Our Curse

Capítulo 5


PDV LUCINDA

Abri os olhos.

Olhei para o chão e eu estava suspensa, meu vestido quase o atingia, eu havia sido pega e ainda não olhei para o rosto de meu salvador, isso é, se pretendeu salvar-me. Subi o olhar até em cima, não havia ninguém, eu suspirei aliviada. Então finalmente reuni coragem e olhei para o dono dos braços que me seguravam.

Daniel Grigori, o meu professor de piano, aquele homem forte que me fez perder o fôlego, aquele homem que eu podia jurar já conhecer, e tinha medo de amá-lo, apenas por estar encantada com sua aparência e seu modo cortês.

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Seus olhos violetas me fitavam, eu sentia-me até envergonha por ter olhos singelos avelãs, sentia-me inferior diante de sua beleza esplendida. Quando encarei seus olhos, eles brilharam e sua boca sorriu, ela estava entre aberta e eu percebi que seu lábio inferior era avantajado, os dentes brancos, era encantador. Com as costas da mão permiti-me fazer uma caricia em seu rosto, e achei que faria mais, mas me contive.

-Obrigada por me salvar.

-Tem que tomar mais cuidado, Lady Lucinda – ele me pôs no chão e eu não me sentia feliz com isso – Seria um desperdício perder uma moça como você. Apesar de eu concluir que és única.

Sorri.

- Obrigada novamente – Olhei para cima, uma sombra se aproximava, eu o puxei para debaixo do balcão, onde lá de cima não nos veriam, suspirei.

-Algum problema, Lady?

-Odeio festas, socialização, eu queria ficar só lendo, em casa, eu gosto dos livros.

-É tão raro uma dama ser agraciada com o dom da inteligência e da beleza.

-Não sou tudo isso.

Ele tirou de trás das costas uma peônia branca selvagem, eu era encantada por a tal flor. Peguei-a delicadamente, sorrindo, e a cheirei.

-É bem mais, Lady, se permite a mim dizer.

-Como sabia?

-Sabia de...?

-Eu amo peônias, especialmente brancas e selvagens.

-Ah, este é o nome da flor então – ele coçou o queixo – não sou culto em botânica.

-Eu também não, apenas gosto desta flor, por isso sei seu nome.

Pendurei a flor em meu cabelo, ele pareceu satisfeito.

-Gostaria de sair daqui, Lady?

Daniel me ofereceu sua mão, com um sorriso contagiante aceitei e a segurei, mais uma vez aquela corrente elétrica percorreu meu corpo.

-Contando que me chame de Luce.

-Chame-me de Daniel.

Nós corremos até o cavalo que ele escondia na floresta da propriedade, um cavalo negro de crina brilhante, ele me ajudou a montar nele e depois subiu, segurou minha cintura para que eu não deslizasse.

Nesse tempo nem me veio na cabeça como ele havia entrado no terreno dos Smith, e porque andava por lá.

-Daniel?

-Sim?

-Por que estava no terreno Smith?

-Eu só estava de passagem.

-Aham, por uma propriedade privada. – gargalhei – Poderia ser preso, sabia?

-Não me preocupo com isso.

Daniel esboçou um sorriso. Olhei para frente e nem imaginei para onde ele me levava, mas cavalgava para uma colina, e logo a frente pela luz da lua eu podia ver que o campo a frente parecia coberto de neve, mas quando chegamos perto eram peônias, minhas favoritas, cobriam grande parte do lugar. Sorri.

Daniel me ajudou a descer.

-Eu lembrei de você quando achei esse lugar. – Disse-me.

Caminhei até meus pés estarem submersos nas peônias e girei, o cheiro delas estava por toda a parte.

-É perfeito! – Disse entusiasmada.

-Pode vim aqui quando quiser.

-Pode me trazer aqui quando quiser.

Abri os braços e me joguei para trás, cai em uma cama de peônias, Daniel se apressou até mim, preocupado, ri.

-Estás louca?

-Sempre fui, - Encarei a lua – A lua não é linda? É uma pena, que esteja tão longe.

Daniel contemplou meu olhar.

-Tudo que é belo fica longe.

-Você está perto – tapei minha boca quando as palavras escaparam – Digo... Desde quando é filosofo?

Vi um sorriso torto que se formou em seu rosto, mas ele deixou passar.

-Não sou, apenas penso assim.

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Sentou-se ao meu lado.

-De onde vens, Daniel?

Ele pareceu confuso e catatônico, torceu os dedos e mordeu o lábio inferior, por fim disse.

-Lancashire, cidade pequena. É de Paris há muito tempo?

-Para quem vem de Lancashire falas um francês excelente. Desde que nasci.

-Aprendo fácil.

-Aprendo história fácil.

-Não acho que há muito que estudar em história.

Dei de ombros.

-Não há muito descoberto também.

-Toca algum instrumento, Luce?

-Historiadores chamam de a flauta de pan.

-impressionante.

-Toca apenas piano?

-Infelizmente sim, meus conhecimentos em outros instrumentos são vagos.

-É um homem interessante – encarei-o, seu olhar virou para mim.

-É uma mulher interessante.

Sorri para ele e voltei a olhar para a lua e as estrelas.

-Seu nome – ele murmurou – É o nome da estrela do amanhecer, você é abençoada por isso.

-Meu nome, é o nome de minha bisavó – sorri – Você deve ter tantas histórias, quem sabe um dia você poderia contá-las, á mim.

-Quem sabe, vamos passar algum tempo junto com as aulas.

-Estou ansiosa, mas agora, receio que devo voltar. Ninguém pode desconfiar de que estive aqui e com o senhor.

Levantei-me bruta demais, ele imitou o gesto.

-Por quê? Estás prometida? – ele pareceu desapontado, uma pontada de arrependimento me acertou.

Assenti e neguei.

-Eles querem que me case com o Conde Nicholas Smith, o conheço desde criança e acho-o bruto, eu não o amo e me recuso a casar com ele. Não há nada certo, e eu ando adiando o assunto há tanto tempo... – Encostei-me a crina do cavalo e suspirei – Apenas queria que isso fosse diferente, não quero estar fadada a isso, entende?

Ele puxou meu queixo para especular em meus olhos, avaliei seu rosto que estava intrigado, ele botou uma mexa de meu cabelo para trás e eu corei.

-Seus olhos... – Comecei – São tão diferentes, nunca vi nada igual.

Não sei se aquilo foi um sorriso ou a menção de um, mas ele deixou a mão pender para o lado.

- Seus olhos são belos, Lucinda, são o portal para sua alma e seus segredos.

Ele me empurrou para cima do cavalo e depois subiu, voltamos ao baile.