A Patricinha e o Lobisomem

Capítulo 7 - Prazer, Mily!


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- Prazer, Mily!

Amelie P.O.V.

Estávamos indo pro meio do mato e era só o que me faltava.

Mesmo que 50% de mim adorasse a idéia de ir parar atraz de uma moita com o IMBECIL, porem GOSTOSO do Black, a outra metade, que felizmente ainda estava no controle, achava essa uma idéia bem repulsiva, e considerava que estar em uma lanchonete vagabunda de beira de estrada seria um negocio, se não melhor, pelo menos mais SEGURO!

Quase tropecei numa pedra, eu disse QUASE; afinal quem anda em cima de um Manolo Blahnik desde os 13 anos não sai por ai se jogando no chão por causa de uma pedrinha.

Dei graças a toda a fixação da minha mãe por sapatos de salto e postura. Tudo o que eu não preciso agora é me jogar nesse chão pro infeliz achar que tem que me ajudar a levantar e acabar me tocando e fazendo a outra parte do meu EU entrar no jogo e me ARRUINAR. Essa coisa ta quase doentia. QUE MORTE! Às vezes os hormônios são quase tão poderosos quanto as drogas sintéticas.

Porque estou aqui mesmo? Ah, sim, porque Marta fez uma CARA de decepcionada.

Às vezes eu penso se não estou ficando meio manteiga derretida com toda essa situação de abandono pelas pessoas importantes da minha vida. (Vide, Trace VAGABA que não me liga nunca!) Lá em casa, eu teria com certeza atirado alguma coisa nela e escorraçado ela dos meus aposentos se fizesse uma cara dessas. Aqui, eu simplesmente fico calada, engulo duro e venho parar no meio do MATO, ACOMPANHADA.

Já dava pra ver a borda da floresta, devíamos estar chegando ao descampadozinho onde aquela COISA queria me levar. Como eu tinha uma boa media nas aulas de atletismo do meu colégio e como eu obviamente trouxe spray de pimenta, não me senti nada amedrontada. É claro, nunca ia admitir que, na verdade, não senti medo porque se ele me agarrasse mesmo eu dificilmente gritaria!

E aí, todos os pensamentos triviais deixaram a minha cabeça no momento em que passei pela ultima arvore e olhei para frente. EU ESTAVA NO TOPO DO MUNDO, e não, NÃO ERA O TITANIC.

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Jacob P.O.V.

Eu vi o beiço emburrado de Amelie durante todo o caminho, mas eu não iria provoca-la, estava me segurando e tinha certeza que assim que nós chegássemos ao penhasco isso mudaria. O que eu ia mostrar a ela eu duvido que ela tivesse visto lá na Califórnia, tão amada por ela. O que eu ia mostrar à ela nenhum dos cartões sem limites de credito que ela devia ter, comprariam.

Não era só porque eu senti o clima mais quente hoje e sabia que estávamos em um dia perfeito pra apreciar o por do sol rosa e roxo que descia o penhasco agora, que eu a trouxe aqui, nesse ponto tão extremo e fascinante.

Eu a trouxe aqui pra que ela se sentisse como eu me sentia quando olhava pra esse por do sol e a vista que ele proporcionava. Pequeno diante do mundo, pequeno diante da imensidão e da perfeição da natureza, um homem comum e não um lobo, um homem tão comum como qualquer outro e que merecia felicidade como qualquer ser vivo no mundo. Ela era prepotente e mimada o suficiente pra precisar desse tipo de choque. Isso faria bem a ela. E ela faria bem a mim. E talvez duas metades pudessem não mais existir separadas e distantes, talvez a solidão acabasse.

Percebi que minha mente estava me pregando peças de novo e me deixando devanear mais do que era seguro. Olhei pra garota a minha frente que estava sofrendo o mesmo impacto que eu, naquele momento, com um pouco mais de intensidade, já que eu conhecia bem aquele lugar e o que ele fazia com agente. Ela estava tão linda com o vento a agitar os cabelos cor de mel, eu contive a vontade de abraça-la como quem contem a vontade de matar a sede.

Estendi a manta aos meus pés sem interromper os pensamentos dela e fazendo o mínimo de barulho. Coloquei os refrigerantes e a caixa com a torta num canto em cima, de qualquer jeito. O vento soprou com um pouco mais de força e ela tremeu de frio.

Amelie P.O.V.

Serio! Aquilo era lindo de um jeito for a do comum. Eu tinha muitos diamantes DeBeers na minha caixinha de jóias, mas nem eles tinha uma beleza daquelas.

O penhasco poderoso e acinzentado, a vista do mar de um azul escuro e igualmente cinza, até mesmo as outras arvores ao longe, nem pareciam ser verdes, como se tudo estivesse em preto e branco de repente.

E aí, aquele céu, aquela imensidão cor de rosa, se arroxeando nas bordas e contornando as nuvens; lutando pra sair por elas, sem conseguir e provocando aquela aura magnífica.

Não sentia meus pés no chão, não sentia ninguém ao meu lado, eu só sentia o vazio imenso de insignificância que era EU ali, só uma humana qualquer diante daquele precipício todo, de beleza imponente.

O vento açoitou meu rosto como um tapa e uma lagrima desceu na minha bochecha sem que eu percebesse que meus olhos se enchiam de água. Era tão frio, mas era tão bom. Só não era melhor do que aconteceu em seguida.

Aqueles braços quentes e imensos me abraçaram por traz envolvendo meus ombros e fazendo o espasmo ir embora rápido demais pra trazer algumas borboletas ao meu estomago. Não tive nenhuma vontade de xinga-lo.

Eu não era mais Eu ali, eu não era mais nada, era RECONFORTANTE. Como se nenhum problema fosse grande o suficiente, importante o suficiente, como se meu mundo de antes, não fosse sequer um mundo real e de repente o real era ali, naquele momento aterrorizante e mesmo assim tão doce, naqueles braços inumanamente quentes e aquele cheiro ideal de mais pra ser sano.

Eu tive muito medo.

- Dói muito ser só! – aquilo estava saindo da minha boca?

- Você não precisa ser só! – eu estava sendo respondida?

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Não poderia ser assim tão incontrolável, eu fechei os olhos e tentei não aspirara o cheiro dele, aproveitando quando o vento bateu de novo, tentando me afastar e voltar à realidade que eu conhecia. Antes que eu me mexesse mais ele parecia já ter entendido bem mais que eu e me soltado. Foi como ter todo o frio de novo. Dessa vez eu pude segurar o arrepio e impedir que ele visse.

Precisava voltar a agir como uma pessoa que não estivesse em estado de choque e parar de me envergonhar MAIS.

Porque o sorriso nos lábios dele era tão carinhoso e receptivo? Tão cheio de COMPREENSÃO? Como estar sonhando... ACORDA AMELIE WEELOW.

- A Srtª me daria a honra de se juntar a mim nessa humilde manta. – ele acenou pra um quadrado de pano que parecia felpudo e confortável e que ele estendeu no chão sem que eu visse.

Eu não conseguia ligar o modulo Srtª Weelow; tava tentando com muita força dar uma má resposta, até corroia a minha garganta, mas NADA, nadinha, eu estava MUDA e abobalhada.

E ele não foi petulante me chamando de Srtª, era uma gracinha sim, mais soou exatamente FOFA.

AMELIE, minha filha! Se mata.

VOCÊ TÁ PERDIDA.

- Você é muito bobo, Black. – eu tentei acusar, falhando miseravelmente.

- Um bobo BOM ou um bobo RUIM. – ele deu um sorrisinho malicioso.

Eu franzi a testa, mas ainda lerda demais.

- Senta aí. Eu comprei uma torta pra gente, você gosta de chocolate com avelã? Parecia a mais gostosa quando eu fui escolher. – ele coçou a cabeça, um tanto constrangido, vulnerável, eu diria.

- Você me trouxe uma torta, Black? Eu pensei que fossemos ser “amiguinhos”. - Isso aí Amelie, você consegue voltar a si garota, eu pensei confiante.

- Amigos não podem tomar um refrigerante e comer um doce? – ele arqueou a sobrancelha decidido.

“Não em um lugar assim, a menos que você queira ser agarrado”, eu só pensei, lógico. Ai eu tive um insight, claro que era tudo de propósito!!! CAFAGESTE. E eu aqui caindo melosa e toda impressionada como se fosse uma das caipiras que ele deve trazer aos montes aqui em cima pra dar uns amassos.

- Planejou tudo isso, não foi Black?! – eu até apontei o dedo pra ele.
- Me chame de Jacob, por favor. – ele olhou nos meus olhos com sinceridade. Vulnerável de novo. E ai disse assim todo calmo.– É claro que eu planejei... Conversa, comida, lugar agradável; AMIGOS, lembra?

E ele abriu o sorriso máster, aquele sorrisão que ele tinha e que daria à ele um contrato para campanha de pasta de dente se ele não se ESCONDESSE, em vez de MORAR.

Jacob P.O.V.

Eu odiava quando ela ficava me chamando de Black, parece que isso ajudava ela a encanar o personagem de paty metida que ela insistia em vender por ai como sendo ELA. Eu sabia que não era. Eu vi naquele dia na floresta que “o buraco era mais embaixo”, eu vi naquela varanda no dia de natal e eu pude ver agora assim que ela olhou a vista a sua frente e escondeu os olhos cheios de água.

Não podia negar que gostava e muito do jeito afetado dela perto de mim. Toda se contendo pra não encostar ou olhar muito pro meu corpo, as garotas não costumavam ser assim comigo, a única que me deu muita moral foi a Bella, lá naquela época onde eu era só um pirralho, e ela nem tava interessada em mim e sim nas INFORMAÇÕES que eu tinha pra ela. Umpff. Traidora.

Desde que eu passei pela primeira transformação, no entanto, a coisa mudou de figura. Só as garotas de lobos não me olhavam com olhos reluzentes. Fui até bem assediado nessa reserva e lá na oficina, você passa por cada coisa que nem acredita, o que tem de mulher desesperada por aí é uma loucura! Elas realmente metem a mão se você der bobeira. Os meus pouco mais de dois metros de músculo, pele e osso pareciam mesmo atrativos para elas.

Eu não via nada disso e nem me importava, mas Quil e meu pai marcaram tantos jantares “em meu beneficio” que eu acabei me dando conta de que isso não se devia só ao fato deles serem insistentes com elas, elas queriam que eu as notasse.

Não que eu agora me achasse, depois de descobrir isso,não mesmo; Agora mesmo, enquanto entrego um refrigerante pra Amelie e pego a torta para dividirmos, eu olho pra ela atentamente e posso ver que uma garota assim não deveria se render a mim do jeito que, as vezes parece que ela está se rendendo.

E aí talvez eu tenha um pouco de sorte, no final das contas!

Amelie P.O.V.

Jacob me entregou um refrigerantesinho de quinta, que com certeza não era diet, mas que pelo menos não estava quente, porque fala serio que refrigerante quente é a morte mesmo nesse friozinho.

E o infeliz acertou sem nenhuma noção da real que torta de avelã com chocolate é o terror de todas as minhas tentativas de perder “aqueles três quilos assassinos de sempre”.

- Assim é que eu nunca vou conseguir perder os três quilos!

Eu bufei enquanto ele me entregava um garfinho de plástico (pobreza total) e agente comia direto da embalagem; o que pras caipiras daqui devia ser o auge do romantismo, mas que para mim não passava de uma atitude anormal e um pouco nojenta, como já dito anteriormente eu nunca tinha dividido nem uma barrinha de cereal e eu não pretendia continuar com essa coisa de divisão.

- Você é loca, não é? – ele se dobrou de rir, relinchava até, de tanto que ria. – O que você quer perder aí? – ele gesticulou pro meu corpo. – alguns MLs de silicone? – ele disse todo abusado.

Cobri meus peitos que já estavam cobertos, com os meus braços e fechei a cara pra ele.

- São naturais, ta bom! – eu fiz uma cara assassina pra ele de “Comenta mais pra ver se não morre”. O imbecil levantou as mãos se rendendo.
- É muito boa. – eu concedi, enquanto comia mais torta.

- Pois é, é de uma confeitaria de Port Angels, eu nunca tinha ido lá. Tem um nome francês esquisito. – ele tava acabando com tudo. Cavalheirismo zero. Parecia que a torta de chocolate com avelã tinha conquistado mais um fã.

- Caracas, ta frio. – eu tremi, tava mesmo, talvez agora ele me oferecesse a jaqueta dele em um rompante de civilidade.

- Vem cá que eu te esquento. – ele disse muito naturalmente.

Foi a minha vez de rir e eu assumo que tava rindo tanto que até parecia uma hiena louca.

- Fica sonhando, querido. – eu levantei uma sobrancelha.

- To falando sério! – ele colocou a mão na minha bochecha. Quente de 40 graus pra cima, aquele cara tava sempre morrendo de febre.

- É, eu tinha esquecido que você é todo ESQUENTADINHO. – eu gozei.

- Viu, foi na melhor das intenções. Você que viu maldade. – ele fez uma cara de inocência que não convenceria nem um cego.

- Porque você é tão quente? – eu atirei.

Por um momento algo perscrutou os seus olhos e aí ele deu de ombros logo depois, quase como se eu pudesse estar imaginando aquele lapso.

- É de família. – ele riu, parecendo sincero.

- E a Bella, também é da família? – eu perguntei, me lembrando de que ele tinha me chamado de Bella quando eu pensava que ele fosse um anjo, naquele insidente lamentavel da \"fuga rumo a floresta\".

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Jacob P.O.V.


Era numa hora dessas que ter a audição ruim seria um alivio imenso, ela disse... Bella, com todas as letras e sem engano.

A próxima coisa que eu percebi foi o meu pulo pra fora da manta, me colocando bem longe dela, sem muito controle dos pensamentos que me envolviam.

Não que eu estivesse tremendo nem nada disso, essa parte de mim eu controlava muito bem, mas os meus músculos estavam rijos e os meus punhos serrados só pelo habito; como se selando a fera dentro de mim eu pudesse selar também as memórias.

“E a Bella, também é da família?” – Ela não perguntou por mal, deve ter se lembrado e despejou. Porque, é claro, eu chamei ela de Bella naquele dia na floresta. Jacob, sua anta.

E agora aquilo não saia de mim, era como um eco dos infernos: “E a Bella, também é da família?”

Amelie P.O.V.

Eu pisquei e perdi o movimento dele. Se afastou de mim, levantando da manta e se colocando de pé imediatamente. Sua expressão era uma mascara altiva e ao mesmo tempo totalmente impessoal, não dava pra subentender nada dali. Ele estava tão tenso que eu podia sentir o ar se adensando. O QUE EU FIZ?

Os olhos, as únicas coisas que ainda pareciam ser do mesmo Jacob que estava conversando e rindo há dois minutos atraz, eles eram como os olhos de um animal acuado; tão mais que medo passou por ali, que era uma dor, que eu não tinha direito de chamar de dor, porque eu não conhecia um sentimento como aquele.

Nem parei para reparar que ele estava assustador naquela posição e daquela maneira, avancei até ele e o abracei pela cintura encostando minha bochecha em seu tórax.

- Vai ficar tudo bem. – eu murmurei, contendo minha repentina e bizarra vontade de chorar o que ele estava engasgado demais pra chorar por ele mesmo.

Minha atitude pareceu despertá-lo, mas não, traze-lo de volta. Ele afagou o meu cabelo, mas não me abraçou de volta, e, MEU DEUS O QUE EU TO FAZENDO, PORQUE EU AINDA NÃO O SOLTEI?!!!

- Me desculpe. – eu parecia incapaz de parar a minha boca idiota. FICA CALADA!

Ele beijou o alto da minha cabeça ainda sem falar nada. Estava me assustando muito, mesmo. Nem tanto porque parecia um louco E desvairado, mas porque eu não queria que ele ficasse naquele estado. Aquilo de algum jeito me machucava também. Apertei o abraço e me aninhei no peito quente e largo.

- Acho que te devo uma explicação. – ele parecia melhor, e EU CONTINUEI ALI MESMO ASSIM. ME ASSASSINA!!!

- Não precisa dizer nada. - assegurei.

- Obrigado. – ele disse tão aliviado que eu até abri um sorriso pra ele, levantando minha cabeça para olha-o nos olhos. Eles estavam mais naturais agora.

- Uma mão lava a outra e duas fazem guerrinha. – eu citei o que a Trace vivia me dizendo e aí não pude evitar de me sentir mal com isso. Ele percebeu.

- O que foi? – ele disse de maneira doce e singela, tentando não invadir.

- Eu sinto falta da minha amiga, Trace... – e abaixei a cabeça com vergonha. – ela nunca mais me ligou! – admiti fazendo uma careta.

Incrivelmente um bolo saiu pela minha garganta junto com essa pequena confissão como se falar com ele tivesse me feito bem. Talvez eu pudesse exercitar isso, como numa terapia. Só que gratuita e com um terapeuta sem habilitação necessária. VIVA A POBREZA!

Jacob P.O.V.

Eu sabia que a estava assustando assim que algum raciocínio logico chegou até o meu cérebro quebrado.
No entanto, ela não correu e nem tentou se afastar de mim, não fez nenhuma cara de “olha o que esse louco está fazendo!”, não me julgou. Amelie foi até mim e me abraçou pela cintura como se fosse uma criança tentando consolar um adulto e isso foi tão Bella, ou pelo menos, a Bella minha amiga, pré-retorno-do-sanguessuga; na época em que eu ainda era importante pra ela.

- Vai ficar tudo bem. – ela apenas murmurou. Aquilo teve um efeito imediato em mim.

Era tudo tão estranho. A forma como Amelie chegou em minha vida, o sofrimento e a solidão daquela figura encolhida na floresta, do mesmo modo como Bella um dia; como se fosse uma repetição, uma segunda chance tão obvia que eu tive medo de estar ali com ela e ser rejeitado outra vez. Afaguei seu cabelo, sentindo aquele seu cheiro sempre convidativo à mim. Desde o primeiro instante.

-Me desculpe. – ela disse com uma voz ainda menor.

Precisava voltar ao normal logo, eu a estava deixando culpada e a culpa não era dela, de forma alguma. Beijei sua cabeça, ainda sem me obrigar a prosseguir. Mas eu precisava, precisava me explicar.

Acho que te devo uma explicação. - Bom Jacob, muito bom, agora só precisa dizer isso parecendo homem.

Não precisa dizer nada. - ela foi firme. Eu quase suspirei de alivio. Eu não ia conseguir mesmo e só ia ficar me martirizando por ser um bosta.

- Obrigado. - minha voz entregava completamente minha situação lamentável.

Ela sorriu pra mim e olhou-me nos olhos toda sincera e linda, principalmente linda.

- Uma mão lava a outra e duas fazem guerrinha. - ela citou toda feliz e de repente sua expressão mudou, havia dor nela.

- O que foi? - eu não consegui deixar passar. Ela triste me deixava triste também.
Eu sinto falta da minha amiga, Trace... – ela abaixou a cabeça, pelo menos disse, era mais corajosa do que eu. Estava se expondo totalmente agora. – ela nunca mais me ligou! – admitiu.

E eu pude ver quando ela fez careta pra isso. Não me contive e a abracei forte, tirando-a do chão, fazendo ela se apoiar nos meus ombros.

- Eu vou estar aqui se você me quiser, TODOS OS DIAS. - eu disse olhando nos seus olhos, que agora estavam no mesmo nível dos meus. - Se ela é mesmo sua amiga, ela vai ligar logo. Não se deixa uma amiga como você ir embora! - eu prometi.

Ela sorriu um sorriso enorme pra mim e tão infantil que não parecia a Srtª Weelow, e nem a Amelie que eu conheci nos seus momentos de fraqueza. Era uma nova e melhorada Amelie, Pensei se seria essa a sua verdadeira face.

- Me chame de Mily! - ela concedeu.

- Mily. - eu repeti experimentando o nome em minha boca. - Eu sou o Jake. - Falei, enquanto colocava ela no chão e estirava minha mão pra nos cumprimentarmos como se fosse a primeira vez que nos víamos, e de certa forma era.

- Muito prazer Jake. - ela entrou fácil na brincadeira.

Puxei sua mão e a conduzi até a manta. Ela foi sem reclamar. Aninhei ela em meu peito sentando ela de costas pra mim pra esquentar ela melhor, abraçando os ombros; ela ainda estava com frio.

Me pus a pensar sobre isso, sobre ela, EU e ELA, mas especificamente.
Eu estava tão empolgado por finalmente reparar em outra garota e notar que ela precisava de um “ombro amigo” que eu nem sequer me perguntei o que seria realmente melhor. Amelie mesmo havia dito que ficaria o minimo possível em La Push, talvez eu não devesse intervir nisso, talvez eu devesse me manter distante de maiores problemas e decepções.

“Quando você não possui nada, não pode perder nada”.

Covarde,, eu sei, muito covarde, mas eu já me sentia muito envolvido com essa garota, seu cheiro, seus modos sempre imprevisíveis, sua forma absoluta de se entregar ao momento quando finalmente decidia ceder.
Não era mais seguro.

E se acabasse? Se ela fosse embora como queria, se fosse o melhor pra ela, afinal? Como EU ficaria nessa historia. Era melhor pegar leve com isso e esquecer essa estupidez de tentar conquista-la.

Ela se ajeitou em mim, quase ronronando de satisfação. Assim seria difícil, muito difícil.

Amelie P.O.V.

Nunca antes me senti mais em casa do que naquele momento, naquele lugar irreal, aninhada no muro de músculos e calor que era o Black, OPS, Jake, devo dizer agora.

E sim, ele venceu! Me sinto feliz com isso. Era simplesmente o cara mais interessante e perfeito que eu já tive por perto e não , ele não usava pasta de executivo LV e nem sapatos de couro italiano feitos a mão, mas ele ARRASAVA.

Eu admito e desisti de lutar contra a minha parte que deseja arduamente que ele me agarre. Na verdade a luta agora tá mais pra me privar de agarra-lo agora mesmo, porque, eu acho que ainda me sobrou algum orgulho.

O céu escurecia e ficava mais roxo a cada segundo, tão profundo e tão ideal, nem o shopping tinha me feito mais bem, e olha que era o meu lugar favorito em casa, nem meu quarto eu amava mais do que amava o shopping.

E agora eu amava isso aqui.

O cheiro amadeirado de Jake entrava em mim a cada respiração, parecia até que meus sentidos tinham se aguçado, nunca reparei tanto no perfume de alguem e olha que eu convivi com pessoas que usavam de Chanel nº5 à Carolina Herrera For Man.
Que colonia será que ele usava?

Me virei pra perguntar e estávamos perto demais, choque instantâneo e eu GELEI TOTAL.

Ele tinha aqueles olhos negros tão expressivos que agora se perdiam completamente nos meus, estávamos nos aproximando sem que percebêssemos isso. Perigoso, muito perigoso, eu fechei meus olhos sem me controlar.

O nariz dele tocou o meu.

Sabia que o estava chamando pra mim, meu lábios se entreabrindo.

Jake roçou a ponta de seu nariz no meu, experimentando, circulando, e então com um suspiro estrangulado ele subiu em vez de descer e me beijou na TESTA. Fiquei ainda mais gelada, porque aquilo foi um literal e imenso balde de agua fria. Talvez ele não estivesse assim tão afim de você, Amelie, sua CONVENCIDA.

- Preciso te levar pra casa, está anoitecendo. - ele começou a nos levantar, ainda juntos. Eu me desvencilhei dele ainda magoada pela rejeição. - Marta pode estar preocupada. - ATÉ PARECE!

- Ahan. - foi tudo o que saiu da minha boca. Super xoxo, eu sei. Mas o que eu devia fazer? Pular nele? Eu ainda tinha um restinho de dignidade.

O caminho de volta pareceu infinitamente menor, talvez porque agora eu não me sentia obrigada a nada. Fiquei pensando em como encararia a cara presumida da Marta, sendo que no final, ela tinha razão, e eu gostei do encontro.

Quer dizer, foi tudo ótimo até o momento em que ele não quis me beijar. O que aconteceu, afinal? Eu tinha ficado com torta nos dentes?

- E então... - ele coçou a cabeça todo sem jeito quando tava parado na porta de casa.

- Até mais AMIGO! - eu usei um pouco de sarcasmo, admito. Ele sorriu. O sorriso me desarmou e eu o peguei de surpresa ficando na ponta dos pés e roubando um selinho.

Fiz um sorriso presunçoso e sai dando tchau pra ele, mexendo só os meus dedos e ajeitando meu cabelo. Nem jogo charme!

Quando entrei Marta estava com uma panela enorme no colo enquanto mexia uma coisa que me pareceu o inicio de um creme para bombas, um dos meus doces preferidos. Ela nem fez uma cara tão convencida quando me viu entrar de bom humor. Apenas continuou mexendo e disse:

- Tem uma caixa pra você em cima da cama. O rapaz que entregou não sabia o que era mas garantiu que tinha um cartão. Veio junto com essas flores. - ela acenou pra um ramalhete de orquídeas caríssimo e maravilhoso que , com certeza, não foi comprado no fim do mundo.

Meu sorriso cresceu e eu corri para o quarto.

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