A Maldição Do Dragão

O Homem dos Meus Sonhos...


Dois dias depois...

Dois dias perdidos. Dois dias de tortura nesta cidade sem graça. E o pior é que ainda não faço ideia do que fazer e nem para onde ir, já que não consigo ler este maldito mapa! Estou começando a pensar que Fênix fez de propósito me dando este mapa inútil. Ou talvez eu seja a inútil por não conseguir interpretar todas essas palavras e códigos escritos nessa língua que nem faço ideia qual seja. Mas a verdade é que nem mesmo Feo sabe que língua é essa, e olha que ele conhece muitas línguas antigas. Ele me perguntou como li o nome “ Postia” no mapa quando ainda estávamos na casa de Fênix, mas eu não sei como aconteceu, só que por um momento a palavra pareceu legível para mim e logo depois se tornou indecifrável. E portanto estamos aqui, plantados feito árvores nesta cidade, esperando pela boa vontade de um mapa que parece ter vida própria.

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Porém hoje acordei disposta a resolver esta questão. Nem que levasse o dia todo, mas eu não tiraria o olho deste mapa até descobrir qual é nosso próximo destino. Fiquei a manhã toda trancada no quarto da hospedaria, mas não obtive nenhum progresso. Depois de ser obrigada por Feo a comer alguma coisa, decidi mandar os rapazes comprarem suprimentos no centro da cidade, mas depois de eles me preguntarem mil vezes onde comprariam as coisas da pequena lista que eu dei, resolvi por fim ir com eles e ordenei que cada um comprasse suas coisas pessoais e que Terry ficaria encarregado que comprar os suprimentos gerais.

Depois de horas de caminhada por lojas e barracas, fiz com que todos se separassem, não aguentava ver Terry e Feo brigando e o sem vergonha do Luc se esgueirando pelos cantos para roubar beijos e amassos das moças oferecidas que ficavam se jogando para cima deles.

Fiz um estoque de coisas femininas altamente necessárias, afinal não sabia quanto tempo essa viagem duraria, então tive que me prevenir. Voltei para a hospedaria e me dei conta que havia me esquecido de fazer algo muito importante, tanto tempo focada em decifrar o mapa e amaldiçoar Fênix mentalmente, eu não levei minha bota para consertar. Era uma bota muito especial e durável, feita pelo sapateiro real especialmente para eu usar em combates, mas como eu não tirava ela do pé e depois de muitas batalhas, a minha querida bota deu seu primeiro sinal de fraqueza, a sola descolou do pé direito. Fiz o trajeto de volta para o centro da cidade e caminhei durante quarenta minutos até encontrar uma oficina de sapateiro. Essa cidade é muito estranha, tem loja e oficina de tudo o que é tipo, achei até duas lojas de caixões, pra que uma cidade tão pequena precisa de tanto caixão? Mas oficina de sapateiro só tem uma. O sapateiro, um homem velho e com um olhar meigo, elogiou muito minhas botas, mas me convenceu de que era melhor trocar os dois solados logo de uma vez, assim minha bota ficaria como nova ele me garantiu; me disse também que levaria umas duas horas para que o serviço ficasse pronto e que era melhor eu voltar depois, mas eu decidi esperar por ali mesmo, vou para fora e sento num banco que dava para a rua. O lugar é bem sossegado apesar de algumas pessoas transitarem por ali, todas é claro entram e saem do pequeno armazém que fica do outro lado. Pequenas carroças passam carregadas de feno e várias crianças brincam pela rua; este é o único lugar tranquilo em toda a cidade. Pode soar estranho, mas a cidade apesar de pequena transmite a ideia de estar sempre abarrotada de gente. Não que seja populosa é claro, mas as pessoas parecem querer estar todas no mesmo lugar. Já neste canto, tudo é mais tranquilo e pacato; e pela primeira vez desde cheguei, eu realmente me sinto em paz. E esse é o momento perfeito para estudar melhor o meu estranho mapa. Olho atentamente para cada símbolo , tentando de alguma forma achar ao menos um que eu reconheça. Mas depois de uma hora e meia sentada com o rosto colado no papel tudo o que consegui foi uma bela dor de cabeça, me levanto para dar uma esticada e escoro meu ombro esquerdo na parede da oficina. Volto novamente para minha cansativa tarefa, fico tão concentrada no mapa que não noto a sombra que se projeta sobre mim e levo um susto quando um dedo pousa no papel.

Maldívia. – Ouço uma voz muito próxima de meus ouvidos.

O quê? - Eu me viro e perco a fala quando olho para o rapaz parado ao meu lado. Não acredito no que vejo, é ele, é o homem com quem eu sonho todas as noites. Aquele que no sonho, aparecia num campo de tulipas, e me tocava na face , então eu me sentia queimar por dentro. Pisquei os olhos a fim de ter certeza que não estava imaginando coisas, mas era ele mesmo. Os mesmo olhos cor de âmbar e o mesmo cabelo dourado. Eu devo ter olhado para ele como uma completa idiota, porque ele sorri, e devo dizer que é o mesmo sorriso dos meus sonhos, e então aponta para o mapa.

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A cidade se chama Maldívia – Declara o homem dos meus sonhos - É o que está tentando ler não é?

Aaah.. Sim – Consigo dizer finalmente - É sim, obrigada.

Não há de que – Ele faz menção de ir embora. Não vou deixar isso acontecer.

– Como você sabe? - Me coloco em sua frente. – Que é Maldívia? Quer dizer, esse mapa está escrito num código esquisito.

– É que meu pai era cartógrafo e ele me ensinou a ler todo tipo de mapa, inclusive os especiais como o seu. - Afirma me olhando profundamente. Espero que eu não esteja toda vermelha.

– E Maldívia fica muito longe daqui? - Pergunto só para ouvi-lo falar novamente. Sua voz é doce mas grossa, é suave mas também um pouco rouca, ele fala e eu me derreto.

Na verdade não muito. Fica vinte quilômetros a sudeste daqui. - Diz calmamente. E eu estou a ponto de desmaiar, nunca tinha me sentido assim antes, só nos meus sonhos com ele é claro.

Finalmente uma boa notícia – Digo sorrindo bobamente. Estou me comportando como uma adolescente. - E qual é o seu nome?– É isso que eu quero saber há anos.

Eu...- Ele ia dizer, mas uma linda menina de longos cabelos loiros acaba de abraçar suas pernas.

A mamãe disse que já é hora de ir. – Fala a garotinha e aponta para uma mulher na frente do armazém, ela é linda. Por favor que não seja o que eu estou pensando!

– Já vamos fofinha. – Ele acaricia os cabelos dela.– Eu tenho que ir agora, mas Maldívia tem um ótimo cartógrafo, quando chegar lá o procure e ele poderá ajudá-la com seu mapa. – E me dizendo isso, ele paga a garota no colo e atravessa a rua, pega também uma grande bolsa de tecido que estava nos pés da mulher e coloca nos ombros. Ele é tão forte! Mas que bobagem estou pensando, obviamente ele é casado. Isso mesmo, o homem dos meus sonhos é casado com uma linda mulher e tem uma linda filha! E eu estou aqui parada feito uma idiota, tonta e burra, olhando a linda família virar a esquina e desaparecer. Nada poderia ser pior.

O sol está se pondo e o velho sapateiro acaba de entregar minha bota, ele está tentando conversar um pouco mas eu não quero falar com ninguém agora. Com o coração partido por um homem que não sei sequer o nome, tudo o que me resta é voltar para a hospedaria e me preparar para a viajar amanhã, apesar da dor que sinto tenho que continuar com minha jornada. E meu próximo destino é Maldívia. Pago o velho e saio caminhando lentamente pelas ruas da triste cidade. E mais uma vez o homem dos sonhos não sai dos meus pensamentos.