—Mas porque diabos essa chuva tinha que cair logo hoje? - Digo, fechando a janela. Depois que a fecho, passo um tempo observando a paisagem, acinzentada devido àquelas nuvens chorosas, imerso em pensamentos.

Enquanto a chuva banhava a cidade, fiquei divagando: "Porque as coisas aqui na terra simplesmente caem, desmoronam? A chuva, por exemplo; simplesmente desaba sobre nós."

Percebe-se que não sou muito fã da gravidade. Nunca gostei da ideia de me sentir preso ao chão. Não que eu goste de ficar a deriva. Eu gostaria apenas de sentir a liberdade extasiante que é poder voar, com a brisa batendo em cheio no rosto e os cabelos esvoaçando ao vento. Todas aquelas tentativas dos homens de voar sempre me pareceram engenhosas demais. Nunca seira o mesmo que possuir asas.

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Sento-me na cama, cansado demais para continuar em pé enquanto filosofo observando a chuva. "A chuva nos faz filósofos", penso, e com um sobressalto, ouço algo cair no chão com um baque surdo. Abaixo-me e encontro um antigo livro caído no assoalho de madeira, aberto com as páginas viradas para baixo. Devia estar em cima da cama antes que eu me sentasse.

Pego o livro e coloco-o sobre meu colo para estudar-lhe a desgastada capa marrom e sem graça, com a ilustração de uma bela coruja branca de grandes olhos dourados, e o seguinte título: "As almas esquecidas do vale de Grimm Wood".

Se a capa do livro não me chamou a atenção, o título certamente o fez. Na fração de segundo em que abri o livro, já não precisava mais de asas para voar ou para sentir-me livre. Eu tinha minha imaginação e um livro em mãos. Era o suficiente.

A imaginação lhe dá asas para ir para onde quiser sem tirar os pés do chão, e a leitura - o aprendizado, a sabedoria - nos torna livres para pensar, imaginar, e, assim, deixamos de ser prisioneiros de nossa própria ignorância.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.