A Verdade
Capítulo 18
Fui para a sala e Mac estava olhando para Don com raiva.
- O que significa isso, Flack? O que você está fazendo quase nu na casa da minha filha?
- Pai...
- Mac, eu...
- Eu espero que vocês tenham uma boa explicação pra isso. – ele disse batendo a porta.
- Mac, a gente pode explicar. – Flack disse desconcertado.
- Estou esperando. Eu não acredito que você está transando com a minha filha, Flack. Eu não esperava isso de você. – ele disse visivelmente irritado.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!- Pai! Não tem motivo pra essa irritação toda!
- Annelies, você poderia colocar uma roupa né?
Eu estava tão perturbada que nem percebi que estava praticamente pelada. Subi rapidamente para o meu quarto e coloquei uma blusa e um short. Dava para escutar os dois discutindo.
- Ela não tem culpa! Aconteceu, Mac. Você não pode controlar isso!
- Você seduziu minha filha, Flack. Aproveitou que ela estava vulnerável e atacou?
- Nós estávamos bêbados!
- Ah, você a embebedou primeiro? Você é incrível, mesmo.
- Pai, ninguém aqui tem culpa de nada. – eu disse.
- Tantos homens em Nova York e você vai transar com o meu melhor amigo, Anne! Isso não tem sentido! Por Deus!
- Nada nessa vida tem sentido, pai. Eu me senti atraída por ele e...
- Anne, por favor, não tem explicação pra uma situação dessas!
- Mac eu sinto muito, cara. Você acha que se eu pudesse evitar e me apaixonar por ela eu não tinha evitado?
- Depois que a Angel morreu você perdeu o juízo, Flack. Ela é uma criança!
- Pai, eu vou fazer trinta anos! Eu não sou mais criança, aliás eu não sou mais criança faz tempo!
- Ele é uns doze anos mais velho que você, Anne!
- E daí?
Mac ficou quieto.
- Acho melhor eu ir embora. – disse Flack. – vou pegar minhas coisas.
- Tudo bem.
Ele subiu e Mac ficou me olhando.
- Desculpa se eu te decepcionei.
- Eu não esperava por isso, eu vim na sua casa pra te avisar que a sua Irmã chegou de viagem e olha com o que eu me deparo. Isso é demais pra minha cabeça.
- Eu to indo. Tchau, Anne.
- Tchau Don.
- Tchau Mac, depois nós conversamos.
- Tudo bem. – ele respondeu.
Flack saiu e eu e Mac pudemos conversar.
- Anne, você é adulta, pode fazer o que quiser da sua vida, mas...
- Isso te perturbou?
- É. Muito.
- Olha Mac, eu tinha acabado de pegar meu marido na minha cama com outra mulher. Eu estava desnorteada, então eu fui beber num bar da Times Square. O Flack chegou lá e nós bebemos um pouco. Depois pegamos um táxi, mas eu não queria ir para casa. Ele disse que eu poderia dormir no quarto de hóspedes e...
- Você não dormiu.
- Exato. Eu acordei no outro dia morrendo de vergonha, mas ele foi tão compreensivo e gentil, eu acabei me deixando envolver e ele também.
- Você acha que eu peguei pesado com vocês?
- O que você acha?
- Desculpa. Mais eu não concordo com isso.
- Eu não posso fazer nada.
- Não.
- Eu posso ir à sua casa, ver a Sophia e a Stella?
- Claro que pode.
- Obrigada.
Mais tarde, fui para casa de Mac.
- Olha quem chegou, Sophia. – Stella disse.
- Anne! Tudo bem? Eu senti tanta saudade de você! – minha irmã me abraçou.
- Eu também senti sua fala, gatinha. E ai? Como foi a viagem?
- Você tem que ver! A Grécia é o lugar mais lindo do mundo! Vou te mostrar umas fotos depois do almoço.
- Tudo bem.
- Oi Anne. Tudo bem?
- Tudo Stella. Senti sua falta. – disse dando um abraço em minha madrasta.
- Eu também. Será que podemos conversar?
- Claro. – nós fomos para o quintal.
- Eu senti uma coisa diferente no ar. O que houve?
- Eu e Allan nos separamos.
- Por quê?
- Ele me traiu, Stella.
- Oh, querida, eu sinto muito.
- Foi melhor assim.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!- O seu pai está estranho. O que ele tem?
- Ele foi em casa hoje. Eu dormi com um homem e ele não gostou muito.
- Só por isso? Ele pensa que você é uma garotinha?
- O homem é o Flack, Stella.
- Como? O Don? Eu nunca imaginei...
- Nem eu. Mais aconteceu e nós estamos tão envolvidos.
- Não ligue para o seu pai, meu bem. Ele levou um baque, ele nunca pensaria que o melhor amigo dele dormiria com a sua princesinha. Dê tempo à ele.
- Obrigada, Stella.
- Saiba que eu sempre vou estar aqui.
- Anne! Onde está o Allan? – Sophia perguntou, ingênua.
- Eu e o Allan não estamos mais juntos, querida.
- Eu gostava dele. Mais se você está feliz, tudo bem.
Três meses se passaram desde que o meu pai encontrou Flack na minha casa. Mac ainda olhava torto para ele, ele não conseguia entender. Apenas Mac e Stella sabiam do nosso caso, preferimos não contar pra mais ninguém, pra não causar comentários no NYPD. Um dia, eu havia acabado de chegar no departamento quando Dayse, a moça da recepção me chamou.
– Detetive Evans?
– Sim Dayse.
– Chegou uma correspondência pra você.
– Obrigada. – agradeci pegando o envelope. Fui para o elevador abrindo-o. – eu não acredito nisso! Mais, que absurdo! – disse pra mim mesa. De tanta raiva, parei no andar errado e fui andando lendo o papel e falando sozinha. Trombei em alguém.
– Olha pra onde anda, detetive.
– Oi Flack. Acho que estou no andar errado. – disse dando meia volta e entrando novamente no elevador.
– O que foi? – ele disse me seguindo.
– Você acredita que o Allan me mandou o convite de casamento dele?
– Sério?
– Você vê que cara de pau!
– Ele não mora mais em NY?
– Não ele se mudou para Nova Orleans.
– Você vai?
– Claro que não! – disse rasgando o convite e jogando no lixo.
– Você tá de TPM?
– Claro que não! Porque eu estaria? Eu não estou nervosa! Eu estou controlada, eu sou uma mulher controlada. – disse me alterando.
– Tudo bem. – ele riu.
Cheguei ao meu andar e fui para o meu armário pegar minha arma e guardar minha bolsa. Logo, vi que Tyler estava lá.
– Evans, vamos. Temos um chamado.
– Claro. Onde está a Caroline?
– Ela é o nosso chamado.
– Como assim?
– Quando chegarmos lá, você vai ver.
Nós fomos até a delegacia, onde Caroline estava. Junto com ela, uma farmacêutica e uma médica.
– O que houve, Caroline? Porque você está presa?
– Ela me agrediu! – disse a farmacêutica.
– Solta ela! – eu disse para o policial, que a soltou.
– O que aconteceu? Está tudo bem?
– Não, não está! Eu fui naquela maldita farmácia comprar uma pílula e essa mulher não quis me vender.
– Mais por quê? Que pílula?
– A do dia seguinte, Anne. Eu fui estuprada.
– Quem fez isso com você?
– Eu não sei, eu estava andando na rua ontem à noite e um homem de capuz me puxou para um beco, primeiro ele me bateu, depois ele... Foi horrível.
– Pode me dar sua descrição?
– Ele era alto e forte. Ele pediu para eu não olhar para o rosto dele.
– Vai ficar tudo bem.
– Detetive aqui está o exame e as fotos que eu tirei dos hematomas. – disse a médica que cuidou de Caroline.
– Obrigada, doutora. Caroline, nós vamos pegar quem fez isso, eu te prometo. – disse dando-lhe um abraço.
Tyler mandou Caroline ir para casa e nós tomamos conta do caso. A equipe analisou os hematomas e as roupas que ela estava usando e depois de muito trabalho, chegaram à uma conclusão.
– Detetives? – chamou Claire, uma das peritas.
– Alguma coisa, Claire?
– Sim. Acho que a Caroline não está falando a verdade.
– Como assim? – Tyler ficou confuso.
– Estes hematomas não são recentes.
– Será que a Caroline sofre violência doméstica? – perguntei.
– Eu não acho. Ela é uma mulher inteligente, já teria denunciado.
– E se ela tiver medo?
– Vamos até a casa dela. – eu e Tyler fomos até a casa de Caroline e ela estava sozinha.
– Descobriram algo? – ela perguntou.
– Sim, que você está mentindo pra gente.
– Vocês não acreditam em mim?
– Porque você não disse que foi o seu marido que fez isso?
– Meu marido nunca faria isso. É um homem bom.
– Oi amor. – o marido dela chegou com um buquê de flores nas mãos.
– Oi querido. – o homem lhe deu um beijo no rosto e ela ficou incomodada.
– Algum problema, detetives?
– Não, só estamos investigando uns casos de roubo na região. Até mais. – disse Tyler.
– Essa foi boa.
– Eu sei.
– Olha. Tem uma casa ali. Se eles brigam, alguém escuta.
– Vamos perguntar. – Tyler e eu descemos e batemos na porta. Uma senhora de idade nos atendeu.
– Posso ajudar?
– Nós somos da polícia. – disse mostrando o distintivo. – podemos lhe fazer algumas perguntas?
– Claro, entrem. – nós entramos e o marido da senhora, que era cadeirante apareceu.
– Desculpe, mas como é o seu nome?
– É Layla. Layla Hernandez.
– Layla, o que a senhora pode me dizer dos seus vizinhos? Os Byron.
– Caroline é um doce. Já o John é a pior pessoa que eu já vi na vida.
– O cara é louco. Um doente. – comentou o senhor Hernandez.
– Eles brigam?
– Todos os dias. Quando começa, eu coloco meus fones para não ouvir.
– Ele bate nela, detetives. Só podemos escutar os gritos e os xingamentos. – disse o senhor.
– Vocês não denunciaram?
– Ele nos ameaçou. Com uma arma. – Layla disse.
– Prendam este homem. Ele não deve ficar solto por ai. É perigoso para todos. – disse o Sr. Hernandez.
– Ajudem-na. Por favor. – a mulher implorou.
– Podem deixar. – nós saímos da casa e voltamos para o distrito. Tyler e eu não podíamos acreditar que Caroline sofria violência doméstica. Ela lutava ao nosso lado todos os dias contra esse crime que atingia milhares de mulheres e agora ela era uma vítima.
Havia chegado a hora do almoço e eu estava com muita fome, por isso fui à lanchonete do departamento.
– Oi detetive, tudo bem?
– Tudo bem, Marc. Você pode dar um daqueles lanches bem grandes que vocês fazem? Sem maionese, por favor. E me vê uma Coca Cola grande e um Milk Shake de chocolate e umas batatas fritas.
– Nossa, você está com apetite hoje, hein?
– Só um pouquinho. – esperei meu “lanchinho” ficar pronto e comi. Paguei e caminhei para o elevador novamente, mas eu senti um enjoo terrível e tive que ir correndo para o banheiro. Eu tinha exagerado no almoço. Passei a tarde inteira com náusea.
– Caroline? O que faz aqui? – eu perguntei, quando a vi nos armários.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!– Podemos conversar?
– Claro.
– Eu quero te contar a verdade.
– Fique à vontade.
– Foi o meu marido que me estuprou. Ele chegou em casa com raiva. Eu estava no quarto lendo e ai ele tirou a roupa e me disse: “Vamos fazer um bebê, meu amor”, mas eu não queria senti-lo dentro de mim então eu inventei que estava com dor de cabeça, mas ele não acreditou. Eu tentei me defender, mas ele é mais forte do que eu. – ela estava chorando muito.
– Desde quando ele te bate?
– Faz uns dois anos. Ele sempre diz que vai mudar, traz bombons, flores, presentes caros. E eu sempre acredito.
– Caroline, ele não vai mudar.
– Eu sei, como eu sou estúpida!
– Não você não é. Nós vamos prendê-lo. Ele não vai te machucar de novo.
Eu e Tyler voltamos para a casa de Caroline e efetuamos a prisão de Stephan.
– Porque vocês estão me prendendo? – disse ele, já algemado.
– Violência doméstica. – o levamos para a delegacia, mas ele pagou a fiança e foi solto, mas para a segurança de Caroline, tiramos a arma dele.
– SE você quiser ficar na minha casa, pode ficar. – eu disse a ela.
– Obrigada, mas eu vou voltar para casa.
– Você ficou louca? Quer morrer?
– Ele me pediu desculpas e eu também lhe pedi. Eu o amo.
– Ele é perigoso.
– Não se meta na minha vida, Anne. – ela saiu.
– Você ouviu isso, Tyler?
– Se é isso que ela quer, não podemos fazer nada a respeito.
– Acho que vou comer algo. Você quer?
– Não, acho que eu vou pra casa. –ele disse.
– Até amanhã então.
– Até.
Fui novamente para a lanchonete do departamento e comprei umas rosquinhas e um cappuccino. Fazia um tempo que eu estava comendo mais do que o normal e eu também havia percebido que eu tinha engordado um pouco, mas não me preocupei muito. Depois da história de Caroline, tudo voltou ao normal, por um tempo.
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