Duas semanas depois, Sakura e Hinata caminhavam pelos corredores da universidade, sendo acompanhadas pelos olhares dos alunos, como sempre. Desde a morte de Ino, ambas passaram a serem mais observadas.

– Tsunade disse que tenho grandes chances de fazer estágio em seu hospital daqui alguns meses – comentou Sakura, animada. Estava feliz como não ficava em dias e sentia-se...Bem.

Sem Sasuke, Itachi e Naruto, sua vida estava normal novamente. Havia esquecido completamente das mensagens anônimas e do perigo que elas alertavam. Já que Sasuke e os outros haviam ido embora, era possível que tudo tivesse acabado.

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Quem sabe, fosse assim mesmo.

– Fico feliz por você, Sakura – Hinata sorriu. – Você merece.

– Meninas! – Tenten Mitsashi, aproximou-se das amigas.

Recentemente, Tenten fora contratada por Sakura para ser sua nova “Conselheira de Moda”. Não que Tenten ocuparia o lugar de Ino (nem mesmo a garota queria isso), mas Sakura realmente precisava de alguém que soubesse algo sobre estilo. Hinata ajudava, entretanto, não era bem a sua área.

Tenten Mitsashi era uma garota simpática, extrovertida, durona e excelente amiga. Cursava Moda e fazia anos que Sakura a conhecia, mas ambas não eram realmente unidas.

– Hey! – Sakura sorriu, enquanto voltavam a caminhar. – Como estão as coisas?

– Ótimas – Tenten fez uma expressão sonhadora. – Adivinhe quem eu conheci hoje, Hinata?

– Quem? – perguntou a Hyuuga, curiosa.

– Neji Hyuuga!

Hinata parou, boquiaberta.

– Está brincando!

– Estou falando sério! – Tenten tinha uma expressão sonhadora no rosto. – Neji é...Incrível.

– Especifique esse seu “incrível”, por favor – pediu Sakura, divertida.

– Neji é lindo, joga basquete, é lindo, cursa Administração, é lindo...

– Tenten! – Sakura estalou os dedos na frente do rosto da amiga. – Você já usou esse adjetivo umas três vezes.

– Ah... – Tenten voltou à realidade e encarou as amigas. – Mas ele é lindo!

– Já entendemos – Hinata revirou os olhos e cruzou os braços, sorrindo. – Fico feliz que goste dele. Neji é especial. E não digo isso só porque é meu primo.

– Ele se mudou para Tóquio recentemente, não é? – perguntou Sakura.

– Depois da... – Hinata se interrompeu. Uma onda de constrangimento preencheu o lugar. Ela com certeza diria “depois da morte da Ino”, mas resolveu não terminar a frase. – Enfim, Neji está morando em uma república aqui perto com Kiba Inuzuka, Shino Aburame, Rock Lee e Sai Satochi.

– Caramba! – exclamou Tenten, rindo. – Imagine só a bagunça que deve ser por lá.

– Bom, já sabemos que você nunca vai poder dormir lá – brincou Sakura, fazendo Hinata rir e Tenten fechar a cara.

(...)

Dois meses haviam se passado. Era dezembro e com ele, vinha a neve típica do inverno.

Conforme o ano letivo na Universidade Konoha ia chegando ao fim, Sakura sentia que sua vida estava cada vez melhor. Tenten e Hinata eram grandes amigas suas, Tsunade não parava de elogiar seu ótimo desempenho na faculdade e propôs que logo que o seu primeiro ano de Medicina chegasse ao fim, Sakura poderia iniciar um estágio em seu hospital.

Obviamente, a Haruno aceitou a proposta.

Não havia mais mensagens anônimas, Sasuke ou terroristas. Sakura estava...Bem novamente.

– O diretor vai organizar um baile para o final do ano – comentou Hinata, logo que as garotas adentraram a mansão dos Haruno.

– Então, vou ter a grande honra de produzir um figurino impecável para a flor do presidente? – brincou Tenten, fechando a porta.

Sakura riu, mas o sorriso sumiu de seu rosto ao ver a cena que se estendia na sala de estar.

– Eu sou a culpada por tudo? – gritou Mebuki, dando as costas para Kisashi. – Eu? Você me trai com uma vagabunda...

– Se você fosse mais mulher entre quatro paredes, eu não precisaria fazer isso – o sr.Haruno estava sentado em sua poltrona, com um jornal diante dos olhos, aparentemente tranqüilo.

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– O que está havendo aqui? – Sakura olhou de um para outro, esperando que ambos rissem e dissessem que era apenas uma brincadeira.

Mas seus pais não brincavam e muito menos brigavam na sala de estar.

– Sakura, vá para o seu quarto – pediu Mebuki, secando as lágrimas que desciam por seu rosto.

– Vocês estão brigando? – a rosada avançou, nervosa.

– Sakura, por favor – pediu Mebuki.

– Mãe...Eu tenho dezoito anos! Você não pode me mandar para o quarto quando estiver discutindo com o papai! – a Haruno suspirou. – Vocês nunca brigaram antes.

– Existe primeira vez para tudo – Kisashi permanecia com os olhos no jornal. – Você, como uma mulher experiente, deveria saber.

Sakura fechou os olhos por um segundo e virou-se para Hinata e Tenten, que continuavam no mesmo lugar, estarrecidas.

– Meninas, vocês podem subir, por favor? – pediu, sorrindo.

As garotas assentiram.

– Se precisar de qualquer coisa, estaremos...

– Lendo a Teen Vogue – Tenten empurrou Hinata, sorrindo.

Sakura esperou que as amigas subissem e encarou os pais novamente.

– Pronto, elas já foram. Agora, quero saber porque estão brigando.

Kisashi permaneceu em silêncio. Mebuki tremia ao entregar um pacote à rosada.

– O que é isso? – Sakura encarou a mãe, buscando uma resposta, mas esta não veio. A sra.Haruno apenas indicou o pacote.

Sakura abriu e tirou de lá fotos. Mas não simples fotos e sim, fotos que mostravam seu pai, o “homem fiel”, o “pai do ano”, se agarrando com uma...

– Prostituta? – Sakura encarou o pai, incrédula. – Você...Era por isso que você estava distante? Era por isso que você tinha ficado mais estranho?

Kisashi não respondeu e continuou passando os olhos pelo jornal.

– Isso não te interessa – falou, calmamente.

Sakura trincou os dentes e em um movimento rápido, puxou o jornal das mãos do pai, usando tanta força que o rasgou ao meio.

Kisashi a encarou.

– VOCÊ PENSA QUE TEM O MUNDO NAS MÃOS! – Sakura gritou, furiosa. – MAS SE PENSA QUE É ASSIM, ESTÁ MUITO ENGANADO! VOCÊ NÃO PODE FAZER DAS PESSOAS À SUA VOLTA SIMPLES BRINQUEDINHOS! VOCÊ NÃO PODE AGIR COMO SE FOSSE DONO DA VIDA DAS PESSOAS!

– Veja como está falando comigo, Sakura – Kisashi cerrou os punhos. – E abaixe esse tom de voz. Estou te dando uma segunda chance para me pedir desculpas por ter rasgado o meu jornal...

– QUE SE DANE O SEU JORNAL! – berrou Sakura, cuspindo as palavras. – VOU FALAR TUDO O QUE TENHO PARA FALAR E VOCÊ VAI ME OUVIR!

Kisashi permaneceu em silêncio. Sakura respirou fundo.

– Faz tempo que venho suportando muitas coisas! – cuspiu as palavras, com pura repugnância. – Faz muito tempo que venho suportando sua distância, sua falta de carinho, sua frieza! E faz muito tempo que eu venho ouvindo suas desculpas de que o país era mais importante! Mais importante do que EU! Percebi que você estava diferente, quando parou de me perguntar como eu estava indo na faculdade! E eu fingi que tudo estava bem! Mas eu cansei! Chega! CHEGA! Você pensa que pode nos usar, que pode nos manter como troféus, mas nem minha mãe e muito menos eu temos que viver com isso!

– Pare de agir como uma menina boazinha! - Kisashi parecia irritado e aproximou-se da filha, encarando-a com superioridade. - Eu trabalho muito para colocar dinheiro nesta casa! Para que você tivesse um futuro! Para que você fosse treinada pelo FBI! Tudo o que eu fiz foi por você e sua mãe!

– Inclusive a parte de nos trair com uma prostituta qualquer? - gritou Sakura.

O movimento foi rápido. Sakura virou o rosto, no instante em que recebeu o tapa. Kisashi ofegava, furioso.

– Me respeite! - sibilou o Haruno, segurando a filha pelo pescoço. A rosada encarou o pai, com uma calma e desafio inabaláveis. - Eu ainda sou seu pai!

– E eu me envergonho disso - murmurou Sakura, soltando-se do aperto que seu pai fazia em seu pescoço. - ME ENVERGONHO, OUVIU? VOCÊ ME DÁ NOJO!

Kisashi ia desferir mais um tapa na face da filha, quando Sakura finalmente falou.

– Vai me bater novamente? - desafiou, fazendo-o parar. - Como fez com minha mãe à muitos anos atrás?

Kisashi parou. Mebuki soluçava à um canto, observando a discussão. Sakura havia dito o que à muito tempo pensava em dizer.

"Quatorze anos atrás...

O grito soou pela casa, assustando a pequena Haruno. Sakura levantou-se de sua cama, segurando o ursinho Teddy e arrastando as pantufas cor de rosa. Saiu do quarto, sonolenta, mas decidida à descobrir a origem daquele grito.

Não conseguiria dormir se não descobrisse.

Sakura bateu seus olhos esverdeados na escadaria de mármore, ouvindo gritos no andar de baixo. Foi até o corrimão e sentou-se no degrau, de onde podia observar a sala de estar.

Kisashi e Mebuki pareciam ter chegado de uma festa e ambos pareciam irritados, no centro da sala de estar.

– Me respeite! - gritou Kisashi, levantando a mão para a mulher, que estava com a mão na face, tremendo. - Eu sou muito caridoso com você, Mebuki. Eu sempre fui!

– Cala a boca! - gritou a sra.Haruno, furiosa. - Não diga bobagens! Você nunca foi caridoso comigo! Sempre me tratou como seu objeto, seu troféu! Você só casou comigo...

Mas Mebuki não terminou a frase e recebeu mais um tapa. Dessa vez, a mulher caiu no chão e Sakura gritou.

Kisashi voltou seu olhar para a filha e a rosada apenas teve tempo de se levantar e correr escada acima. Mergulhou embaixo dos cobertores, fingindo dormir logo em seguida.

Na manhã seguinte, Mebuki e Kisashi trataram-se de modo carinhoso, o que fez Sakura pensar que tudo não passou de um pesadelo ou imaginação sua."

– Imagine só - Sakura continuava encarando o pai, sem tremer. - Imagine só o que o povo diria caso soubesse que o homem que apoia a campanha de "não à violência contra a mulher", na verdade seja um grande covarde, usando sua força à anos contra minha mãe!

– Calada! - sibilou Kisashi, com os olhos saltados pela fúria. Seus cabelos alinhados pelo gel já estavam bagunçados e sua gravata estava frouxa. Ele estava realmente descontrolado, como Sakura poucas vezes o via. - Vou te dar uma última chance, Sakura! Apenas mais uma, para você pedir perdão por tudo o que me disse!

– Ou...? - Sakura permanecia desafiadora.

– Ou eu te renegarei - o sr.Haruno estava sério. - Você deixará de ser minha filha!

Ambos continuaram se encarando em desafio. Nenhum dos dois parecia disposto a ceder naquela batalha silenciosa. Mebuki ofegou.

– Por favor...Sakura, Kisashi...Parem! - a mulher aproximou-se dos dois. - E-Eu...Eu...Kisashi, eu perdoo você.

O Haruno assentiu, sem tirar os olhos da filha. Sakura encarou a mãe, incrédula.

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– Como pode perdoá-lo? - perguntou, dando um passo para trás. - Como...?

– Sakura, você não deveria se meter em brigas bobas de casal - Mebuki sorriu, tristonha, enquanto passava os braços pelos ombros do marido. - Eu perdoo seu pai e o entendo.

– Eu sinceramente não entendo vocês - Sakura riu, nervosa. - Não entendo...

– Sakura, peça desculpas - pressionou Kisashi, em uma postura inabalável.

A Haruno suspirou.

– Não.

Kisashi a encarou surpreso.

– O quê?

– Você ouviu - Sakura fixou os olhos no pai. - Não vou pedir perdão. Não vou me desculpar. Porque você é quem está errado e não eu.

– Sakura, por favor - pediu Mebuki, entredentes.

– Por favor você, mãe! O que meu pai tem contra você? O que a prende a ele?

Mebuki empalideceu.

– N-Não s-sei do que v-você...

– Mãe - Sakura segurou a mão da mulher, encarando-a nos olhos. - Há alguma coisa, sim. Ele sabe algo sobre você? Por que não o deixa? Depois de tudo o que ele fez, você deveria...

Mebuki soltou sua mão, afastando-se de Sakura.

– Não diga bobagens, Sakura - sua expressão era de pura indignação. - Estou realmente decepcionada com você. Por que insiste em ser cabeça-dura?

– Vou arrumar minhas coisas - Sakura ignorou a mãe e deu as costas aos pais.

– O quê? - Mebuki caminhou até a filha, surpresa e nervosa. - Por que? Vai viajar?

– Não - Sakura encarou a mãe, um sorriso triste formando-se em seu semblante. - Eu vou embora. Não quero ficar nem mais um segundo nesta casa.

E dizendo isso, subiu para seu quarto.