Convitezinho Infeliz

- Magali, me lembre de nunca mais deixar você ver barrinhas de cereais da Cleo... – Mônica resmungou pegando sua quinta barrinha. Maldito dia em que sua melhor amiga começara com a obsessão pelas comidas daquela marca.

- Ah, Mô, eu já pedi desculpas... Mas você sabe que simplesmente não consigo resistir... – Magali se desculpou pela enésima vez desde que comprara duas caixas de cinquenta barrinhas – Ei...

- Hã? Não me diga que quer comprar mais? Se for isso, nem vem que não tem! Não vou sair da minha casa para esse sol de lascar só pra comprar mais!

- Não é isso! – Ela negou e se aproximou da amiga, que tentava desesperadamente encontrar o controle da TV no meio das barras – Olhe isso! É uma promoção!

- Eu não vou naquele programa maluco de novo! – Mô exclamou. Ainda tinha péssimas lembranças de quando fora no programa com a amiga. E, principalmente, da prova do dia seguinte àquele.

- Deixa de ser chata e escuta! Diz aqui que quem encontrar o convite amarelo, pode passar de uma semana a quatro no Campus da Mangueira. São sete convites espalhados por aí. Interessante... Eu gostaria de participar.

- É mesmo? Agora ferrou de vez!

- Por quê?

- Imagina quanta barra você vai querer comprar? Vai torrar a mesada rapidinho...

- Ah, depois é só fazer um bicos por aí.

- Cê quem sabe... Eu é que não vou correr atrás disso, parece até "A Fantástica Fábrica de Chocolate"... Cadê aquela porcaria de controle? – Enfiou a mão num montinho de barrinhas e tirou logo em seguida, apenas para constatar que era outra barrinha – Não vou achar o controle nunca... – Abriu o pacotinho e um brilho dourado se revelou, mas Mônica estava tão absorta em descobrir onde diabos o controle havia se enfiado, que quase comeu o papel brilhante. Quase.

- MÔNICA!! – Magali berrou de repente, impedindo assim a garota de comer o que ela achava que era o convite premiado.

- Que foi, sua louca?! Quer me matar do coração?!

- Você quase comeu!

- O quê?

- O convite! – Apontou para algo reluzente dentro do pacotinho.

- Hã? – Mô tirou o pequenino papel e leu:

"Parabéns! É com grande satisfação que convidamos você, e somente você, a passar um mês conosco no Campus da Mangueira! Não se preocupe! Tudo será pago, então sua viagem será tecnicamente de graça. Um bom dia para você e congratulações por ter conseguido o prêmio máximo! Para mais informações, entre no nosso site: www.campusmagueira.com.br"

As duas jovens se entreolharam atônitas. Mônica havia encontrado o convite. E não só isso! O convite de um mês! A menina abriu e fechou a boca repetidas vezes, sem emitir som algum, e sua amiga ficou estática. Demoraram ainda alguns bons segundos para uma delas reagir. E foi a Magali:

- Você encontrou, Mô! Encontrou o convite, e o convite de um mês, o mais disputado! Ai, que tudo! Precisamos contar para a turma que você ganhou a promoção!

- Tá louca, Maga? Pirou na batata? Ou tanto tempo com o professor Licurgo de deixou assim?

- Eu não sou louco! – A voz do dito cujo soou de algum lugar desconhecido da casa, e elas preferiram ignorar.

- Eu não vou nisso aí! Nem que a vaca tussa! Vai você!

- Mas, Mô... Deve ser tão legal! Vai lá, se diverte um pouco e, talvez, quando você voltar, as coisas tenham mudado por aqui...

- Se está falando da briga que eu tive com o Cê...

- É disso mesmo que estou falando! Eu sei que ele enrola demais, e você está esperando a muito tempo! Se os dois ficarem separados, ele pode se tocar que não quer ficar longe de você e te pedir em namoro sem aquela paranoia toda.

- Você acha?

- Acho.

-... Mesmo assim... Eu vou fazer o que lá? Ficar sozinha e com cara de sonsa?

- Abra sua mente, Mô! Imagina, você vai conhecer outros lugares e fazer novos amigos!

- Minha mente é aberta! Tanto, que já fui para Marte, outras dimensões e sei lá mais o que diabos eu fiz, mas nunca saí de lá sem ter feito pelo menos dois amigos.

- Exato! E agora você vai se aventurar num lugar perto, mas desconhecido! Não é o máximo?

- Ai, Magali, toda essa falação me deixou empolgada... Agora estou curiosa para saber o que eu vou perder se não for...

- Você vai?

- Vou.

- Não ouvi.

- Eu vou, caramba!

- Ótimo! Pega aí seu note e vamos dar uma fuçadinha no site... Agora eu falei que nem a Denise... – Fez uma careta.

- Antes ou depois de eu tirar o professor louco...

- EU NÃO SOU LOUCO!

-... Da minha casa?

- Depois.