Bran estava no seu trono de represeiro.Bom pelo menos seu corpo estava lá,mas ele estava no corpo de Hodor.

A caverna era escura.O velho estava no seu trono de raízes,com sua pele branca como a neve e olhos de sangue.

Um albino,pensou Bran,como o lobo de Jon.

– Cuidado garoto - disse ele - a queda do abismo é longa,e seus poderes não estão completos.

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Bran trouxe Hodor de volta e voltou para dentro de si.

– Fale-me sobre você. - disse o garoto.

– Então temos um pequeno curioso?!-sussurrou o velho,com sua voz falhando.-Pois bem,o que posso lhe dizer? Eu nasci a muito,muito tempo.Meu pai era o Rei Aegon VI e minha mãe era Myleessa Blackwood,sua sexta amante.Eles me chamaram de Brynden, e meu sobrenome ficou sendo Rivers,pois era filho bastardo do rei.Fui criado na Fortaleza Vermelha.Minha espada era Irmã Negra,espada da Rainha Visenya Targaryen.Meu pai legitimizou seus bastardos no leito de morte,gerando a Rebelião Blackfyre.Eu permaneci ao lado dos Targaryens,minha família,mesmo eu sendo bastardo.

Bran ficou boquiaberto.Um dos últimos,talvez o último,bastardo Targaryen vivo.

– Meu meio-irmão, Açamargo, tirou meu olho durante a Revolta.Depois disso aconteceram muitas coisas.Mestre dos Sussuros,Mão do Rei e acusado de traição,sendo levado a Patrulha da Noite,junto com Meistre Aemon Targaryen,onde subi ao posto de Senhor Comandante.Depois eu vim para cá,mas essa é uma história muito longa.

– Em meu tempo na capital,fui acusado de feitiçaria pela plebe,mas a corte não dava ouvidos a eles.Eu tinha uma extensa rede de informantes,muito maior que a do eunuco Varys.Por causa disso havia um ditado sobre mim:

"Quantos olhos possui Lorde Corvo de Sangue? Mil olhos e mais Um."

–O povo chamava-me Corvo de Sangue,devido a cor dos meus olhos.Lutei na Rebelião com meus arqueiros,chamados Dentes do Corvo, e lutamos bravamente em nome do rei.Mas,anos depois,aprendi duramente que não se pode confiar nem mesmo na família,por mais estreita que a ligação de sangue seja.

Bran lembrou-se da rejeição de Jon por parte da Senhora Catelyn,que era mãe dele e não gostava do bastardo que seu pai gerara.

– Foi triste,meu pequeno,minha família me acusou de traição,e me manteve preso por muitos anos.Mas a vingança será lenta e cruel, Brandon, lenta e cruel.

E após estas palavras,o silêncio tomou conta do local,atenuando a escuridão.Então o velho falou de novo.

–Vamos treinar.Está pronto?

–Sim,meu senhor.

–Já que estávamos falando de mim,é melhor você me ver nos tempos antigos,antes da Rebelião Blackfyre.

Bran abriu seu terceiro olho e Brynden moveu-o através do tempo,até um represeiro em meio a um bosque,cercado de muralhas de pedras rosadas.

Havia um homem, vestido de cinza.Com cabelos e pele branca de leite e dois olhos cor de sangue estava a frente da árvore e, junto dele, tinha uma bela mulher,com cabelos prateados sobre um rosto em forma de coração.Tinha olhos desiguais,um azul,outro verde.Usava um vestido negro e um colar de prata com esmeraldas e safira alternadas nele.

–Case-se comigo,minha estrela.Venha,vamos para bem longe,onde ninguém nos atormente.

–Não.- disse a moça.

–Minha bela,fuja comigo deste lugar.Atravessaremos o mar,minha Shiera, para o lar de sua mãe.

–Não,meu dragão branco.Mas aceito dividir a cama com você,se aceitar.

–Tudo pela minha estrela.

Então o olho de Bran se fechou.

Uma brilhante lágrima escorreu pelo rosto ressecado do velho.

Mas ela não era de tristeza.O corvo estava ligado a terra e seus sentimentos eram sentidos por Bran.

A lágrima era de saudade,misturada com ódio.Mas, acima de tudo, era uma lágrima de vingança.