Aluga-se Um Noivo

Capítulo 15


Meu mundo desacelerou até parar completamente. Eu nem bebi nada hoje e já estou tendo alucinações? Ouvindo coisas?

— O quê?

— O que o quê?

— Por que não pode continuar?

— Já disse, não quero que pense que me aproveitei de você.

Peraí, como é que é?

— Pra isso, quero romper o acordo, não quero que se sinta seduzida, estuprada ou seja lá o que for.

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— Você tá de sacanagem?

Para tudo! Eu ouvi quando ele disse: eu tô apaixonado por você, Débora, ouvi ou não ouvi? Ouvi? Meu Deus o que eu tô fazendo? Eu tô pirando aqui!

Me levantei ainda sem muita reação e fui até a sala catar minhas roupas do chão, Théo veio atrás.

— Eu...

— Théo, nem pense em romper o acordo, seria a humilhação suprema e você não vai me fazer passar por isso!

— Débora...

— Nos vemos no segundo ensaio, na semana que vem.

E saí.

*

Dirigi ouvindo a maldita música do Justin Timberlake, mirrors, e chorando e cantando e estacionei na garagem do prédio, chorei tanto que adormeci no carro. Levantei já de madrugada e entrei no apartamento.

Haviam trinta ligações no meu celular, cinco da Carol, cinco do Junior e vinte do Théo.

Não respondi a ninguém. Passei uma manhã de domingo de merda! Me escondendo do Mundo, enrolada no edredom num puta calor lá fora e eu com o ar condicionado ligado no máximo do frio.

Me acabei num trakinas meio a meio e foi essa minha refeição.

Peguei no sono e quando o sol já estava sumindo senti uns dedos no meu cabelo. Despertei assustada, Théo.

— O que você tá fazendo aqui?

— Recebi uma mensagem da Carol, pra ver o que está acontecendo com você e te encontro assim.

— Assim como?

— Um lixo.

Olhei séria pra ele.

— Théo, dá o fora.

— Não mesmo. Você tomou banho hoje?

— Não.

— Claro que não.

— Só falta dizer que estou fedendo. — não quis saber de coisa alguma, acho que até queria espantá-lo quando cheirei minhas axilas, mas o invés de ter repulsa, ele riu.

— Não tá fedendo não, só está com a mesma roupa de ontem.

— Não sei o que me deu.

— Você surtou. Colocou pra fora toda a raiva que estava sentindo por tudo que aquele babaca do seu ex te fez passar, só isso.

— Me desculpa?

— Não tem nada pra ser desculpado. — Théo olhou o pacote de biscoitos sobre a cama — Você comeu, hoje? Comida?

Fiz que não.

— Imaginei.

Observação: enquanto estava largada na cama, Théo preparou talharim ao sugo. (O melhor que já comi)

Me levantou da cama e me despiu, isso está se tornando um hábito. Mas a cada vez que me vê nua, sinto-me menos constrangida.

Despiu-se também e entrou comigo no chuveiro, esfregou minhas costas com bastante espuma, e começou a conversar sobre um programa bobo de televisão e começamos a comparar com The Big Bang Theory.

Théo passou a esponja em meu abdome, ainda de costas para ele e encostou nossos corpos, fechei os olhos ao senti-lo, apoiei minha cabeça em seu ombro, ele desceu um pouco a esponja até a parte interna da minha coxa e subindo lentamente alcançou meu sexo.

A esponja caiu no meu pé, Théo manteve a mão direita sobre mim, levou a mão esquerda do para meu seio. A mão direita se manteve em concha em minha pélvis e me apertava com cuidado rotacionando os dedos sempre que chegava na direção de meu clitóris. Gemi baixinho.

— Assim? — me perguntou, não consegui responder — É? — ele insistiu.

— É. — respondi gemendo e senti o sorriso se armando em minha orelha.

— Nunca quis tanto fazer amor com alguém quanto quero com você.

Mais uma vez estava ouvindo coisas, essa falta de sexo anda mexendo demais com meu cérebro.

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— O que?

Théo me virou me abraçando e esperou até que eu abrisse os olhos.

— Eu disse que quero fazer amor com você.

E de repente minha mente voou como um abutre sobre a carniça e me lembrei do Hyundai e do “apartamento de apoio”, das roupas e perfumes importados, sapatos italianos, Junior falando dos nossos bens.

Mas ele estava me olhando nos olhos, e havia uma tremenda confusão de sentimentos, a mesma confusão que vi no apartamento do Leblon. De repente ele se esqueceu de tudo que havia me dito? Fiquei tão confusa...

— Então faz. Faz amor comigo, Théo. — ignorei totalmente meu bom senso.

— Não posso. Quero, mas não vou. — ele não ignorou o meu bom senso? E lá estava ele com aquele papo novamente.

— Porque...

— Porque não posso misturar as coisas.

— Que coisas não quer misturar?

— Desculpa, Déb. — voltou a me abraçar e deixou um selinho na minha boca — Vem, vamos comer comida de verdade.

— Isso não se faz, você está sendo cruel.

Sabe o que ele me respondeu? Nada! Sorriu e me fez um carinho no rosto. Pela segunda vez, esse cara quer me enlouquecer?