Entre Amigos

Entre os deslizes e as novidades


A noite estava estranhamente quente para aquela época do ano. A lua brilhava cheia com diversas estrelas piscando a sua volta, transformando o céu noturno em uma bela visão a ser apreciada por todos

Naquela noite vistosa, vários casais aproveitavam o clima para passear pelos parques da cidade, admirando o céu, namorando e curtindo a breve brisa que balançava as folhas mais altas e trazendo o aroma das rosas.

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Observava um desses casais andar de mãos dadas pela rua, brincando e sorrindo de suas próprias piadas e trajetos. Invejou-os. Quantas vezes não quis fazer a mesma coisa? Desejou ter aquele tipo de companheirismo, com apelidos próprios, piadas próprias e questões que só eles entenderiam porque eram duas partes de um só.

Ansiava tanto por um relacionamento desses e lá estava ele, em uma noite perfeita sozinho em um bar, tendo como companhia um copo de saquê. O pior do soneto era que ele possuía uma namorada, ou quase uma, que tinha desaparecido no meio da tarde e desde então não tinha dado notícias

Desapareceu depois que a garota que o amou a vida inteira apareceu. A garota que se sacrificou, confiou e depositou nele todas as suas expectativas. Quanto a ele, só conseguia fugir. Todas as vezes que a via. Covarde? Pouco para ele.

Girou o copo entre os dedos, fitando a bebida cobreada. O que ele estava fazendo? Depositou o recipiente sobre a bancada, bagunçando os cabelos.

— Algum problema com o saquê? — Virou-se para observa a expressão fraternal de seu sensei. Poderia rir e fazer piada de tal, mas não estava no clima para isso. Provavelmente o que precisava era de um pouco de afago e de um corpo feminino junto ao seu para o seu humor melhorar.

— Há muito problemas, nenhum com a bebida. — Kakashi sorriu por trás da sua máscara. Retirou seu colete de jounin e jogou-o sobre a bancada do bar.

Observou o copo ainda cheio do aluno e depois a postura do mesmo. Raras eram as ocasiões em que o Uzumaki apresentava um estado tão lastimável como aquele. O que não deveria acontecer, porque bem sabia o copy-ninja, ele estava com Sakura agora.

Sakura a indecisa, tudo bem, mas Naruto ainda não sabia disso.

Ergueu uma das mãos assim que o garçom o enxergou, pedindo a mesma coisa que seu aluno.

— O que está acontecendo Naruto? — A única resposta foi um dar de ombros. Não queria falar sobre isso, Kakashi tomou um gole da sua bebida e permaneceu ali parado, fitando-o em busca de uma resposta, que não tardou a vir.

Os garotos eram diferentes da Haruno, Sakura falava sem pressão, com Naruto precisava de jeito e as vezes, apenas da presença, Sasuke sempre foi aquele que era necessário um pouco mais de incentivo, persuasão e as vezes pressão.

— Hinata... — A resposta empertigou o Hatake, esperava por outra. Sabia do encontro nada amistoso que tinha acontecido entre os três, mas mesmo assim essa resposta não fazia sentido algum.

— O que tem a garota Hyuuga?

— Ela voltou da missão que foi fazer. — Virou a bebida e pediu mais uma.

— É, eu sei. E daí?

— Daí que eu não estou pronto para isso. — Naruto voltou a passar as mãos pela cabeça, bagunçando os cabelos loiros e se levantando.

— O que tem uma coisa a ver com a outra? Não entendo o que a Hinata pode ter a ver com você, ou ser a causa de um problema. — Fitou o sensei. Como explicar o inexplicável? Como conversar sobre isso?

— Antes dela sair em missão disse que a gente precisava conversar. Eu a evitei, ignorei e fiz o possível para não ter essa conversa. — Kakashi virou-se na cadeira para tentar ter uma visão melhor do semblante do loiro, mas não havia nada ali. Nada a ser visto apenas tristeza. Naruto estava escondendo algo. Naruto, o que não tinha segredos.

— O que ela poderia ter para conversar com você? — Desabou na cadeira de costas para o bar, fitando as próprias mãos.

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— Aconteceram algumas coisas entre nós, sabe? Após a guerra, tudo era muito confuso. Eu não sabia o que sentia, não sabia o que pensar. Tinha o retorno do Sasuke, a Sakura pilhada... Tinha toda a luta em si. Eu me deixei levar e as coisas aconteceram...

— Hum...

— Eu me senti e ainda me sinto muito envergonhado com relação a esse episódio. Não é uma atitude que eu tomaria em uma situação normal. Todo mundo sabe disso. Mas agora... Como remediar?

— Sinceramente, se eu estivesse no seu lugar essa situação já tinha sido resolvida a muito tempo.

— Você não entende.

— Realmente, tem algo que eu não consigo compreender: sua demora. Ninguém é perfeito Naruto, as pessoas cometem erros. Principalmente após uma guerra. A coisa mais coerente a fazer seria se desculpar logo em seguida.

— Não posso fazer isso com ela.

— Por que não?

— Porque ela me ama! — Esbravejou, como se aquilo fosse a coisa mais obvio do mundo. Partiria o coração de Hinata, alguém que não merecia isso, ela não o merecia. — Como posso dizer que tudo não passou de um deslize?

— Exatamente por ela te amar você deveria dizer, é o mínimo e mais digno.

— Ela ficará desolada.

— Tenho certeza que ela já está. A atitude honrosa é pôr um ponto final em algo que não deveria ter começado. — Observou a expressão séria do aluno e suspirou. — A não ser que...

— A não ser que?

— Algo a mais do que culpa exista para perturba-lo tanto assim.

(...)

Largou a prancheta sobre a recepção, tomando o caminho até a sala dos médicos. Estava arrasada, um plantão de 36 horas praticamente emendado em um de 12. Só teve tempo de ir para casa dormir 4 horas e voltar no turno de outro médico. Se fosse de Shizune estava frita.

Coçou os olhos tentando afastar o sono, entrou na saleta, pegou sua bolsa e largou a roupa esverdeada em seu armário. Suas pálpebras pesavam tanto que quase tirou um cochilo escorada na porta do armário. Antes de sair da sala tomou um copo de café.

Mal enxergava as pessoas a sua volta, o máximo que conseguia fazer era um comprimento de cabeça quando alguém passava ao seu lado, no entanto uma voz conhecida a despertou de sua caminhada semiconsciente.

Virou-se a tempo de ver a garota que sofreu com suas ações. Mordeu o lábio inferior, precisava falar com ela, precisava pedir desculpas.

— Haruka! — A garota se virou em busca da voz e sorriu assim que avistou a Haruno.

Sakura se aproximou em passos lentos e incertos. Não queria ter aquela conversa, na verdade queria fugir, mas não podia continuar a fazer isso. Tinha que começar a tomar as rédeas de sua vida, fazer as coisas certas e não se acomodar ao que há. Haruka nem ao menos demonstrou notar o conflito da Haruno, caminhava esfuziante como era de sua natureza.

— Sakura-sama, como vai?

— Bem, bem. — Molhou os lábios, observando os próprios sapatos. — Eu gostaria de pedir desculpas a você por toda aquela cena com relação ao Sasuke. Eu não deveria ter colocado você nessa situação.

— Ah! Não tem problema — Estranhamente Haruka corou, sentia-se sem jeito por tudo que tinha causado a garota, mas imaginava que a ela essa situação não afetava do mesmo modo. Deveria demonstrar tristeza, desconfortou e não corar como uma garota apaixonada. — Bem... Eu já...

— Não, Haruka! Tudo isso é minha culpa. — Respirou fundo e voltou sua atenção para o corredor. — Eu ouvi sua conversa com a Shizune e eu sinto muito por ter te envolvido nisso. Sasuke foi grosso e estupido com você por minha causa, não merecia um tratamento desse tipo. Eu sinto de todo o coração...

— Está tudo bem, é sério... — Haruka passou as mãos em frente ao rosto de Sakura chamando sua atenção e novamente as bochechas estavam coradas. — Ele, ele conversou comigo. — Como se fosse possível ela ficou ainda mais corada e com um ar entusiasmado que Sakura não conseguiu entender. — Explicou que não queria ter falado comigo daquela forma e que você não era culpada... — Outra risada ecoou e o cabelo cor de mel foi jogado para o lado, a Haruno franziu o cenho.

— O que? Ele veio aqui? — Não o tinha visto, nem o burburinho que geralmente ocorria quando o Uchiha aparecia no hospital.

— Não, ele foi a minha casa e me convidou para sair. Foi perfeito! — Aquelas palavras caíram como uma bomba para Sakura. Todo o seu corpo ficou travado, Sasuke tinha saído com Haruka. Saído. Um encontro. Sasuke teve um encontrou com uma pessoa que ele mal conhecia. — Obrigada, por ter me feito ir na casa dele aquele dia... – Sorriu sem graça enquanto seus olhos começavam a lacrimejar.

Agradeceu por ela ter começado a andar e abandonando-a ali, mas a invejou, Haruka estava da forma como Sakura queria estar depois de um encontro com o Uchiha, mas eles nunca tiveram um.

Sem chão, não conseguia ter se quer um pensamento coerente. Seus pés tomaram vida própria, nem ao menos notou quando saiu do hospital. Sua mente estava uma confusão e antes que começasse a chorar no meio do corredor do hospital, correu para o único lugar onde acharia o conforto necessário.

Mas não chegou nem mesmo a porta, ao virar a esquina deparou-se com a cena que acabaria de vez com o que tivesse restado de seu coração. Parado a porta da Floricultura Yamanaka estava Sasuke. Usava uma roupa civil e mesmo a distância parecia impecável.

Não demorou muito para que Ino surgisse em toda a sua beleza estonteante, enlaçando-o pelo braço, dessa vez, ele não repeliu o contato e como o casal perfeito que pareciam formar saíram juntos em direção ao centro da Vila.

Sakura permaneceu ali parada e por mais que não quisesse e estivesse sofrendo, observou-os até suas silhuetas sumirem no final da rua, com as lágrimas rolando e o coração despedaçado.

Ela precisava ver aquilo, sofrer por aquilo. Esquecer que algum dia esteve com Sasuke e achou que poderiam ter alguma coisa.