Meu Doce (In)Desejado

Capítulo 3


Carolina e Henry logo estavam de volta ao salão. Victória, Albert e Luzia pareciam, finalmente, estar levando uma conversa casual, sem nenhum tipo de negócios envolvido.

- Já voltaram? - Albert exclamou assim que o mais novo casal real adentrou o recinto.

- Já, Henry não conseguia parar de falar da sobremesa! - A princesa do Sul comentou ao sentar-se de volta na cadeira. Henry fuzilou Carolina e depois sorriu constrangido.

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- Certamente não parei. - Henry concordou com a mentira. - Depois de você falar dos seus dotes culinários eu fiquei com água na boca pela sobremesa... - Completou.

- Carolina te contou como ela é mão cheia na cozinha? - Luzia perguntou cheia de orgulho.

- Ela não parou de falar sobre isso. - Henry riu. - Luzia, acredite se quiser, mas sua filha teve a gentileza de convidar minha família para um jantar... Ela disse que vai cozinhar... - Carolina tossiu surpresa.

- Mas isso é magnífico! - Luzia juntou as mãos frente ao corpo enquanto sua filha parecia desacreditada. - Não acredito, querida, você finalmente está criando gosto pela culinária.

- Eu também não acredito, mamãe! - Carolina comentou por entre seus lábios enrijecidos.

A culinária era uma das maiores tradições llyonenses desde que Llyoal era considerado um reino. Desde sempre as mulheres que tinham um dote na cozinha eram as mais valorizadas e indicadas para um casamento. E mesmo em 2012 essa tradição não havia mudado, assim como muitas coisas dentro do pequenino reino de Llyoal.

Por Llyoal ter uma forte tradição envolvida com a culinária era obrigação da princesa saber tudo sobre a cozinha llyonense e Henry sabia muito bem disso. Sabia também, ou melhor, desconfiava que Carolina não era o tipo de mulher que gostava de cozinhar... Ela era muito decidida e focada, e certamente não fazia o estilo de mulher que passava horas dentro de uma cozinha...

- Eu ficaria honrada em jantar algo preparado por você, Carolina! - Victória comentou fazendo a princesa corar. - Afinal, em breve pertenceremos a mesma família...

- Uhumm... - Carolina concordou. Sentia vontade de sumir dali.

- Não vejo a hora desse jantar chegar... - Henry comentou segurando um pequeno riso.

A conversa entre os Caldwell e os Lamont não durou muito mais. Foi apenas mais uma hora de provocações sutis entre Carolina e Henry até que ela e sua família voltaram para South Whintchersbarg.

- Muito bonito ehein, Henry! - Victória comentou enquanto observava o carro real da família Lamont se afastar rumo ao portão.

- O que? - Ele indagou.

- Você acha que eu não percebi as suas cutucas em Carolina? - Victória cruzou os braços e girou o corpo para o filho.

- Cutucadas? - Henry fingiu-se de desentendido.

- Sim, Henry. - A rainha rebateu. - Suas provocações foram sutis porém não imperceptíveis. - Completou ainda encarando o príncipe.

- Ela também estava provocando, ora essa! - Exclamou revoltado. - Essa princesinha, não é o que parece, Victória. Não se deixe enganar por esse rostinho... - Henry tagarelava. - ... Saiba que nosso passeio pelo palácio foi muito desagradável e boa parte disso se deve à língua afiada que esse garota tem! - Victória respirou fundo enquanto tentava ignorar o discurso desesperado que o filho dava.

- Henry, não é bom guardar tanta raiva assim de uma pessoa, primeiro porque você acabou de conhecê-la e segundo porque terá que "aturá-la" todos os dias de sua vida começando por amanhã! - Os olhos azuis do príncipe se arregalaram.

- O que quis dizer com isso? - O jovem perguntou mesmo que não quisesse saber da resposta.

- Bom, enquanto você e Carolina estavam dando seu passeio pelo palácio eu e os Lamont concordamos que seria interessante que o povo pensasse que o casamento de vocês não é arranjado e sim uma escolha de vocês dois por estarem apaixonados... - Victória explicou.

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- Desculpe, mas ao meu ver é mais do que óbvio que esse casamento é arranjado... o príncipe do Norte e a princesa do Sul coincidentemente se apaixonaram quando o reino de Llyoal se reunificou... Isso é muito óbvio! - Henry exclamou.

- Concordo que seria óbvio se vocês se casassem à princípio, contudo ao invés disso vamos programar algumas aparições em público e deixar o resto do trabalho com a mídia sensacionalista. - Victória explicou.

- Nossa! - Henry exclamou espantado. - Esse circo que vocês estão montando é mais ridículo do que eu pensava. Agora eu vou ter que fingir que estou apaixonado por aquela criança.... - Rodou os olhos com raiva.

- Carolina tem 20 anos não 12. - Victória afirmou. - E mesmo assim é mais madura que você... - Henry soltou um riso abafado por não saber o que responder.

O príncipe sentia-se um fantoche controlado pela mãe diante daquela situação. Mais do que isso sentia-se impotente por não conseguir fazer nada, embora tentasse. Imaginava que Carolina devia sentir o mesmo. E, na verdade, ela sentia...

- Não podem me obrigar a fazer isso! - Carolina bradou. Ela e seus pais estavam sentados no banco de trás de um luxuoso Bentley chumbo, rumo ao palácio de South Whintchersbarg.

- Carolina, as aparências são tudo dentro de um relacionamento arranjado! - Albert exclamou como se aquilo fosse algo super comum. - Já está combinado com Victória que amanhã, logo cedo, você e Henry serão flagrados... - O rei ergueu os dedos fazendo o sinal de aspas ao pronunciar a palavra "flagrados". - ... tomando café da manhã juntos no Boulangerie.

- Não consigo acreditar nisso! - Carolina sentia sua respiração ficar mais abafada. Luzia encarava a filha com uma certa desconfiança no olhar, sentia que ela estava lhe escondendo algo. - Eu não quero fingir que gosto desse homem, ele é terrível! - Confessou.

- Filha, não exagere! - Albert exclamou. - A princípio tive minhas dúvidas pela forma com a qual Henry se comportou, mas depois, quando vocês dois estavam passeando pelo palácio, Victória me explicou que Henry está apenas agindo assim porque está nervoso com esse casamento e não tem mais o pai para apoiá-lo. - O rei do Sul explicou.

- A sensação que eu tenho é que Henry tem cinco anos e eu serei a mais nova babá dele! - Carolina cruzou os braços.

- Chega de exageros, filha! - Albert ordenou rudemente. Carolina fitou a mãe pedindo "socorro" com o olhar, contudo sabia que não havia muito para Luzia ajudar.

O resto do caminho até South Whintchersbarg fora silencioso. Carolina sentia vontade de gritar e cancelar aquele casamento, entretanto após conhecer Henry ela sabia que era dever dela impedir que o novo reino de Llyoal ficasse nas mãos dele. E como dizem por ai: se não se pode vencer o inimigo junte-se à ele, ou melhor, case-se com ele.

A jovem princesa encostou a cabeça no vidro e observou a paisagem correr diante de seus apagados e tristonhos olhos azuis. Era incrível a diferença entre o Norte e o Sul. Enquanto o primeiro era mais urbano e industrializado o segundo era mais rural, repleto de grandes plantações e fazendas.

O imponente palácio de South Whintchersbarg era localizado no topo da mais alta colina da região e por isso era visto por quase todo o reino de Llyoal do Sul e até algumas partes de Llyoal do Norte. Para chegar até lá, passava-se pela maioria dos vilarejos do sul. Ao ver o carro oficial do palácio muitos acenavam e normalmente a princesa e seus pais acenavam de volta. Contudo, hoje, Carolina não sentia vontade de sorrir falsamente para o povo enquanto acenava para ele...

Não demorou muito para o chamativo Bentley chumbo cruzar os portões de South Whintchersbarg, carregando, ainda, o silêncio crasso de Carolina e seus pais.

Ao sair do carro os reis do Sul foram diretamente para seu aposento real enquanto a princesa seguiu o caminho do estábulo, na ala oeste do palácio.

Cavalgar era provavelmente uma das maiores paixões que Carolina tinha. Era libertadora a sensação de estar sobre um cavalo, como se nada pudesse alcançá-la ou atingi-la.

- Acho que você é o único que me entende, Zuke! - Desabafou enquanto acariciava Zuke, um belíssimo Puro Sangue Inglês, tão branco quanto a neve e o favorito da princesa. - Se ao menos você pudesse falar... - Sorriu divertida por imaginar o cavalo lhe respondendo.

- Zuke não fala, mas eu sim! - Os maravilhosos olhos safira de Carolina se arregalaram em um instante. Ela sentiu cada pêlo de seu corpo eriçar na medida em que um forte arrepio lhe cruzava a espinha. Não, não era possível que após longos 2 anos ela estivesse ouvindo aquela voz tão aveludada e familiar novamente.

A delicada e rosada boca da princesa se curvou em um pequeno sorriso duvidoso. Ela fechou os olhos, respirou fundo e virou-se.

- Não acredito! É você mesmo! - Exclamou dando uma gargalhada. Carolina mal acreditava no que estava bem diante de seus olhos, agora, iluminados. Era bom demais para ser verdade...