A Neve Sobre Estrelas

Piquenique!


-Até que hoje não está tão frio – comenta Heera, enquanto nós três caminhamos entra as lojas das redondezas-, o final de semana já está ai e nós não temos nada programado, e passar o final de semana de novo em casa é deprimente...

-Não se a gente tivesse um portal para Nárnia- diz Molly esperançosa-, mas acho que a Magah já procurou em todos os cantos, como nos armários, guarda-roupas e até no bueiro na frente do prédio, então estou descartando essa possibilidade.

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Ela e Heera começam a rir da minha cara, ué quer dizer que eu não posso ter certeza se não há um portal para um reino mágico na frente da minha casa! Não tem nenhuma lei contra isso, não que eu saiba.

- Em minha defesa, eu estava um pouco bêbada e foi uma aposta- digo- era isso ou abraçar um mendigo!

- Ela ficou pulando em cima do bueiro dizendo “Nárnia, ai vou eu” ou “Aslan seu leão pulguento me leva pra Nárnia!”- caçoa Heera imitando os meus pulinhos, tinha algumas pessoas passando pela rua e elas estavam apontando pra nós, muito compreensivo se você levar em conta a altura das gargalhadas que elas davam juntando com os pulos da Heera. Afastei-me sorrateiramente até a vitrine de uma loja de bijuterias e jóias, talvez se eu me afastar as pessoas pensem que eu não conheço aquelas malucas.

-Não adianta se afastar não- chama Molly se seguindo até a vitrine, ela e Heera já tinham parado de rir e agora estavam tomando um pouco de ar- Rir dói à barriga, ai.

-E faz chorar- acrescenta Heera, passando os dedos ao redor dos olhos para tirar o excesso de rímel- achou alguma coisa legal aqui?

- Não estava procurando, só queria me afastar de vocês.

Começo a olhar para os objetos expostos na vitrine, Nunca fui de me importar com jóias e acho um absurdo as pessoas darem mais valor a um pedaço de metal trabalhado do que a um gesto delicado ou algo do tipo. Passo o olhar entre todos as jóias, nenhuma que fosse realmente bonita, me concentro em um pontinho luminoso no canto esquerdo da vitrine escondido por um busto onde repousava uma gargantilha estava um pequeno colar com um pingente em forma de floco de neve com as pontinhas estreladas.

- Nossa tudo aqui é muito caro- admirasse Molly- nem todas as minhas economias dariam pra comprar uma gargantilha daquela – disse se referindo a uma gargantilha com pedras vermelhas.

- É o tipo de jóia que o Conde Drácula daria para sua amada antes de lhe morder o pescoço- diz Herra observando o pescoço de Molly, como se imaginasse a cena.

- Pensei a mesma coisa, mas com a diferença que o Conde Drácula se chamar Conde Dimitry – Heera e eu rimos enquanto Molly fica vermelha.

- Aff, vocês não levam nada a sério.

- Quem disse que não é serio?- pergunto.

Ela me ignora e começa a andar para as próximas lojas, Heera e eu a acompanhamos.

- Já que não temos uma passagem pra Nárnia graças a mim que vasculhei em todos os lugares prováveis, o que vamos fazer hoje? – pergunto mudando de assunto- nada de bared ou PUB’s pelo o amor de Zeus.

- Realmente, já está virando rotina- comenta Heera,

- Que tal o Karaoke? Faz um tempão que a gente não vai lá – sugere Molly animada.

- Faz mesmo – relembro da ultima vez que estivemos lá- duvido que deixem a gente entrar lá de novo.

- Verdade a ultima vez que estivemos lá nós demos um show cantando “I Feel Good”, e o seu Hiroshi falou que já ouviu muita gente desafinada, mas nós três juntas era um atentado a audição alheia.

- Esse sim ficou pra história como o Godzila em quesito mico, deveríamos ganhar o Oscar – brinca Molly-, mas temos que levar em conta o tanto de Saque que a gente bebeu naquele dia. Então ganhamos o Oscar de pior musica no Karaoke e também o de melhor e MAIOR dor de cabeça depois de um porre.

- Realmente, acho que nem quando você bate com a cabeça na mesa dói tanto Molly- digo.

- Não mesmo! – digo-, mas e ai o que faremos?

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- alguma coisa que desse pra aproveitar que o tempo abriu um pouco seria ideal! – sugere Heera, passamos por uma loja de vestido e eu digo que nós três viramos os pescoços na mesma hora- caraca! Isso é muito perfeito – comenta ela se aproximando da vitrine.

- Muito – concordo-, mas também são tão caros que os nossos queridos globos oculares em uma bandeja de prata não pagariam!

- Vixi! Vamos embora gentez- fiz Molly puxando-nos pelo braço- se a gente olhar muito pra eles é arriscado perder meus lindos e perfeitos olhos violetas!

Ignorando o comentário da Molly, Heera comenta:

- Já sei! Vamos ao parque fazer um piquenique! – sugere com animação.

-ah, pode ser legal!- comento, eu sempre fazia isso com meus pais nas férias.

- E também se eu sentir o cheiro da comida da Vó-Char novamente eu juro que não vou me contentar com um biscoitinho de água e sal – fala Heera.

- Bom, então vamos ao mercado por que lá em casa está tudo zerado- relembra Molly- nós estávamos sendo alimentadas pela vó já faz um tempinho.

Depois de uma hora alternando entre frutas e guloseimas, entramos em um acordo Molly ficou com o iogurte dela eu com meu Doritos e a Heera com a coca Diet – ta compramos frutas também e pra que não falem que somos donas descuidadas compramos aqueles saquinho de ração cozida a vapor que parece e super nojento, mas que os gatos adoram pro Holly- Voltamos pra casa que logo estávamos prontas e pedimos a Vó-Char aquelas cestas de piquenique idênticas a dos filmes.

Chamamos Ana para vir conosco, ela disse que iria, mas tinha que levar um primo que estava passando uns dias na casa dela – SUPER suspeito se você levar em conta que ele vai passar um TEMPO na casa dela ( tempo= não tem previsão de ir embora)e a Ana vive sozinha e nesses três anos que convivemos juntas ela nunca mostrou nenhum sinal de que teve um namorado, talvez ela seja das minhas.

Terminamos de nos arrumar peguei minha posseira favorita e fomos ao parque, No caminho fui contando a ela que tive novamente os mesmo sonhos.

POV Lysandre ON.

- Jade, leve essas Peônias para o outro lado, por favor – digo me referindo so lado em que estavam as outras mudas.

- Pode deixar- reponde-o.

As flores sempre foram essências na minha vida. Principalmente quando se mora em uma fazenda no interior que tinha criações de animais para o abate- coisa que eu sempre repudiei- vivendo nesse lugar as flores eram o meu refugio, plantava em todas as minhas horas vagas e não demorou muito para que eu começasse a vendê-las. Quando fiquei com idade suficiente para cuidar de mim mesmo vim para cidade e com o dinheiro das minhas vendas abri uma floricultura que não é muito grande em relação às grandes empresas, mas é simpática e charmosa na visão dos românticos por isso tem uma demanda muito boa.

Jade é o meu braço direito, me ajuda muito na floricultura é muito dedicado e acima de tudo ama o cultivo das flores. Isso o faz pra mim um rapaz admirável!

- Achei muito revigorante esse novo projeto de replantar as flores no parque! – comenta jade limpando as mãos em um lenço.

- Conseguir a licença pra isso realmente me surpreendeu- digo- sempre gostei desse parque, mas faltava um pouco de cor em tudo isso e para que cores melhores do que a das flores!

- Podemos começar por aquele campo, o que você acha?- sugere ele com um brilho nos olhos.

- Acho perfeito, e trabalho é o que não falta!

POV Off

-Cara, isso é ótimo!- comenta Molly enquanto se espreguiça sobre a grama.

- Ah Molly!- repreende Heera- você poderia ter me deixado estender a toalha antes de se jogar na grama!

- Deve estar cheia de formigas- provoco, sabendo a aversão que ela tem a formigas.

Molly se levanta de imediato e começa a passar a mão entre os cabelos para tirar o que quer que seja.

- Tira, tira, tira!!!! – grita ela- eu me esqueci disso!

- Calma Molly – fala Heera- não tem nada no seu cabelo.

Aproximei-me dela sorrateiramente por traz e quando ela para de sacudir os braços passo um pedaçinho de grama em seu braço levemente.

- AHHHHH!- grita ela novamente, batendo os braços de uma forma bem louca.

Ela se vira para mim e me lança um olhar mortal. Não espero ela correr atrás de mim para disparar pelo campo, Dou quatro voltas no campo e volto para o local de partida com a Molly se escorando no meu ombro. Percebo que há mais duas pessoas com a Heera.

Um cara estranhamente familiar com cabelos azuis e olhos rosas – lentes?- sorri de uma forma muito simpática:

- A-D-O-R-E-I o pique de vocês! – diz ele separando cada silaba de uma forma muito entusiasmada.

- Ahn... Oi – digo acenando quando me sento.

Ele levanta e me da um abraço de urso, fico sem reação, afinal ele se move com muita rapidez. E em seguida da um em Molly que fica olhando fixamente para o rosto dele.

- Eu já te vi em algum lugar...- comenta ela pensativa.

- Meu nome é Alexy, sou primo da Aninha- apresenta-se ele.

- ah que descuido meu- fala Ana- essas são Heera, Magah e Molly.

- eles chegaram na segunda volta que vocês deram- diz Heera- e até eu me surpreendi por que quando o assunto é correr pra gastar as calorias vocês se recusam, mas quando é assim vocês correm 4 quilômetros de boa!

-De boa nada!- diz Molly- to morrendo.

- Adorei o astral de vocês!- comenta Alexy alegremente.

Depois de passar um tempo com Alexy ele nos contou um pouco de tudo, sobre como ele curte horóscopo e que estava estudando pra ser cabeleireiro e até que outro dia ele foi ver o namorado dele que estava dando uma força com umas dicas para seguir a profissão. Bom, realmente não me surpreendi em saber que ele era Homossexual- Ta na cara- e me lembrei de onde o conhecia do bar na noite em que o meteoro caiu.

Comemos e conversamos muito, Molly dormiu – em cima da toalha, ok- e depois de um tempo notei que havia perdido a minha pulseira, provavelmente enquanto corria.

- Gente, vou dar uma volta por ali pra ver se encontro a minha pulseira ok?

- Vai lá, mas não demora que já esta ficando tarde e a gente já esta de saída- alerta-me Heera.

- Vai com cuidado Flor- fala Alexy- e não entra na mata!

- Quer que eu vá com você?- pergunta Ana.

- Não ta tudo bem tenho certeza que não está tão longe.

Corri para a área onde nós demos as voltas e comecei a procurar, vasculhei em todos os lugares, mas não achei em canto algum. Já estava desistindo quando vi pequeno brilho entre as arvores segui até ele adentrando na mata. Não estava tão longe e não tinha como me perder, o dia que antes estava tão agradável começou a ficar extremamente frio e não me lembrei de trazer o agasalho. Chego o local e começo a procurar o pontinho luminoso, a pulseira estava perto de uma árvore – me pergunto como ela veio parar aqui- viro-me buscando o caminho de volta, mas não encontro a clareira que antes estava tão perto de mim. Meu coração fica apertado e me lembro da vez em que me perdi da minha mãe o supermercado era uma sensação parecida só que muito pior.

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Começo a andar entre as árvores que pareciam tão iguais. Sinto como se estivesse andando em círculos e resolvo marcar uma árvore amarrando o lenço que eu carregava no pescoço como João e Maria fizeram para não se perderam, com a diferença que eu estava perdida! Continuo andando e não vejo nenhum indicio de clareira. Tento não deixar o pânico me dominar, mas não trouxe nada comigo nem água nem comida NADA.

O tempo começa a ficar mais e frio. Começo a esfregar as mãos nos braços para me aquecer, a vegetação começa a ficar mais densa e as arvoras mais altas. Ficaria mais tranqüila se soubesse que o parque era só um parque mesmo e não uma reserva florestal imensa. A neve começa a cair lentamente ai sim foi impossível não deixar que o pânico me dominasse, se eu não morresse de fome, morreria de hipotermia. Caminho por tanto tempo que perco a noção da hora.

Nunca fui de ter uma memória muito boa – só pra coisas importantes-, mas quando cheguei a uma pequena clareira – não tão grande para ser o caminho de casa- as árvores me parecem mais familiares. Olho para o topo das árvores e noto que não é uma clareira natura, os galhos quebrados me permitem ver o céu que estava ficando escuro cada vez mais. Percebo um rastro no chão não como uma trilha mais como alguma coisa destruída.

Prendo o fôlego, pois agora sei por que reconhecia essas arvores. Começo a correr em direção a o grande pinheiro que me era tão familiar – depois de quase 3 semanas sonhando com ele- Meu coração está acelerado e penso que isso é loucura! Dou a volta lentamente no pinheiro torcendo para não estar tão louca como eu imagino.

Meu queixo cai e meus joelhos cedem. Lá estava o rapaz com qual eu estava sonhando há tanto tempo, o mesmo rapaz que me fez sentir algo que nem eu mesma sabia explicar. Deitado, imóvel, mas ainda coberto com a mesma luz azul opaca. E o mais surpreende ou o mais inexplicável – não decidi- o mesmo casaco com o qual eu havia coberto o rapaz ainda permanecia com ele – isso explica o motivo de eu não ter achado mais ele.

Aproximo-me lentamente, mas não ouso tocar no rapaz. Chego à conclusão que isso é um delírio, devo estar em coma por ter batido a cabeça em algum lugar. É a única explicação que me vem no momento. A neve continua a cair, agora com mais intensidade. Penso que se estou em coma não deveria sentir frio. Observo o rapaz que como em meus sonhos parecia dormir tranquilamente e em uma reação involuntária pego sua mão.

A luz que antes cobria seu corpo apaga como se tivessem desligado o interruptor. Afasto-me desejando não ter tocado nele. O Rapaz começa a se mexer lentamente.

Ele enfim ele abre os olhos, de um azul tão intenso quando o céu em um dia de verão.