Cuida De Mim?

Capítulo 3 - Velhas Amigas


Pov Thalia

Era uma manhã de domingo e eu estava em casa sem nada para fazer. O tédio me consumia! Quem diria que eu, Thalia Grace, estava quase se fundindo com os móveis. Se bem que era isso, ou aturar a minha madrasta surtando em um dos spa’s. Meu pai, Zeus, é um grande magnata de negócios que, nessas férias, cismou que teríamos as férias perfeitas em família. Nossa, super empolgante. Yupe!

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Ele me arrastou para esta casa no meio do nada, onde mal pega sinal de internet. Ainda por cima, ficou só um dia comigo e com a minha madrasta. No outro dia usou a empresa como desculpa e fugiu. Tentei pensar em algo divertido para fazer e me lembrei do meu primo, Percy Jackson, um idiota aí que também estava na casa de sua mãe aqui perto.

Liguei para ele e combinei que de tarde passaria lá. Fiquei um tanto que curiosa, pois ele disse que estava com um problema e sinceramente a última vez que ele disse isso, acabou acordando no hospital um mês depois.

Quando o sol se pôs, tranquei a casa e fui caminhando em direção à casa do meu primo. Chegando perto, avisto duas pessoas sentadas observando o pôr do sol, logo reconheci meu primo e uma garota loira. Eu a conhecia de algum lugar, mas não conseguia associá-la a nada em específico.

Fiquei observando-os de longe, até que percebi muita aproximação deles e eu, como uma boa prima, não perderia uma oportunidade perfeita para zoar meu queridíssimo primo. Tentei me aproximar ao máximo sem fazer barulho e cantei, “sem querer”, alto demais.

***

Pov Annabeth

Não podia ser, aquela era Thalia Grace. Minha melhor amiga de infância. A conheci quando tinha cinco anos de idade. Lembro-me vagamente de ter chego em uma escola nova e duas meninas metidas a valentonas mexeram comigo. Thalia simplesmente chegou desferindo um tapa em cada uma, mandando elas “brigarem com alguém do mesmo tamanho”. À partir desse dia nos tornamos grandes amigas, sempre fazíamos tudo juntos.

Mas paramos de nos ver depois da morte de meu irmão, pois nos mudamos. Continuamos a manter contato até os 14 anos por telefone, e-mail e cartas mais depois de um tempo ela parou de responder meus e-mails, de retornar as minhas ligações e minhas cartas. E desse jeito perdemos o contato.

Sem entender muito bem, apenas pelo impulso do momento, levantei-me e fui correndo em sua direção e a abracei. Ela pareceu meio surpresa, mas logo retribuiu o abraço. Nós ficamos lá um bom tempo abraçados, Percy não permitiu que ficássemos mais tempo assim, pois fez um “Arram” limpando a garganta. Quando me virei para ele, o mesmo estava com os braços cruzados e uma cara de quem diz "Vocês vão me explicar isso".

— Oi Percy, tudo bem? - disse Thalia com uma cara sarcástica.

— Oi Thalia, da onde você e a Annabeth se conhecem? - foi minha vez de responder.

— Percy, eu lembrei, ela foi a minha melhor amiga de infância, mas depois de um tempo perdemos contato.

— Ata, então vou deixar as duas as sós, mas antes quero ter uma conversa com a Thalia e a sós, se não se importar - estranhei, mas concordei.

Eles seguiram pela praia e eu me sentei na areia até eles retornarem.

Pov Thalia

Eu e Percy nos afastamos um pouco e ele começou:

— Bom, o problema que eu tenho se chama Annabeth e ...- o interrompi, pois não ia aguentar ouvir ele falar mal da minha amiga.

— Olha aqui, a Annie não é nenhum problema e se eu souber que você fez alguma coisa com ela, não queira em saber o que te acontecerá.

— Não, não é isso, é que ... – e Percy começou a contar tudo que aconteceu desde quando ele encontrou a Annie na praia até agora.

Eu realmente estava impressionada com tudo que aconteceu até agora, várias perguntas surgiam a minha cabeça e nenhuma tinha resposta. Pelo menos por enquanto. Podem me chamar de egoísta ou do que quiserem, mas uma ideia estúpida me ocorreu, queria curtir a minha amiga.

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— Olha, eu sei que você quer ajudá-la, mas eu a conheço há mais tempo e posso fornecer algumas informações. Mas agora não, hoje só quero passar uma tarde com ela. Ter a tarde só das garotas, sabe.

— Tudo bem, podem ir. Aliás, pode fazer um favor?

— Claro, mande.

— Eu tenho um dinheiro aqui e você se importaria de comprar umas coisas para ela? Roupa e tudo o que ela quiser, e que esteja dentro do orçamento, claro – ele falou tão sem jeito que ficou fofinho.

— Fechado, e não precisa ficar constrangido assim, priminho. Ela é areia demais para o seu caminhãozinho – ri e dei um soco em seu braço.

Percy me entregou o dinheiro, se despediu da Annabeth. Agora era só eu e ela. Se seguirmos a estrada, mais ou menos uns 30 minutos, chegamos em uma cidade pequena, mas que tem algumas coisas. Tem até uma espécie de complexo com algumas lojas, lanchonetes e etc.

Pov Annabeth

Thalia voltou e falou que íamos fazer compras, fazer unha, cabelo ... Enfim, ter uma tarde só das garotas. E assim seguimos uma estrada que tinha e chegamos a uma cidadezinha, ela até que era bem organizada. Tinha as coisas básicas para viver e outras coisitas.

Fomos andando até o que parecia ser o centro e encontramos um estabelecimento meio que grande pra ser uma loja e pequena para ser um shopping. Entramos e lá pude ver umas lanchonetes, e até McDonald's, algumas lojinhas, um salão e um espaço para diversão.

Resolvemos primeiro ir jogar, fomos em vários brinquedos e ficamos todas suadas. Depois fomos à loja e compramos toalhas e uma roupa limpa e fomos tomar banho. Quando estávamos parecendo gente, fomos às compras de verdade. Senti-me um pouco mal por dar essa despesa, mas Thalia alegou que Percy insistiu nisso e que ela sabia bem que ele não onde gastar esse dinheiro. Apenas ri e concordei.

Entrei várias vezes no provador e a cada vez a pilha de roupas aumentava. Quem diria que ali teria tantas roupas bonitas e baratas. Comprei várias blusas regatas, moletons, calças jeans, de cor, blusas de sair, vestidos, roupas de festas e muitos sapatos e tênis. Acabei me lembrando que eu amo sapatos.

Depois de várias e várias sacolas resolvemos ir ao salão de beleza. Lá recebemos todos os cuidados que poderiam existir, limpeza de pele, unhas, pé e mão, cabelo, maquiagem e até uma pessoa nos ajudou a escolher nosso look. Eu sai de lá como uma verdadeira princesa, com meus cabelos cacheados caindo em camadas até o meio da minha costas, um vestido de alcinhas justo até o meio da minha coxa e uma sapatilha cheia de brilho.

Thalia como sempre com o seu jeito punk, com seus cabelos curtos com mechas azuis, sua blusa do AcDc, uma calça de couro preta e um coturno. Estávamos morrendo de fome e resolvemos ir lanchar para depois ir embora. Quando chegamos ao caixa, encontramos um menino de cabelos pretos e olhos igualmente pretos, sua pele era tão branca que às vezes parecia ser translúcida.

— Oi, o que desejam? - disse o menino sem nem sequer nos olhar.

— Olá, Nico, nem repara nas suas amiga né? - disse Thalia com um sorriso no rosto. O menino chamado Nico finalmente levantou o rosto e nos olhou com um largo sorriso.

— Desculpe, é que esses dias eu ando meio ocupado. Daqui a pouco acaba o meu turno e eu passo na mesa de vocês. O que vão querer?

— Eu quero um milk-shake e um Mc lanche feliz. E você, Thalia? - foi a minha vez de falar, senão ficariam ali babando um pelo outro.

— O de sempre - respondeu Thalia e assim seguimos para a nossa mesa.

Durante essa tarde eu consegui lembrar de partes da minha infância: como eu conheci a Thalia, minha primeira maquiagem, os bons tempos que eu passei com o meu irmão antes dele morrer, e muitas outras. Lembrei que o que eu mais gostava de fazer era ler, depois de assistir televisão com Luke. Contudo, o mais importante que eu lembrei foi como a Thalia entrou na vida e a minha última tarde com Luke, antes de bem ... Vocês sabem o quê.

Flashback de como conheci a Thalia

Era meu primeiro dia de aula na escola nova. Eu tinha apenas 7 anos. Se aterroriza gente grande, imagina uma criança, é um horror. Estava procurando a minha sala de aula quando uma garota esbarrou em mim. Ela era morena, tinha cabelos e olhos castanhos. Mais alta do que eu, sua pose era intimidadora. Pude ler em seu crachá “Clarisse La Rue”, ela não estava sozinha, tinha mais duas garotas atrás dela.

— Você não olha por onde anda, novata? – perguntou me empurrando, fazendo com que eu caísse no chão.

— Mas foi você quem esbarrou em mim, não o contrário.

— Ainda por cima é mentirosa. Minhas amigas viram que foi você – as outras concordaram – Então, Anna... – ela tentou ler o meu crachá – Annanerd, não vai pedir desculpas?

— Eu não, sua presbiofrênica!*

— Me chamou de quê? Agora você vai pagar por isso.

— Aposto que nem sabe o que isso quer dizer, seu estrupício!

Entendam, não falei por mal. Só estava tentando me defender, já estava cansada de ser a alvo de bullying, por ser inteligente e tudo mais. A minha única forma de me defender era com palavras, em algo corporal, eu não teria chances. “Mas você só estava atiçando elas”, hoje eu sei, na época não.

E então Clarisse veio para cima de mim, me encostou contra a parede, puxou um pouco o meu cabelo. Torceu o meu braço para trás e chamou as amigas, estava combinando um plano com elas. Então uma voz ecoou pelo corredor.

— Solta ela, Clarisse.

— Ora ora, vejam se não é Thalia Grace, a defensora dos inocentes.

A conversa das duas não demorou muito, como eu ainda estava virada para a parede e imobilizada, apenas ouvi as meninas gritando, uns barulhos de tapas. Logo depois Clarisse caiu, vi Thalia por cima dela. Não fiquei muito para ver, Thalia mandou eu correr e assim fiz, indo para a minha aula. No intervalo fui chamada na diretoria, para esclarecer algumas coisas. Não sei o que Thalia fez, mas a mesma pegou uma suspensão de três dia e Clarisse não apareceu na escola por uma semana.

Após o ocorrido ela me procurou e assim passamos a andar juntas.

Flashback off

Terminamos o nosso lanche e percebi o olhar da Thalia sobre Nico.

— Você gosta dele, não gosta?

— Hum... o que, o que você disse? - ela falou parecendo estar saindo de um transe.

— Que você está caidinha por aquele atendente, certo?

— Como você sabe? Eu ... Espera, o que você está dizendo? Ele é só o meu amigo.

— Amigos não ficam babando um pelo outro.

— Okay, supomos que eu goste dele. Isso não daria certo – ela falou levemente envergonhada e abaixando a cabeça.

— Por que não daria? Ele parece gostar de você também.

— Porque ia ser só mais um romance de verão, sabe? Quando as aulas voltassem, tudo acabaria. Eu voltaria para minha vida e ele ficaria aqui. No próximo verão ele já nem lembraria de mim – seu olhar era triste.

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— Então você admite que gosta dele?

— Bom, sim ... Eu só não sei como prosseguir. Ele nem deve gostar de mim desse jeito.

— Claro que gosta, dá para perceber no jeito que vocês se olham, olhar de apaixonados.

— Está bem, já entendi. Mas me diz aí. Você e o meu primo?

— Bom é....- e assim eu contei tudo que já aconteceu, do nosso quase beijo, enfim.

Ficamos conversando sobre as mais diversas coisas. Estava tão distraída com o que se passava ao meu redor que apenas senti duas mãos tamparem os meus olhos. Assustei-me. O que estava acontecendo? Aquilo me deu uma sensação ruim. Tentei tirar as mãos dos meus olhos. A pessoa deve ter percebido o meu desespero e logo as retirou. Olhei para trás e vi um rapas que deverias ter seus 18 ou 19 anos, cabelos ruivos e olhos azuis.

— Eu te assustei? Pelos deuses, desculpa Annabeth. É só que eu estava te procurando – como ele sabia o meu nome?

— Desculpe, mas eu não me lembro de você. Como você sabe quem eu sou?

— Annie, eu sou seu melhor amigo, você sumiu e está desaparecida faz 2 semanas. Estávamos te procurando e o único motivo de eu estar aqui é porque meu carro quebrou e estou concertando. Em questão de uma semana ele estará pronto e poderei levá-la para casa.

— Mas como vou saber que você não está mentindo?

E assim ele se sentou e começou a contar várias histórias de depois que perdi contato com a Thalia. Não acreditava muito nele, não me recordava de nenhuma delas. Não era como as outras vezes, onde algo servia de gatilho e eu me lembrava de algumas coisas. Entre uma história e outra Nico chegou e se juntou a gente. Percebi seu olhar de raiva em Thalia e Max, pois a mesma estava encantada com as histórias e possuía um brilho nos olhos.

Eu me perdi no meio das histórias e comecei a olhar ao redor do local. Parei na entrada, onde avistei um Percy vermelho de raiva e com as mãos fechadas, como se estivesse prestes a dar um soco no primeiro que aparecesse. Mas que diabos aconteceu com ele?