Os Dezoito Andares

Décimo quinto andar


Enquanto tudo isso acontecia. Todos esses pensamentos, todas essas vidas, um casal via um filme de ação e comia pipoca. A mulher não gostava muito de pipoca porque vivia grudando no dente, mas forçava-se a comer pelo seu namorado. E o namorado fazia de tudo para agradar a mulher, mas acontece que naquele dia, no dia do suicido de Adam, era o seu aniversário. Então ela queria fazer de tudo para agradá-lo. Alugou seu filme favorito, estava comendo sua guloseima favorita, tinham feito tudo o que ele gostava. De manhã, ela massageou suas costas e fez um café-da-manhã bem farto para ele. De tarde, eles passearam por toda a cidade comprando e se divertindo por todo o canto, mas agora estavam vendo o seu filme de ação predileto. Não, eles não pensavam que naquele momento alguém estava morrendo, ou sentindo-se abandonado, ou dormindo, ou pensando mesmo não sendo um ser humano.

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Naquele momento, não existia guerra. Não existia Primeira Guerra Mundial, nem Segunda, nem Guerra fria. Não sabiam nem quem era Hitler, não conheciam a palavra "tortura" ou "morte". Não pensavam em Anne Frank, nem em Liesel, nem em ninguém. Não pensavam em nada que estivesse além do seu companheiro. A mulher pensava no namorado como seu Romeo, seu Dhiren, seu Edward, seu Harry, seu Lupin, seu Gus, seu namorado. E ele pensava nela como a mulher que o agradou mais do que tudo em seu aniversário, aquela que o abraçava no frio, aquela se preocupava com seu bem estar, que o carregava para todo o canto e o fazia rir e sorrir. Nada existia além do amor que ambos sentiam mutuamente. Ela queria ficar daquele jeito para sempre, e não se importava de qual gênero seria o filme. Terror, horror, suspense, ação. Ela só queria sua companhia, do mesmo jeito que ele aturava qualquer filme de Nicholas Sparks por ela.