O Acordo - Rose Weasley & Scorpius Malfoy

Dando ás costas ao passado, e abraçando o futuro/Epílogo


—Quem diria não é? Você e Rose, juntos. Tenho que admitir que assim que soube da noticia fiquei extremamente surpreso. Mas, Lysander, foi quem ficou mais chocado. –Lorcan distribui uma piscadela na direção de Scorpius, que revira os olhos cético. –Não é mesmo irmão?

Lysander Scamender demonstrava estar tão insatisfeito com a situação atual, quanto sempre demonstrava estar com a relação dos dois.

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Seu rosto pálido possuía um brilho de suor, e seus olhos demonstravam certa fraqueza. Parecia estar extremamente desconfortável e ansioso, como se estivesse desesperado para que tudo isso acabasse logo, tanto quanto Scorpius desejava.

A essa altura, o garoto se sentia até levemente irritado, fosse por Lorcan, que se demorava em seu discurso vingativo e entediante, e não e apressava em concluir o que viera fazer ali, fosse por Rose, que nunca saberia da existência daquela aliança, que já fora a culpada por fantasiar tantos futuros na mente dele, ao lado dela.

Era exatamente isso o que o deixava irritado. Em silencio, ralhava com o destino, o grande culpado por não poder realizar nenhuma dessas coisas.

—Mas, você não sabe a imensa felicidade em que Lysander se encontrou quando soube que tudo isso não passava de uma farsa. –Scorpius erguera a cabeça pela primeira vez prestando atenção nas palavras de Lorcan, que sorrira satisfeito por estar sendo ouvido. –Sim, Scorpius. Sabemos de seu plano. Parece que você e a Weasley não mantém nenhuma descrição. Imagina como Rony irá se sentir traído ao saber disso. Mas, fique tranquilo, não estará mais aqui para que Rony o culpe. E pode deixar, assim que você partir dessa pra melhor, saiba que Lysander irá cuidar direitinho de Rose por você.

—Cala. A. Boca. –ele pontuava cada palavra com uma pitada de um ódio esmagador, de um modo tão violento, que Lorcan chegara á se retrair por um centésimo de segundo.

—Acho que totalmente desarmado e jogado aí no chão você não mete tanto medo, Scorpius. E acho que você não está no poder de impor nada agora. –disse Lorcan em um tom amargo. Lysander já não empunhava mais a varinha, apenas encarava o piso com os olhos injetados de medo.

—Por que não termina logo com isso Lorcan? Se planejava me torturar antes de me matar, saiba que está fazendo um bom trabalho. –O garoto comprimiu a varinha, e Scorpius soubera que seu desejo estaria prestes a ser atendido.

—Como quiser. Como sou gentil, lhe concedo suas últimas palavras. –dissera Lorcan, um filete de suor escorrendo na lateral de sua cabeça, um olhar doentio estampando seus olhos.

—Rose?

—Rose, tudo bem, não tinha algo mais poético para dizer...

—Rose, o que está fazendo aqui? –Era só o que lhe faltava. Scorpius revirou os olhos e recostou a cabeça na parede, sem acreditar o que a garota de olhos esbugalhados pela cena, fazia ali.

—Eu que pergunto. Que diabos está acontecendo aqui? –Rose olhava para Scorpius, agachado no chão a observando de uma maneira tão incrédula, que até seria considerada engraçado se não fosse pelo fato de Lorcan empunhar uma varinha ameaçadoramente em sua direção, a deixando extremamente confusa depois de adentrar o cômodo em meio do ato.

—Rose, que bom que resolveu se juntar á nós! –ironizava Lorcan de um modo tão grotesco e falso que até Lysander fora incapaz de não revirar os olhos e suspirar.

—Deixe ela em paz, o assunto é comigo Lorcan! –gritou Scorpius levantando-se rapidamente.

—Fique onde está! –ele teria avançado se não fosse pelo fato de que ao invés de Lorcan apontar a varinha para ele, agora a apontava na direção de Rose, que permanecia encolhida e aterrorizada.

— Rose vai embora!-gemeu o louro.

—Está louco? Eu não vou te deixar aqui! –ela gritou.

—Ótimo, Então se junte á ele! –Então Rose caíra sobre o piso de madeira com um baque, ao lado de Scorpius que revirava os olhos e suspirava enquanto ela dava de ombros.

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—Você é imbecil ou o que, Rose?! O que veio fazer aqui justo agora? –ele pergunta em um volume baixo para que somente a garota com o lado direito do rosto esmagado no piso ouvisse.

—Vir admitir que não consiga mais ficar longe de você e fazer as pazes por acaso é um bom motivo para você? –dizia ela franzindo a testa, como se discutisse com ele ao invés de lhe dar a melhor noticia que ele poderia ouvir.

—É... Talvez seja um bom motivo. –ele diz embasbacado fazendo-a sorrir.

—Já que não está a par das coisas Rose, deixe-me resumir o que está acontecendo aqui. –Lorcan andava de um lado para o outro, tamborilando a varinha em uma das mãos, pronto para recomeçar a fala, fazendo Scorpius suspirar impaciente.

—Seu namorado, está aqui apenas por um motivo. Satisfazer minha vingança pessoal. Hoje, depois de todos esses anos, eu finalmente vou poder vingar meu pai...

—Não me surpreenderia se ele dissesse que seu próximo passo é dominar o mundo. –resmunga Scorpius sarcasticamente.

—Muito engraçado Malfoy. Acho incrível o fato de você conseguir manter o humor em uma hora dessas. –diz Lorcan azedo pela súbita interrupção. –Como eu ia dizendo, Scorpius é a solução para todos os meus problemas, em um sentido figurado digamos assim. Me livrar dele, é o único modo de consertar tudo. É o único modo de fazer os Malfoy pagar por tudo o que causaram á minha família no passado.

—Vai ter que me matar primeiro. –dissera Rose ferozmente.

—Ah, pode deixar, eu mato. –Lorcan falou em uma voz quase que cantarolada. –Podemos adaptar o antigo ditado. Que sejam três coelhos com uma cajadada só então.

—Não! –Lorcan se surpreendera ao constatar que o lamento não viera dos lábios de Scorpius e sim do irmão, que grunhia com os punhos cerrados, o peito arfando em um movimento rápido pela raiva que sentia.

—O que foi agora Lysander. –disse Lorcan impaciente.

—Você prometeu Lorcan, disse que não iria machucá-la! –Lysander dava voltas em si mesmo, quase arrancando os fios de cabelo da cabeça.

—Não seja imbecil, estou fazendo isso por nós, finalmente iremos destruí-lo! Finalmente iremos fazê-lo pagar Lysander! –gritou Lorcan descontrolado, empurrando Lysander contra a parede que se aquietou durante um segundo.

—Você sabe que não irá destruir apenas ele se tocar um dedo nela! –e pela primeira vez, Rose realmente enxergou os olhos de Lysander, que possuíam um brilho estranho, quase como se além de lágrimas, depositasse tudo o que queria dizer á ela naquela breve troca de olhares.

—é, parece que não posso contar com meu próprio irmão. –sussurrava Lorcan para si mesmo enquanto observava a cena, afastado. - É mesmo uma pena. Estupefaça! –em alguns segundos, Lysander estava desacordado do outro lado do dormitório, e Rose suspirava fundo enquanto se sentia cada vez mais aterrorizada com o que poderia acontecer á ela. E como se Scorpius pudesse ler seus pensamentos disse:

—Tudo bem, não vou deixar ninguém te machucar. Não vou permitir que nada de ruim aconteça á você, está me ouvindo? Eu prometo. –uma das piores coisas pelo qual alguém pode ter o infortúnio de passar, é ver a pessoa o qual você mais ama chorar. E enquanto segurava o rosto de Rose em suas mãos, Scorpius se sentia a pior das pessoas observando-a se debulhar em lágrimas descontroladamente á sua frente.

—Sabe, se você não tivesse me seguido, nada disso estaria acontecendo. –disse Rose em meio à correnteza de lágrimas que brotavam de forma desordenada em seus olhos.

—Sabe, se você não tivesse fugido, nada disso estaria acontecendo. - um sorriso triste se abrira em seu rosto quando Rose dera uma risada lacrimosa, mais parecida com um latido do que com uma risada.

—Tem alguma ideia do que fazer? –ela perguntou.

Por mais que quisesse dizer á ela que havia arquitetado um bom plano que a tirasse dali, não havia. Nada surgira em sua mente neste espaço de tempo que se encurtava cada vez mais, assim como sua chance de escapar ileso dessa. Mas não podia mentir para ela, muito menos iludi-la. Por isso optara por ser sincero ao dizer:

—Não. –e se arrependera no mesmo segundo ao vê-la se encolher derrotada.

—Olhe o que fez Rose. –Lorcan caminhava de um lado para o outro, o mesmo olhar de demência e transtorno que seu pai um dia já tivera presente em seus olhos. –Olhe o que fiz á Lysander por sua culpa!

Rose o observava de forma incrédula, aterrorizada pela imagem que testemunhava á sua frente, que não se assemelhava em nenhum ponto, ao garoto que conhecera pequena.

—Você está louco! –dissera Rose balançando a cabeça negativamente. –A vingança lhe deixou completamente cegou Lorcan! Acha mesmo que sairá ileso dessa historia? Acha mesmo que ferir Scorpius e á mim irá lhe satisfazer? Nada vai corrigir o passado, nem mudar o que aconteceu!

Por um segundo, o garoto demonstrava estar embaraçado, entender a verdade daquelas palavras. Porém, o vislumbre terminara em segundos, e o sorriso perverso e doentio voltara a surgir em seu rosto, determinado e menos disposto do que nunca a ouvir o outro lado.

—é aí que você se engana. Ferir Scorpius fará mais do que simplesmente me satisfazer. –ele diz e Rose reconhece que sua tentativa se tornara falha.

Enquanto os dois discutiam, uma grande ideia literalmente acendera na mente de Scorpius. Observando o candelabro aceso perto das cortinas, pensava em quantas coisas poderiam dar errado neste plano, e media o grau de insanidade que ele possuía. Mas considerando as circunstancias, em que se encontrava arriscar-se era sua única opção.

—Rose? Confia em mim? Realmente confia? –sussurrou Scorpius no ouvido da garota, assim que Lorcan começara a girar em círculos, planejando seu próximo passo que fora interrompido e descartado assim que estuporara Lysander.

—é claro que confio em você. Por que está me perguntando isso? –a garota franzia a testa, confusa pela súbita e inusitada pergunta.

—Tenho um plano, mas é... Insano. Pior que isso. Excede todos os graus de insanidade que um plano poderia ter. A escolha é sua: Prefere arriscar e confiar em mim?

Ela não cogitou ao sorrir e dizer com firmeza:

—Todo plano brilhante tem certo grau de loucura. Vai em frente. -e no segundo em que a garota o dissera, Scorpius depositara um chute na cômoda em que se encontrava o candelabro aceso, que girara em torno de si mesmo, enquanto todos o observavam, inclusive Lorcan, depositando toda sua confiança em um suporte de velas. Fosse pela gravidade, - a mais provável das alternativas, - fosse pela força de seu pensamento, o candelabro cedera e atingira as cortinas de linho, que se tingiram de chamas no mesmo segundo, fazendo Lorcan perder o foco por um momento.

—O que estão fazendo seus imbecis! –o garoto gritou apoiando-se nas paredes trêmulo, o fogo refletindo em sua íris.

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—Chamando a atenção! –gritou Scorpius se sobressaindo ao crepitar do fogo. –Todos estão assistindo ao jogo agora, só nos estamos aqui. Se conseguir atrair a atenção para o castelo, virão nos socorrer, e sua vingança estará arruinada!

—E você não pensou na remota possibilidade de todos morrermos carbonizados antes que alguém consiga chegar até nós?! –Scorpius realmente não havia cogitado essa possibilidade, e temera que as palavras de Lorcan estivessem corretas ao ver Rose começar a tossir, e a fumaça se alastrar pelo dormitório.

—Vamos logo. –grunhiu Scorpius para si, observando a janela, esperando que seu plano insano agisse rapidamente, antes que tivesse tempo de se tornar uma armadilha.

***

“Dickson passa a goles para Myrtle que segue em disparada e... Uh! Não teve sorte, Myrtle é atingida por um balaço, sonserinos trapaceiros...”.

—Lillian, preste atenção no jogo, vai perder a melhor parte, - reclamou Albus devorando a pipoca grudenta da irmã, que se mostrava desconfortável por algum motivo percebera o garoto. –O que foi? Está com algum problema? Me deixou comer sua pipoca, não está prestando atenção no jogo mais esperado do ano, está quieta... Você está bem?

—Não sei. É como se... Como se algo estivesse fora do lugar. É uma sensação estranha... Algo não está certo. –ela diz se encolhendo e rapidamente sendo envolvida pelos braços de Zabini.

—Está agindo como o papai, Lillian. É sério, relaxa. –diz Albus indiferente.

—Tudo bem, Lill’s. – Zabini falou enquanto afagava seu braço. –Não há nada de errado.

—Tudo bem. Você deve está certo. –ela sorrira e se voltara para a disputa, com a mesma sensação incômoda presente em si, porém achou melhor ignorá-la.

—O que é aquilo? –gritou alguém na multidão, apontando em direção ao castelo, que possuía um brilho alaranjado, que trepidava como uma longa cortina laranja ao vento.

—Fogo! –exclamou outro, e assim que se confirmara, Lillian arregalou os olhos, sabendo exatamente o que a sensação estranha significava agora.

—Rose! Rose está no castelo! –ela gritou apavorada.

—Scorpius também está lá, ué, não ignore o garoto só por que é uma aliada de Rose nesta briguinha idiota. –ralhou Albus.

—Lysander e Lorcan também não seguiram o Scorp logo depois que ele saiu correndo? –perguntou Zabini aos dois.

Então tudo fizera sentido e pareceu se encaixar, quando os três começaram a descer as escadas em um ritmo desumano, uma tarefa um tanto complicada já que todos os outros haviam tido a mesma ideia.

—Cai fora! –Lillian gritou enquanto afastava com um pontapé, um estudante que planejava roubar uma das vassouras deixadas pelos jogadores no campo. –Estão esperando o que para subirem em suas vassouras? Andem logo!

Então com o estimulo de Lillian, os dois garotos que a observavam embasbacados seguiram seu gesto, e os três alçaram voo rapidamente.

O plano insano finalmente surtia algum resultado.

***

Scorpius Malfoy e Rose Weasley permaneciam encolhidos no chão, colados um ao corpo do outro, começando a duvidar se realmente escapariam dessa.

—Me desculpe por estragar tudo. –tossiu Scorpius derrotado e terrivelmente culpado por fazê-la passar por isso, enquanto a maior parte do dormitório já se encontrava tomada pelas labaredas dançantes.

—Me desculpe por não ter concertado tudo antes. –ela tossiu, enterrando o rosto em seu peito, enquanto esperava que o destino se concretizasse.

—Tudo bem, Cenourinha. Vamos ficar bem. –ele fechara os olhos enquanto uma lágrima escorria no canto de seu olho, ao sentir que Rose havia acabado de perder a consciência.

—Você é realmente muito imbecil. –dissera Lorcan avançando até o garoto com uma estaca que retirara dos trilhos estraçalhados da cortina. –Eu nunca planejei machuca-la, Malfoy. E então você coloca fogo no dormitório e faz todo o trabalho por mim. Eu vou poupá-lo da dor de morrer queimado. Adeus, Malfoy. Eu desejo imensamente que você e Rose vão para o infer...

Porém, o garoto não conseguira concluir suas palavras, que foram subitamente interrompidas pelo golpe que recebera na parte de trás de sua cabeça, que o deixara inconsciente na mesma hora.

Scorpius se surpreendera ao ver a pessoa que deferira o golpe, empunhando outro pedaço de madeira carbonizada em suas mãos, como se fosse rebater uma bola de beisebol.

—Pegue-a, vamos sair logo daqui! –grita Lysander correndo em direção á porta com a varinha que pegara de Lorcan, enquanto Scorpius saía em seu encalço, com a garota ruiva chacoalhando debilmente em seus braços enquanto ele pedia com todas as forças para que não fosse esse o fim de tudo.

Com um estrondo, Lysander explodira a porta, abrindo espaço entre as paredes de chamas, e enchendo seus pulmões com todo o ar que podia quando finalmente chegara ao lado de fora do dormitório. Scorpius seguira seu gesto, que agira de um modo um tanto doloroso, como se ao invés de oxigênio, lâminas cortantes invadissem sua corrente sanguínea.

Cedera no chão completamente exaurido, tossindo violentamente enquanto ouvia passos vindos em sua direção.

Finalmente estavam salvos, e ao se voltar para Rose, todo esse esforço pareceu se tornar inútil. Lysander também a observava, os olhos encharcados formando uma trilha pela fuligem de seu rosto.

—Hey, Rosie. –Scorpius acariciava as maças do rosto da garota, que continuava imóvel. –Volta pra mim. E por favor, me prometa que nunca mais irá confiar em mim. Vamos Cenourinha, pare de me assustar. –ele dera uma risada amarga, injetada de uma tristeza insuportável.

—Scorpius! –ele ouvira a voz de Albus próxima á ele. –Cara o que aconteceu?

Ele não conseguira falar, e Albus perdeu a fala assim que vira a garota ao seu lado.

—Ah meu deus! Chamem madame Pomfrey! –horrorizou-se Lillian acompanhada por Zabini, que estava tão aterrorizada quanto á garota que agora gritava.

Aos poucos, várias cabeças foram se aglomerando em torno dos três, até que Scorpius foram perdendo a consciência gradativamente, como um sono que chega logo após a festa. A última coisa que vira fora o rosto da garota ruiva ao seu lado.

***

—Acha que ele ficará bem? Oh, querido, nosso Scorp! –uma voz familiar dizia ao seu lado.

—Fique calma, Tori. Ele ficará bem, eu prometo. –uma voz que ele não desejava ouvir nunca mais dissera.

— Fique calma, senhora Malfoy. Ele irá se recuperar. - disse Kendra ao seu lado.

Progressivamente, a escuridão fora substituída por uma visão um tanto embaçada, fazendo-o perceber que se encontrava na enfermaria de Hogwarts, e que uma cabeça louro pálida, e outra de cabelos castanhos escuros o cercavam, e que logo se apressara em lhe agarrar assim que vira Scorpius abrir os olhos.

—Ah meu bem! Até que em fim! Não sabe o quanto ficamos preocupados com você! –Astoria Malfoy choramingava, sem soltá-lo uma vez sequer.

—Tori, não acha que ele já não sufocou o suficiente por hoje? Deixe o garoto respirar. –dissera Draco, com uma das mãos enfiada no paletó preto, e a outra segurando uma bengala aristocrata.

—Tem razão, me desculpe. –dissera a mulher com a maquiagem dos olhos completamente borrada. –Não tem ideia do quanto ficamos aterrorizados. Ao chegarmos aqui e sermos informados que você ficou desacordado depois de escapar de um incêndio...

—Rose! –ele exclamou levantando-se rápido demais, causando lhe uma terrível tontura que o deixou com pontinhos pretos na visão temporariamente. - Rose está bem? Preciso vê-la. Agora.

Draco e Astoria se entreolharam.

—Estão tentando reanimá-la querido. Não temos certeza ainda...

—Não! –exclamou o garoto erguendo-se rapidamente da cama hospitalar, e indo em direção á porta da enfermaria, escancarando-a ás pressas, sufocando pela terrível sensação que sentira antes ao vê-la desacordada.

Não podia perdê-la. Não era justo e muito menos uma opção. Não seria capaz de enfrentar tal perda.

—Tem um minuto? –Scorpius fechou os olhos ao voz a voz de seu pai surgir ás suas costas. Em seu subconsciente, não poderia deixá-lo de culpá-lo pelo o que acontecera.

—Já que não tenho escolha. - resmungou o garoto e Draco assentiu.

—Eu entendo. Não pretende me perdoar tão cedo não é? –ele ignorou sua perguntou então o homem prosseguiu. –Eu não entendia. Sua paixão por ela sabe. Não mesmo. Não achava que um Malfoy poderia algum dia se apaixonar por uma Weasley, nem em meus sonhos mais loucos. Era errado de tantas formas, mas... Tenho que reconhecer que nunca senti tanto orgulho de você, como naquele dia na mansão, quando lutou contra tudo e todos para que simplesmente não a visse chorar. Eu nunca vi algo assim. Nem mesmo com Tori me sinto desta forma. O que você sente por ela, filho, é algo que não acontece duas vezes na vida, e na pior das hipóteses, nunca chega a acontecer. Eu acha que tinha medo de... Que você fizesse as escolhas erradas, que se arrependesse. Não queria que você se magoasse, e nesta tentativa, acabei lhe magoando. Mas você não é como eu. Tem um bom coração, algo que provavelmente eu nunca vou ter. Por isso, peço que me perdoe.

—Para ser perdoado, precisa ser merecido. Acho que você não está dentro desse quesito. –dissera Scorpius sem olhá-lo nos olhos.

—Você acha que fiz isto por que quis Scorpius?! Eu não escolhi ter este passado, muito pelo contrário, eu não tive nenhuma escolha a qual recorrer. Não pode me culpar a vida toda por meus erros. –Scorpius sabia que aquelas palavras eram verdadeiras, pois pela primeira vez em muito tempo, via seu pai chorar. –Eu tinha medo. Era a mesma coisa com relação ao quadribol. Eu pensava que você estava fazendo as escolhas erradas, mas no final, você acabou fazendo mais coisas certas até agora do que eu já fiz a minha vida toda. Então acho melhor que não tenha mudado de ideia, pois eu conversei com o treinador do Puddlemere United, e... A vaga é sua.

Sem dizer mais nada, Draco seguira em frente e Scorpius sentira que ainda havia algo a dizer.

—Não pode me comprar com uma vaga em um time. –ele diz, e Draco baixa os olhos, de forma triste para o chão. –Mas com certeza pode com a benção no relacionamento entre mim e Rose.

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O garoto nunca vira o pai abrir um sorriso tão largo, que logo se apressara em abraçá-lo, de uma forma que nunca fizera ou imaginara fazer.

—Bom, - dissera Scorpius enxugando os olhos. –Tomara que sua benção e aprovação também a ajude a escapar dessa.

—Então eu finalmente passei a acreditar na força das palavras. –diz Lysander ironicamente surgindo no corredor repentinamente. –Tem alguém que quer falar com você.

***

O garoto adentrara a enfermaria na velocidade da luz, onde os irmãos Potter, Zabini, e quase toda a família Weasley já se encontravam. Inclusive.. Kendra.

— O que faz aqui, Kendra? Veio importuná-la agora? - Scorpius se aproximou verozmente mas apenas uma voz foi capaz de lhe intervir.

— Calma Scorp. Tudo bem. Deixe-a ficar. - O corpo de Scorpius se eletrizou e ele não pode deixar de sair correndo em direção aos braços de Rose sem conseguir dizer uma palavra pelo bolo de ar que se formava em sua garganta de euforia.

—Hey, vai com calma garotão, acabei de ser ressuscitada. –diz Rose fazendo o garoto dar gargalhadas, não exatamente pela piada ruim, e sim pelo fato de ela estar aqui para contá-la.

—Você me assustou. –ele falou, sentando na beirada da cama onde ela se encontrava, ainda fraca para se levantar. Os outros reconheceram que os dois mereciam um tempo á sós, por isso deixaram o lugar de fininho, lhes proporcionando um momento de privacidade. Apenas Kendra permaneceu imóvel ao lado de Rose.

—Mas por quê?! Somos da família, podemos muito bem ouvir a conversa! –resmungava Albus enquanto era arrastado por Zabini.

—Cala a boca Albus. –Lillian revirou os olhos e lançara um último sorriso á Rose antes de deixar o local.

— Eu não vou atrapalhar vocês. - disse Kendra intercalando o olhar entre Rose e Scorpius. - Inclusive estou voltando para casa. Eu só gostaria de pedir perdão. Por mais que tenha sido ideia de Draco me trazer para atrapalhar o relacionamento de vocês... - Scorpius já sabia. - ... Eu concordei. E cometi um tremendo erro. Vocês se amam. Merecem ficar juntos. Não deixem minha infantilidade, ou sua rivalidade com seu pai, Scorp, atrapalhar isso. Eu... só tinha isso a dizer antes de partir. Espero que me perdoem.

Kendra se retirou encolhida em meio ao silêncio.

— Kendra. - a loura virou para trás ao ouvir o chamado de Scorpius. - Eu te perdoo. - A garota assentiu com um sorriso ameno antes de desaparecer pela grande porta de madeira da enfermaria.

—Foi um dia e tanto. –Rose disse escorregando pelo travesseiro.

—Nem me diga. –Scorpius concordara.

—Lorcan está... –Rose não conseguira concluir a frase, porém o garoto assentira confirmando sua pergunta.

—Sim. Morto. –ele dissera e Rose colocou as mãos sobre os lábios, horrorizada. –Quando Lysander pensou em voltar para buscá-lo, o dormitório já estava tomado pelo fogo. É triste, mas... Eu quase a perdi por causa dele. E só de imaginar...

—Eu estou aqui agora. –ela disse segurando as mãos do garoto entre as suas, que ainda tremiam levemente.

Scorpius sorrira.

—Sabe, ele estragou o meu maior plano no final. –ele disse fingindo estar carrancudo.

—Qual? –ela perguntou confusa.

—Lhe entregar a aliança que eu havia comprado á você. –e era exatamente por isso que Scorpius havia esperado até esse momento.

Para que pudesse ver o rosto da garota se iluminar como o céu em época de Ano Novo, um brilho tão fascinante presente em seus olhos que ele tinha certeza que se olhasse por mais tempo, ficaria hipnotizado.

—era isso que eu estava fazendo no dormitório. Fui buscá-la para entregar á você, mas quando cheguei, os dois estavam lá... Além do mais, ela acabou se perdendo entre as chamas...

—Não, não acabou. –Lysander dissera de repente, sobressaltando-os sendo que os dois não haviam notado sua presença no local. O garoto então atira o pequeno objeto brilhoso nas mãos de Scorpius, que o fita confuso. –Ela estava caída ao meu lado quando acordei.

—Obrigada. –dissera Rose ao garoto que assentiu em sua direção.

—é o mínimo que eu podia fazer depois de tudo. Fui expulso de Hogwarts, era de se imaginar. Mas, ao contrário de Lorcan, eu sei que existem consequências pelos meus atos. Está aí o resultado. Desculpem-me. Eu... Realmente espero que os dois sejam felizes. –ele disse estende a mão na direção de Scorpius, que a apertou exibindo um sorriso, demonstrando que finalmente aceitava seu perdão.

—Também devo pedir perdão á você. Por tudo o que aconteceu no passado. –Scorpius diz.

—A partir de agora, eu pretendo nunca mais olhar para trás. –fala Lysander suspirando, pensando nas consequências que remexer no passado havia causado á ele.

—Não pode dar uma chance sequer á ele? Olá Lysander. –Kendra diz á porta da enfermaria. Lysander sorri perplexo ao vê-la, e pisca na direção de Rose antes de deixá-los. Rose fica complemente confusa com o que acabara de ver, então Scorpius trata de explicar.

—Lysander costumava ser a paixão de Kendra quando éramos mais novos. E ela a dele. Muito provavelmente por isso ela foi para Beauxbatons. Kendra nunca foi boa em receber ordens. –ele revira os olhos e Rose ri, levantando-se da cama.

—Tem certeza que pode fazer isso? –ele perguntou temendo que a garota perdesse o equilíbrio.

—Sim. Sobrevivi á essa tarde inalando fumaça em meio á um dormitório em chamas enquanto eu era ameaçada. Sou de ferro, meu bem. –ela diz e os dois sorriem enquanto vão para o corredor, que estava repleto de pessoas com os ouvidos encostados nas paredes, e que ficaram terrivelmente coradas ao vê-los surgirem na porta.

—Ah, graças á Deus! –dissera Hermione abraçando ora Rose, ora Scorpius de um jeito materno e esmagador. –ah, querida ainda bem que já está mais forte, quase nos matou de susto.

—á mim também. –disse Scorpius afagando o braço da garota, e a apertando contra si.

—Rose, ainda bem que você está melhor, me deixou de cabelo em pé ao vê-la desacordada naquele chão. Eu quase que me juntei á você. – disse Lillian á garota que reparara nas mãos entrelaçadas da prima e de Zabini.

—Finalmente decidiram ficar juntos? –perguntou Scorpius á Zabini.

—é, mais ou menos, tá mais para finalmente percebemos que é impossível viver sem encher o saco um do outro. –Zabini deu de ombros, e Lillian o beijara, com a mesma intensidade da noite de Ano Novo.

—Hey garoto. –Scorpius ouvira a voz de Ronald Weasley ás suas costas, e se aliviara ao perceber que não havia nenhum traço de irritabilidade presente em sua voz ou em seu rosto quando se aproximara do homem. –Obrigada – começou ele sem jeito. - Obrigada por salvá-la. Vou ter uma divida eterna pelo o que fez. Você não sabe o quanto isso significou para mim. Se houver algo que eu possa fazer e estiver ao meu alcance. Conte comigo.

Hermione e Astoria observavam a cena com os olhos umedecidos, assim como Rose, que esperara tanto tempo por esse momento.

—Na verdade senhor foi Rose quem me salvou. –ele dissera olhando no fundo dos olhos de Rose. “De todas as maneiras que alguém poderia ser salvo...” Embora não houvesse nada que o velho homem pudesse lhe dar a não ser a alegria de tê-la, em meio á esse pensamento, Scorpius tivera uma ideia.é... Na verdade, tem algo que o senhor poderia fazer por mim sim.

Rony assentiu.

—E o que é? –ele perguntou, embora os velhos hábitos custassem a deixá-lo e ele se sentisse desconfortável.

—Quero pedir a mão de Rose em casamento. –dissera o garoto e todos fizeram um “O” com os lábios. –E para isso, preciso de sua benção.

Ronald franzira toda sua expressão, transformando-a em um papel amassado, e Scorpius esperara pelo não que já estava a caminho.

—Mas não são muito jovens para isso... –perguntou Hermione, mas Rony a interrompera.

—Eu sempre soube. Sempre soube que seria você que iria levá-la de mim. Desde que você entrou por aquela porta ao lado dela, eu vi a maneira como ela se sentia ao seu lado. Segura. E feliz. O jeito como se olhavam. Eu reconheço isso. É amor. E isso é algo que está fora de meu alcance. Se for para ser com você... Então que seja. Eu sei que ela estará bem e feliz se estiver ao seu lado. E é somente isso que preciso. E também é o que desejei a minha vida toda para ela. –ele se interrompera durante um segundo. –Agora, só resta saber... A opinião de Rose sobre isso.

Scorpius se voltara para a garota, que ora olhava para o pai, ora para ele, completamente sem reação quando o rapaz lhe mostrara a pequena aliança com um pomo de ouro acima, e Rose de cara entendera o significado disso.

—Minhas duas paixões...

—Reunidas em apenas uma coisa. –ela completara a frase do garoto maravilhada enquanto lágrimas brotavam em seus olhos, pela primeira vez no dia, de felicidade.

—Eu sei que somos novos, mas depois de quase morrermos em um incêndio, eu percebi que talvez não aja outro momento de lhe fazer este pedido. E também não vejo o porquê esperar mais já que dá última vez que fiz isso, quase não tive a chance de lhe entregar isto. –e erguera a pequena aliança, enquanto segurava a mão da garota suavemente. –Rose Weasley, nunca, em todos esses anos, eu imaginei que algum dia diria isso, mas,... Você aceita se casar comigo?

Realmente Scorpius Malfoy nunca imaginara que algum dia diria estas palavras á Rose Weasley, e muito menos, que sua resposta seria “sim!”.

Nem em mil anos, os dois garotos que cultivavam tanta empatia um pelo outro, imaginariam que se encontrariam neste momento, Scorpius colocando a aliança de ouro no dedo de Rose, e juntos selando o momento com um beijo, que marcava o inicio de um novo começo juntos.

Também nunca imaginariam que todas suas desavenças, seriam resolvidas através de um simples acordo,

“Você, Scorpius Malfoy, quer que eu, Rose Weasley, o ajude á ser expulso de Hogwarts?”

“Exatamente...”

Que mudaria a história por completo, do garoto e da garota que nasceram para se odiar,

“(...) os autênticos Rose Weasley e Scorpius Malfoy...”.

“Eu volto a lhe odiar...”.

“... Como a natureza estipulou”.

E que finalmente haviam aprendido a amar.

“Você... Você disse que me...”.

“Que te amo? Pensei que isso fosse óbvio. Eu te amo, Rose Weasley.”

E ao olhar para trás, os dois não conseguiam entender o motivo de se odiarem. Que na verdade era simples.

Ele era um Malfoy. E ela, uma Weasley. Uma rixa que atravessara gerações, até que o destino decidira intervir e virar a história dessas duas famílias de cabeça para baixo.

Então, o destino percebera que seu trabalho por ali está acabado, ao ver todos comemorando e sorrindo ao ver o novo casal em sua plena alegria.

Ah o destino, como ele era esperto. Conseguia transformar a vida de todos ao transformar a vida de apenas um.

Ao colocar O Acordo na vida de Rose Weasley e Scorpius Malfoy, o destino não unira apenas os dois, e sim Lillian e Zabini, que antes necessitavam do mesmo empurrãozinho que os dois receberam.

Resolvera as desavenças entre Lysander e Scorpius, que também atravessaram gerações, e finalmente encontraram seu caminho.

Fizera Lysander reencontrara sua antiga paixão, Kendra, que o grande e sábio destino acabara por colocar na vida do garoto para mostrar que o passado não se resumia apenas em vingança.

E infelizmente levara Lorcan Scamender, que se perdera no meio do caminho após ficar cego pela sede de vingança que possuía, mostrando que a vingança nunca leva ninguém á nada.

E Albus, bom, o destino reservava algo para ele também, fosse agora, fosse no futuro, Albus também teria o infortunio de cruzar com uma curva errada, e se deparar com o caminho que o destino havia concebido especialmente para ele.

E que também conseguira aproximar Draco Malfoy e Ronald Weasley, que mesmo sendo contra a relação dos dois filhos no inicio, cederam ao aprender que quando se trata de amor, nenhum sobrenome ou passado é capaz de intervir.

E assim, ele se fora em paz, seguindo seu próprio caminho, colocando curvas erradas em outras vidas, para que as mesmas no final lhe mostrassem o caminho certo.

E assim é a vida, repleta de caminhos tortuosos, que dependendo de nossas escolhas, nos levam aos caminhos certos e aos errados.

E foi em uma dessas curvas, que Rose Weasley e Scorpius Malfoy se encontraram. E desde então, sabiam que o caminho certo, era na direção em que um dos dois se encontrava.

EPÍLOGO

19 anos depois...

A temperatura estava devera amena naquela noite de 24 de dezembro. Um manto branco encobria a pequena vila nos arredores de Ottery St. Catchpole em Devon, Inglaterra. Tudo, inclusive os campos continham uma aparência gélida. A não ser por uma habitação confusa, sustentada por magia e de janelinhas douradas e acessas, onde uma grande e igualmente confusa família comemorava a véspera de Natal aquela noite.

— Droga, a torta de abóbora queimou! – Disse Rose em meio a tossidos enquanto uma nuvem negra de fumaça se instalava na cozinha da Toca. Rose Weasley sempre caçoara da mãe por suas artimanhas na cozinha. Agora tinha mais certeza que nunca que não havia herdado a habilidade culinária de sua falecida avó, Molly. Ela fazia os banquetes natalinos parecerem tão... fáceis.

— O que está acontecendo aqui? – Um homem louro dissera enquanto se abanava profusamente para afastar a nuvem negra. – Está tentando incendiar a Toca, Cenourinha?

O homem que se ria se calou ao notar o enfurecido olhar de sua esposa, que o fuzilava.

— Não, Scorpius. – Dissera a mulher ruiva com uma expressão de desgosto. – Será que dá para descobrir aonde Tori está? Ela me prometeu que ajudaria na preparação da ceia.

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— Está no sótão com as outras crianças. Vou ver se...

— Alguém aí precisa de ajuda? – Duas figuras adentraram a cozinha, fazendo Rose suspirar de alívio.

— Lilly, mamãe! – Suspirou a mulher ao ir de encontro com as outras duas para um abraço. A ceia ainda tinha salvação.

***

— Duvido que consiga caçar gnomos tão bem quanto um Weasley. Nosso jardim é repleto deles. – Disse Tori Malfoy, de modo vitorioso ao rapaz a sua frente. Tori, única filha de Rose e Scorpius Malfoy gostava de caçar gnomos enquanto passava as férias de verão na casa dos Weasley. Como grande parte das meninas de 16 anos, tinha uma forte inclinação a curiosidade. Tori, que levava o nome de sua falecida avó, possuía cabelos ruivos como a mãe, e olhos acinzentados como o pai. Além das características genéticas, a menina havia perpetuado alguns teimosos detalhes da personalidade de seus pais. A competitividade de sua mãe, e a duvidosa astúcia de seu pai.

— Sempre se vangloriando. Não se cansa de ser tão irritante? Amanhã vou lhe mostrar em uma competição, como um verdadeiro caçador de gnomos age. – Disse Damian Scamender, o filho mais velho de Kendra e Lysander Scamender. O menino, apesar de ser o primogênito dos Scamender, ainda tinha seus 16 anos, e com o todo bom garoto, adorava uma competitividade tanto quanto Tori. Suas maças do rosto ainda não eram tão proeminentes quanto as do pai. Mas seu cabelo tinha o mesmo tom castanho escuro de Lysander, que contrastava com os olhos pálidos da mãe. Assim como a filha dos Malfoy, Damian havia herdado algumas características de seus pais. Uma delas, inclusive eram suas incansáveis rivalidades.

Lysander Scamender e Scorpius Malfoy com o passar dos anos, haviam esquecido e perdoado por completo suas desavenças, conseguindo até mesmo se tornarem grandes amigos novamente. Com isso, Lysander apesar de 19 anos terem se passado desde o incidente em Hogwarts que levara seu irmão Lorcan, ainda frequentava a Toca em datas comemorativas como o Natal junto à sua esposa Kendra. Seja o destino, seja a maturidade que o tempo lhes trouxe, nos dias atuais não havia qualquer centelha do que o passado um dia os causou. Mas apesar das tentativas incessantes do destino, a contrariedade entre famílias era algo quase impossível de se resolver, quase como se sempre estivesse fadado a se repetir. Tori e Damian eram a prova em carne osso dessa maldição.

Assim como os pais, desde que se conheciam como bruxos, enfrentavam desavenças por quaisquer sejam os motivos. Algo que podia ser saudável e divertido para seus pais, mas que rendiam confusões e discussões frequentes aos dois. Principalmente, quando permaneciam por um tempo demasiadamente longo próximos um ao outro. Brianna Scamender, irmã mais nova de Damian ao contrário do irmão, era a pessoa mais próxima a uma irmã que Tori Malfoy tinha. Tori simplesmente não entendia como sua melhor e mais confiável amiga poderia ser irmã gêmea de um garoto como aquele.

Brianna tinha uma personalidade mais parecida com a mãe, porém sua aparência espelhava-se ao pai, Lysander. Apesar de igualmente jovem, já era a mais nova aspirante do time de quadribol da Grifinória em Hogwarts. O que era um orgulho para seu padrinho, Scorpius Malfoy, o grande capitão aposentado de Puddlemere United.

— Pensei que iríamos jogar quadribol amanhã. – disse Brianna visivelmente chateada. – Eu preciso gastar minhas energias caso contrário vou enlouquecer com vocês dois.

— Não importa quanta energia gaste, Bri. – disse Martha Zabini.

— Todos nós vamos acabar enlouquecendo de todo modo neste inverno. – Completara o gêmeo, Nicholas Zabini a frase da irmã. Os gêmeos Zabini, filhos de Lilly e Dominic Zabini eram 2 anos mais velhos que o restante dos garotos e haviam recebido a estrita tarefa de controlar os mais novos, segundo seus tios. Tarefa com o qual os dois sabiam que falhariam com veemência.

— Crianças, desçam! O jantar está quase pronto! – Ouviram os garotos a velha Hermione Weasley gritando escada abaixo. Depois que Rony Weasley se mudou da Toca, seu quarto virou o local de reunião dos jovens garotos, que frequentemente, quando precisavam esconder suas artimanhas de modo mais preciso, utilizavam o sótão vampiresco acima do velho quarto do tio.

Apesar de confusa por fora e por dentro, não havia lugar mais acolhedor que a Toca. No andar debaixo, a grande e família disfuncional já se reunia ao redor da mesa, no aguardo do anúncio do jantar. Era uma das épocas preferidas de Arthur Weasley, o velho patriarca da família, que nesse momento se sentava a ponta da mesa, olhando em volta. Desde 4 anos atrás, quando a velha Molly se fora, Arthur apesar dos duros sentimentos que sofrera, ainda podia sentir a presença da esposa em eventos como esse. Pois assim como a Toca, quanto mais bagunçado estiver, mais esses dias se tornam acolhedores.

— Aposto que vamos comer carvão hoje. – Disse Albus Potter antes de levar um tapa indelicado da esposa, Irma que permanecia ao seu lado.

— Não seja inconveniente, Al. – disse Irma Potter ao marido.

— Querida, tia Mione, Rosie e Lilly estão preparando a ceia. Quer que eu te diga mais alguma coisa?

Irma revirou os olhos profusamente e se ergueu com esforço apoiando as mãos na lombar para lhe ajudar a caminhar até a cozinha.

— Poxa vida Al, é melhor Irma não ficar zanzando por aí. – Disse Zabini de sobrancelhas arqueadas enquanto bebericava um gole de whisky de fogo. – Do jeito que ela está enorme, com todo respeito, vai acabar parido o bebê esta noite.

— Vira essa boca para lá, Zabini. – Disse um Albus preocupado. – Já viu como está nevando lá fora?

— Elas não escolhem a hora nem a estação do ano para entrar em trabalho de parte, Al. – disse Scorpius brincando o copo de uísque com Zabini. – Quando você mesmo espera, sua esposa está ao seu lado na forma mais assustadora que um dementador e tudo o que você precisa fazer é tudo o que ela mandar, ficar quieto e levá-la ao hospital.

— Bom, a parte de fazer tudo o que mandam já estou acostumado. – Disse Al em um tom tristonho que fez com que os homens caíssem na risada.

— Um brinde à grande Irma Potter, que tornou nosso mais indisciplinável homem, um pai civilizado!

— Olha quem fala, Zabini. – Disse Albus caçoando. – Você se casou com minha irmã, a mulher mais controladora que já conheci.

— Falem por vocês. – Disse Rony, apoiando a mão no ombro do sobrinho, fazendo com que os três rapazes rissem. – Eu sou casado com Mione há mais de 30 anos. Vocês querem competir com isso?

— Sua irmã não fica tão atrás, Ron. – Harry surgira atrás do amigo. – Ginevra é durona. Alguém pode me servir um velho Ogden?

Todos brindaram. Durante muitos anos, Albus seguira desacompanhado e muito bem, obrigado. Até que o destino o trouxesse Irma Lothbrok, uma aurora do quartel-general de aurores do Ministério da Magia, que foi capaz de romper as grandes defesas do homem solitário que finalmente entendera o que tanto zombava dos amigos por se apaixonarem.

— A ceia está servida! Podemos nos reunir a mesa! – Declarou Hermione ao chacoalhar a varinha e fazer com que as travessas vazias sobrepostas a mesa de jantar, se enchessem com o cardápio preparado na cozinha.

Albus em uma dança solitária se aproximou da mesa de doces enquanto os outros se sentavam empolgados e distraidamente a mesa.

-Isso é para depois do jantar, Al. – dissera Irma arrancando-lhe uma torta de abóbora das mãos de Albus.

— Ó céus, até você, mulher? – Disse Albus se lembrando com carinho de Molly Weasley que sempre o repreendia pelo mesmo motivo. A lembrança o fez sorrir.

- Obrigada a todos por estarem aqui esta noite. – Arthur se levantou com dificuldade da cadeira e ergueu uma taça. – Tenho certeza que minha velha Molly está orgulhosa de ver todos nós aqui reunidos, seus filhos, netos, amigos... Nossa grande família. Um brinde à família!

— Um brinde à família! – Repetiram todos em uníssono antes de brindar.

***

— Os brindes de Arthur são os melhores.

— E vocês, querem brindar pelo o que hoje? – Disse Tori de modo astuto apontando aos primos e amigos. E a Damian.

— Eu quero brindar a uma notícia que não aguento mais esconder de vocês. Um brinde pessoal, a mais nova capitã da Sonserina! – Disse Brianna erguendo sua taça.

— Não acredito, Bri! Como você conseguiu guardar esse segredo de mim? – Disse Tori Malfoy abraçando a amiga ao mesmo tempo em que queria lhe dar um peteleco.

— Eu tive que usar todas as minhas forças! – Disse Brianna rindo-se enquanto era abraçada por todos.

- Arrase com todos, Bri!

— Que continuem os brindes! – Disse Bri Scamender sentando-se novamente na cadeira da mesa na varanda da Toca.

— Acho que eu devo brindar por ter acabado os estudos, finalmente – disse Nicholas, e sua irmã ergueu as sobrancelhas em concordância, batendo sua taça a de seu irmão.

— Concordo. – Disse Martha Zabini. – Sem N.I.E.M’. S, História da Magia...

— Ah, adeus Estudos de Runas Antigas! – Completou Nicholas.

— Não sei o que vamos fazer sem vocês em Hogwarts. – Disse Tori abraçando Martha.

— Vocês vão ficar bem. – Confortou Martha. – Só procurem se comportar e... Tentar não se matar.

Tori e Damian se entreolharam sabendo a quem a mensagem havia sido endereçada.

— Meu brinde vai para Damian. – Disse Tori virando para o garoto que a olhou desconfiado.

— E por que motivo você brindaria a mim, Malfoy? – Disse Damian tomando um gole de sua taça.

— Por que lhe desejo muita sorte e paciência. Pois me tornei a nova monitoria da Sonserina. E se você não andar na linha, irá para meu caderninho negro. – Disse Tori erguendo sua taça acompanhada de um sorriso egocêntrico ao perplexo Damian. – Ah, ops. Você já está nele.

— Uau, parece que temos muito a comemorar hoje!

— Vamos para o sótão! – disse Martha erguendo sua taça e brindando com todos.

Nosso último ano será incrível, Tori! – Disse Bri abraçando a amiga e a cobrindo com seus cabelos cheios. – Saiam da frente, pessoal! Que a monitora e a capitã do time da Sonserina vão balançar os corredores de Hogwarts! – A garota dissera dando um empurrão sutil com o quadril na amiga.

Enquanto isso, Damian permanecia calado, com uma expressão que demonstrava... concentração. Martha e Nicholas já haviam se direcionado ao sótão, e Brianna estava entrando de fininho na cozinha da Toca para contrabandear mais cerveja amanteigada e whisky de fogo.

- O que está olhando, Damian? – disse Tori azedamente ao garoto que a fitava com interesse.

— Nada Tori, só estou pensando em algo... – disse Damian se aproximando lentamente da menina que prontamente se esquivou.

— Não sabia que pensava. – Dissera ela.

— Ah, não seja rude. Acabei de ter uma ideia brilhante. – O garoto dissera segurando o queijo da garota que sem perceber deixou a respiração falhar.

— Sai pra lá, Scamender. – Tori o afastou com um tapa em suas mãos. – O que você está querendo?

— Um acordo. – Dissera Damian Scamender estendendo a mão a Tori que a ignorou, permitindo que o garoto prosseguisse. – Monitores tem muitas liberdades e exclusividades não tem?

— O que quer dizer com isso? – Disse Tori rispidamente. – Se você acha que vou te conceder alguma coisa está tremendamente engana....

— Calma. – Ele segurou em seus braços deixando a garota imóvel. – Eu garanto que vai interessar a você també

Tori geralmente não aceitaria nenhum acordo com Damian Scamender, afinal, a monitoria serviria de bom grado para tirar o garoto de seu caminho, e impedi-lo de cometer tantas babaquices. Mas Tori apesar de suas resistências, ficava se perguntando, o que tanto Damian queria a ponto de sugerir um acordo de paz entre os dois?

— Conte-me mais sobre isso.

E o destino, suspirou cansado. E lá vamos nós de novo.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.