No dia seguinte, meu pai chegou um pouco antes do meio dia para me pegar na casa de Théo. Ele havia passado a noite fora.
Ah, os homens.
Só que quando eu entrei no carro, Clara estava lá.
– Bom dia, Alice.
– Bom dia, Clara. Como você está?
– Estou ótima, meu bem, obrigada. E você?
– Estou bem.
– Alice, Clara vai almoçar conosco hoje, tudo bem? – meu pai perguntou, olhando pelo retrovisor.
– Claro que sim. – eu me aproximei dos dois e cochichei pra meu pai alto o suficiente para Clara ouvir – Mas pai, quem vai cozinhar? – ela soltou uma gargalhada. Meu pai acompanhou.
– Vamos encomendar alguma coisa.
– Galanteador barato. – eu resmunguei.
– Alice! – eu pai me repreendeu.
– Estou brincando! – me defendi – Cadê seu senso de humor?
Clara ainda ria, e meu pai balançou a cabeça.
Chegando em casa, coloquei os pratos e talheres na mesa. Sentamos para comer.
– Então, Alice, você tá tem alguma ideia de qual faculdade quer cursar? – Clara perguntou.
– Eu quero direito. Já estou vendo algumas faculdades como Yale, por exemplo.
– Ah, então quer se formar por lá mesmo?
– Quero sim. Quem sabe depois de formada eu não volte para trabalhar aqui. – eu disse e sorri para meu pai, ele sorriu de volta.
Clara passou a tarde inteira em casa. Quando foi embora, já estava escuro. Eu estava sentada no sofá da sala quando meu pai voltou.
– E então, o que achou?
– Depende do que você está falando.
Ele me encarou.
– Da Clara.
– É, - dei de ombros – ela é legal.
– Legal? – meu pai arqueou uma sobrancelha. Eu sorri para ele.
– Eu estou brincando. Eu gostei muito dela, pai. Acho que você deve aproveitar a oportunidade. Não quero que você fique sozinho enquanto eu estiver fora. – ele sorriu para mim – Só espero que meu quarto ainda esteja aqui quando eu voltar. – eu disse, séria. Ele se sentou ao meu lado e me deu um abraço.
– Sempre vai estar.

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Quando voltei para Seattle, era noite do dia 29. Minha mãe me esperava no aeroporto. Ela estava com um sorriso maior que o normal.
– Isso tudo é saudade? – eu perguntei a abraçando forte.
– Fazer o quê, não é? – ela sorriu para mim.
Voltamos no carro conversando sobre os preparativos para o ano novo. A festa seria na nossa casa.
– Quem estará lá? – eu perguntei.
– Além de nós, sua avó virá também. O irmão de Patrick virá de New York.
– Patrick tem um irmão? – eu arqueei uma sobrancelha. Seis meses não são o suficiente para conhecer a todos, pelo visto.
– Tem. E uma esposa. E dois filhos. – ela riu.
– Patrick tem dois sobrinhos? – eu me virei para ela – Tem mais alguém que eu precise saber que é da família e que vai a essa festa? O presidente talvez?
– Quase. Ele desmarcou de última hora. – ela olhou para mim e riu. Eu ri também – O irmão de Patrick nunca vem visitá-lo, eles só se veem nas festas de fim de ano. Mas eles são muito ligados...é mais por falta de tempo, mesmo.
– Entendi. E os filhos?
– Gêmeos. Um menino e uma menina.
– Essa família tem uma tendência pra gêmeos.
– Pois é, mas o irmão é mais novo, então os filhos ainda são crianças. Dez anos.
– Meu quarto ficará trancado.
– Eles são bem comportados.
– Bom mesmo. – nós rimos.
Ao chegarmos em casa, todos estavam na sala, me esperando. Recebi abraços calorosos de todos, até Ash estava lá.
Sebastian foi o último. Me deu um abraço forte e um selinho rápido. Um tempo depois, enquanto conversávamos sobre tudo um pouco, Ashley me chamou. Fomos para o jardim.
– Obrigada. – ela disse.
– Obrigada pelo que? – perguntei.
– Por abrir os olhos de Bryan. – ela sorriu.
– Deu certo? – eu perguntei, sorrindo.
– No natal...ele pediu uma chance. Eu sabia que tinha sido você desde o começo. Obrigada. – ela sorriu e me abraçou.
Pensando agora, Ashley tinha se tornado minha irmã. Eu nunca fui muito boa com amigas mulheres, nem ela, mas dessa vez era diferente. Ela tinha um pouco de mim, e eu tinha um pouco dela. Talvez foi por isso que nos demos tão bem logo de cara.
– Não precisa agradecer. Amigas são pra isso, não são? – eu disse e ela ficou sorrindo para mim.
– Que clichê, menina. – ela disse me empurrando pelo ombro. Eu ri. – Mas, é sério Alice, obrigada por tudo o que você fez desde que chegou aqui. Você nos tirou da monotonia.
– Eu que agradeço a você. Por tudo.
Nós nos abraçamos mais uma vez e voltamos lá pra dentro.