A Neve Sobre Estrelas

Um encontro? Ninguém me segura -- 0


– Vocês só podem estar de brincadeira...- Comentei incrédula enquanto caminhávamos entre o maior labirinto de tranqueiras que eu já vi na minha vida. E olha que eu já vi muita tranqueira...

Tecidos e mais tecidos nas cores mais chamativas inventadas pelo homem, penduricalhos, pegadores de sonho, aqueles trequinhos que tilintam com o vento ( sendo que não havia nenhuma janela no comodo), tapetes indianos, posters sobre leitura de mão e tudo o que mais há de cafona concentrado em uma casa que por fora parecia enorme, mas vista de dentro parecia um cubículo.

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– Inacreditável como essa casa é pequena - Disse Heera desviando de uma estatua budista que se encontrava no meio do caminho.

– Que cheiro é esse em?- Perguntou Molly abanando o rosto com o nariz franzindo.- Parece incenso de capim queimado.

Franzi o nariz percebendo que ela tinha razão. Bem que eu devia ter trago um pouco de água benta, aposto que se eu saisse espirrando isso por aqui as almas penadas iam sair aos montes.
Enfim chegamos a uma porta roxa depois do mar de tralhas e Molly se pôs a bater na porta depois de êxitar uma vez, talvez por que a própria já estivesse vacilando com relação a essa tal consulta.

– Entrem - Disse uma voz um tanto infantil através da porta.

Molly abriu a porta com cara de desconfiada e atrás dela nós observamos uma senhora de mais ou menos uns 60 anos e 1;50 metro escondida atrás de um óculos fundo de garrafa com uma armação de oncinha laranja, sorria ao nos ver entrar.

– Oh, Oh! Que belas auras vocês tem!!- Comentou ela animadissima batente as mãos.- Você. - Ela apontou para Molly.- Tem na aura uma mistura lindíssima de Laranja e vermelho. Laranja frequentemente indica animação, auto-Astral elevado. Já o vermelho pode indicar sexualidade elevada, ou irritabilidade.

A senhora foi disparando o significado das tais auras como uma metralhadora com o gatilho quebrado. Molly franziu as sobrancelhas delineadas como se não tivesse aprovado a escolha das cores dela.

– E você!- Foi a vez da Heera.- Agora a sua já é mais centrada. Há azul e rosa. Tudo em tons claros. Isso mostra que você é uma pessoa calma, responsável, amorosa, sensível e a não ser por aquela pontinha vermelha ali eu diria que um tanto irritada.

A expressão de Heera ficou tão parecida com a da Molly que me deu vontade de tirar uma foto. Isso até eu lembrar que a próxima seria eu. ..

– Você é engraçada, - Ela disse. Bacana galerinha, já comecei bem.- Normalmente as pessoas tem em sua aura apenas duas cores, no máximo três. Mas você tem quatro, todas elas em cores fortes e vibrantes. Você deve estar com algum sentimento conturbado minha flor. Há vermelho, azul e rosa como em suas amigas. Mas há também o turquesa que mostra uma criatividade fértil... interessante.

Okay, foi a minha vez de franzir o cenho. O que eu sou? Um carro alegórico? Uma bandeira na parada gay? Mas o pior não era isso. Sobre eu estar um pouco confusa com meus sentimentos, ela estava certa... Eu vim pra cá pra me divertir com a cara de uma vidente fajuta, não com uma vidente autêntica.

– Ela sempre foi estranha mesmo, tá explicado.- Molly comentou e eu sorri falsamente pra ela no melhor estilo " Ha Ha Ha".

– Já tivemos nossa sessão, consulta, seja lá o que seja isso. Podemos ir embora?- Perguntei irritadiça.

– Mas nem começou ainda, vamos, sentem-se no sofá.- Madame Cleusa indicou um sofá roxo de veludo gasto e nós nos apertamos nele.- Pra qual das três é a consulta? Se for para as três o valor aumenta.

Velha picareta... já tá querendo meter a facada na gente. Eu não preciso gastar meu dinheiro com isso. Comida é muito mais útil e prazeroso. Pensei desgostosa.

– É a pigmeu alí que vai se consultar.- Respondeu Molly no seu jeito todo simpático apontando pra mim.

– Oh, sim eu imaginei que sim. Bom, qual é o motivo principal da sua visita? -Perguntou ela a mim.

Sinceramente, qual era mesmo? Meu encontro com Armin, meu futuro com ele? Eu vim mais por incentivo e insistência delas. Não parei pra pensar no que me trouxe aqui.

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– Ela quer saber sobre o futuro amoroso dela.- Heera percebendo minha indecisão resolveu responder por mim.

– É a pergunta mais frequente feita pelos meus visitantes. - Ela tirou de algum lugar debaixo da mesa um saquinho vermelho, quando desamarrou eram cartas de Taro.- Querer saber o futuro, ainda mais o amoroso pode mudar o mesmo, para o bem ou para o mal. Mas vamos resolver logo isso, tenho uma outra consulta marcada.- Ela deu um sorrisinho de canto de boca, totalmente suspeito.

Parei pra pensar no que ela disse, "mudar o futuro para o bem ou para o mal". Eu não quero mudar nada, mas minha curiosidade quer correr o risco. Há muitas questões que o envolvem que precisam de respostas, quem sabe uma conversa com essa maluca resolva algo.

– Parta o baralho, Querida.- Pediu-me ela oferecendo o baralho. Dividi-o e o devolvi.

Mordi o lábio apreensiva enquanto ela colocava as cartas em ordem sobre a mesa. Havia tantas figuras e eu realmente queria saber o significado delas. A expressão de Madame Cleusa era impassível, isso até ela tirar do monte uma carta em especial, provavelmente a última, pois não havia mais espaço para mais cartas. A carta continha uma mulher de olhos fechados com as mãos erguidas, atrás dela continha o universo como se a mulher flutuasse.

– Bom minha filha, essa não é uma leitura comum. As primeiras cartas mostram que o modo como vocês se encontraram não foi espontâneo, não entendi ao princípio, mas quando retirei essa carta.- Ela mostrou a carta da moça no universo.- Eu percebi que há muito mais entre vocês do que eu, uma pobre vidente possa revelar. Mas haverá algumas dificuldades em seus caminhos, vocês somente teram que focar em seus sentimentos, não deverão temer nada. Pois uma coisa está clara aqui nas cartas, Minha Jovem. Há muito amor entre vocês dois.

– Ahn? Como assim? Tá certo isso produção? "Há muito mais entre vocês do que eu, uma pobre vidente possa revelar" o que você quer dizer com isso? - Perguntei confusa.

– Não posso revelar muito. Mas há algo unindo vocês. Há mais coisas entre o céu e a terra que você pode ver meu bem.- Ela terminou como o profeta.

Lancei meu melhor olhar de "Essa senhora caiu do berço quando bebê" e virei pra olhar as garotas. Aparentemente todas concordam comigo, foi só eu olhar a expressão em seus rostos para eu confirmar isso.

– Ooook. Acho que já deu por hoje.- Molly disse se levantando da prisão sufocante de camurça roxa.- Bora meninas, temos que fazer um milagre hoje.

Heera e eu nos levantamos e eu ainda olhava para a Madame Maluca tentando entender o que ela quis dizer com tudo aquilo.

– Adeus garotas, e que a sorte esteja sempre ao seu favor - Disse a Madame. Pera, eu já escutei isso antes...

– Ah, a senhora já fez algum trabalho pra uma mulher chamada Ambre? Uma amarração ou algo assim?- Perguntou Molly esperançosa.

Madame Cleusa franziu o cenho e disse de um modo um pouco rude:

– Não revelo nada que fiz, sou profissional o bastante para isso!

– Okay, obrigado ai senhora, agora nós vamos indo.- Disse Heera nos empurrando porta a fora.

Pagamos pela consulta e passamos o mais rápido possível pelo labirinto de tranqueiras e caminhamos um pouco pensativas por alguns minutos quando Molly não aguentou e disse:

– Que vaca! Ela não quis me dizer o que foi que a Ambre fez!!.- Ela estava realmente muito frustrada.

– Eu não achei que ela fosse dizer mesmo.- Comentou Heera.- Não se fala um negócio desse, talvez se fosse o FBI ela revelasse alguma coisa.

– Velha maluca...- Resmunguei.

– Você não vai acreditar no que ela disse né? -Perguntou-me Heera.

– Não. - Respondi. Não mesmo? Me perguntei.

– Humm, mas vamos nos concentrar em você agora e ir direto pra sua casa, pois vamos te deixar poderosa!- Molly disse andando mais rápido.

– Quero só ver.- Comentei sorrindo.

Castiel POV On.

– Dimitry, me passa a droga do controle remoto antes que eu tome ele a força e o quebre na sua cabeça!

Ele se limitou a me olhar de canto de olho e continuou a mudar de canal descontroladamente. Muito provavelmente só pra me tirar do sério, para o azar dele ele estava conseguindo.

– Meu caro, percebo que você anda mais irritado que o normal. Temo que seja um problema de coração. - Ele comentou parando de mudar os canais pra melhorar meu humor só mais um pouquinho.- Não cause uma terceira guerra mundial por estar sentindo falta da sua dama de cabelos dourados.

– É exatamente esse o motivo do mau humor elevado dele.- Concordou Lysandre sentado na poltrona digitando a mais de uma hora em seu celular com um sorrisinho ridículo no rosto.

– Não é por isso e meu humor está como sempre, vocês que são irritantes e estão me deixando assim.- Menti, não daria o braço a torcer por estar realmente com saudades daquela marrenta.

– Uhum, vou fingir que acredito.- Comentou Dimitry e Lysandre concordou com ele.

– E você não está não? Vive chorando pelos cantos " Oh Céus que saudades da minha Molly, minha dama dos cabelos de Ébano, da minha Bigodinho. Blá, Blá, Blá"- imitei-o fazendo uma veia saltar em sua testa. Lysandre riu com a imitação. Até Dimitry tem que admitir que eu fui realmente muito parecido.- Devia parar de encher meu saco e aproveitar para parar de choramingar por ai.

– Os dois estão sentindo falta das moças, e você Castiel é o pior, por que sente falta, mas não admite.- Disse Lysandre nos encarando.

– Você diz isso, pois tem sua Dama em seus braços sempre que possível.- Dimitry nos defendeu.

– Nem largar a porcaria desse celular larga! Deve estar só no grude com ela.- Fiz uma cara de nojo.

– Deixem de ser invejosos, se estão tão carentes assim, por que não vão atrás delas? Você Dimitry, tão galante como não pensou e surpreender Molly? Castiel e você? Vão até elas. Matem essa saudade que vocês estão sentindo das suas namoradas. Bando de froxos.- Lysandre pareceu irritado.

Dimitry estava pensativo. Não que eu não tivesse pensado naquela possibilidade, mas acabei deixando de lado.

– Elas estão na casa dos pais, cara.- Comentei.

– Quer dizer que o tão corajoso Castiel está com medo de encontrar com os pais da amada e oficializar o namoro?- Perguntou Lysandre sarcasticamente.

Lancei um olhar mortal a ele.

– Não tem medo da morte, não?

– Castiel você não mata nem um rato.- Dimitry se juntou a Lysandre.

– Bando de traidores miseráveis.- Comentei.

Lysandre lenvantou e nos encarando como se nos julgasse perguntou:

– Vão encontrá-las ou vão ficar sentados nesse sofá pra sempre?

– Nem sabemos onde os pais delas moram...- Respondeu Dimitry sem ânimo.

– O que é isso rapazes, se vocês são tão inteligentes quanto eu creio que são. Vão descobrir e irão para lá. E levem os presentes!

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A empolgação de Lysandre diminuiu o meu humor e a imagem da minha loira marrenta fez meu corpo esquentar. Eu iria e ela me aguardaria.

POV OFF.

Não to crendo no que eu to vendo. Aquela pessoa diante do espelho não poderia ser eu.

– Parece um anjo.- Comentou Heera orgulhosa.

– Tá mais pra uma deusa. Uma deusa sexy.- Sugeriu Molly.

Olhei-me novamente. Cabelo liso, tinha ficado um pouco Chanel sem os cachos com um prendedor que eu não havia gostado e que puxava meus cabelos. Vestido preto, com um corte tomara que caia justo até a cintura onde se abria em um tecido leve e rodado que ia até um pouco acima do joelho com renda na barra e no decote. Os malditos saltos altos vermelhos do demônio de Heera. O colar que ele me dera e o mais impressionante e incomum em mim. A maquiagem mais bem feita do mundo. A sombra escura fazia meus olhos verdes ficarem intensos e brilhantes. Nada de muito exagero no resto deixando tudo equilibrado.

– Sei que você ficou diva, mas pare de se admirar e diz aí. Como foi que você convidou ele pra sair. A Heera não me deixou espionar. - Molly perguntou curiosa.

– Ah, foi normal...

FlashBack on.

Procurei-o em todos os cantos da casa mas não o encontrei. Onde será que aquele cara se enfiou? Estou quase desistindo e partindo para o plano Netflix.

Decidi procurar na varanda de trás onde minha mãe cultivava sua horta. Não imagino o porquê dele estar ali, mas não custa tentar. Entrei na varanda e o encontrei sentado nos degraus distraído ao ponto de nem notar minha presença.

– Parece distraído.- Disse me sentando ao seu lado no degrau.- Está tudo bem?

Ele notou minha presença sorrindo me puxando para um abraço apertado seguido de um beijo na testa. Tudo muito repentino me deixando corada. Pois é, parece que descobrir estar apaixonada só está piorando as crises de rubor. Eu deveria estar me acostumando a esses gestos dele, mas parece que não.

– Estou bem, só um pouco de dor de cabeça. A sua ausência me deixa assim.- Ele piscou pra mim e eu retribui dando a lingua.

Se ele está com dor de cabeça não deve querer sair comigo essa noite... Eu sempre soube que era uma má ideia desde o princípio. Nem deveria ter ido até aquela velha macumbeira, pois por mais que repita a mim mesma que não acredito em uma só palavra do que ela disse era difícil desviar meus pensamentos daquilo. É melhor esquecer tudo isso e...

– Magah?- Armin me chamava me livrando de meus pensamentos.- Posso perceber que não sou o único distraído hoje, veio me dizer alguma coisa? Está com as sobrancelhas franzidas. Com aquela ruguinha entre elas.

– N-Não - Gaguejei e clareei a garganta para falar novamente.- Não era nada importante, deixa pra lá. Eu vou entrar...

– Não vai sair daqui até me contar o que veio me falar.- Disse ele sucinto segurando minha mão me impedindo de levantar.

Respirei fundo tirando coragem do útero. Por que o resto estava pra dar perda geral e resolvi desembuchar de uma vez. Olhando pro chão eu comecei:

– É que eu recebi uns convites pra um show no gelo e-e é pra hoje e você não precisa ir, já que você disse que tá meio mau, eu nem queria ir mesmo, eu estou até com sono. Vou dormir, é melh...

– Eii, calma.- Pediu ele segurando meu rosto entre as mãos e me obrigando a olhar em seus olhos.- Você está me convidando para um encontro? Ou eu estou imaginando coisas.- Ele sorria tão amplamente que me deixou nervosa.

– Foi mesmo uma péssima idéia, eu não devia nem ter vindo aqui pra início de conversa. Eu não vou ter um encontro com alguém tão convencido. Me larga caramba!.- Vociferei tentando fazer ele me largar.

– Então quer dizer que era mesmo um encontro?- Seu sorriso se alargou. Mas ele não soltou meu rosto.

– EU NÃO DISSE ISSO!- Gritei Inconformada. "Disse sim" disse aquela voz em minha cabeça.

– Ei nervosinha, se acalma. - Agora ele segurava a gargalhada.

– NÃO PEDE PRA EU ME ACALMAR!- Gritei.- ISSO NÃO VAI FUNCION...

Armin colou seus lábios nos meus me silenciando imediatamente, só então ele largou meu rosto e eu parei de me chacoalhar que nem uma louca. Na verdade fiquei bem imóvel, meu rosto esquentou tanto que daria pra fritar um ovo na minha testa, só não dava pra não corresponder o beijo... Admito que nem queria... E eu admitir isso para mim mesma era o fim.

– Agora, será que você pode me escutar?- Pediu ele descolando nosso lábios com a testa junta a minha.

– Babaca.- Respondi menos irritada.

– Ok. Posso ser mesmo. Mas eu queria dizer que eu vou com você até o fim do mundo, imagina então para um encontro! Nem preciso responder não é?

Desviei o olhar do dele e dei o maior sorriso interno que foi possível!

FlashBack off.

– É, foi bem normal.- Afirmei.

– Aff, que chato. Pensei que iria ter beijo, declarações floreadas e todo o resto!- Heera admitiu com decepção.

– Agora anda! Já está atrasada. Vamos! - Molly começou a me empurrar e eu lutava pra não torcer o tornozelo

– Vou descer primeiro, quero só ver a cara do Armin quando ver a nossa obra de arte. Agora, sorria!- Ela tirou a camera do nada e tirou uma foto, não deu tempo nem de eu tentar esboçar um sorriso.

– Perfeito, adoro espontaneidade!

– Vamos logo!- Molly nos apressou.

– Ok!- Respondi.

Fui caminhando com um pouco de dificuldade e me lembrei de pegar uma bolsa bem grande pra levar algo necessário para aquela noite sem levantar suspeita das meninas. Cheguei a ponta da escada e tive um vislumbre de mim caindo e quebrando uma pena e 3 costelas... Nada encorajador.

Levantei o pescoço e decidi que aquela escada não me venceria em nada. Olhei para o final da mesma e reparei em Armin que me olhava nada menos que embabascado. Tive que admitir que ele tinha caprichado também, e estava bem, bem... LINDO arrumadinho. Estava com um paletó preto com uma camisa social azul por baixo e calças jeans. O cabelo estava penteado para trás o deixando um pouco estranho. (Não estou acostumada a ver ele tão alinhado, mas aposto que ele não está acostumado a me ver assim também.) Fiquei muito encabulada com o olhar dele. Mas me senti tão bem também... minhas pernas teimavam em tremer, mas eu fiz um esforço sobre-humano para não cair e fui descendo.

Papai e Mamãe me olhavam também. Mamãe estava com um olhar orgulhoso, provavelmente imaginando que agora eu iria desencalhar finalmente ( Vá de vagar viu coisinha, ainda não...). E Papai me olhava desconfiado, como se não estivesse acostumado a me ver naquela situação ( não é de se admirar). Mas parecia encantado também. E Heera e Molly, bom, elas estavam lá, e elas sempre estariam para me ajudar no que quer que fosse...

– Você está muito...- Armin se complicou para achar um adjetivo e Molly sentiu a necessidade de ajuda-lo.

– Gata, maravilhosa, Diva, Linda, estonteante, um arraso... Só escolher meu bem.

Todos riram um pouco com aquilo, inclusive eu, que não achava de modo algum que merecia aquilo tudo.

– Andem logo, ou vão se atrasar!- Heera comentou.

Armin estendeu o braço para que eu segurasse e eu sacudi a cabeça e o empurrei porta a fora. Acabando com o possível clima de conto de fadas, imagino.

– Não se empolga não Romeu! - Antes de fechar a porta dei um sorrisinho para o pessoal e uma piscadela. Fui caminhando ao lado de Armin. Caminhamos por um longo tempo em silêncio antes de eu parar para sentar em um banquinho com Armin me analisando.

– Quero ver você aguentar usar esses saltos por cinco minutos, mas eu trouxe a solução dos meus problemas. - Disse tirando os saltos e pegando na bolsa meu tão amado All Star- Minha liberdade!

– Estava aqui imaginando por quanto tempo você ficaria com eles, sinceramente eu prefiro o All Star. Não consigo me acostumar com você tão alta. - Comentou ele sorrindo. Cogitei a ideia de voltar a usar o salto só para provocar, mas não valia a pena.

– Vamos, agora estou beem melhor, - Disse analisando meus pés com meu querido All Star. Tenha vários, mas hoje decidi pegar o vermelho para não fugir muito do figurino.- É até que não ficou nada mal.

– Concordo.

Admito ter uma pequena tendência a me afastar de demonstrações de afeto, mas quando ele pós o braço ao redor dos meus braços eu decidi não me importar. Decidi não ser tão paranóica como sempre sou. Conversamos muito, assunto nunca foi problema entre nós e quando menos percebi chegamos ao lugar em que aconteceria o tal Show.

O lugar era nada mais um parque, o ringue de gelo era o próprio lago. E eu estava torcendo para não haver uma hora de patinação, porquê gelo e pessoas desastradas não são muito amigos. O frio próximo ao lago fez eu me arrepender amargamente de não ter pego nada mais que uma echarpe. Armin me analisou e me levou por um caminho diferente do que as outras pessoas seguiam para se sentarem.

– Tá afim de se perder na mata de novo?- Perguntei estranhando seu comportamento.

– Você é a única pessoa com a qual eu faria isso novamente.- Ele sorriu e eu não achava graça.

Subimos por um pequeno morro e encontramos uma pequena clareira que ficava de frente ao ringue de patinação e nos dava uma visão privilegiada sem aquele frio mortal que todas aquelas pessoas estariam sem duvidas sentindo. O único problema era o vento, que permanecia mais gélido ali. Porém ainda muito mais suportável que o gelo do ringue.

– Como você sabia desse lugar?- Perguntei impressionada.

– Intuição...- Respondeu se sentando-se e se escorando em uma árvore, fez um sinal para que eu me juntasse a ele. E assim eu fiz.

– Por que quis se sentar assim tão distante? Espero que não tenha nada pervertido em mente se não chegará em casa com a marca da minha mão na sua cara - Comentei de uma maneira simpática tentando aliviar a ameaça.

Ele sorriu balançando a cabeça, seu cabelo começava a se desarrumar e eu estava com uma vontade incrível de acelerar o processo.

– Lá estava muito frio e não tinha a privacidade que um primeiro encontro merece.

– Não entendo pra que essa privacidade toda...

– Pra abraça-lá, beija-lá o quanto eu quiser sem me importar com os olhares alheios.

– E quem é que disse que eu vou deixar você fazer isso?

– Você não vai querer se opor. Você é muito esperta pra isso.

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Eu encarei aquele convencido que me olhava com uma faísca nos olhos.

– Nem tente!

– Você vai me empedir?- Perguntou ele aproximando seu rosto do meu gradativamente.

– V-Vou!- Vacilei.

– Então tente.- Ele tinha um sorriso brincalhão no rosto.

– O-Olha lá, o show vai começar.- Tentei em vão distraído apostando para o Ringue de patinação onde os dançarinos começavam a apresentação.

– Aposto que sim. Mas é muito mais interessante tentar te deixar corada.- Comentou ele prosseguindo com sua aproximação. Mas dessa vez eu estava decidida a não ceder o que ele queria. E como que por força de vontade eu não fiquei vermelha quando seu rosto estava a sentimentos do meu. Mas eu não poderia garantir que aquilo duraria por muito mais.

Por isso eu olhei no fundo de seus olhos azuis e o desafiei por olhar. Em seguida Levantei-me correndo e fui para trás da árvore corar em paz. O que os olhos não vêem o Armim não sente.

– Assim não vale Magah!- Ele resmungou bem humorado vindo até mim. Eu passei correndo quando ele achava que tinha me pego em seus braços o enganando e correndo para o outro lado da árvore. Quando percebi estávamos os dois dando voltas e mais voltas ao redor da árvore rindo e arfando descontroladamente.

Minhas penas perderam a força pra correr e eu tive que diminuir muito a velocidade, Armin parecia estar com todo o pique ainda e não reparou na enorme raiz da árvore antes de tropeçar e cair em cima de mim me usando de amortecedor.

– Ah meu Deus Magah, me perdoa, você está bem? Bateu alguma coisa? Como eu sou imbecil, me desculpa!- Ele perguntava tudo isso em meio as desculpas enquanto tocava em todo canto do meu corpo perguntando onde doía. Graças a grama fofa eu não havia machucado nada. Mas ele não deixava eu explicar isso a ele.

– Eii, Xiuu! - Disse silenciando-o.- Eu estou bem, mas você precisa parar de cair em cima de mim ou eu não vou durar muito.- Respondi sorrindo tentando descontrair aquela caranca de preocupado dele.

– Ah Magah.- Ele suspirou ainda em cima de mim com a cabeça em meu pescoço me arrepiando por inteira. Permaneci imóvel, mas ele parecia decidido a ficar com o rosto escondido na curva do meu pescoço. Por isso fiz uma coisa, e procurei não pensar muito no que estava fazendo pra não acabar desistindo.

Peguei seu rosto com as mãos que estava com as sobrancelhas contraídas e os olhos fechados e dessa vez eu o beijei. Quando coloquei meus lábios sob os dele ele imediatamente arregalou os olhos e dessa vez eu fechei os meus aproveitando para aprofundar o beijo enquanto ouvia sinos tocarem e borboletas voarem em meu estômago. Ele retribuiu o beijo com uma doçura que me deixou meio estasiada. Passei os dedos em seus cabelos desarrumando-o de vez e puxei-o mais pra mim. E o beijo foi ficando mais descontrolado, assim como meus sentimentos. Não havia nem como respirar, eu não queria respirar. Tudo que eu queria era que o tempo parasse exatamente naquele momento.

Nunca contei quando duram os nossos beijos, mas sem duvidas batemos o recorde. Ele já não estava exatamente sobre mim, mas se aquilibrava em um braço para não por todo seu peso sobre mim. Decidi abrir somente um olho e percebi que ele me encarava sério.

– Céus, eu te amo tanto.- Disse ele serissímo me deixando extremamente corada. Okay ele venceu, me deixou vermelha novamente. Mas não terminaria assim.

– Eu também te amo seu irritante.- Revelei fechando os olhos envergonhada, mas eu posso apostar que essa disputa deu empate...