Rock Stars

Capítulo 23- Cancelamento


Desde a infância somos privados de muitas coisas. Às vezes de um brinquedo que queremos um doce ou até mesmo os dois. E à medida que ficamos grandes essas privatizações crescem e mudam de nome e endereço, mas continuam as mesmas. São conhecidas como futuro e dependendo de certas pessoas esse futuro é inteiramente coordenado pelos pais.

De fato Sakura queria fazer medicina. Seguir a carreira do pai que tanto admirava, quase como se fosse uma extensão da vida dele, na verdade era. E a mãe sempre apoiou a decisão. Desde que o pai tinha tragicamente morrido a mãe enxergava na filha a parte que para sempre se fora e fazia de tudo para que os desejos e sonhos da mesma fossem alcançados.

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Porém as crianças crescem e Sakura se tornou uma mulher, que não queria seguir a carreira do pai. Com certeza a mãe foi contra e moveu céus e terras até que a filha decidisse aceitar a medicina, mas tudo não passava de uma farsa bem arranjada.

Sakura nunca tinha escolhido a medicina. É certo que foi isso que contou à mãe, mas quando viu um futuro no jornalismo não hesitou em buscar aquilo que almejava. E por longa parte da vida tinha convencido a mãe de que fazia o que ela pensava.

Obviamente toda mentira um dia cai, mas Sakura pretendia contar apenas quando terminasse a faculdade. Até porque quando terminasse seria tarde demais para a mãe discordar, porém todo o seu plano de vida tinha ido por água a baixo e ela tinha voltado aos seus algozes. Se não tivesse reencontrado Sasuke e Naruto naquele dia e sofrido o acidente tudo teria dado certo, ninguém descobriria de quem era filha e muito menos a mãe saberia que ela fazia jornalismo.

E agora estava nesta encruzilhada. A mãe se negava a conversar com ela, estava sem amigas e amigos e sofrendo ameaças diretas apenas por querer descobrir quem assassinou sei pai. Talvez tudo não passasse de um pesadelo, mas a vida real era sempre assim.

A rosada mexeu os dedos nervosamente enquanto olhava para o advogado a sua frente. Ele dava longas tragadas no cigarro enquanto analisava o pedido dela.

– Então você quer retirar as acusações? – Ele perguntou novamente para garantir que tinha ouvido corretamente. Mas Sakura estava falando sério, não iria mais mover qualquer ação ou investigação devido a temores maiores.

– Sim. – Respondeu entrelaçando os dedos das mãos suadas pelo nervosismo.

– Isso não faz sentido. – O advogado falou deixando o cigarro de lado. – Você parecia certa sobre a culpa da família Uchiha no caso.

– Eu me enganei. – Respondeu rapidamente. Sakura não dormia há certo tempo e estava vivendo a base de cafeína.

– A polícia também? – O advogado perguntou com o cenho franzido. – O broche com o brasão da família Uchiha foi lamentavelmente encontrado junto ao corpo de seu pai e por mais que não se possa provar a culpa deles certamente estão envolvidos.

– O caso aconteceu há muito tempo. – Sakura falou encontrando os olhos cansados do advogado. Era véspera de natal e todos pareciam esgotados. – Ainda não sei por que a polícia continua a investigar. Meu pai está morto e essa investigação é praticamente uma violação do túmulo dele. – Sakura falava como se lhe faltasse ar. Uma vertigem forte a atingiu e ela agradeceu de maneira silenciosa por ainda estar sentada.

– Isso está sem pé nem cabeça Senhorita Haruno, mas se assim deseja... – O advogado falou voltando ao seu cigarro. Era o terceiro que fumava desde que se encontrara com Sakura.

– Sim é o que desejo. – Sakura falou rapidamente tentando evitar mais interrogatórios. – O pagamento está em dia e apenas cancele esse caso, deixe abafado.

– A própria Família Uchiha já cuidou disto afinal o caso não foi parar em nenhum das manchetes até hoje. – O homem tossindo forte, talvez não sobrevivesse mais um mês com o tanto de cigarros que fumava. – Então o caso está arquivado. – Ele disse se levantando da cadeira do pequeno café de Rock Lee e dando apenas um Adeus.

Sakura tremia, mas estava longe de ser o frio o causador. Aquela tinha sido uma das coisas mais difíceis que tinha enfrentado nos últimos dias. Anos de investigação jogados fora porque tinha sido ameaçada, porque seus amigos e única família tinham sido ameaçados.

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Ela deve ter ficado por um longo tempo no pequeno local, mas nem mesmo reparou. Rock Lee estava viajando para uma conferência de restaurantes e por isso ninguém veio em seu apoio, Novamente sozinha e desolada.

– O que faz aqui? – A voz grossa se sobressaiu. Sakura levantou os olhos do café frio e viu a figura de Gaara com um boné um capuz sentando na cadeira da frente.

– Apenas passando o tempo. – Foi tudo o que ela conseguiu responder. As relações com Gaara não andavam muito boas desde a festa.

– Não parece isso. – Gaara falou olhando nos orbes esmeraldinas de Sakura e reparou que não brilhavam mais.

– O que você faz aqui? Sua agenda é muito ocupada. – Sakura disse bebendo o café frio que odiava.

– Às vezes é bom dar um tempo da agenda ocupada. Não quero morrer por trabalhar demais. – O ruivo explicou como se fosse a coisa mais simples do universo, talvez fosse.

Os dois não falaram nada por um bom tempo e apenas ficaram a observar as pessoas que entravam e deixavam o café, cada um com sua história e próprios problemas.

– O que você sente por mim? – A pergunta de Sakura causou certo espanto em Gaara. Ele ainda não sabia o que falar com Sakura, apenas sabia que a encontraria naquele café hora ou outra e mesmo assim a pergunta tinha causado um efeito arrebatador. – Quer dizer você me beijou aquele dia e depois disse que não queria nada e na festa voltou a me beijar. O que isso quer dizer.

Gaara suspirou profundamente antes de responder a pergunta de Sakura.

– Não sei. – Foi o que disse causando certo desapontamento em Sakura. – Eu achei que estivesse apaixonado, muito antes de te conhecer. Naruto falava tanto de você que fiquei encantado com a menina de cabelos rosados e quando te conheci esse sentimento pareceu se intensificar, mas ao mesmo tempo... Parecia errado.

– Errado? – Questionou Sakura olhando para a porta.

– Errado. Eu não poderia ficar com você por causa da banda, das fãs, do Naruto e do... Sasuke.

– Sasuke? Como ele poderia se encaixar nessa história.

– Eu não sei se notou Sakura, mas ele gosta de você. – Gaara falou pedindo um cappuccino para a garçonete que pareceu reconhecê-lo, mas logo se retirou.

– Se ele realmente gostasse de mim não teria feito o que fez.

– Espero que seja uma coisa horrível para ele merecer esse ódio porque ele realmente gosta de você.

– E como você pode ter certeza?

– Ele morre de ciúmes quando você está com outra pessoa, fica falando de você enquanto dorme e compõe músicas para você mesmo que você não saiba. Adora te implicar apenas para te ver brava e quase morreu nos últimos anos quando você não falou mais com ele. – Gaara explicou enquanto tomava um gole do cappuccino quente que acabara de chegar. – E então o que ele fez?

– Na época foi algo terrível, mas hoje não é tão forte. O que importa é que ele traiu a minha confiança e me cortou em pedaços pequenos.

– E mesmo assim você gosta dele. – Gaara falou com certeza indubitável.

– O que? – A rosada gaguejou um pouco.

– É difícil para eu admitir, mas é verdade. Basta falar o nome daquele miserável e seus olhos brilham.

– Difícil de admitir? – Sakura perguntou mudando de assunto.

–Eu gosto de você Sakura e por um momento achei que poderia dar certo, mas a verdade é que jamais poderia dar certo. – Gaara levantou-se e colocou algumas notas em cima da mesa. – Obrigada Sakura.

– Pelo que?

– Por me rejeitar.

– Eu nunca te rejeitei. – Sakura falou confusa. Gaara era um rapaz estranho.

– Acabou de fazer admitindo que gosta de Sasuke, mas é uma coisa boa porque eu não posso alimentar falsas esperanças. – E com isso o ruivo saiu do café deixando Sakura afundada na cadeira confusa, cansada e mais uma vez sozinha.