“Quando a noite chegar

E a terra ficar escura

E o luar for a única Luz que se vê

Não, não vou ter medo não,

Enquanto você ficar, ficar comigo...”

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Mandy

Sara saiu do quarto, apesar de eu ter implorado para que ela ficasse.

Viu só o que fez Ro? E se alguém pegá-la fora do dormitório?

– Vai ser bem feito!

– Eu vou atrás e trazê-la de volta!

– Ficou louca?

– Ela também é minha amiga, eu vou e pronto! A Jess vai ficar com você.

Saí do quarto antes que ela tentasse me impedir e procurei Sara por todo o lugar. Não a encontrei em lugar algum.

– Achei mais uma! – ouvi alguém dizer e me virei.

Ele veio em minha direção e me carregou escada abaixo.

– O chefe vai ficar furioso ao ver que tem mais gente desobedecendo-o.

Ele me levou até a diretoria.

– Leve-a para o mesmo lugar que a outra e se aparecer mais, faça o mesmo!

Pelo menos eu ia ter companhia, pra onde quer que eu fosse. Espero que Sara esteja bem e ninguém venha atrás de nós.

*

Sara

– O que está fazendo aqui? – Um dos caras jogou Mandy pra dentro.

– O mesmo que você. Eu sou sua amiga e não ia deixar você fazer besteira.

– Ah Mandy! – eu a abracei, era bom tê-la ali comigo, estava com medo de ficar sozinha, mas agora ela também iria sofrer...

– E a Rosane? Não devia ter feito isso! Aquele homem é um monstro, quer nos deixar aqui passando fome e sede. – eu disse.

– A Jess vai cuidar bem dela e não importa o que vai acontecer. Estamos nessa juntas, vamos passar por isso e superar tudo!

Ela realmente era minha amiga, assim como protegi Ângela, ela estava tentando me proteger. Como diz o ditado, é nas horas difíceis que a gente conhece os verdadeiros amigos.

Nós nos sentamos em um sofá que havia ali.

– Espero que dessa vez o Pedro não faça nenhuma besteira. – falei – Ele vai ficar furioso quando souber o que fiz.

– Não devia ter ouvido a Ro, já disse pra você ignorá-la.

– Eu me sinto culpada. Eu sei que a culpa é minha, eu mereço esse castigo.

– Não, ninguém merece isso! Você vai perceber quando seu estômago começar a doer de fome.

Eu estava com medo. Mais medo do que sentira quando Daniel havia tentado me agarrar, se é que isso era possível...

– Tem um daqueles calmantes com você?

Mandy tirou um envelope do bolso e me deu um comprimido. Tomou um também.

– Obrigada! Por tudo.

– Não tem de quê Sara. Amigas são pra essas coisas.

– Mandy, você acredita que exista um céu? Acha que Jared e os outros estão lá agora?

Ela pensou por um segundo.

– Tem que existir Sara, tem que haver um lugar para onde as pessoas boas que se sacrificam pelas outras ou morrem injustamente como eles vão.

Nos encostamos uma na outra e adormecemos. Dormi um sono tranqüilo, aos poucos meu medo foi passando. Eu tinha que acreditar que havia um céu, depois de tudo aquilo que estávamos passando.

*

Jacson

Acordamos de manhã e nos vestimos para descer e tomar o café. Alguém bateu na porta.

– Meninos abram a porta! É urgente.

Era a voz da Jessica. Miguel correu e abriu aporta.

– O que aconteceu agora? - perguntou.

Jessica entrou no quarto e parou olhando de mim para Pedro, assustada.

– Não pirem, ok? Mas a Sara e a Mandy, elas...

– Eu não tenho nada a ver com isso – Ro entrou no quarto e já foi dizendo – a Mandy foi porque quis!

– Do que diabos vocês duas estão falando? – perguntou Pedro já sem paciência.

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– Rosane expulsou Sara do quarto ontem à noite e... – Jessica começou a explicar, mas Pedro interrompeu.

– Rose ficou louca? Como pode fazer isso com ela?

– Calma aí mano. Não grita com a Rose. Ela ainda está fragilizada com tudo o que aconteceu. – defendeu Emerson.

– Façam o favor de deixar a Jessica contar o que aconteceu? – pedi. O que Mandy tinha a ver com isso?

– Obrigada Jacson. – agradeceu Jessica – Como eu ia dizendo a Rosane expulsou a Sara do quarto e a Mandy foi atrás dela. E desde então não soubemos mais nada delas.

– Por que não nos avisaram ontem? Pra que serve a passagem secreta? – perguntei.

– Ele tem razão – concordou Pedro – Se tivessem nos avisado na hora, poderíamos ter ido atrás delas para trazê-las de volta.

– Foi exatamente por isso que não avisamos – explicou Jessica – Já havia pessoas demais fora dos dormitórios e se todos ficassem encrencados, todos iriam estar ferrados e não poderíamos fazer nada pra ajudá-las.

– Ela tem razão – concordou Emerson – Se elas tivessem avisado antes, vocês dois teriam feito alguma besteira.

– Eu vou procurar em cada canto dessa escola até encontrá-las. – avisou Pedro.

– Ainda não, nós temos que esperar. Vamos descer para o café e para a primeira contagem, se alguém tiver visto algo vai comentar. – eu falei, mas eu também estava preocupado com a Mandy.

– Ok. Vamos descer e perguntar por aí se alguém as viu. – Pedro concordou.

Descemos e saímos perguntando pra todos se alguém havia visto as duas, mas ninguém tinha notícias.

– Droga! A Sara havia me prometido que não faria mais nada imprudente e em menos de vinte e quatro horas quebrou a promessa. – Pedro estava inconformado. – se aquele canalha encostar um dedo nela, eu juro que vou...

– A gente ainda não sabe o que aconteceu. – falei.

Nós já havíamos chegado ao refeitório e nada das garotas. Ângela, Bruno e Eric vinham correndo em nossa direção.

– É verdade que Sara e Mandy sumiram? – perguntou Ângela preocupada.

– É – respondeu Pedro – vamos iniciar as buscas pela escola depois do café, se vocês quiserem se juntar a nós...

– Claro, podemos nos dividir e ir um grupo em cada andar. – respondeu Bruno. Eles eram pessoas muito legais, não sabia como poderia tê-los ignorado durante tanto tempo que estudamos juntos. Pelo menos pra alguma coisa boa estava servindo isso tudo.

Nós entramos na fila para a contagem. Quando Daniel apareceu, tentamos ler alguma diferença em seu semblante, mas estava inexpressivo.

Quando terminou a contagem, ele veio até mim e disse:

– Você vem comigo. Agora!

Eu fui atrás dele, não conseguia imaginar o que ele poderia querer comigo...

Ele entrou na diretoria e eu entrei atrás. Dois caras entraram logo depois.

– Amarrem-no! – Daniel ordenou aos dois homens.

Eles me sentaram em uma cadeira, amarraram meus braços na guarda e meus pés nos da cadeira. Eu não estava gostando nada disso.

– O que você quer? – perguntei assim que os caras terminaram de me amordaçar.

Daniel ficou de pé na frente e cruzou os braços.

– Eu faço as perguntas aqui. Você fala quando eu mandar. Entendeu?

– Entendi.

– Eu sei que foi seu avô quem construiu essa escola, o que sabe sobre ela?

– Não entendi a pergunta.

Ele olhou para um dos caras que em resposta me deu um soco no estômago.

Então era isso? Ele queria me torturar.

– Eu vou ser mais claro. Um aluno fugiu e eu sei que existe outra saída dessa escola além do portão e você vai me dizer aonde é!

– Eu não sei do que você está falando.

Outro soco. Dessa vez foi no rosto. Senti o gosto de sangue na boca.

– Será que vou ter que refrescar sua memória? Vai me dizer que nunca viu o mapa dessa escola? Que o garoto descobriu sozinho onde era a saída?

Eu não podia entregar tudo para os caras e acabar com as nossas esperanças de sair daqui. Eu decidi que iria agüentar! Pela nossa liberdade, pela nossa vida...

Eu olhei o mais firme que pude pra ele e disse:

– Eu já disse que não sei do que está falando. Eu nunca vi o mapa dessa escola!

Outro soco. A dor foi tão terrível que me curvei! Acho que atingiu um rim...

Eu gemi com a dor. Lembrei de perguntar sobre as meninas.

– Você quer apanhar mais ou vai começar a falar? – perguntou.

Eu respirei fundo e perguntei.

– Onde estão Mandy e Sara?

Mais um soco nas costas. Não sei se não quebrou uma costela.

– Já disse que eu faço as perguntas aqui! Fala onde é a outra saída!

Eu tentei falar, mas a dor era demais, se eu abrisse a boca iria gritar ao invés de falar. Lembrei da Mandy, eu tinha que tirá-la daqui, não podia me entregar. Tentei juntar as forças de novo:

– VAI SE FERRAR! – gritei o mais alto que pude e depois senti uma pontada forte de dor na cabeça.