A sala proibida

Nunca confie sua vida em estranhos


Eu acho super normal uma pessoa ser curiosa, mas não tem nada de normal em você ser um desconhecido e saber exatamente algo que não era nem pra imaginar, movido pela curiosidade.

Catherine olhava a porta como se estivesse tentando decifrar hieróglifos egípcios. Ela tocava as pedras, a maçaneta, a fechadura, as pedras outra vez, daí voltava pro buraco que para abrir precisa de uma droga de chave. Por fim ela falou:

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– Passa a chave.

– Qual parte do "Eu não sei onde está a chave" você ainda não entendeu?

Ela deu um suspiro e apontou pro meu pescoço:

– O seu colar é a chave.

– Ah... Claro... O que quer dizer com isso?

– Qual parte do "Seu colar é a chave" vocé não entendeu?- Disse me imitando.

Olhei curiosa pra ela com um misto de incredíbilidade. Tirei meu colar do pescoço e coloquei no buraco da maçaneta. Se encaixou. Girei até ouvir o som de destrave. A porta se abriu e por um momento todas as joías brilharam, mas no mesmo segundo o brilho se foi. Cath passou pela porta, não antes de me lançar um olhar de superioridade.

–Gente... Isso é coisa do dêmonio, ou- Murmurei- Ela é filha de cigana.

Entrei e vi o que tinha na sala.

Espelhos.

Milhares deles, com várias formas, tamanhos, molduras:

– A sala dos espelhos...- Murmurou Catherine olhando o mais grande e bonito espelho. Um lado a moldura era branca, resplandecente, com traços que eu não sabia o que significava, mas me aquecia. E outro era um preto e brilhante com linhas traçadas que me deixavam vazia.

– Não toque em nenhum. Não sei o que pode acontecer ou onde pode parar... Venha temos que ir.

Mas ela não se moveu em direção a porta, me aproximeu dela e parei ao seu lado. Ela ainda fitava os espelhos. Tô começando a achar que essa menina fugiu de um hospício:

–Vem. Você não disse pra irmos embora?

–E vamos. Vamos atravessar o espelho

Oi? Wat? Izto not is posible!

–O que?! Não, não, não. Eu bati o nariz 3 vezes em vidros. Eu até TRINQUEI um no shopping! Vai por mim, não é uma dor legal. Alías, que dor é legal?-Refleti comigo mesmo- Dor não é legal! Doí! Humm...Se bem que tem gente que se mutíla porque gosta da dor...

Mas ela já havia me puxado pro vidro. Fechei os olhos. Nas não senti dor, os abri e vi o negro. Uma imensidão escura, como um mar de petróleo. Era como uma montanha russa da morte. Só que sem os trilhos.