Soba Ni Iru Né...

Capitulo dezoito – Cada um com seus problemas


Ele definitivamente não iria almoçar, não quando já se passava da uma da tarde. Ainda deitado de barriga para cima, olhou para o teto branco e franziu o cenho. Descobrira de onde ela tirou aquela história absurda. Outra fisgada em sua perna e mais uma careta de dor. Quando chegar a Tóquio, daria um jeito em sua perna. Aquela dor incomoda já estava deixando-o irritado.

Foi com esses pensamentos que o Uchiha pegou no sono.

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~~*~~*~~*~~

—Teme abra essa porta! – foi desperto com batidas escandalosas. –Abre logo! Droga! – e um soco.

Soltando palavrões e mais palavrões, o moreno se levantou da cama à contra gosta e foi andando lentamente até a porta, mas rapidamente voltou.

—Dobe, ela está aberta! – avisou e jogou-se no colchão.

O som da maçaneta ecoou pelo quarto.

—Eu falei que ele estaria aqui!

—Esqueceu de mencionar que estaria dormindo.

—Isso é o de menos Hime.

Desinteressado, Sasuke virou o corpo, ficando de costas para o casal.

—O que foi? – perguntou Naruto quando viu a atitude do amigo.

—Briga de marido e mulher, não se mete a colher. Vou voltar a dormir. – acomodou uma almofada entre suas pernas.

—Dormir uma ova. Temos que conversar. – o Uzumaki se aproximou da cama com uma expressão séria. Percebeu que o moreno não faria nada, só o ignoraria, Naruto respirou fundo. –O que a Sakura-chan disse é verdade? Você tem um filho com outra? – soltou a pergunta, não aguentando mais.

Desde que chegou aquele assunto não saia de sua cabeça, mas só teve coragem de conversar com o amigo depois que contou um pequeno resumo do que havia acontecido a Hyuuga. Ao lado de sua Hime tudo fica mais fácil.

Por outro lado, o sangue de Sasuke subiu para cabeça. Por que justo agora ele vinha o atormentar com esse assunto? Contou até dez e sentou-se na cama, mesmo com a perna machucada o incomodando.

—Eu tenho cara de pai? Sério que naquela época eu seria capaz de fazer aquele tipo de coisa? – passou a mão pelos cabelos. –Se existisse uma criança, vocês já saberiam. – finalizou com o cenho franzido.

—Então quer dizer que essa história é uma mentira?

—Ela inventou essa história, porque é uma interesseira que se pagava de mulher decente! – respondeu com voz gélida encarando um ponto cego no chão.

Sua atenção foi rapidamente desviada para a ardência em sua bochecha direita.

—Hina-chan! – gritou Naruto surpreso.

—Eu posso até aceitar o antagonismo da Ino, mas ouvir que a Sakura é uma interesseira de você, Sasuke? – respirou fundo. –Você é um idiota!

—Hina-chan, se acalme!

—Calma nada Naruto-kun!

A Hyuuga não sabia como ou por que, mas ouvir de Ino e depois de Sasuke que Sakura é a vilã, a deixava irada, será que ambos não tinham consideração por ela que foi a mais prejudicada dentro dessa bagunça? Com esses pensamentos, a morena virou-se sobre os calcanhares e saiu apressadamente do cômodo. Ela ainda se arrependeria pelo tapa em Sasuke. Porém, agora se acalmar era prioridade e ela já sabia como.

Dentro do quarto do Uchiha, o clima parecia fazer pressão nos ombros dos dois rapazes. Sasuke pôs a mão sobre a bochecha que ardia e jogou-se para trás, suas costas foram confortadas pelo colchão macio e, assim ficou encarando o teto enquanto massageava onde o tapa havia acertado.

O Uzumaki sentou-se de qualquer jeito no sofá que tinha ali de olhos arregalados. Ele não conseguia acreditar que sua hime tinha desferido um tapa certeiro em seu amigo. Aquilo com certeza deixaria uma marca avermelhada por algum tempo. Viu o corpo do moreno dobando para trás, e com isso suspirou. Tentou desfazer a confusão e acabou com a bola de neve maior que já estava.

—Desculpa pela Hina-chan teme. Essa confusão está deixando todos nós uma pilha de nervos. – falou com pesar na voz. –Acredite, ela não fez por mau.

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Com um último olhar, ele saiu do quarto, iria procurar a moreno e acalmá-la de alguma maneira. À uma hora dessas, Hinata estaria arrependida pela pequena agressão contra o Uchiha.

~~*~~*~~*~~

Obrigado Hinata, agora tenho mais uma dor para me preocupar. — pensou ironicamente e tirou a mão da bochecha que não ardia mais.

Com as pálpebras pesadas, o moreno apenas deixou se levar pelo cansaço, tanto físico como emocional, afinal solucionar um quebra-cabeça onde tudo não se encaixa consome energia.

~~*~~*~~*~~

A chuva caia sem se importas com as pessoas que ainda andavam pelas ruas de Tóquio. Dentre elas, em um ponto de ônibus, Sasuke se esforçava para aguentar os pingos de chuva batendo com certa força em seu rosto, mesmo com o guarda-chuva. Por que a chuva estaria caindo em diagonal?

—Sasuke-kun? – a voz surpresa da pessoa que ele esperava soou baixa comparada ao barulho dos trovões. –O que você está fazendo? Se ficar nessa chuva vai acabar gripado. – falou preocupada.

Por que ela se importava com ele? Se para ela, ele não passava de um idiota sem coração que só pensa em flertar com as meninas da escola? Eram tantas perguntas, mas todas com a mesma resposta. Sakura o amava. E Sasuke lutaria por esse amor, ele não pretendia abrir a mão dele. Ele não perderia para um babaca vencedor de quatro torneios de xadrez consecutivos.

Agarrou o pulso da rosada e começou a andar. A arrastou pelas ruas quase desertas de Tóquio, com a Haruno pedindo para soltá-la ou andar devagar.

—Mas que droga! Solta! – protestou irritada, agitando o braço que Sasuke segurava firmemente o pulso.

Irritado com a agitação dela, o Uchiha apertou o agarre inconscientemente. Ele só queria levá-la em um lugar seco e menos barulhento, então por que raios ela pedia para soltá-la. Ficar doente era a única coisa que ele não queria que a rosada ficasse.

—Quieta! – mandou, a trazendo para mais perto de si, na proteção do guarda-chuva.

—Nem pensar! Estou atrasada, o Sai está me esperando. – agitou o braço preso mais uma vez, porém um aperto mais forte foi a resposta. Cansada de lutar vendo que mesmo com um decreto o Uchiha a soltaria, Sakura suspirou. –Por que você sempre me machuca? – perguntou em um murmúrio, mas, por incrível que parece, o moreno ouviu.

Por acaso ele era retardado? Como não tinha percebido que sua irritação pela pessoa cujo nome era Sai estava sendo descontado nela? Aos poucos foi afrouxando o agarre, até que o pulso – avermelhado – estivesse livre.

Sakura sentiu um alivio quando foi solta e para ter certeza que estava intacta, começou uma massagem em volto do avermelhado. Ela levantou a cabeça para encarar diretamente os olhos negros que adorava. E por esse ato, uma enorme vontade chorar apareceu em si.

—Por que você sempre me machuca? – seus olhos se encheram de lágrimas. -Será que ainda não entendeu: eu quero distancia de você! Afinal depois de ser confortado pela trouxa aqui, você vai correndo para os braços de algum rabo de saia que encontra, não é mesmo? – engoliu em seco, imaginando que aquilo faria a vontade de chorar sumir. –Mas tenho uma novidade a você Sasuke-kun, eu não vou mais bancar a amiga maternal, não com você! – desferiu um soco no peitoral do moreno o fazendo dar um passo para trás. –Agora se me der licença, um homem de verdade me espera.

—Se acalme Sakura! – a pegou pelos ombros, segurando firmemente enquanto encarava os lindos olhos verdes brilharem por conta das lágrimas.

—Saí da minha frente! – disse com raiva.

—Você não vai ficar com aquele projeto de fantasma! – a prensou no muro e no processo o guarda-chuva acabou parando no chão.

—E quem é você para falar uma coisa dessas? – respirou. -Eu perdi muito tempo pensando que um dia você iria finalmente me ver outros olhos e que seríamos um casal! Mas agora eu encontrei uma pessoa que me faz bem, e não ao contrário! – desabafou com a voz embargada pelo choro.

—Você o ama? – perguntou histérico e a surpresa em seus olhos pelas palavras carregadas de dor ditas por ela.

—O problema não é seu se eu amo o Sai. – o cortou mexendo o corpo de um lado para o outro, tentando de alguma forma escapar dali.

—Sim, é problema meu sim! Já que você só pode me amar, apenas eu! – falou com convicção a encarando.

—Sasuke-kun... – balbuciou seguindo de um soluço, as lágrimas escorriam por seu rosto alvo.

—Então Sakura, não diga que ama outro. O seu amor é único e exclusivo apenas para mim! – e a envolveu com os braços em um abraço cheio de sentimentos.

O choro histérico dentro da chuva que molhava o casal unido em um abraço caloroso era a única coisa que havia ali na rua.

—Ei, está tudo bem. Eu estou do seu lado! – sussurrou no ouvido dela de forma carinhosa enquanto a apertava em seus braços.

~~*~~*~~*~~

Sasuke abriu os olhos abruptamente, com o coração acelerado, desviando seus olhos de um canto para o outro. Fazia um bom tempo que não sonhava ou recordava daqueles dias junto de Sakura.

—Eu estou do seu lado. – falou, lembrando do sonho que havia acabado de acordar. Por que justo agora, sua mente resolveu fazê-lo recordar? Um suspirou escapou de seus lábios e se ajeitou melhor na cama, pondo todo o seu corpo em cima do colchão. Seu dia estava melhor impossível.

O toc toc da porta soou por todo o seu quarto, despertando de seus devaneios, por ora esqueceria do sonho.

—Sasuke, estamos entrando. – a voz da Nara soou abafada pela porta. Sem nenhuma resposta, os seus amigos foram entrando um por um.

—Agora meu quarto virou sala de reunião? – perguntou sarcástico deitado na cama.

—Beijos para o seu sarcasmo! – revidou Ino, já acomodada no sofá.

O Uchiha franziu o cenho, não perderia seu tempo discutindo com a loira. A criancice da mesma podia deixá-lo de cabelo em pé.

—O que querem?

—Naruto passou quarto por quarto dizendo que você e ele tinham algo importante para contar e que era para se reunir aqui, então, cá estamos nós! – respondeu Tenten.

Lançou um olhar significativo ao loiro sentado ao lado de Hinata. Naruto vendo o claro aviso de morte nos olhos do moreno, engoliu em seco.

—Espera um pouco, cadê sua cria, seu marido e meu namorado?

—Cria é a pu...

—Será que não percebeu que o Neiji é um pai coruja e que o Gaara é o tio preferido da Akemi? – interrompeu Shikamaru com a cabeça apoiada no ombro da amada.

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—Preferido uma ova! Ela só gosta do Gaara, porque pensa que os cabelos dele têm gosto de morango e sempre tenta mordê-los. – a Yamanaka revidou, só de pensar que os cabelos ruivos do namorado ficariam encharcados de baba, o sangue subia-lhe a cabeça.

—Que seja Ino! Irritada desse jeito até parece que está na TPM. – cortou Temari. Aquela discussão não renderia em nada. Se a loira estava de TPM era problema dela.

—Calada Tema! Só porque está grávida não quer dizer que pode sair dizendo o que der na telha.

—O sujo falando do mal lavado! Ainda bem que sou eu quem fica acusando a amiga de infância por tudo que acontece entre nós. – respondeu com o rosto vermelho pela irritação.

—Bom, pelo menos eu não fico defendendo uma testa de marquise só para provar a mim mesma que ainda tenho consideração por ela. – lançou um olhar desafiador à Nara quando viu a surpresa em suas expressões faciais.

Todos ficaram sem fala, desviando os olhos de um para o outro, sem saber o que fazer. A última frase de Ino, de certa forma, atingiu a todos, principalmente as garotas.

—O que foi Tema? A verdade sobre os fatos é tão dolorosa assim? – provocou ainda mais.

—Já chega Ino-chan! – levantou-se em um solavanco do sofá sendo acompanhada de Shikamaru que até então estava quieto em seu canto, mais uma provocação solta pela Yamanaka e ele com certeza cometeria um crime, paciência tem limite!

—Se continuar com esse showzinho, sairá do meu quarto Ino. – completou Sasuke. Durante toda aquela discussão sem fundamentos, ele permanecera calado, apenas ouvindo a troca de farpas entre as duas loiras esquentadas. Sentou-se com dificuldade na cama e se deparou com quatros pares de olhos arregalados.

—Quem bateu em você? – questionou Tenten.

Em um sofá de dois lugares, a Hyuuga suava frio.

—Por que não pergunta à Hinata? – respondeu com outra pergunta. Os quatros desviaram sua atenção à morena que parecia estar à preste de ter um ataque. –Ela saberá o que aconteceu, detalhe por detalhe. – acrescentou com um sorriso de canto.

—Hinata aquela marca perfeita de uma mão é sua?

A Hyuuga sentiu o arrependimento bater, nunca mais faria uma coisa daquelas. Assentiu com a cabeça, respondendo a pergunta da Nara.

—Juro que foi um acidente. O Sasuke falou coisas horríveis da Sakura-chan e eu me descontrolei, ele não parecia a pessoa de sempre e por impulso acabei dando um tapa. – justificou nervosa. –Desculpe por isso Sasuke. – pediu olhando diretamente para o moreno.

—Não se preocupe com isso Hime, ele já superou. Se bem que, aquele tapa foi muito merecido. – pôs a mão no ombro da futura noiva em forma de consolo. –Não é mesmo, Sasuke? – desviou a atenção para o amigo.

—Como assim? E espere um pouco, que tipo de coisas você falou sobre a Sakura? – intrometeu-se Tenten, a conversa que antes era uma discussão se tornou uma confusão que os quatros ‘’desinformados’’ não conseguiam seguir.

—O Sasuke é infiel e tem um filho que nem mesmo ele próprio sabe. – falou Naruto, transformando o motivo do sumiço da Haruno em uma piada, que apenas o próprio ria, já que Sasuke encarava mortalmente o loiro e Hinata estava indignada. Como seu amado poderia bancar o bobo da corte em uma situação tão delicado quanto essa?

—Como é que é? – perguntaram os quatros juntos, não sabendo de mais nada.

O Uchiha e a Hyuuga soltaram um suspiro cansado.

—Não brinque com isso Naruto-kun, conte logo o que vocês dois descobriram nessa manhã!

E assim, o Uzumaki contou o que havia descoberto, não deixando nenhum detalhe de lado, e quando falou sobre o Uchiha ter chamado a Haruno de interesseira, dois olhares bravos misturado com incredulidade foram lançados no mesmo, dizendo apenas com olhar o quanto era idiota.

—Agora entendi do tapa. – disse Shikamaru olhando para o moreno com diversão.

Isso está ficando cada vez mais problemático! — pensou.

—Se o Sasuke já é pai, como nós nunca vimos a criança?

—Larga de ser burra loira! Você nos contaria que tem um filho com outro?

—Isso seria vergonhoso. – murmurou para si mesma. –Lógico que não Shikamaru, onde ficaria minha dignidade?

—Eu não tenho um filho e nunca trai a Sakura. – manifestou-se. –Não perceberam que isso é uma história inventada por ela? Porque ela é uma interesseira!

A morena e a loira se levantaram no mesmo instante e se aproximaram do Uchiha.

—Repita isso de novo e eu faço questão de deixar a marca da minha mão no outro de seu rosto! – ameaçou a loira.

—E é bom você providenciar pó de arroz, se não quiser voltar parecendo um panda!

—Ei, Temari, Tenten, se acalmem. – o loiro tentou amenizar a situação. –Teme, tire essa história absurda de sua cabeça.

—O Naruto tem razão, se vocês não perceberam a história está mal contada. Até descobrirmos exatamente o que houve naquele dia, ninguém tem o direito de ofender ninguém! Estamos entendido? – falou Shikamaru, mesmo sendo preguiçoso e resmungar de tudo, era inteligente.

A Hyuuga mantinha-se quieta em meio aquela conversa confusa, não tinha a menor vontade opinar em nada, apenas se trancou em seus devaneios.

Hinata desde que ouviu a história toda contada pelo amado, uma coisa, ou melhor, uma lembrança não saia de sua mente. Franziu o cenho, nunca tinha prometido não contar a eles sobre o PRESENTE de Sakura para Sasuke e até hoje não sabia o motivo de não ter o feito. Se falar sobre a gravidez da rosada, com toda certeza tudo ficaria mais confuso, mas algo dentro de si dizia que deveria, mesmo que deixasse todos de cabelo em pé. Engoliu em seco e apertou suas em forma de punhos.

—A Sakura esperava um filho! – elevou a voz para poder falar e quando encarou os amigos em choque por suas palavras, a morena não sabia o que fazer.

O quarto foi tomado por um silencio desconfortável, as pessoas ali presentes tentavam digerir a mais nova informação sem entrarem em um colapso nervoso. Agora, nada fazia o menor sentido.

~~*~~*~~*~~

Naquela tarde, a médica de cabelos róseos parecia um robô, realizou duas cirurgias da forma mais mecânica que se podia imaginar, deixando seus ajudantes preocupados, falava apenas o necessário e quando tinha um minuto para respirar, ficava com o olhar perdido, encarando um ponto qualquer.

—Sakura! – uma mão foi depositada em seu ombro.

—O que foi Sanada-san? – virou-se por sobre os calcanhares encarando o enfermeiro que havia ajudando-a com ELE ontem a noite.

—Aqui está o prontuário que você pediu. – estendeu a pasta branca.

—Obrigada. – sorriu levemente e quando fez menção de andar, a voz preocupada do enfermeiro perguntando se estava tudo bem a fez parar. -Estou ótima, obrigada. – respondeu de costas, dando o primeiro passo.

—Esse casamento é uma farsa! Tudo que você viveu com ele foi uma mentira! Porque o Sasuke já tem uma família que o apoia e ama.

As frases que destruíram sua felicidade ecoaram em sua mente causando uma tremenda dor de cabeça, mas a Haruno iria suportar, mesmo que voltasse a agir como era a dois anos e meio, mesmo que suas cicatrizes voltassem a abrir. Ela suportaria como fez antes.

Respirou fundo para controlar a respiração, o cheiro de anticéptico entrou pelas suas narinas, lembrando que ainda tinha mais uma cirurgia pela frente. Balançou a cabeça de um lado para o outro, espantando a dolorosa lembrança.

~~*~~*~~*~~

—A cirurgia foi um sucesso. Seu filho está fora de perigo, agora, é só aguardar a anestesia passar. – informou a mãe preocupada.

Essa foi sua última cirurgia do dia que levou mais do que imaginava, mas também, ninguém pensaria que um pedaço considerável de caco de vidro poderia causar um problema enorme.

—Obrigada Haruno-san. – os olhos da mãe brilharam pelas lágrimas.

—Isso é apenas o meu trabalho. – respondeu e sorriu levemente. –Ele já foi transferido para o quarto, se quiser vê-lo, sinta-se a vontade. Com licença. – virou-se por sobre os calcanhares e começou a andar, limpou o suor que escorria de sua testa e deixou os ombros caírem. Como estava cansada.

Chegou a sua sala com as roupas que usou na cirurgia penduradas em seu braço esquerdo. Jogou-se de qualquer jeito em sua cadeira e finalmente pode sentir a brisa de verão acariciar seu rosto. Fechou os olhos para aproveitar aquele momento.

—Eu vim aqui atrás de respostas e até você explicar melhor essa história eu não vou embora!

—Se ainda não entendeu que o Sasuke é infiel, o problema é seu!

—Eu compreendo tudo agora, troco o título de traidora que pus na Sakura e coloco interesseira no lugar.

Abriu os olhos assustada. E em horas inoportunas como essas, as palavras de hoje cedo resolvem atormentá-las, havia ouvido tudo por detrás da porta, mesmo que fosse por acidente. Porém ela podia fazer o que? Já que suas pernas perderam as forças e caiu sentada no chão e, para Sasuke a chamar de interesseira, fazendo seu peito se apertar. Depois que o Uchiha reapareceu como um fantasma em sua vida, Sakura perdeu a auto-estima.

Deixou ser levada pelos sentimentos, permitindo que as lágrimas, uma por uma, escorressem pelas suas bochechas. Ela era uma fraca! Deixou ser agarrada e ofendida noite passada, e pela manhã aceitou mais uma vez as ofensas mais absurdas do moreno depois de finalmente tomar coragem e falar o motivo de seu abandono.

De repente a porta foi aberta, mas Sakura não estava em condições de atender a um paciente. Ouviu passos se aproximando e para não mostrar as lágrimas, escondeu o rosto entre os braços depositado em sua mesa.

—Sakura. – a voz da Okada soou doce.

Vendo a amiga chorando, Namie não se segurou e a envolveu em um abraço apertado.

—Pode chorar o quanto quiser Sakura, mas lembre-se que quem vive de passado é museu. – acariciou os cabelos, tendo confortá-la.

—Mas eu sou fraca Nami-chan. – falou entre soluços.

—Não fale besteira, você é muito forte Sakura. O sorriso que você tem é a prova disso, além do mais você uma flor de cerejeira que enfrenta um inverno lascado para florescer e deixam as pessoas admiradas. – sussurrou mansamente.

Mesmo que a rosada tivesse pais, Namie sentia que tinha o dever de proteger e confortá-la, já que Sakura era a menor comparada a ela, Karin, Itachi e Suigetsu. Não era um amor maternal, ela só via a rosada como uma irmã mais nova, e como irmã mais velha, ela faria algo para animá-la, esperava que Karin a ajudasse com essa surpresa e não ficasse enciumada.

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O corpo da Haruno não chacoalhava mais por conta dos soluços e vez ou outra se ouvia a mesma fungar. Namie sorriu vendo o efeito de suas palavras na rosada, quando veio ao hospital para uma consulta de rotina não conseguiu evitar e foi andando até a sala de Sakura, porém ao entrar e vê-la aos prantos, a preocupação tomou conta de seu corpo.

—Está mais calma? – perguntou e um baixo SIM foi ouvido. –Então já podemos ir embora, já que por hoje o seu trabalho terminou né?

Sakura apenas assentiu em resposta, levantou-se secando o rosto com costas das mãos.

—Eu só vou lavar o rosto. – avisou indo em direção do pequeno banheiro que tinha em sua sala.

Depois de três minutos, ela voltou, mas os indícios de choro ainda eram visíveis em suas feições. Mesmo com as palavras calorosas da amiga, Sakura sentia algo cutucar seu coração, mas tratou de ignorar quando viu o sorriso de Namie que não pode deixar de responder com outro.

—Agora você resolveu controlar o meu tempo de trabalho, é? – perguntou brincalhona.

—É essa Sakura que conheço!

—Acabei de lembrar, eu prometi a mim mesma que hoje ninguém estragaria o meu dia, e vou cumprir essa promessa!

—Só hoje não Sakura! Todos os dias! – juntou-se a rosada que já a esperava perto da porta e juntas saíram de braços dados da sala, ignorando os olhares estranhos, mas principalmente a Haruno que a todo custo ignorava a pequena dor em seu peito.