram também Demônia?– Luc zomba de Minna. — Isso é novidade!

— Não seja idiota garotão, existe uma poderosa magia atuando neste palácio.– Minna responde irritada.

Onde está Kenna?– Esta é minha maior preocupação.

Ela não está aqui.- Responde Feo do meu lado esquerdo. — E nem Élio também.

Como vamos sair daqui? Eu quero ir no banheiro!- Luc resmunga com seu humor de sempre. Mas antes que eu comece a planejar a fuga, o som de uma explosão invade a masmorra.

Onde foi isso?– Minna pergunta.

Foi acima de nós.– Diz Feo. —Alguém está atacando o castelo.

E mas uma vez antes que eu pudesse dizer alguma coisa ouvimos outra explosão, só que dessa vez, o som veio acompanhado de um grande tremor e destroços esparramada pra todo lado.

Alguém afim de um passeio?– Diz a voz que conheço muito bem.

Dois minutos depois já estamos entrando na rede de esgoto da cidade, um lugar tão agradável quanto a masmorra, mas ao menos estamos fugindo pra um lugar melhor, eu espero. Kenna vai na frente, junto com duas pequenas criaturas de pele dourada, um deles é mais velho e a outra não passa de uma menina. Gostaria de saber o que aconteceu com Kenna nessas últimas horas que fiquei desacordado, e ao olhar para Feo andando ao meu lado, posso percebo que ele se preocupa com a mesma coisa, afinal, fomos facilmente enganados e postos fora de combate, enquanto Kenna corria perigo. Ainda por cima ela veio nos resgatar. Certamente isso nos torna péssimos irmãos mais velhos.

Se você está nos resgatando, onde está aquele maldito Élio?– Pergunto para Kenna, mesmo já sabendo a resposta.

Ele atacou o castelo por cima, para que pudéssemos salvar vocês por baixo, mas nesse momento já deve estar na casa de Linu. - Responde sem olhar para trás, mas para de caminhar, se vira e diz de repente. — Linu é um Mestre do Templo...– Ela aponta para o senhor de pele dourada ao seu lado. — E essa é filha dele, Sila, eles nos ajudaram a escapar do castelo, e nos acolheram em sua e agora ajudam no seu resgate.- Diz e depois aponta pra mim. — E este é meu irmão, Terry, o outro é Feo, também meu irmão, aquele é meu primo Luc e minha amiga Minna.– Assim ela nos apresenta a Linu e sua filha. De maneira seca, quase rude. O que aconteceu com Kenna? Mas antes que qualquer um de nós possa dizer alguma coisa, ela recomeça a caminhar.

Deixe isso pra depois.– Feo sussurra para mim, como se lesse meus pensamentos. O que há com essa garota?

***

Tudo bem.– Digo e respiro profundamente, enquanto olho para uma Kenna que não reconheço. — O que aconteceu com você?

Nós estamos na casa do tal Mestre do Templo, ele e a filha nos observam em pé, perto da porta calados, ao lado deles está Élio, a expressão não me agrada, um misto de preocupação e divertimento. Esse cara sabe mesmo como me deixar furioso sem nem dizer uma palavra. Sentado em uma poltrona acolchoada, está Luc, com um belo prato do que parece ser frango assado, ele nunca perde a fome. Minna está num canto, encostada na parede, só observando como os outros, e por fim, Feo está ao meu lado, tão preocupado quanto eu.

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Nada demais. - Kenna nos olha e se senta na poltrona atrás de sei. — Eu estou bem, não tem motivo toda essa preocupação.

Bem? Não é a palavra que me vêm a mente quando penso no perigo que deve ter passado dois dias atrás.– Retruco nervosamente, é impressão minha ou estou perdendo o controle? — Quero saber exatamente o que aconteceu com você depois que aquele maldito anão te deixou no quarto.

Certo. - Diz ela se levantando calmamente. — Tenho certeza de que Élio lhes dará todos os detalhes. - Então adentra para outros cômodos da casa, me deixando estático de raiva.

Dê um tempo pra ela.– Diz Feo segurando meu braço pra que eu não siga.

Isso mesmo.– Se pronuncia Élio, que a poucos segundos observava a cena com sua postura irritante de sempre. — Deixe contar o que houve, tenho certeza que Kenna não dirá uma só palavra, afinal, foi algo terrível para ela.

E com essas palavras ele detém toda minha atenção. O que nos contou a seguir foi aterrador para mim, só de imaginar minha irmã a mercê daquele maldito rei me fez tremer. Eu nunca imaginei que pudesse ter tanto medo por alguém antes, também nunca antes alguém querido para mim esteve em tanto perigo. Uma Kenna congelada de medo não entra em minha cabeça de forma alguma, agora dá para entender o porquê de ela estar tão arisca, sente raiva se mesma por ter fraquejado frente ao inimigo. Minha vontade é entrar naquele castelo e acabar com Valdur, mas de alguma forma sei que isso só pioraria a situação, pois esse maldito não é do tipo fácil de derrotar e muita coisa ainda está sem explicação. Kenna já tem um grande peso sobre, nada menos que o destino de todos nós.

Por favor, me leve até ela.– Digo para a garota de pele dourada.

Acho melhor deixar isso pra depois, ela não vai querer te ver. - Élio intervêm.

Pode ser, mas eu preciso falar com ela.– E dizendo isso sigo a garota pela casa.

Ela está aqui. - Diz timidamente parando em frente a uma porta no corredor.

Obrigado.– Sorrio o mais gentilmente possível e deixo que ela vá antes de bater na porta.

Kenna. Sou eu, Terry. Posso falar com você?– Pergunto mas só obtenho silêncio como resposta.

Depois se segundos sendo totalmente ignorado, abro a porta e entro sem dizer nada, encontrando um montinho em cima da cama, embaixo de uma camada de cobertas.

Ei, você já está grandinha para brincar de se esconder.–Novamente o silêncio é o que recebo, perco a paciência novamente e tiro as cobertas de cima dela, revelando seu rosto molhado pelas lágrimas e seus olhos fechados com força. — É a primeira vez que te vejo assim, tão indefesa, parece mesmo uma garotinha. Mas não tem do que se envergonhar, eu sou seu irmão Kenna, se está com medo pode me dizer.

Eu não estou com medo.– Diz uma voz nada convincente, enquanto abre os olhos.

Élio me contou o que houve, está tudo bem, pode dizer a verdade. - E aí está ele novamente, o silêncio. — Certo, não quer dizer? Tudo bem, mas saiba que eu estou aqui Kenna. Posso não ser o melhor irmão mais velho e sei que tenho que lutar muito pra ser tão especial pra você como o Feo é, porém eu prometo que nunca mais você terá que enfrentar algo assim sozinha de novo. Estarei sempre ao seu lado, sempre que precisar de mim eu estarei lá.

Eu sei.– Ela diz só agora olhando diretamente pra mim. — Me desculpe por ser tão fraca. Se tivesse sido mais forte, vocês nunca teriam ficado presos naquele lugar. Se eu não tivesse ficado com tanto me...

Ela não conseguiu dizer a palavra, então não me segura mais uma e a puxo para um abraço, ela se agarra em mim como sua tábua de salvação e eu desejo que realmente pudesse ser, que pudesse tirar de cima dela todo esse peso e medo.

Sou eu quem deve dizer isso. - Confesso em sussurros. —Eu que não fui forte o suficiente.

E assim ficamos, até que ela adormece em meus braços. Saio do quarto prometendo a mim mesmo fazer de tudo para que minha irmã nunca mais tenha que chorar desse jeito.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.