How To Love

Capitulo 13 - Esperança


Meus olhos estavam focados em algo que eu não enxergava verdadeiramente. Os meus ombros pesavam como se repentinamente estivessem desproporcionais ao meu corpo, meus dedos gélidos recostavam-se no chão frio e eu - embora quisesse muito - não conseguia me levantar. Os fios do meu cabelo grudavam nas minhas bochechas e por muito tempo, mantive meus olhos fechados.

Por muito tempo, precisei de orientação.

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De uma luz que indicasse qual caminho eu deveria seguir.

Mesmo com as minhas pálpebras fechadas, pude sentir um clarão aproximando-se de mim. Seria a minha luz?

Abri os olhos assustada e os fechei rapidamente; virei o rosto para o lado, sentindo minhas orbes arderem pela claridade emitida pelos faróis. O barulho do motor do carro foi diminuindo e eu, pus as mãos em frente ao meu rosto, enquanto levantava sem jeito.

– SAKURA?

Aquela voz era... Não podia ser...

– Naruto? – Falei confusa, enquanto tentava enxergar através da luz que era emitida pelos faróis. – O que você está fazendo aqui?

– O que você está fazendo aqui?! – Ele repetiu minha pergunta em um tom abismado. – Vamos, entre no carro! Vai acabar congelando. – A blusa social azul dele estava encharcada e o cabelo loiro(normalmente arrepiado), começava a grudar na testa. – Sakura?! – Naruto naturalmente gritava, mas agora seu tom de voz atravessava o barulho dos trovões.

Alguma parte do meu cérebro não estava entendendo que eu queria ir. Sair do frio, daquela situação intimamente constrangedora. Eu estava exposta e ali, havia a minha ajuda.

Levei um susto quando senti os dedos gelados de Naruto em meu braço. Ele me guiou rapidamente para dentro de seu carro e me colocou no lado do carona, não se importando em molhar o banco de seu carro. Estava quente. Meus dedos pareciam tremer ainda mais, enquanto meus dentes batiam um nos outros. Fechei os meus olhos e passei as mãos pelos meus braços, tentando de alguma forma me aquecer. Um casaco foi colocado sobre mim.

Me lembraria de agradecer Naruto depois.

X-X-X

– Você a encontrou desse jeito? – O tom de voz era baixo, preocupado. – Não conseguiria imaginar a Sakura desse jeito em anos, Naruto.

– Acredite Hinatinha, eu também não. – Naruto respondeu da mesma forma que ela.

– Se eu tivesse... Pensado duas vezes, ela continuaria lá. – Parecia se sentir culpado. – Se eu não tivesse decidido confirmar se era realmente ela...

– Você fez bem, Naruto. – Hinata disse tentando reconforta-lo. – Vamos esperar que ela acorde e vamos descobrir o que aconteceu, caso ela se sinta confortável em contar.

– Ainda acho que isso tem haver com o Teme, a casa era dele! – Disse Naruto pensativo, seguido de um som repreensor. – Ai, isso doí!

– Pare de tentar bancar o Sherlock Holmes, idiota!

Pude ouvir o barulho de xicaras, seguido da porta sendo fechada.

Só então percebi que estava deitada em algo confortável. A lembrança de Naruto me puxando pela chuva até o seu carro fez com que meu rosto se esquentasse. Droga, mil vezes droga. A sensação de confusão passou, o sentimento arrebatador que havia feito com que eu chegasse até aqui, tinha voltado. Sasuke foi embora.

Ainda de olhos fechados, pude sentir minhas bochechas ficando molhadas e mesmo assim, não fiz menção alguma de me mexer. Eu só queria abraça-lo, dizer o quanto eu o amava... Redimir-me.

Não sei quanto tempo mantive meus olhos fechados. Ora ou outra, eu podia ouvir Naruto e Hinata debatendo baixinho, se deveriam ou não entrar novamente no quarto. O quarto em que eu estava era bem feminino. A decoração mesclava em um tom pêssego, branco e azul claro. A cama tinha a cabeceira preta e um cobertor felpudo estava me cobrindo. Passei a mão pelo cabelo e quando me descobri, percebi que já não estava com a roupa de antes. Agora eu vestia uma calça de moletom preta e uma blusa branca de mangas. Me senti incomodada ao por meus pés no chão e logo tratei de pegar o primeiro chinelo que encontrei... Para a minha sorte, ele estava logo ao lado da cama.

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– Naruto, fique quieto! – Ouvi Hinata ralhar assim que encostei a mão na maçaneta da porta. – Vai acabar acordando a Sakura. – Disse como se meu sono fosse essencial.

Senti-me mal.

Eu estava tão deplorável, ao ponto de ter a minha chefe compadecendo de mim?

Saí do quarto e segui o som das vozes, tomando o cuidado para não flagra-los numa cena desconfortável. Parei próxima a escada que dava em direção à sala. Naruto estava deitado confortavelmente no sofá de couro preto e zapeava os canais da televisão; também não estava com roupas molhadas. Hinata estava em pé, encostada na parede branca, logo atrás do loiro. Levava uma xicara de porcelana pacientemente aos lábios, enquanto observava Naruto resmungar impacientemente sobre não ter nada de interessante passando. Em seus lábios surgia um sorriso e eu percebi o quanto Hinata amava Naruto. Era algo tão presente que eu poderia tocar, se quisesse. Os olhos perolados de Hinata vagaram lentamente para onde eu estava; ela passou a observar-me de forma atenta. Naruto não parecia ter notado minha presença. Percebeu somente quando eu já estava terminando de descer as escadas.

– Sakura... – Disse enquanto se sentava rapidamente. – Tudo bem?

– Obrigada, Naruto. – Agradeci dando um sorriso sem graça. – Obrigada, Hinata. – A Hyuga me deu um sorriso doce e veio em minha direção, deixando a xicara sobre uma mesinha. – Eu... Não quis incomodar vocês. – Respondi sem jeito. – Desculpem, eu...

– Não é incomodo algum ajudar uma amiga, Sakura. – Hinata disse gentilmente. – Naruto já estava vindo pra cá mesmo, não atrapalhou em nada.

– É... Sakura, o que você estava fazendo em frente a casa do Teme? – Naruto perguntou sem jeito, enquanto coçava a testa com o dedo indicador. Em seguida coçou o queixo e apoiou as mãos na nuca, não conseguindo ficar quieto por muito tempo.

– Quer chá? - Hinata aumentou o tom de voz e isso o interrompeu. - Naruto, vá buscar o chá e uns biscoitos. - Acrescentou. Seu gesto bondoso não encobria a autoridade que Hinata tinha.

O loiro a encarou e ela devolveu o olhar, como se dissesse : “Ande logo!”. Naruto levantou-se e descalço, arrastou os pés em direção à cozinha emburrado como uma criança. Hinata indicou o sofá e eu me dirigi até ele, ela sentou ao meu lado. Coloquei uma almofada no colo, Hinata juntou os pedaços do controle e colocou em um canal que estava passando Sr. E Sra. Smith. Ela pegou o celular e digitou algo, por fim, o bloqueou novamente. Fiquei esperando que ela me perguntasse algo, porém percebi que Hinata – minha chefe, oh céus – era muito mais discreta do que seu noivo.

– Pode ficar despreocupada, Sakura. – Ela disse ainda observando a televisão. – Não precisa me contar nada que não queira. – Olhou para mim e sorriu. – Além de que, nós não devemos cutucar uma ferida tão recente.

Murmurei um “Obrigada” e encostei a cabeça no encosto do sofá, fechando os olhos momentaneamente, enquanto pude ouvir uma sequencia de tiros vindos do filme. Passei a prestar atenção e senti inveja da Angelina Jolie, que mesmo toda descabelada/arranhada, continuava bonita. O Brad Pitt também não ficava atrás. Tentavam se matar, apesar de se amarem tanto... Eu não conseguia entender.

Naruto demorou mais do que o normal, mas retornou para a sala com uma bandeja com biscoitos, um balde de pipoca e duas xicaras de chá. Depois, correu para a cozinha e pegou um copo imenso de refrigerante, junto, trazia a garrafa, a qual ele deixou no chão. Acomodou-se no sofá vago e enfiou varias pipocas na boca de uma vez.

Hinata entregou-me uma das xícaras e pegou uma para si mesma. Em seguida, um biscoito e o levou até a boca, mordendo um pedaço. Quando ela notou que eu apenas observava o meu reflexo no chá, murmurou um : "Pegue um também". Assenti e fiz o que ela tinha dito.

Eu não estava conseguindo entender as minhas ações, tudo parecia girar ao redor da unica pessoa que não estava ao meu lado.

O filme acabou rápido - Pelo menos foi o que eu achei, já que não estava prestando muita atenção - e agora estávamos em silêncio (ou em quase um, já que ora ou outra, eu conseguia ouvir Naruto mastigando as pipocas), enquanto os créditos subiam lentamente.

– Acabou de vez. - Falei sentindo a necessidade de dizer algo. - Sasuke desistiu de mim. - Meus olhos estavam baixos e eu segurava a xícara com tanta força que, por um momento, achei que ela iria quebrar.

Naruto deixou as pipocas de lado e Hinata baixou o olhar pela primeira vez desde quando eu a encontrara.

– Eu sinto muito, Sa... - Começou a dizer, mas fora interrompida pela voz séria de Naruto.

– Ele não desistiu de você. - Naruto declarou enquanto deixava as pipocas de lado e ajeitava a postura. - Eu conheço o Teme. - Disse confiante. - Ele não pode ter desistido.

– Eu também achava que conhecia. - Repliquei sentindo minha garganta secar. - Achei que quando voltasse ele ainda estaria lá. - Essa ultima parte soara em um sussurro.

Naruto franziu o cenho e eu continuei a encara-lo esperando que ele, finalmente, me desse um norte.

– Ele não estava em casa?

– Uma vizinha me disse que ele saiu com malas. - Minha voz ia baixando cada vez mais. - Eu...Eu...

Naruto aquiesceu e eu tratei de tentar fazer com que as minhas mãos parassem de tremer.

Após um palavrão baixo, Naruto disse:

– O que aconteceu?

Demorei, mas passei a contar tudo o que havia acontecido desde a proposta de Sasuke. Naruto sabia do plano, é claro, Hinata comentou que Sasuke quando fora comunica-los dissera que era um Plano Infalível.

– Os olhos dele brilhavam. - Hinata disse-me num tom admirável. - Eu achei que daria certo. - Sussurrou desapontada.

– E deu! - Naruto levantou-se de supetão. - Mas a Sakura tem as reações retardadas! - Disse em um tom acusador.

– Naruto!

– Sem ofensas, Sakura-Chan. - Ele deu um sorriso amarelo e levou as mãos até a nuca.

– Sem problemas. - Respondi dando um sorriso fraco. Agora que eu descobrira que amava Sasuke, uma parte de mim parecia livre, enquanto a outra estava despedaçada.

– Acontece que... Bem, eu saberia se ele tivesse partido. - o loiro murmurou incerto. - Tentou o telefone?

– O corporativo, o residencial e o pessoal. - Respondi prontamente, o aperto aumentando em meu peito. - Não me atendeu em nenhum deles. - mordi o lábio inferior e Naruto jogou-se no sofá após um longo suspiro.

– Pense bem, Sakura-Chan. - Hinata colocou uma das mãos sobre a minha. - Sasuke não pode sumir assim, ele tem compromissos com a empresa. - Disse tentando me confortar. - Só precisamos pensar. - Após um leve aperto em minha mão, ela puxou uma almofada e a depositou em seu colo.

Pois bem, eu poderia pensar o quanto quisesse. O quanto que o meu cérebro me permitisse. Poderia revisar e rever, e quando me cansasse, refaze-lo novamente. Procurar saídas em becos sem saída e respostas numa caixa vazia.

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E ainda assim, continuaria encontrando nada.

Funguei sentindo meus olhos arderem e minhas mãos voltaram a tremer. Apertei a almofada que continuava em meu colo e baixei o rosto, minha respiração ficou irregular e eu continuei a me sentir aflita. Eu queria que a droga da minha cabeça servisse pra alguma coisa, além de ter que suportar as drogas das lamentações e da culpa que pesava como tijolos sob os meus ombros. Senti os olhares de Hinata e Naruto fixos em mim. Eu não queria chorar na frente deles, não queria que meus destroços viessem à tona com tanta facilidade. Eu queria abraços. Abraços quentes, firmes. Uma voz mansa e gostosa de se ouvir sussurrando no pé do meu ouvido que tudo ficaria bem... Que era só uma fase ruim e que tudo daria certo.

Hinata pareceu ouvir meus pensamentos e me envolveu em um abraço desajeitado, eu ainda mantive meus olhos fixos na almofada. Veja bem, o abraço de Hinata ajudou-me a amansar o furacão que estava dentro de mim. Mas não era o suficiente.

Eu queria Sasuke.

O Sasuke que esteve comigo por todo esse ano que passou; o Sasuke que estava comigo durante essa semana; o Sasuke que acordou ao meu lado pela manhã e que ficou me observando, achando ilusoriamente que eu não sabia desse costume que ele possuía. Eu sabia, porque diversas vezes percebi os toques sutis dele sob a minha pele, ora ou outra tirando um fio de cabelo do meu rosto, cobrindo-me quando eu me encolhia com frio... Eu sempre notei, sempre gostei desses pequenos detalhes.

Funguei mais uma vez e senti um calafrio percorrer o meu corpo. Lembrei-me de quando Sasuke me fez a proposta. O acordo era um Plano infalível, como Hinata havia dito. Sasuke tinha metas diárias e eu tinha um maldito prazo que me arrastaria com ele para Nova Iorque no final da semana...

– A VIAGEM! – Gritei repentinamente, sentando-me sem cerimonias. – Sasuke e Itachi iam para Nova Iorque amanhã! – Disse de forma afobada.

Naruto estalou os dedos e um sorriso brincou nos meus lábios pela primeira vez desde que eu havia saído da casa de Sasuke pela manhã. Sasuke havia ido para Nova Iorque... Do outro lado de um oceano e eu não tinha ideia de como contata-lo.

Uma voz em minha cabeça disse-me que ele também não me atenderia, caso tivesse opção.

Respirei fundo e passei as mãos pelo rosto, limpando os resquícios das lágrimas. Chorar não traria Sasuke de volta.

– Posso usar o telefone? – Perguntei para Hinata, que assentiu e levantou-se para buscar o telefone sem fio. Minha voz havia soado determinada, embora estivesse rouca. – A viagem estava marcada para amanhã, se me lembro bem. – Falei para Naruto que estava com o celular no ouvido. – Sasuke tem que estar no país.

– O telefone dele só caí na caixa postal. – Naruto resmungou irritado. – Teme idiota, idiota, idiota. – Praguejou enquanto retornava a ligação novamente. – A mulher que te ama está na minha casa aos prantos idiota, atenda essa porcaria de celular! – Gritou ele após ouvir a voz de Sasuke na caixa postal. – É um idiota. – Largou o telefone sob o sofá e ergueu as mãos frustrado. – O que pretende fazer, Sakura-Chan?

– Obrigada. – Agradeci assim que Hinata me entregou o telefone. – Se ele não está em casa, pode estar na casa do Itachi. – Expliquei enquanto discava os números da casa do Uchiha mais velho. O telefone chamou por muito tempo, mas por fim, pude ouvir a voz sonolenta de Lily do outro lado da linha. – Lily? – Chamei assim que ela atendeu. – Sou eu, Sakura!

– Sakura? – A voz da ruiva tornou-se um pouco mais desperta. – Aconteceu alguma coisa? – Perguntou aflita. – Oh meu Deus, eu disse para eles que deviam esperar até amanhã... – Ela murmurou agoniada, a voz entrecortada.

– Lily, respira! – Céus, havia acordado uma grávida no meio da noite por puro capricho. – Eu e Sasuke discutimos, eu sou uma imbecil e preciso dizer a ele o que eu estou sentindo antes que eu exploda. – Expliquei em um tom calmo, esperando não fazer tanto drama por telefone. – Então, por favor, me diga a onde eu posso encontra-lo... Agora.

Lily fez uma pausa e eu passei a apertar a almofada novamente.

– FINALMENTE, MULHER! – Gritou animada e eu não pude conter o riso. – Mas... – Ela fez outra pausa, dessa vez mais demorada. – Houve um imprevisto e eles partiram hoje. – Acrescentou baixinho. – Uma das reuniões iria começar mais cedo do que o agendado e eles pegaram um jato particular para Nova Iorque às nove e meia. – Pude sentir o pesar na voz dela, meus ombros ficaram tensos. – Olha eu... Sinto muito Sakura. Eu sei que o prazo do acordo de vocês era até amanhã e consegui entender apenas alguns pedaços do que aconteceu, porque quando o Itachi ligou para o Sasuke, ele parecia alterado. Itachi estava disposto a ir sozinho hoje, mas ele insistiu em acompanha-lo e ao questionarmos sobre você, ele desabou. – Lily parecia controlar o choro. – Esses hormônios, estão me deixando maluca. – Murmurou para si mesma. – Você pode tentar falar com eles assim que eles chegarem ao hotel. Meu marido disse que iria me dar todos os contatos possíveis assim que se hospedasse e...

– Vou para Nova Iorque. – Falei meio aérea. Eu só podia estar louca!

Naruto e Hinata me encaram confusos e eu aquiesci, absorvendo a minha própria ideia. Eu precisava contar o que estava sentindo ou iria explodir. Precisava de Sasuke, precisava dizer o quanto o amava e... Cometer uma loucura era extremamente plausível quando se está com a doença chamada Amor, não é?

Eu poderia fazer isso.

Eu perfeitamente poderia fazer isso, sem que uma parte chamada sanidade me fizesse recuar dos meus planos repentinos. Eu tinha certeza de que poderia fazer isso.

– Dizer pra você não ir não adianta muita coisa, não é? – Pude ouvir Lily falar e notei que ainda estava com ela no telefone.

– Amanhã estarei no primeiro voo. – Afirmei e lancei um olhar rápido para Hinata e Naruto. Eles sorriram. – Então, por favor, me mande todas as informações que Itachi te der. E o mais importante. – Umedeci meu lábio inferior com a ponta da língua. – Não conte nada a eles.

Meu coração estava agitado. Ainda existiam resquícios de tristeza, mas algo me deixava confiante. Eu tinha que dizer, com todas as palavras, com todas as pausas, com todas as silabas e letras... Tinha que dizer o quanto amava o Uchiha e que ele não se livraria de mim por tão cedo.

Desliguei o telefone e soltei o ar, olhando para os meus amigos novamente. Sorrisos que chegariam até a suas orelhas, se isso fosse possível fisicamente. Perdi a conta de quantas vezes agradeci ambos e embora eu tivesse insistido em ir de taxi para casa, eles se opuseram e me deixaram em frente ao meu prédio, indo embora somente quando eu sumi de suas vistas.

Fui para o meu apartamento e quando abri a porta, dei de cara com Ino dormindo no meu sofá e Gaara jogado no meu tapete, próximo a ela. A loira estava maquiada e uma bolsa estava na minha mesinha de centro, os sapatos de salto próximos a cabeça de Gaara, que usava a mesma roupa de antes. Fechei a porta devagar, não queria acorda-los.

Apaguei a luz da sala e já estava pronta para subir as escadas, quando a Ino me chamou.

– Sakura? – A loira chamou-me um pouco sonolenta. – Que horas são? – Ela bocejou e eu desviei o meu olhar para o relógio na estante. Eram quase quatro da manhã. – Como você está? – Perguntou em um sussurro e tomando cuidado para não acordar o ruivo, ela veio até onde eu estava. O cabelo desgrenhado, as bochechas amassadas.

– Preciso fazer minhas malas. – Quase não pude ouvir minha própria voz. – Vou para Nova Iorque. – Ino arregalou os olhos e um sorriso imenso surgiu em sua expressão sonolenta.

– Conseguiu se ajeitar com o Sasuke? – Fiz um “Shiiiii” e ela colocou a mão sobre a própria boca, olhando para Gaara de forma culpada. – Ele dormiu agora. – Comentou de um jeito bobo. – O plano éramos sair, mas acredite ou não, nossas consciências estavam pesando e decidimos te esperar aqui. – Ergueu os ombros e eu sorri. – Agora me responda, onde está o Sasuke?

– Preciso da sua ajuda com as malas. – Murmurei dando um sorriso amarelo. Ela já estava acordada mesmo. – Vou atrás do homem que eu amo.