Safe & Sound

Eu Sabia Que Você Era Problema


“Era uma vez

Alguns erros atrás

Eu estava na sua mira

Você me pegou sozinha

Você me encontrou...”



Sara


À noite eu não dormi direito, estava ansiosa para a noite de sábado, fazia muito tempo que eu não saia e essas coisas sempre me deixavam nervosa. Eu era meio calada, não fazia muitas amizades, só procurava conservar as que já tinha.

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No outro dia, Jess não parava quieta um segundo. Passou o dia todo fazendo cabelo, pé e mão para a festa. Ela inventou de pintar minhas unhas de vermelho enquanto que a Angela disse que iria dar um jeito no meu cabelo.

Ela prendeu minha franja e um pouco de cabelo para trás e deu uma definida nos meus cachos. Até que ficou legal.

– É melhor você pôr bastante fixador Ângie, senão vai desmanchar tudo. – eu pedi.

Jessica terminou as unhas e começou a me maquiar.

– Pega leve Jess, não quero parecer um travesti...

– Deixa comigo!

Depois que terminaram tudo, trouxeram um espelho. Não parecia que era eu, assim até que parecia que eu era bonita.

– Então o que achou? – perguntou Jess.

– Legal! Obrigada meninas.

Jessica e Ângela bateram as mãos.

– Agora eu vou fazer a minha maquiagem, os garotos já vão chegar e eu não quero me atrasar.

Eu esperei enquanto Jess terminava de se arrumar. Alguém bateu na porta. Eu dei um pulo. Ângela foi atender. Era o Bruno.

– Nós já vamos! Tchau Sara, Tchau Jess. Juízo hein!

Ângela e Bruno iriam a um jantar na casa dele, era aniversário da mãe dele.

– Pronto, vamos? – disse Jéssica.

– Vamos.

Nós descemos e Miguel estava nos esperando na frente do prédio junto com um cara alto e moreno, até que ele era bonito. E eu estava certa, ele era do time de futebol.

– Olá meninas – cumprimentou Miguel.

– Oi – dissemos.

– Este é o Jared e estas são Jéssica e Sara.

– Prazer em conhecê-las – ele disse e nos cumprimentou.

Nós fomos até o carro de Miguel que para variar era um Porshe azul. Babei!

Jéssica sentou na frente com Miguel e eu tive que ir atrás com o tal Jared.

– É muito longe? – perguntei assim que ele deu partida.

– Não, é a uma meia hora daqui. Vai ter bebida liberada, os pais do Emerson estão viajando.

Nós chegamos à casa onde iria ser a festa. Se é que dava para chamar aquilo de casa, porque era enorme, uma mansão. Esse cara devia ter muito dinheiro mesmo.

– O que o pai dele é? – perguntei.

– Ele é senador. – Jared respondeu.

Nós entramos na festa que estava bombando. Estava tocando música eletrônica.

Miguel convidou a Jess para dançar. Eu tratei logo de desviar o assunto para outra coisa.

– Vamos pegar uma bebida?

– Claro.

Nós fomos até a copa.

– Só tem cerveja? Não tem nada sem álcool? – perguntei.

O cara da copa me olhou como se eu estivesse louca.

– Não.

Eu peguei a cerveja. Era melhor do que ficar na seca a noite toda. Jared também pegou uma para ele.

– Vamos até ali, quero cumprimentar uns amigos.

Ele apontou para um grupinho e eu estremeci ao ver quem estava nele: Emerson, capitão do time de futebol e dono da festa, estava agarrado com a líder de torcida loira Rosane, que se achava a mais linda e superior a todas as garotas da escola; Jacson que também estava no time, era um tanto sério e na dele, namorava Amanda de quem eu não tinha nada contra, mas era colega de quarto e amiga da loira fatal; por último estava também o Pedro e uma garota, Tânia, que parecia estar prestes a se jogar em cima dele a qualquer momento. Era o tipo de garota que sai com todo mundo, já havia visto ele com ela algumas vezes.

– Tá – eu disse respirando fundo e me preparando psicologicamente para ser massacrada. Eu procurei por Jess, mas não a vi em lugar nenhum.

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– E aí galera – Jared foi dizendo assim que chegou.

Todos o cumprimentaram.

– Essa é minha amiga Sara. – ele disse.

– Oi, eu sou Amanda e esse é o Jacson – ela disse sorrindo e me cumprimentando simpática. Gostei dela.

Jacson também me deu um oi. Emerson me cumprimentou e parecia estar se divertindo com alguma piada, a loira Rosane me olhou de cima a baixo e perguntou:

– Você é bolsista né?

– Sou – respondi.

– Eu sou o Pedro – eu olhei para ele. – Você é amiga da Jéssica né?

– Sou.

– Jessica, aquela garota que disse que estava apaixonada por você? – perguntou Tânia.

– Sim – ele respondeu. A bitch me olhou com desdém e os dois começaram a discutir.

Jared e os outros caras começaram a falar de futebol. Amanda e Rosane discutiam alguns movimentos novos de dança.

– Vou ao banheiro – avisei e saí. Precisava achar a Jéssica. Dei uma volta pela casa e não a achei em lugar nenhum. Subi as escadas e comecei a procurar no andar de cima. Virei tantos corredores que acabei me perdendo. Credo! Como essa casa era enorme! Eu tentei voltar, mas não achava a escada.

– Perdida?

Eu virei para ver quem era e dei de cara com o Pedro.

– É, eu estava procurando a Jessica e acabei me perdendo. A casa tem muitas portas e cômodos...

– A última vez que a vi, ela estava com o Miguel e ele estava pedindo as chaves de um quarto pro Emerson.

– Ah, nesse caso acho que vou embora então. Você sabe onde fica a saída?

– Claro – disse sorrindo. Ele se aproximou mais um pouco. – Se você me pagar...

Pagar? Ele queria dinheiro? Na última vez que verifiquei ele era rico.

– Quanto você quer? Não tenho muito... – falei enquanto pegava a bolsa pra contar os trocados.

Ele soltou uma risada.

– Não quero dinheiro, isso eu tenho bastante. Quero um beijo!

O quê? Nunca.

– Tá brincando né?

– Nunca falei tão sério. Você é gatinha! Me dá um beijo e eu te levo de volta, senão vai passar a noite toda andando por aí sozinha, e te garanto que não vai encontrar caras tão legais como eu que vão querer te levar de volta.

Droga, não acredito que vou ter que beijar o idiota. A Jéssica vai ficar uma fera quando souber.

– Tá certo, - eu disse – só um selinho.

– Selinho não é beijo! Eu quero um beijo de verdade.

– Tá, mas vai ser rápido e se você contar a alguém, eu juro que será a última coisa que fará nessa vida!

– Nossa, que medo! Esse vai ser o nosso segredinho.

Ele me puxou pela cintura e me beijou. O beijo dele era bom, eu tinha que admitir. Mas eu tinha que parar, tinha que mostrar que eu tinha controle sobre mim mesma. Tentei parar o beijo e me desvencilhar, mas ele era forte e sustentou o beijo mais um pouco. Ele desceu uma das mãos no meu bumbum e o apertou. Agora ele passou dos limites! Eu tirei a mão dele dali e ele me apertou mais contra ele.

– Pára – falei quando consegui me soltar. – Me leva de volta agora!

– Ah, agora que estava começando a ficar bom... Quer me deixar louco?

– Eu quero sair daqui Pedro! Sair de perto de você, você não presta.

– Não é isso que dizem por aí. Todas as garotas caem aos meus pés.

– Todas menos eu. Não me compare a elas!

Eu comecei a andar.

– Aonde você vai?

– Embora...

– A saída é por aqui.

Eu dei meia volta e fui para o outro lado. Ele foi andando, entrando e saindo de vários lugares até que chegamos à escada.

– Pronto – disse – espero encontrá-la perdida mais vezes Sara.

– Vai sonhando garoto!

– Nossos destinos estão entrelaçados. É inevitável que fiquemos juntos.

Eu olhei em seus olhos verdes. Havia algo neles que me fazia crer que era verdade o que ele dizia.

– É o que nós vamos ver. – respondi e desci as escadas.

Quando cheguei lá embaixo esbarrei em alguém.

– Você não olha por onde anda? Sua bolsista decadente...

Era Rosane. Ela olhava apavorada para uma minúscula mancha de bebida na calça.

– Desculpe, foi um acidente.

– Você manchou minha Armani. E duvido que tenha dinheiro no seu porquinho para pagá-la. – ela começou a gritar e todos pararam para nos olhar.

– Rose, calma. – disse Emerson

– Calma? Você sabe o que é uma Armani Em?

Ela se virou de volta para mim.

– Aposto que ela não sabe. Deve se vestir num brechó, dá pra ver pelos trapos que ela usa por aí. Até o uniforme dela eu soube que é de segunda mão...

Ela começou a rir e outras pessoas também. Eu estava sendo humilhada em público. Como se não bastasse, ela derramou o resto do ponche no meu tomara-que-caia, quer dizer, no da Jess...

– Oops... – ela disse - Desculpe, foi um acidente!

Aquilo foi a gota da água, meus olhos arderam e as lágrimas começaram a cair. Senti que alguém me puxava pelo braço. Eu não vi quem era, mas fui.

Quando saímos para a rua, vi que era o Jared. Ele me abraçou e tentou me consolar.

– Não ligue para o que ela disse, não deixe as pessoas te humilharem, simplesmente levante a cabeça e siga em frente.

Era fácil falar, não foi ele quem a loira-eu-visto-Armani humilhou na frente da escola toda.

– Entre – ele abriu a porta do carro – eu vou te levar para casa.

Eu entrei. Ele ligou o carro e deu a partida.

– Sorte que o Miguel deixou as chaves do carro comigo, eu não iria achá-lo para pedí-las.

Eu continuava chorando. Me sentia horrível. Ele ligou o som e colocou numa música agitada pra tentar me animar um pouco, mas não surtiu muito efeito. Só uns quinze minutos depois eu estava mais calma.

– Por que Jared? – perguntei – Por que ela fez isso comigo? Falar aquelas coisas horríveis só por causa de uma calça de marca estúpida.

– Ela é assim, Sara. É fútil e gosta de humilhar as pessoas para se sentir melhor do que elas. Infelizmente você estava no lugar errado e na hora errada. O que ela fez com você faria com qualquer outra, não é nada pessoal. Mas o destino vai mostrar a ela que o que importa na vida é o que se faz e não o que se tem.

– Você tem razão, eu estava no lugar errado! Jamais deveria ter ido nesta festa estúpida. Essa gente não presta.

Ele ficou calado e eu percebi que tinha ofendido – o indiretamente.

– Desculpe Jared! Eu não estava me referindo a você. Você é bacana, obrigada por me tirar de lá.

– De nada. Sabe, tem mais gente bacana como eu nessa escola. A Amanda e o Jacson, por exemplo, são ótimos amigos. Tenho certeza que você e Amanda se dariam bem.

– É, eu gostei dela. Não sei como ela pode andar com aquela garota...

– Elas são amigas há muito tempo.

Ele parou o carro e eu percebi que já havíamos chegado.

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– Está entregue. – ele disse.

– Obrigada de novo. Não sei o que seria de mim se você não tivesse me tirado de lá. Amigos? – eu disse estendendo a mão.

– Claro! – ele respondeu e apertou a minha mão.

Quando cheguei, Ângela já estava dormindo. Sorte a minha, assim eu não precisava dar explicações por chegar em casa tão cedo.