“Eu posso sentir a doçura do passado

Mas você não está em lugar algum

Eu ficarei bem quando fechar os olhos e ver

Um amor que eu acredito nunca mudar.”

Lembro de todos os nossos passeios, de todas as nossas palavras... Lembro-me das coisas carinhosas que você me dizia, lembro dos nossos planos. Você se lembra deles?

—X—

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Eu estava sentada no banco daquele bosque, observando as folhas que se soltavam das árvores, e os homens, com seus rastelos, juntando aquelas folhas secas em pilhas. Era de manhã, 06h42min para ser mais exata, a hora perfeita para se passear no bosque do bairro. As luzes da manhã passavam pelas folhas que ainda restavam nas árvores, atravessavam os galhos, e chegavam ao solo, parecia algo divino, aqueles raios de sol penetrando naquele simples bosque de cidade.

Eu conseguia ouvir os patinhos do lago, eles eram a principal atração daquele bosque. Todas as manhãs, as pessoas iam ao redor do lago só para vê-los. Eu me recordo de um casal de patinhos que estavam brincando no lago, aquela cena me enchia de alegria.

Com a mudança da estação, vieram os ventos, ventos fortes e gélidos. Um dos ventos se tornou amiga dele. E esse vento vinha me dizer que tudo que ele dizia para mim, ele dizia para ela. O vento estava roubando ele de mim, ela fazia-se de suave e tranqüila, era falsa para depois se tornar uma tempestade. Eu não confiava no vento. Ela o seduzia para que ele se esquecesse de mim. Dizia a ele que era hora de mudar, o inverno estava chegando e ele deveria a seguir, migrar para longe, para longe do inverno que iria chegar.

Quando ele conheceu o vento do outono, ele mudou comigo. Suas palavras que eram doces e suaves, tornaram-se facas afiadas, sempre prontas para me machucar.

- Eu só quero que você suma da minha vida, sua pirralha!

Ele não imaginava o quanto era difícil para eu ouvir aquelas palavras duras e cruéis. Mas apesar da dor intensa que me elas me causavam, eu segui amando. Para uma palavra cruel, eu lhe daria mil palavras para ver que eu o amava, apesar de tudo. E que o outono era uma linda estação, na qual poderíamos fazer vários passeios e descobrir novas coisas. E que o eu percebi que o único homem que eu queria na minha vida, era ele.

Mas não adiantou, ele se apaixonou pelo vento. Ele então foi seguindo seu caminho, me abandonando, como uma folha abandona seu galho nas temporadas de outono. Dizendo para eu o esquecer, para sumir de sua vida.

—X—

Eu fiquei indo naquele bosque todos os dias, mas ele não apareceu. Eu fiquei sem vê-lo o outono inteiro. Fiquei sem suas palavras, suas risadas, seus abraços, seu olhar... Senti-me completamente vazia.

Sozinha...

Assim foram as minhas manhãs, tardes e noites de outono.

Fim do capítulo...