Encontro Surpresa

Um pequeno vendaval chamado Raito


- Papai? – Risa chamou, assim que Rinse levantou, cheia de pastas e papéis, para voltar à sua sala. – você se lembra que prometeu me dar o que eu quisesse no almoço, se eu ficasse boazinha essa manha?

- Sim... – ele disse, desconfiado.

- Podemos ir a uma loja de animais em vez de almoçar, e comprar uma coleira para o Raito?

- Risa, não quero que se apegue a esse cachorro!

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- Não vou me apegar, papai. Mas por favor... você prometeu!

- Eu estava pensando em comer uma pizza que você tanto gosta. – Sesshoumaru olhou de modo acusador para Rin, insinuando que era tudo culpa dela. – Talvez devamos deixar Rin cuidar do cachorro. Ela o pegou, é responsável por ele.

- Rin não vai ter tempo de sair para almoçar – Risa continuou antes que Rin tivesse chance de falar.

Não teria mesmo tempo, Rin pensou, olhando para a pilha de papéis que a esperava.

- Não se preocupe, Risa. Tenho certeza de que encontraremos uma corda, ou alguma coisa que se pareça com uma coleira, aqui mesmo. – ela disse, optando por uma voz de mártir que sabia que seria a que menos perturbaria Sesshoumaru. – Você pode sair com seu pai e aproveitar o almoço. Não se preocupe com o Raito.

Sesshoumaru voltou-se para ela carrancudo.

- Ah, isso vai ser ótimo! Tudo em prol de sua imagem profissional, não é mesmo? Minha secretária pessoal saindo do escritório com um vira-lata amarrado em uma cordinha!

- Posso esperar ate que todos tenham saído. – Rin falou em tom inocente.

- Ah, papai. Por favor! Diga que podemos ir a uma loja... – Risa interrompeu-os. – Eu fui boazinha, não fui, Rin? E você disse outro dia que todos tem que cumprir suas promessas.

Rin engoliu um sorriso ao ver o olhar de frustração de Sesshoumaru. Risa com certeza não precisava de conselhos de como lidar com o pai.

- Não sei onde vamos encontrar uma loja de animais por aqui...- ele resmungou.

- A maioria das grandes lojas tem uma seção de animais de estimação.

Sesshoumaru não se mostrou grato com a observação. Rin percebeu quando ele se voltou para ela com um olhar maligno.

Quando Risa estava saindo com o pai, o cachorro se aproximou mais de Rin, torcendo-se todo para tentar agradá-la. Ele não era mesmo bonito, mas seus grandes olhos castanhos eram tão confiáveis que ela sentiu o coração acelerar por ele.

Rin sabia que também não devia se apegar ao cão. Ela não poderia ficar com ele teria que achar quem pudesse, mas mesmo assim o pegou-o, incapaz de resistir àquele abanar de cauda. Ele era pequeno o bastante para deitar-se em seu colo e ajeitou-se com prazer.

O pobre animal não a atrapalhava em nada. Ela podia digitar, passar e-mails, falar no telefone e tudo o mais. Do mesmo jeito.

Eram quase duas e meia da tarde quando Sesshoumarue Risa voltaram. A pequena trazia várias sacolas nas mãos e ao chegar perto de Rin, começou a despejar tudo que comprara no chão. Uma cesta, brinquedos, uma pequena pá para casos de necessidades, comida de cachorro, e também uma linda coleira que tinha sido o objetivo daquela excursão.

Sesshoumaru tinha uma expressão resignada, observando o entusiasmo da filha ao mostrar a Rin tudo que havia persuadido a comprar.

- Aqui esta a coleira! – ela exclamou, exibindo-a com orgulho. Rinnão deixou de rir quando a viu. Era feita de veludo vermelho e tinha pedrinhas que imitavam diamantes. De excelente qualidade, devia ter custado uma fortuna.

- Não me diga! Foi seu pai quem escolheu!

A ironia atingiu Sesshoumaru em cheio. Apenas o canto da boca dele tremeu, mas Rin sentiu como se tivesse conquistado o Everest. Não era bem um sorriso, mas pelo menos era uma resposta.

Rin forçou-se para não desviar a atenção de Risa, que estava lhe dizendo que a coleira era seu presente para Raito.

- Eu usei o meu dinheiro. – disse com orgulho.

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- Foi muito legal de sua parte – Rin reconheceu, olhando receosa para a pilha de presentes e para

Raito.

- Papai pagou o resto. – Risa admitiu, como se lesse os pensamentos de Rin.

Rin voltou-se para Sesshoumaru. O rápido toque de humor havia se desvencido, deixando-o com a aparência austera de sempre.

- Eu vou lhe pagar o que gastou. Ela prometeu.

- Por favor, não. – ele disse. – Espero esquecer que tudo isso aconteceu o mais rápido possível.

- Bem, obrigada de toda forma – disse Rin, decidida a agradecer mais propriamente em outro momento. E abaixou-se para pôr a coleira em Raito, que se agitou todo com o objeto pouco familiar.

- Olhem só como se parece mais esperto gora! – ela exclamou, sorrindo para Risa. – Você foi muito gentil desistindo de seu almoço por ele...

- Eu não deixei de comer pizza... – Risa teve que admitir.

Rin abriu um largo sorriso, sentindo o estômago roncar de fome.

- Não achei mesmo que seu pai ia deixá-la com fome.

- Veja, trouxemos um sanduíche para você. – Risa disse, para surpresa dela, pegando uma sacolinha com o pai. – Papai falou que você precisava comer alguma coisa.

Rin ficou um tanto sem ação, segurando a sacolinha. Por fim, resolveu abri-la, encontrando um banquete de frango, bacon e mussarela. Era o seu recheio favorito. Como ele podia saber?

Levantando timidamente o olhar para Sesshoumaru, Rin sentiu que um clima se formou entre eles por alguns instantes.

- Obrigada... – ela agradeceu, mal podendo respirar e sentindo-se ridícula.

- Não poderia deixá-la passar fome – Sesshoumaru disse secamente – temos muito o que fazer essa tarde.

Bem ele havia se lembrado dela. Um arrepio correu seu corpo, e ela relembrou o conselho de Kagome. “Não faça isso, Rin.”

Umedecendo seus lábios, estendeu-lhe várias cartas para que assinasse.

- Já marquei as reuniões que me pediu, e a versão final do projeto esta sendo xerocopiada neste momento.

- E os acertos da próxima quinta-feira?

- Estão feitos.

- Parece que esteve realmente ocupada. – ele grunhiu.

Mas, a despeito dos modos dele, Rin se sentiu confortável pelo reconhecimento.

Tenha cuidado, Rin avisou a si mesma. Sabe que não consegue controlar seus sentimentos.

Ela se manteve ocupada por toda tarde. Risa passara horas brincando com Raito, jogando bola pelo corredor, correndo. Mas perto de cinco horas, ambos aparentavam um enorme cansaço.

Rin bateu na porta da sala de Sesshoumaru.

- Acho que Risa precisa ir para casa. – ela disse, já esperando que ele dissesse para ela cuidar da própria vida. – Posso terminar sozinha o que falta, se quiser ir...

Sesshoumaru olhou para o relógio e franziu o cenho.

- Não percebi que já era tão tarde. É melhor que eu a leve, mesmo... Tem certeza de que pode ficar?

- Claro. Cheguei mesmo atrasada essa manha, assim ficamos quites. – ela sugeriu brincando, mas depois acrescentou: - Não me importo em ficar, honestamente. Não quero levar o cachorro para casa nesse horário em que o metrô esta lotado, e não há muito mais o que fazer.

- Bem... obrigado – disse Sesshoumaru com uma voz rouca, enquanto se erguia e pegava seu paletó. Parecia muito desconfortável, e Rin pensou na dificuldade que tinha para agradecer por qualquer coisa.

- Sinto pelo transtorno que causei.

Sesshoumaru estava remexendo em seus bolsos a procura de suas chaves.

- O que vai fazer com o cachorro? -ele perguntou abruptamente, quando Rin abriu a porta para sair.

- Meus pais moram no interior. Eles adoram animais, e têm muito espaço por lá. Acho que vou levá-lo para eles. O problema é que estão de férias e voltam só daqui a três semanas. Vou ficar com eledurante esse tempo. Vou ter de deixá-lo o dia todo, masposso passear com ele assim que chegar em casa... a não ser que eu possa trazê-lo para o escritório? – ela olhou para Sesshoumaru com uma expressão marota. – Ele não dá trabalho, você viu como é quietinho.

Do final do corredor veio um som de latido e a risada estridente de Risa. Sesshoumaru olhou seriamente para Rin.

- Quase sempre... – ela acrescentou.

- Acho que Risa vai ser um problema maior que o cachorro. Ela não vai querer se separar dele agora.

Ele estava certo. Risa estava convencida de que Raito deveria ir para casa com eles.

-x-

- Ele é um bebê e se acostumou comigo – ela protestou – vai ficar confuso se eu o deixar agora. – Sesshoumaru deu um pequeno rosnado.

- Mas você confia em mim para cuidar dele, não é? – Rin perguntou, tentando dissuadir a pequena de seu intento.

- Não é isso – Risa disse, fazendo um muxoxo. – Se eu não levá-lo para casa, não vou vê-lo de novo – ela choramingou. – Por favor, papai. Você sabe que eu sempre quis ter um cachorro.

Sesshoumaru passou a mão pelos cabelos.

- Risa você não pode cuidar dele, fica o dia todo na escola.

- Kaede não vai se importar de cuidar dele durante o dia.

- Eu não estou certo disso, e, de todo jeito, Kaede não esta em casa, não podemos perguntar a ela.

A pequena olhou para ele com os lábios trêmulos.

- Mas o que vai acontecer então? – perguntou tristonha. – Como Rin vai poder cuidar dele? Ela também fica o dia todo fora.

Sesshoumaru mordeu o lábio ao sentir-se encurralado. Precisava concordar com o argumento da filha, já que ele próprio o usara. – Rin vai trazê-lo para cá com ela – ele disse, sucumbindo ao inevitável.

- Então porque você não pode trazê-lo, papai? Você vem de carro, não vai fazer muita diferença para você. Eu passeio com ele de manha, e de noite você o leva para casa.

Sesshoumaru lançou um olhar significativo para Rin. Estava claro que, ele considerava que o cachorro era responsabilidade dela e pedia ajuda. Ela sorriu. Estava embevecida de observá-lo argumentando pacientemente com a garotinha de nove anos.

- Acho que é uma boa idéia, Risa. – ela disse, ignorando o olhar maligno que Sesshoumaru lançou ao ouvi-la – Posso passear com ele na hora do almoço, ele não incomodará seu pai.

O rosto de Risa se iluminou no mesmo instante.

- Oh! Sim papai. Por favor!

- E o que acontecerá quando Kagura voltar? – Sesshoumaru perguntou,incomodado pela manobra das duas. – Ela com certeza não vai querer passear com um cachorro na sua hora de almoço.

A expressão de Risa se entristeceu por um instante.

- Quando ela voltar, a irmã de Kaede também já terá melhorado, e com certeza ela não irá se incomodar de ficar com ele.

Rin tentou esconder um sorriso ante a expressão de Sesshoumaru.

- Você fez um excelente trabalho com Risa – disse a ele seriamente, embora divertida. – São poucas as garotas da idade dela que sabem argumentar tão bem. Deve ter muito orgulho dela.

- Não descreveria como orgulho o que estou sentindo agora... – ele disse exasperado, pois já ficara óbvio que havia perdido a batalha.

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- Muito bem... Mas....

Ele foi interrompido por Risa que se jogou em seus braços, com os olhos brilhantes, agradecida.

- Oh! Obrigada, papai, brigada! – ela gritou, sempre seguida por Raito com seus latidos estridentes.

Ele sempre parecia carrancudo, mas era óbvio que se adoravam.

- Mas... – Sesshoumaru levantou sua voz acima da gritaria. – com uma condição. Você não deve se apegar a ele, Risa. Pode levá-lo para casa hoje, mas só enquanto Rin estiver trabalhando aqui, ou ate que possa levá-lo para a casa dos pais dela. Vocêesta na escola, eu estou no escritório, e não faz parte das funções de Kaede cuidar de um cachorro. Esse é o acordo. Concorda?

Risa olhou como se estivesse refletindo. Rin quase a ouviu pensar que era a melhor oferta que conseguira naquele momento, e que poderia fingir aceitá-la ate que aparecesse coisa melhor.

- Esta bem – ela disse, olhando-o com a cabeça erguida.

Era tão parecida com o pai, que Rin sorriu ao ter a certeza que Sesshoumaru é um feliz proprietário de um ex-cachorro abandonado. Querendo ou não.

E aquela era mesmo a melhor solução. Seus pais poderiam ficar com o cachorro, mas se envergonharia depedir que ficassem com mais um animal, depois de todos os outros que já levara. Gostaria também de ficar com Raito, mas percebeu a paixão que a menina sentira pelo cãozinho. Ele seria bem mais feliz com Risa.

- Espero que Kagura não volte nunca mais... – Risa murmurou enquanto Sesshoumaru pegava seu paletó.

Rin ficou desconcertada porque esse também era seu desejo.

Na manha seguinte foi a vez de Sesshoumaru chegar atrasado. Entrou no escritório com Raito pulando e latindo ao seu lado. Rin estava em sua mesa e olhou inocentemente para seu relógio.

- Não diga nada... – ele avisou, irritado.

Rin deu um pequeno sorriso.

- Eu não ia fazer isso.

- Suponho que tenha consciência de como você e esse cachorro desorganizam minha vida? – Sesshoumaru rosnou, enquanto Raito correu para Rin, reconhecendo-a.

Estava usando um vestido claro aquela manha, já que o terninho tivera que ir para a lavanderia por causa do episódio anterior. Apesar de ser um modelo comprido, com gola alta e mangas, era muito mais provocante do que aquele que usara no jantar de Miroku e Sango, pois realçavam com perfeição suas curvas bem feitas.

Ela também desistiu de manter seus cabelos presos, e deixara-os caírem soltos por suas costas.

Apesar de julgá-la muito mal arrumada, pela primeira vez, Sesshoumaru percebeu que ela lhe parecia afetuosa e cheia de vida, ali, tentando manter o cachorro afastado do computador de seu escritório, antes tão asseado e arrumado...

- Esse cachorro esta descontrolado – ele disse, a voz seca, como se sua garganta estivesse tensa.

- Oh! Mas ele é tão carinhoso, como posso brigar com ele?

- Diz isso porque não tentou levá-lo para passear. Ele não faz idéia do que é andar com uma coleira, e se você o solta dá tantas voltas que não consegue mais segurá-lo. Já é difícil o suficiente levar Risa para a escola no horário, sem ter esse furacão em miniatura por perto. Ele comeu o meu melhor sapato.

- Mas ele é um bebê! – Rin exclamou. – E é isso que os bebês fazem. Você é quem precisa ser cuidadoso e manter as coisas fora do alcance dele.

- Não é um bebê, é um cachorro crescido e descontrolado!

Raito saltou em Rin animado quando elasegurou sua cabeça.

- Só precisa de um pouco de treinamento, não é? Logo, logo estará sentando e ficará quieto com uma única palavra.

- Então eu desafio a treiná-lo senhorita. E ensine-o também a fazer algo útil, como café da manha, ou limpar a cozinha para pagar os gastos que tenho com ele. – Sesshoumaru suspirou e tirou o casaco. – Que manha! Já é ruim ficar sem Kagura, que dirá sem Kagura e Kaede ao mesmo tempo.

- Quando ela voltará? – Rin perguntou, colocando o cachorro no chão e tentando não se sentir muito magoada, com o fato dele sentir falta de Kagura.

- Não rápido o suficiente! – ele respondeu, pegando as cartas que Rin abrira para ele e começando a lê-las. – Não sou um homem prendado e há um limite para comida congelada. Mas a irmã de Kaede ainda esta no hospital, e ela não sabe quando poderá voltar.

- Não consegue contratar alguém temporariamente?

- Fica difícil sem saber por quanto tempo vou precisar contratar. Alem disso, Risa odeia mudanças. Ela não gosta nem de ter empregada, queria que fossemos só nós dois. Consegue suportar Kaede, mas é o máximo que consigo dela.

- É mesmo difícil. - Rin concordou, percebendo que Sesshoumaru a olhava desconfiado, parecendo arrependido por haver confidenciado, algo de sua vida particular.

- Bem, mas vamos começar... -ele disse abruptamente. – Alguma mensagem?

- A secretária do Bokusen-ô-sama telefonou. Você pode ligar para ele? - Rin consultou sua agenda. – Que você se encontre com ele esta tarde. Há alguns pontos que quer esclarecer antes de tomar uma decisão quanto aquele contrato. Qual é o problema? – ela perguntou ao ouvi-lo resmungar.

- Preciso ir encontrá-lo, não posso perder esse projeto. Mas prometi a Risa que a pegaria na escola. Ela quer mostrar o cachorro aos colegas... - Sesshoumaru colocou as mãos nos bolsos, e fitou o chão com uma expressão preocupada. -Ela sempre foi uma criança muito solitária. Acho que é inevitável, e esperava que ela fizesse mais amigos nessa nova escola. E que as outras crianças iriam pensar... – ele continuou relutante. – tenho receio de que ela tenha falado a todos sobre o cachorro e fique muito frustrada por eu não aparecer com ele.

- Quer que eu vá buscá-la com Raito? – Rin ofereceu-se, e ele ergueu a cabeça para olhá-la.

- Poderia fazer isso?

Rin evitou olhar nos olhos dele. Não tinha certeza do que tinha a motivado àquela oferta.

- Iria com prazer... – ela conseguiu dizer. – em parte isso tudo é culpa minha também.

Sesshoumaru hesitou.

- Posso não estar de volta antes das sete, Bokusen-ô não é uma pessoa fácil...

- Não há problema. – ela começou a arrumar alguns papéis em pilha sobre a mesa. Posso ficar com Risa ate que volte.

- Tem certeza? Hoje é sexta-feira, não tem compromisso?

- Nada de especial – ela respondeu. – e eu posso sempre chegar atrasada.

- Não tem nenhum encontro com o analista financeiro?

- O que? Oh... – o sangue subiu-lhe o rosto, lembrando-se da estória que havia inventado para impressioná-lo. – Não. Essa é a vantagem de um homem de contos de fadas. – ela disse erguendo o rosto pouco corado. – faz tudo que eu mando, é realmente um homem perfeito.

- Entendo. – um ar desconcertado tomou conta dos olhos de Sesshoumaru. – Bem, se não se importar gostaria muito que você fosse buscar Risa na escola. Vou telefonar para a escola e avisa que você irá.

Porque estava fazendo aquilo? Rin se perguntou ao adentrar o carro que Sesshoumaru havia alugado para levá-la. Estava tão determinada a parecer fria e profissional, e aprontava aquilo.

Kagome avisara para não se envolver, e ela não faria. Estava apenas ajudando-o em um momento de necessidade. Faria o mesmo por qualquer outra pessoa.

Não tinha nada haver com o calor que a aqueceu quando ela se lembrou do “quase sorriso” nos olhos de Sesshoumaru e em sua voz.

Ficar esperando no portão da escola com várias mães e babás foi uma experiência muito estranha.

Rin nunca se permitira a pensar em ter filhos. Mesmo no auge de sua paixão por Kouga, ela sabia que a idéia de ter filhos não o atraía nem um pouco. Kouga sempre queria que o mundo girasse em torno dele, e nunca se contentaria em dividir as atenções com alguém, muito menos com um bebê que não saberia bajulá-lo. E também não era confiável o suficiente para ser pai. Ao contrario de Sesshoumaru.

Quando as crianças começaram a aparecer no pátio, Rin desviou seus pensamentos de Sesshoumaru e procurou por Risa.. por fim, avistou-a no meio da multidão, procurando por seu pai. Rin observou o momento em que ela percebeu que ele não estava ali e pode sentir seu desapontamento. Com alguma dificuldade para passar com Raito entre todas aquelas mães, Rin gritou para chamar a atenção da menina.

- Risa!

O ar sombrio sumi da expressão dela ao avistar Rin e o cãozinho. Em um instante já havia os alcançado.

- Seu pai ficou muito chateado por não poder estar aqui. – disse Rin rapidamente. – Mas ele mandou Raito de todo jeito, você não se importa, não é?

- Não... se Raito veio... -Disse abaixando para que o cachorrinho pusesse as patinhas em seus joelhos, para cumprimentá-la.

Logo, havia um circulo decrianças curiosas em volta de Raito.

- É o meu cachorro... – Risa disse com ar casual, como se não se importasse com a atenção dos outros.

Raito desempenhou seu papel com brilhantismo, fazendo festa e se comportando com tanta doçura, que todos perguntaram a Risa se poderiam acariciá-lo. Foram momentos de gloria para a pequena. Suas faces estavam rosadas de satisfação quando saiu da escola, segurando triunfantemente Raito no colo e acenando para os colegas.

O escritório de Sesshoumaru era tão moderno e pratico, que Rin de algum jeito esperava que ele morasse em um lugar similar. Sua surpresa foi grande ao deparar-se com uma casa muito grande. À frente dela um amplo jardim, com um chafariz e algumas carpas dentro deste, extremamente bem cuidado, ideal para um cachorro.

Mas, por dentro, a casa parecia ter sido decorada por um profissional, era impessoal. O ar parecia estagnado, triste mesmo, como se nada ali pudesse ser tocado. Uma residência, e não um lar. Rin imaginou se estaria assim desde que Sara falecera.

Risa correu para uma grande cozinha com portas francesas que davam para o jardim.

- Eu queria que Raito dormisse no meu quarto, mas papai disse que ele precisava ficar aqui. – ela disse a Rin, apontando o cesto com brinquedos postos em um canto.

- Acho que ele se sente melhor mesmo na cozinha. – Rin disse com tato.

Aquilo deveria ter causado uma batalha no dia anterior. Era fácil entender o porque Sesshoumaru estava tão estressado pela manha.

Enquanto a pequena bebia água, Rin observou a cozinha, lembrando-se do comentário de Sesshoumaru sobre comida congelada.

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- você sabe cozinhar? – Risa olhou para ela realmente curiosa.

- Bem... sei fazer algumas coisas...o que você gosta de comer?

- Lasanha! – ela pediu de imediato. -Kaede não sabe fazer... acho que não comem isso do lugar de onde ela veio. – Risa explicou compreensiva. -você sabe fazer pudim?

- De alguns sabores. Porque? Você também gosta de pudins?

- Papai adora, mas Kaede também não sabe fazer.

Rin gostou muito de saber que Sesshoumaru tinha uma fraqueza, mesmo que essa fosse por pudins.

- Você acha que ele gostaria de pudim de chocolate? – ela perguntou a Risa.

- Ele adora chocolate.

- Bem, vamos ver se tem aqui ingredientes para fazer uma lasanha e um pudim...

Quando Sesshoumaru voltou para casa, encontrou sua filha e a secretária substituta e o cachorro na cozinha. Sem que ninguém percebesse sua presença, ele parou à porta, observando a cena. Normalmente Risa corria para seu quarto ao chegar em casa, mas naquele dia, estava feliz ao lado da mesa, o cachorro aos seus pés, ajudando Rin a cozinhar. Havia farinha por todo lado, e a pia estava cheia de louça suja e utensílios de cozinha. O rosto de Risa estava cheio de chocolate, e Rin não estava muito melhor.

Sesshoumaru foi obrigado a admitir que sua cozinha nunca fora mais aconchegante.

- Não se pode contar com esse cachorro nem para guarda, heim?

A ironia de Sesshoumaru ajudou a abafar o aperto em sua garganta.

Ao som de sua voz, Rin virou-se e Raito correu para seus pés, pulando, correndo em círculos ao seu redor, latindo e abanando a cauda com tanta rapidez, que só mesmo Sesshoumaru, com sua arrogância, para não sentir-se agradecido com o calor do cumprimento.

- Veja como ele esta feliz em vê-lo! – exclamou Risa abraçando o pai.

Rin voltou toda a sua atenção para a tigela que mexia. Apenas o susto pela chegada inesperada, Rin disse a si mesma. Não havia motivo algum para ficar ansiosa. Era apenas Sesshoumaru e seu olhar frio, seu rosto tenso, sua presença sombria e austera. Nada que pudesse explicar o fato de todos os seus sentidos estarem alertas, ou o ar parecer ter evaporado de seus pulmões.

E não havia absolutamente razão alguma para que se sentisse subitamente tãoridícula e embaraçada.

- Olá... – ela disse em resposta ao cumprimento dele, e um tanto afetado pelo seu desespero.

Pelo canto dos olhos, ela viu que Sesshoumaru tirava o paletó e afrouxava o nó da gravata.

- Tem alguma coisa cheirando bem aqui...

- Você não vai acreditar papai! Rin fez lasanha. – Risa continuou com expressão séria. – E eu estou fazendo a salada, e... também teremos pudim de chocolate! Fizemos o pudim especialmente para você.

Sesshoumaru olhou Rin, que enrubesceu e bateu com força a peneira dentro da bacia.

- Risa disse que você adorava chocolate.

- É verdade.

- Espero que não se importe por eu ter invadido sua cozinha desse jeito – Rin disse um pouco ansiosa. – pensei em preparar o jantar, já que estava aqui.

- Me importar? – Sesshoumaru repetiu as palavras. – Estou grato.

Ele parecia menos teimoso e terrível do que o habitual, como se boa parte da rigidez estivesse tivesse deixado seu corpo. Bem estava em sua casa, seria de se esperar que ficasse mais relaxado que no escritório.

Mas aquele novo comportamento dele era ainda mais perturbador. Ela não sabia como lidar com este Sesshoumaru mais amigável, e aquilo a deixava mais nervosas que suas grosserias.

- Não vou me demorar. – ela disse incerta sobre o que devia fazer. – E prometo limpar tudo antes de ir embora.

- Mas vai jantar conosco, não vai? – perguntou Sesshoumaru, e Risa o seguiu, como se não contasse com a possibilidade de que Rin não os acompanhasse.

- Oh... Você tem que ficar...

Ele podia estar apenas sendo gentil, Rin pensava, sem parar de bater a massa. Ela queria ficar, estava muito apreensiva. Sentia-se muito estranha e isso tinha a ver com o modo em que Sesshoumaru a olhava parada ali de pés.

- Bem eu...

- Você disse que não tinha nada em especial para fazer esta noite. – Sesshoumaru relembrou-a.

- Sim, mas...

- Eu chamarei um taxi para levá-la em casa mais tarde. – ele prometeu, e então, como se as palavras saíssem sem controle da boca dele, continuou: - Por favor, fique.

O que ela poderia dizer?

- Esta bem, eu aceito o convite.

Foi então que Sesshoumaru sorriu. Um sorriso real, só para ela.

As mãos de Rin tremiam quando ela foi trocar de roupa. Havia fantasiado varias vezes como seria o rosto dele ao sorrir, mas não estava preparada para o modo como o sorriso o transformou, iluminando seus olhos e suavizando seus lábios austeros.

Fora um sorriso breve, apenas para que ela percebesse seus dentes claríssimos e o modo com que seus olhos acompanhavam o movimento, também sorrindo. Nada que justificasse como seus joelhos fraquejaram de repente.

Sentindo-se culpada, Rin encarou a realidade.Estava agindo completamente ao contrario do que Kagome aconselhara. Já desculpara Sesshoumaru por todo o seu mau gênio por causa de sua estória trágica, e agora se sentia atraída por ele.

Quanta tolice. Sabia o que era sofrer por um homem inatingível. E Sesshoumaru com certeza era um deles. Não porque vivia apegado à imagem de sua esposa falecida, mas porque também era seu chefe. Envolver-se com ele não era uma boa idéia.

Aliás, seria uma péssima idéia. Considerando que Kagura estaria de volta em breve, e ela estaria novamente desempregada.

Ao invés de sair e se divertir e conhecer alguém realmente interessante, Rin estava ali, coberta de farinha da cabeça aos pés, emocionada porque Sesshoumaru sorrira para ela.

Jantaria com eles, já que não podia mais voltar atrás, e depois colocaria um ponto final naquela estória sem futuro.