Nightingale

Capítulo 11 - I See Fire


Os braços de Dimitri se apertaram a minha volta enquanto víamos o sol nascer. Estávamos cansados, literalmente largados na areia e, entretanto, acho que eu nunca tinha me sentido tão plenamente satisfeita.

– Você estava certa. – disse Dimitri. – O nascer do sol aqui é realmente muito bonito. – me apoiei no cotovelo para poder admira-lo. O sol batia em seu rosto iluminando sua pele e seus olhos estavam fechados, numa tentativa de aproveitar mais o momento. – Para de me encarar Rose. – comentou abrindo um sorriso.

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– Como você sabe que eu estou te olhando? – perguntei. – Você está de olhos fechados...

– Sinto o peso do seu olhar sobre mim. – respondeu com um dar de ombros. Eu o ignorei e continuei a admirá-lo. Subitamente ele abriu os olhos, prendeu minhas pernas e nos girou, ficando por cima de mim. – O nascer do sol é realmente muito bonito, mas acho que tenho outro exemplo de beleza muito superior pra admirar. – seus olhos percorreram o meu corpo, quentes e sensuais.

– A beleza superior aqui estará seriamente encrencada se não der as caras no café da manhã. – comentei espalmando minhas mãos sobre seu peito. Ele suspirou e jogou seu corpo para o lado.

– Bom demais pra ser verdade. – suspirou. Em seguida ele se levantou e me estendeu a mão.

– Os pais da Lissa tão meio encanados agora, mas logo passa.

– O que aconteceu? – perguntou apertando os olhos. Isso criou umas ruguinhas na testa dele que eram muito fofas.

– Essas suas ruguinhas de expressão são muito fofas. – comentei passando o meu dedo de forma que ele relaxou o rosto. Mas seu olhar me dizia que ele ainda estava bastante intrigado. – Ela tá grávida. – respondi. – É por isso que eles tão meio com o pé atrás. Ninguém quer que eu cometa o mesmo erro.

– Uau... – respondeu. – Eles meio que tão certos de se preocupar com você. Se fosse minha irmã... Só Deus sabe o que eu faria.

– Por falar nisso, como ela está? – perguntei me lembrando que ele tinha perdido nosso encontro por causa dela.

– Vick tá bem. Ela pegou um resfriado forte, não tratou e acabou virando pneumonia. Sabe como é “casa de pedreiro, espeto de pau”. Amanhã ela já estará em casa.

– Fico mais aliviada de saber disso. Mande ela se cuidar direitinho, pneumonia é coisa séria.

– Pode deixar, eu falarei. – a essa altura já havíamos chego e Dimitri estava estacionado na porta de casa. – Rose. – me chamou quando sai. – Pensei que pudéssemos marcar alguma coisa amanhã. Talvez um café depois da sua aula.

– Sinto muito, mas eu tenho uma consulta. Com um psicólogo. – respondi revirando os olhos.

– Oh! Entendo. – ele parecia um pouco decepcionado, o que fez com que eu quisesse consertar logo.

– Isso é coisa do meu irmão. Sabe como é. Ele ficou assustado com toda aquela parada de me cortar. – dei de ombros como se não fosse nada demais.

– Ele está certo. Não queremos que aquele incidente se repita.

– Eu estou melhor agora. – garanti.

– Bem, que tal se marcássemos alguma coisa pra depois então. Talvez um jantar?

– Tudo bem. Me liga que a gente marca direitinho. – me virei pra sair e ele me puxou novamente, mas desta vez pra me dar um beijo de despedida. – Acho que você vai acabar me convencendo a ficar. – disse quando paramos pra pegar fôlego.

– Minha casa esta de portas abertas. – respondeu.

– Por mais tentadora que seja a proposta, eu realmente preciso ir. – dei-lhe um ultimo selinho e fui embora.

Estava saindo da aula no dia seguinte quando meu telefone tocou com uma mensagem do Adrian. “Posso te pegar pra jantar às 7?” Eu fiquei olhando para o celular me perguntando sobre o que fazer. Um café era uma coisa, mais um jantar... Mas a minha curiosidade era maior e eu decidi arriscar. “Tudo bem, estarei pronta”, respondi. Lissa obviamente me deu uma bronca quando ficou sabendo, disse que eu deveria ter me mantido no café. Mas ela ainda me ajudou a escolher uma roupa. Uma calça jeans com um suéter vermelho e uma sapatilha. Nada demais, nada chique. As sete em ponto a campainha tocou e quando eu desci Adrian estava lá me esperando.

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– Hey! – cumprimentei-o.

– Hey! – disse dando uma olhada na minha roupa. – Linda como sempre Hathaway. – brincou.

– Você também não está nada mal Ivashkov. – respondi. Adrian vestia uma calça jeans, um suéter de cashmere marrom e sapatos. Tudo impecável como sempre.

– Vamos? – ele me deu o braço e com um aperto no coração me lembrei de Dimitri. “Só um jantar Rose. Não é como se você e Adrian fossem fazer sexo ou como se você e Dimitri fossem um casal”. Nós pegamos um taxi e Adrian deu a direção. Quando chegamos ao lugar me surpreendi ao me deparar com um prédio comum.

– Onde exatamente nós estamos? – perguntei levantando uma sobrancelha.

– Tia Tatiana me deixou toda a herança dela. Assim sendo eu comprei um loft aqui.

– Isso quer dizer que você cozinhou o jantar? – eu me lembrava das más tentativas de Adrian na cozinha. Ele não conseguia nem preparar um sanduiche com frios, que dirá um jantar por completo.

– Bem que eu queria, mas não. Eu pedi pra entregarem. Que eu me lembrei italiana ainda é sua comida preferida, certo?

– Sim. – respondi com um sorriso de lado. Ele me guiou até o interior do loft, que eu devo dizer, era bem a cara dele. As paredes da sala estavam pintadas de amarelo, haviam apenas os móveis essenciais, nada de decoração. E quadros, quadros espalhados por toda a casa.

– Você voltou a pintar? – perguntei me lembrando de que Adrian sempre nutrira uma enorme paixão por artes. Quase tão grande quanto a que sentia por suas bebidas e cigarros.

– Sim. Na verdade estou fazendo aulas. Numa faculdade. – ele corou e percebi que era por que todos sempre tiravam sarro da cara dele dizendo que Adrian Ivashkov nunca iria para uma faculdade de verdade.

– Adrian... Uau. – eu fiquei momentaneamente sem palavras. – Estou muito orgulhosa de você. – disse por fim. Ele apenas sorriu e me guiou até a mesa, onde havia um jantar à nossa espera. Conversávamos coisas bobas e sem importância, nunca tocando no motivo da nossa separação. Quando estávamos terminando de comer, entretanto, a energia caiu.

– Foi no quarteirão todo. – Adrian disse após uma rápida olhada na sacada. – Tem umas velas na cozinha. – pegamos as velas e as acendemos com cuidado no meio da mesa. Foi quando as coisas começaram a ficar tensas. Eu não sabia dizer se era o vinho, a massa ou a luz lançada pelas velas – provavelmente tudo – mas de repente Adrian me pareceu uma miragem, como um sonho do qual você não quer acordar. Ao longe um trovão soou e de repente começou a chover fortemente, inundando a sala. Adrian correu pra fechar as janelas dos outros cômodos enquanto eu me esforçava pra fechar a da sala, mas a ventania era muito forte e eu não estava conseguindo fecha-la. De repente Adrian estava ao meu lado e juntos fechamos a janela rapidamente. Minha respiração vinha em arquejos devido ao esforço, minha roupa estava encharcada e colada no corpo, delineando todas as minhas curvas. Curvas essas que Adrian olhava hipnotizado.

– Você precisa tirar essa roupa antes que pegue um resfriado. – ele disse tentando se recompor. Eu apenas acenei com a cabeça quando ele me pegou pela mão. Mas sendo Rose Hathaway é claro que eu iria escorregar no chão molhado e cair. Por cima do Adrian. Eu podia sentir seu corpo duro me pressionando em todos os lugares. Ele não era sarado igual Dimitri, mas seu corpo esguio era bem delineado e colado da forma que estávamos eu era capaz de sentir cada musculo – e Deus! – como aquilo era excitante. Adrian aproximou seu rosto do meu, mas eu o afastei.

– Eu não posso fazer isso. – disse me desculpando.

– Tudo bem Rose, você não precisa. Vamos apenas tirar esse suéter, eu te empresto um blusa minha. – A blusa acabou por ser parte de um moleton, mas era quente e confortável, logo não reclamei. Aproveitei que ele tinha me deixado sozinha pra trocar de roupa e liguei pra Lissa.

– Onde você esta? – perguntou assim que atendeu.

– Estou com Adrian, mas não sei se consigo voltar pra casa hoje.

– Como assim? Rose, o que você andou aprontando? – Lissa perguntou naquele tom maternal dela.

– Nada. É que aqui esta chovendo forte e a rua dele ainda por cima ta sem luz. Não tem como eu sair agora. Avise seus pais por mim, diga a eles pra não se preocuparem por que eu estou bem e não vou fazer nada de errado. – do outro lado eu podia ouvir Lissa falando com os pais e explicando o que tinha acontecido, mas não consegui entender o que eles diziam.

– Eles pediram pra você ter cuidado e vir pra casa apenas amanhã de manhã. – disse Lissa. – E nada de querer dormir na mesma cama que o Adrian! – acrescentou.

– Eu não vou Liss, prometo. – garanti. Quando voltei a sala Adrian já havia arrumado o sofá com lençóis, travesseiros e um cobertor de pelos, bem quentinho.

– Obrigada Adrian. – agradeci me sentando no sofá e me preparando pra deitar.

– Relaxa, não foi nada. Eu te chamaria pra dormir comigo, mas acho que você não ta a fim de dividir a mesma cama, correto? – ele tinha um olhar repleto de tristeza e naquele momento eu quis passar meus braços a sua volta e reconforta-lo.

– Adrian, eu... – comecei, mas não sabia bem o que dizer.

–vRose, eu queria te perguntar uma coisa, se você não se importa. – ele se sentou ao meu lado no sofá, sua expressão era seria.

– Claro.

– Lissa me ligou um pouco mais cedo me passando um sermão sobre não repetir o passado e machucar você de novo. Eu queria saber... Você realmente ficou tão mal assim?

– Não foi inteiramente culpa sua. – garanti. – É só que tudo aconteceu ao mesmo tempo. Perder meus pais foi... Muito difícil, por mais que nós vivêssemos brigando – sim, eu precisava dos meus amigos pra me apoiar, mas também eu sempre soube que você nunca soube lidar com situações como essa muito bem. Eu não te culpo por tudo o que aconteceu comigo depois. – mas eu certamente culpava Lissa por abrir aquela boca grande e sair contando tudo para Adrian.

– É verdade, mas ainda assim eu sinto que deveria estar ao seu lado. Eu era seu namorado, afinal de contas.

– Disse certo, era. Isso pertence ao passado e eu não quero ficar remoendo o que aconteceu. Não vai mudar os fatos, então não tem sentido algum.

– Eu só queria dizer que eu sinto muito. – ele disse. – E te agradecer por me ajudar com tia Tatiana.

– É pra isso que servem os amigos. – respondi dando-lhe um sorriso que ele prontamente correspondeu. – Agora se você me dá licença, eu estou muito cansada. – disse expulsando-o do sofá. Adrian se foi e eu me deitei e pela primeira vez em muito tempo me senti em paz.