Inalcanzable

Capítulo 38


13 de Julho – Sábado

Os dias passaram e nenhuma conversa fora travada entre o German e a Violetta. German bem que tentou contato com a filha, ele até aceitou que León passasse uma semana com eles na praia - é claro que depois da Angie muito insistir - mas Violetta ficara bem chateada com o pai e nem isso a fizera querer falar com ele. Ela decidiu que só voltaria a falar com ele quando ele aceitasse seu amor pela música.

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– Bom dia, meu amor – Angie falou acordando o German com um beijo na bochecha – Acorda – Ele virou-se para ela e abriu um sorriso.

– Bom dia, meu anjo. – Ela sorriu.

– Eu já preparei o café. Vou acordar a Vilu – Ela saiu do quarto. German levantou-se, escovou os dentes, tomou um rápido banho, arrumou-se e desceu as escadas.

Angie e Vilu estavam sentadas na mesa conversando e sorrindo. German sorriu ao ver a cena, sentia-se mais do que satisfeito quando via as duas juntas. Angie tornara-se mãe/amiga/irmã/tia, enfim, tornara-se a referência feminina da qual Violetta sempre precisou e isso deixava German tranquilo porque agora ele tinha certeza de que se algo viesse a acontecer com ele, Violetta não estaria sozinha.

– Bom dia – German falou sentando-se na ponta da mesa.

– Bom dia – Violetta falou séria – León disse que não precisamos passar na casa dele para pegá-lo, o pai dele o trará – Ela comunicou-o, ainda séria. Ela fazia questão de falar apenas o essencial com German.

– Tudo bem – Violetta terminou de tomar o café e retirou-se da mesa para ir arrumar-se. German acompanhou-a com os olhos e depois virou-se para Angie – Você está vendo? Ela nem me olha direito, Angie. Essa viagem não foi boa ideia.

– Para com isso, German, foi uma ótima ideia. Vocês precisam relaxar. Você, principalmente. E pensar também – Ele suspirou – Vai ficar tudo bem, amor – Angie o confortou.

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– Oi, príncipe – Violetta falou abraçando León, que acabara de chegar.

– Oi, princesa – León falou sorrindo e deu um selinho em Violetta. Ela o puxou para dentro de casa. Ele entrou na casa dela carregando sua mala e com o violão nas costas.

– Olá, León – Angie cumprimentou-o –, tudo bem?

– Sim, profe... – Angie arqueou uma sobrancelha e sorriu – Angie.

– Bom dia, rapaz – German cumprimentou-o.

– Ele tem nome – Violetta interveio.

– Eu sei que ele tem nome – German mostrou a língua para Violetta como se fosse uma criança e Angie soltou um riso abafado. German voltou a olhar para o garoto – Vejo que trouxe o violão, Violetta não avisou – Ela suspirou.

– Você não perguntou ué – Ela disse.

– Se quiser posso deixá-lo aqui, senhor.

– Nã...

– Não, León, você vai levar o violão – Violetta interrompeu o pai e este suspirou.

– Não se preocupe, garoto, pode levar. Minha filha pensou que ia me deixar bravo com isso mas – ele olhou para Violetta sorrindo – eu não ligo – Dessa vez foi Violetta quem mostrou a língua. Ela pegou a mão do León e o puxou – Onde vocês vão? Nós já estamos indo – German terminou. Violetta fez León deixar a mala e o violão dele na sala.

– Vamos pegar minhas malas – Os dois subiram para o quarto dela.

– Malas? – German virou-se para Angie – Quantas malas? Para onde ela pensa que nós vamos? – Angie riu e aproximou-se dele.

– Calma – envolveu os braços no pescoço dele –, você está tenso demais, German – ele arqueou uma sobrancelha –, vai ser divertido, amor – ele suspirou e enlaçou os braços na cintura dela. Ela capturou os lábios dele.

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– Pronto, agora estou melhor – Ele falou sorrindo após o beijo – Vamos colocar as coisas no carro!

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Durante a viagem, German não abriu a boca enquanto que Angie, Violetta e León conversavam alegremente. Chegaram no apartamento que German tinha na praia às 10h, descarregaram as coisas e assim que tiveram tempo, German mostrou todo o apartamento para Angie, deixando o melhor para o final, a sacada. De imediato, Angie apaixonou-se por aquela vista, ela sempre fora apaixonada por qualquer lugar onde pudesse ver o mar e sentir a brisa que emana dele. Ela sorriu e olhou para o German, que sorria também.

– É lindo aqui.

– Eu sabia que você ia gostar – Ele acariciou o rosto dela – Lembra-se de uma conversa que tivemos, a qual você disse que o barulho e a imensidão do mar a faz relaxar e sentir-se livre? E que você adoraria morar no litoral e que seria melhor ainda se fosse comigo? – Ele pausou. Ela sorriu e assentiu – Eu comprei esse apartamento pouco depois que você partiu e todas as vezes que eu vinha para cá, de certa forma, sentia-me conectado a você – Ele suspirou – Eu passava horas observando o mar e imaginando que um dia você voltaria e estaria aqui comigo – Os dois sorriram.

– E cá estou – Ela repousou os braços nos ombros dele – Eu nunca mais vou te abandonar – German beijou-a. León e Violetta entraram na sacada e ela pigarreou, fazendo German e Angie os olharem um pouco sem graça e sorrirem.

– Uau – León observou melhor a vista.

– Bonito, não? – German perguntou.

– É sim, senhor.

– Angie, preciso falar com você – Vilu falou. Angie olhou para o German e ele assentiu. Ela e Vilu foram para um dos quartos. German e León apoiaram-se na grade da sacada, ambos tensos.

– Tudo bem, senhor? – León cortou o silêncio incômodo que ficara.

– Sim... Sim... E com você?

– Sim, senhor.

– Não precisa mais me chamar de senhor, León, pode chamar de German – León assentiu. Ficou um silêncio novamente. German suspirou e disse: – O que seus pais acham de você querer seguir carreira musical, León? – O garoto arqueou as sobrancelhas, surpreso com a pergunta.

– Os dois me apoiam, sen... German – León suspirou – Mas eu sei que meu pai não é muito à favor. Para ele eu tinha que fazer, sei lá, Engenharia ou Economia – German soltou um risinho abafado – mas ele diz que se é a música que realmente me faz bem então eu tenho que seguir com meu sonho e ser feliz assim.

– Ele não tem medo de que você se decepcione?

– Sim, ele tem medo mas... ele sabe que eu não sou mais uma criança e saberei lidar com isso – ele pausou e suspirou – e também sabe que se ele me impedisse de tentar seguir o meu sonho, a decepção seria maior do que tudo – León falou calmamente e German o olhou.

– Violetta está decepcionada comigo, não é? – German falou cabisbaixo, León o olhou e assentiu. German suspirou e abaixou a cabeça. Violetta e Angie apareceram na sacada.

– Vamos procurar um lugar para almoçar? – Angie perguntou sorrindo e German assentiu.

xxx

16 de Julho – Terça-feira

– Amor – Angie aproximou-se. German estava deitado em uma toalha estendida na areia olhando para o céu. Eles haviam acabado de "jantar" em um quiosque próximo –, a Vilu e o León já voltaram pra casa, você não quer voltar? – Ele negou com a cabeça – Tudo bem, eu vou indo, tá?

– Não – Ele a deteve –, fica um pouco comigo – Murmurou – Só um pouquinho – E fez cara de pidão, ao que Angie sorriu. Ela deitou-se ao lado dele na toalha e repousou a cabeça no peito dele – A lua está bonita, não é?

– Sim, está linda – Ele passou a acariciar o cabelo de Angie. Ficou um silêncio.

– Eu estou fazendo merda, Angie – German cortou o silêncio. Angie ergueu a cabeça e a apoiou em um braço para poder encará-lo.

– Por que? – Ele suspirou.

– Por causa da Violetta.

– German, você sabe que está fazendo merda, sabe qual é a solução e continua sem agir, por que?

– Eu não sei, por medo, eu acho.

– Amor – Angie começou a acariciar o rosto dele –, de um jeito ou de outro, ela vai correr atrás desse sonho mas..., mesmo que ela consiga o que quer, talvez nunca seja completamente feliz sabendo que o pai dela nunca foi capaz de aceitar e estar ao lado dela nisso – Ele suspirou.

– Mas eu estou do lado dela.

– Então diga isso a ela.

– E se ela sofrer? – Angie bufou.

– A vida é assim. Você sofreu e eu sofri e ainda estamos vivos, não estamos? – Ele assentiu – E não apenas vivos, também estamos felizes, não é? – Ele sorriu e passou a acariciar o rosto de Angie – É sério, para de pensar que ela vai sofrer. Uma hora isso realmente vai acontecer mas... amor, faz parte da vida – Ele assentiu – Pensa mais um pouco, pensa na felicidade da Vilu e pensa na greve de sexo que terá se você não aceitar o que a Violetta quer – Ele riu – Eu estou falando sério, mocinho – Ele puxou o corpo dela, fazendo-a ficar por cima dele.

– Você não aguentaria nem uma semana de greve – Angie arqueou as sobrancelhas.

– Vamos testar?

– Vamos – German sorriu e girou o corpo, ficando por cima dela – mas a greve não está valendo para hoje – Angie sorriu e mordeu o beiço.

– Aqui? Tem certeza? – Ele passou a mão na coxa dela para ver se tinha muita areia e depois olhou-a com uma cara engraçada.

– A areia incomoda né? – E os dois riram – Vamos! – Ele levantou-se e a puxou. Eles foram para o prédio, entraram no elevador e provocaram um ao outro. Deram graças à Deus quando o elevador parou no andar certo. Entraram em casa e foram direto para o quarto. German nem reparou que Violetta e León não estavam na sala e a porta do quarto em que eles ficaram, estava quase fechada. Sim, German permitiu que eles dormissem juntos, Violetta na cama e León no chão, mas com a porta do quarto aberta. Nem German e nem Angie se tocaram pois ambos estavam tomados pelo desejo. Assim que fecharam a porta do quarto, German tirou a roupa rapidamente, ficando apenas de sunga. Quando Angie tirou a camiseta e o shorts, ele a agarrou por trás e beijou o pescoço dela – Vamos tomar banho juntos – Ele sussurrou e Angie sorriu.

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20 de Julho – Sábado

Violetta e León estavam sentados com as pernas cruzadas, um de frente para o outro, em cima de uma daquelas esteiras de praia. León segurava o violão e dedilhava algumas melodias enquanto Violetta cantava. Havia uma fogueira próxima a eles e pela luz amarela refletida no rosto de Violetta, German, um pouco afastado dos dois, observava as expressões que Violetta fazia ao cantar, todas elas traziam uma satisfação e uma felicidade ao fazer o que ela estava fazendo. Ele começou a aproximar-se dos dois, León notou e levantou-se, fazendo Violetta franzir o cenho e olhar em volta. Ao ver o pai, já bem próximo dos dois, ela levantou-se rapidamente. Ela ia avançar mas German a deteve.

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– León, posso falar com ela a sós?

– Claro, German – German sorriu e acenou com a cabeça.

– Me empresta o violão, por favor? – Violetta e León surpreenderam-se. León assentiu e entregou-o o violão. German sentou-se e começou a tocar uma música. Uma música que Violetta reconheceu na hora. Ela sentou-se ao lado dele – Sua mãe que compôs. Não sei se você lembra mas ela vivia cantando para você. – Violetta sorriu. Quando chegou no refrão, ela começou a cantar.

Y vuelvo a despertar en mi mundo/Siendo lo que soy/Y no voy a parar ni un segundo/Mi destino es hoy German olhou-a e abriu um sorriso orgulhoso – Nada puede pasar/Voy a soltar, todo lo que siento/Todo todo/Nada puede pasar, voy a soltar/Todo lo que tengo nada me/Detendrá – E então ele parou de tocar, acariciou o rosto de Violetta e deu um beijo na testa dela.

– Eu não posso impedi-la de ser feliz.

– O que quer dizer? – Violetta já havia entendido mas queria ter certeza.

– Eu quero dizer que eu estou do seu lado, Violetta, que não importa o que você faça, se você estiver bem e feliz, eu fico feliz – Os olhos dela lacrimejaram e ela sorriu – Corre atrás do seu sonho, filha, eu estou do seu lado e sempre estarei – Ela o abraçou, fazendo-o colocar o violão do lado dele e abraçá-la também.

– Eu te amo, papai – Violetta falou com a voz embargada e ele sorriu – Nada é mais maravilhoso do que escutar você dizer que está ao meu lado, era só isso o que eu queria, papai – German a abraçou mais forte.

– Me perdoa, Vilu, eu agi como um idiota – Ela afastou-se dele e o encarou – Agradeça à Angie e – ele custou a admitir – ao León – Violetta ficou surpresa – Angie me fez ver que você nunca seria completamente feliz se não tivesse o meu apoio e León me fez pensar que ao impedi-la de fazer o que ama, a decepção seria maior do que você tentar e não conseguir. Só que agora eu vejo que não existe essa possibilidade, você tem talento para dar e vender, Vilu – Os dois sorriram e aos poucos foram ficando sérios. German suspirou e disse: – Corra atrás do seu sonho, eu sempre estarei aqui. Te amo, filha. Eu te amo muito.