Scars Of Love

Capítulo 69


(Isabella)

“E agora?! Eles não te vão acompanhar mais… És uma fraca, uma inútil… Tu tens os mesmos sentimentos que eu… Raiva, inveja, ódio… Tu és igual a mim, porque eu te moldei assim…”

Desde quando eu ouvia a sua voz?! Desde quando eu era igual a ela?! Quando é que tal aconteceu?! Era verdade, eu tinha todos aqueles sentimentos, no entanto, não os deixava se exaltarem para não tomarem conta de mim e me deixarem completamente louca. Tinha a noção de que estava desmaiada, mas conseguia ouvir tudo ao meu redor. Ouvi a discussão do meu pai com Petrus, a minha mãe a defender-me com garras e dentes como sempre e no fim, o meu pai compreendeu, mas mesmo assim, o seu tom de voz mostrava que não estava satisfeito. Quando acordasse, ele passaria por mim e olhar-me-ia de revés, não com um olhar de quem pensa que tinha razão, mas o olhar de quem caiu em si e não sabe como expressar o seu erro. É um defeito que temos em comum. Provavelmente, herdei o orgulho do meu pai, pois são raras as vezes que admito diretamente que estou errada. Torna-se ainda mais difícil quando se tem que fazê-lo perante alguém que amamos demais. O mesmo se passa quando tenho que me desculpar. Simplesmente não dá…

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Petrus estava impaciente. Tanto estava sentado ao meu lado, como já estava a andar de um lado para o outro. Aquele quarto já tinha sido caminhado por mim imensas vezes em tempos de desespero. Agora era a vez dele… Acabei por adormecer a ponto de não ter noção de nada. Talvez por conta do cansaço, talvez por conta da desilusão, não sei… O sonho que tive confirmou-me as minhas suspeitas: dali para a frente eu não poderia usar mais os Elementos. Ter a confirmação de tal fez com que quase a pequena chama de esperança que eu tinha se desvanecesse. Algo que eu tinha conquistado parecia estar a abandonar-me. Não tinha arrependimentos. Tudo o que tinha feito tinha sido pelo bem de uma pessoa importante, então nunca seria impossível os remorsos surgirem.

Após dormir o que eu julguei que fossem algumas horas, acordei com ruídos vindos de outra divisão da casa. Abri os olhos com grande esforço e a claridade existente no cómodo graças à luz do sol dificultou-me ainda mais a visão. Não estava ninguém no quarto, o que me pareceu bastante estranho. Levantei-me bem devagar, tentando não cair devido à falta de forças e às tonturas que sentia. Ao chegar perto da sala percebi a quem pertenciam as vozes. Catarina e Zach estavam presentes por razões desconhecidas à minha pessoa ou eu simplesmente queria ignora-las. Pela disposição em que estavam, a sala pareceu-me um campo de batalha, o que não me agradou nem um pouco. Lentamente, encostei-me à entrada da porta à espera que algum deles desse conta da minha presença.

— Isabella, tu devias estar na cama. – disse Petrus, sem sequer olhar para trás.

— Que queres que te faça? Acordei convosco a discutir… –Petrus suspirou, Zach fez o mesmo, já Catarina olhou-me com a expressão mais irritada que conseguiu fazer. Limitei-me a suspirar. – Afinal, o que é que vocês estão a fazer aqui?

— O que é que tu achas? – gritou Catarina.

— Oh moça, fala baixo, ainda agora acordei… – pedi, enquanto me dirigia ao sofá para me sentar.

Já estava a ficar sem forças novamente…

— Nós já sabemos de tudo, Isabella. – declarou Zach, sem quaisquer hesitações.

“Agora vou ter que dar uma explicação de meia hora…?” – pensei.