A noite é ligeiramente perigosa para aqueles que não sabem o que se esconde nas mesmas. Um amigo, ou inimigo talvez, sempre à espera do momento correto para causar sua morte. Para fazê-la o mais dolorosa possível.

Pietra havia saído da cúpula sem que percebessem. Estava cansada do clima tenso, que esta sempre presente, entre os outros membros de seu clã. Ela sabia que o único local que cederia descanso à sua mente era um apartamento do outro lado da cidade.

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E aqui estava ela. Jogada em sua cama incrivelmente confortável. Ela poderia ter vindo para o local mais cedo, mas o tempo era curto e sempre estava acompanhada de alguém.

Ela estava calma, relaxada e completamente despreocupada com o que se passava ao seu redor. Perfeito.

Seus olhos se fecharam e com isso Pietra adormeceu, mesmo que este ato não seja necessário.

Tornou a abrir os olhos com o barulho de algo pingando. Vinha do banheiro, provavelmente era a pia. Pietra se acomodou na cama e tentou ignorar o barulho. Era praticamente impossível. A cada gota o som aumentava e um eco percorria pelo pequeno apartamento. Pinga, pinga, pinga, pinga. Era enlouquecedor e a garota necessitava ao menos de poucas horas de descanso.

Levantou-se e decidida a acabar com esse barulho irritante que não lhe dava um único descanso seguiu para o banheiro. A banheira estava cheia, o chuveiro ligado na temperatura em que a água parecia estar fervendo e uma nuvem de vapor estava presente. Pietra enfiou o braço na água do chuveiro o desligando. Logo o barulho das gotas se fizeram presentes novamente e Pietra seguiu para a pia.

Desligada. Como ela podia estar desligada? Era enlouquecedor e a garota poderia ouvir em qualquer cômodo deste local! Ela não sabia a resposta, mas o pior de tudo foi o barulho permanecer presente.

Pinga, pinga, pinga.

Ela abriu a torneira e jogou uma grande quantidade de água em seu rosto. Ela estava ficando maluca, estava ficando assustada e estava com uma vontade imensa de chorar sem motivo algum. Ela abaixou a cabeça.

Uma noite, seu aniversario seria no dia seguinte. Seus pais desejavam fazer uma surpresa para a garota. Sua tão amada filha. Ela tinha apenas 11 anos.

Nesta noite Pietra estava calma em seu quarto, o bater da porta do carro de seu pai batendo era baixo e abafado pelas janelas fechadas. Ela acenou e uma lágrima desceu, como se já soubesse do futuro dos dois.

As mãos foram para a cabeça puxando os cabelos para trás. Malditos sejam aqueles que a mandaram para um orfanato imundo.

Os olhos ardendo e logo jogou água em sua face novamente. Levantou a cabeça e ela já não estava mais só.

Um conhecido homem de olhos e cabelos negros estava parado atrás dela a pele branca e os cabelos desgrenhados, um sorriso sádico e louco estava em seus lábios. Ele se divertia com sua situação. Abaixou o rosto jogando outra quantidade de água nele. Virou-se e o homem já não estava mais ali.

– Estou louca – murmurou escorregando pela parede até ficar sentada abraçada a suas pernas.

Passos. Seu medo crescia e sua lucidez diminuía. Ele se aproximava, disso ela tinha certeza e ela pagaria por tudo que fez. Seu lábio inferior começou a tremer e soluços eram audíveis, nem uma única lágrima. A porta sendo aberta. Ela colocou sua cabeça entre os joelhos e chorou cada vez mais. Ele havia chegado e sua existência estava à beira de ter um fim.

As grandes mãos passaram pelo cabelo da garota que levantou o rosto para ver quem lhe tocava.

– Você esta deplorável – o homem falou colocando uma mecha de cabelo para trás de sua orelha.

– Por que voltou Lucas? – perguntou Pietra sacudindo a cabeça.

– Eu prometi, não prometi? Prometi que te mataria, mas fiquei sem coragem. Prometi que faria de sua vida um inferno – falou o garoto a encarando nos olhos – Prometi fazer assim como fez comigo – ele falou descendo sua mão para o pescoço da garota.

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Sim, ela estava com medo, mas pediu por este destino. Implorou para ser morta quando brincou com o fogo.

Ele a jogou contra o espelho que quebrou. A cabeça de Pietra latejava e ela podia sentir uma pequena quantidade de sangue escorrendo. Olhou para a porta. Seu plano era correr e escapar, mas os raios solares que começavam a entrar pela imensa janela que dava para a floresta a impediu. Sem cortinas e sem proteção.

Dane-se, esse foi seu pensamento quando correu para o quarto. Logo fora alcançada.

Seu inimigo a segurava no ar pelo pescoço e com tamanha força que estava incomodando a garota mais que os raios de sol que corroíam sua pele. Ela não precisava de oxigênio, ela não era um verme como os seres humanos.

– Esperava mais de você – com isso Lucas Miller suspirou e a atirou pela janela.

E a sua espera no chão, se localizava uma grande e afiada estrutura metálica. E então ela simplesmente morreu, empalada como qualquer outro. Esperava mais da morte, talvez quem sabe uma mulher com uma grande foice ou alguém aarrastando para o inferno. Mas tudo fora rápido uma dor enlouquecedora como se a barra a queimasse e então estava morta. Tedioso na verdade ou talvez ela esteja tão acostumada com a vida que nunca sentira medo de morrer.

Na janela Lucas soluçava, lamentando pelo o que fez. Maníaco, psicótico e sádico. Isso é o que ele realmente é. Isso é o que todos são.

E aqui estava ela. Acorrentada e sentido sua pele arder e seu sangue escorrer em suas costas a cada chicotada que a caçadora recebia. Seu agressor sorria a cada grito, xingamento ou maldição que Catelyn lançava para o mesmo.

Mais uma chicotada e um grito de dor escapou dela fazendo seu grande inimigo natural, Luke, sorrir cada vez mais. Ele queria que ela sentisse tudo isso, desejava ver o sangue da garota escorrer e formar uma piscina abaixo de seu corpo, desejava que ela sofresse a ponto de implorar por sua morte.

Ela merecia e disso todos os dois tinham certeza. Ela tirou a vida de vários imortais e mortais. Tudo por essa sede de vingança inacabável, todas as desgraças ocorridas em sua vida fora culpa destes meros sugadores de sangue.

Outra vez a garota berrou, desta vez sem motivos. Luke estava parado sem nada em mãos tentando entender o motivo deste grito, mas tempo ele não tinha e só fora perceber isso quando sentiu cheiro de gás e logo o velho galpão fora para os ares e duas vidas foram levadas com ele.

Na floresta um cabelo ruivo ondulado e um sorriso sádico podiam ser vistos e Hayven sabia que outra pequena parte de seu “trabalho” estava completa e logo chegaria ao fim e seu grande prêmio estaria esperando-a.

– Não acha que esta sendo cruel fazendo com que eles ajam do modo que você deseja? – Richard perguntou surgindo do nada.

– Você sabe que isso é apenas um jogo, Richard. E essas vidas seriam tiradas mais cedo ou mais tarde – fala a garota sorrindo ainda mais com a presença do garoto.