A Drop In The Ocean

– Você o que? – ele congelou. Um arrepio percorreu seu corpo e ele, por incrível que pareça, começou a rir. – Ah, não brinca com essas coisas.

– Por Kami, como eu gostaria que fosse apenas uma brincadeira. – ela olhou para baixo e respirou fundo. Arcaria com as consequências.

– Mas... – ele a olhou, estudando-a, como se fosse a última vez. As palavras sumiram de sua boca.

– O meu pai é o responsável por escolher o herdeiro com o qual devo me casar. É a tradição. Sempre foi assim. – as lágrimas já haviam secado e agora, ela lidava com uma frieza que não sabia que possuía.

– Precisamos sair daqui. – ele disse enquanto a segurava pela mão e a puxava para fora da cidade.

A cesta, há pouco deixada no chão para dar espaço as carícias dos dois, permaneceu no mesmo lugar, esquecida.

Ambos caminharam em silêncio.

Não havia o que dizer. Não havia o que fazer. O destino dos dois já estava traçado e nada poderia mudá-lo.

– Naruto... Olha pra mim. – eles pararam, já longe da cidade, onde ninguém poderia interrompê-los. A Hyuuga falou com convicção, tentando chamar a atenção do loiro que já se perdia em pensamentos e angústias. – Nós vamos dar um jeito. – Ela não acreditava nas próprias palavras.

– Você não pode desistir do cargo por minha causa.

– Eu não sei... – ela olhou para o lado. Estava confusa e sabia disso. Passou uma das mãos na própria testa, como se o movimento fosse clarear seus pensamentos.

– Não. – ele a segurou firmemente. – Eu não estou pedindo. Estou afirmando. Você não vai desistir do cargo de chefe do clã pra ficar comigo. É loucura!

– Não é isso que você quer? – as lágrimas já ameaçavam voltar, mas ela respirou fundo. – Você não quer ficar comigo?

– Mas é claro que eu quero ficar com você! – ele se afastou e levou as duas mãos ao cabelo. Nada fazia sentido. – Você não entende? A questão é maior que isso. É maior que nós dois. É o seu futuro.

– Você também é o meu futuro. – naquele momento ela não foi capaz de segurar as emoções. Seria fraca, e seria fraca pela última vez.

O loiro virou as costas e gritou ao mesmo tempo em que socava uma árvore próxima, que foi arrancada pela raiz e voou devida tamanha força do garoto.

– Precisamos de um tempo. – ela pronunciou as palavras como se fossem espinhos saindo de seus lábios. Não sabia como viveria sem ele. – Se você me esperar, se confiar em mim, nós podemos dar certo.

– Como? Só me diz como? Como vou esperar por alguém que não vai voltar? Você... – ele respirou fundo. A raiva o dominava e ele sabia que precisava se acalmar.

– Eu não sei. Talvez eu consiga convencer meu pai. O conselho aceitaria algum acordo ou condição.

– Bando de velhos que não entendem nada. – ele caminhava em círculos, pensando em tudo que eles haviam passado.

– Naruto! – ela gritou, fazendo-o parar. Seu cenho estava franzido e os punhos cerrados. – Eu não posso prometer nada a você. Não posso pedir e muito menos exigir que você me espere. O que eu preciso saber é se vale a pena. Porque eu te amo e eu lutaria por você. Lutaria por nós. Faria de tudo e mais um pouco. Mas não vou pra guerra sozinha. Preciso de você pra isso.

– Eu... – ele respirou fundo e a olhou profundamente. Tinha tanto pra falar, mas não tinha nada pra dizer. Aproximou-se de Hinata, que o olhava, esperando uma resposta. Acariciou sua bochecha vermelha com os nós dos dedos e, lentamente, beijou-a.

Como se aquela fosse a última vez, os dois retribuíram o sentimento de perda que estavam sentindo através do beijo. O mundo poderia acabar ali, naquele momento.

– Eu quero lutar com você. – ele sorriu e a abraçou.

*/*

Os dois estavam de mãos dadas, caminhando o mais devagar possível em direção à vila, tentando aproveitar o máximo o tempo que tinham, quando um dos membros do clã Hyuuga apareceu correndo em direção ao casal. Na mesma hora em que o identificou, Hinata soltou a mão de Naruto e se afastou alguns centímetros.

– Está tudo bem, Tokuma-kun?

– Hinata-sama... – o homem parou para respirar. Era visível sua aflição. – Trago más notícias.

– Aconteceu alguma coisa? - Naruto perguntou, o cenho franzido.

– Um dos membros do conselho foi assassinado. – O homem disse sem enrolar. A respiração ainda estava um pouco ofegante. – Hinata-sama... Foi Hiashi, seu pai.