One-Shot.

Eles se dividiram em três grupos distintos, e Charles pertencia exatamente ao que mais o transtornava. O grupo que o forçava cruelmente a ficar dividido entre o que é certo e o que é errado, entre o que ele tem, e o que ele poria ter tido se o destino não pregasse tantas peças para caçoar dele. De um lado a mulher com quem se casara, do outro a mulher com quem queria ter casado.

Eles caminhavam por uma longa faixa de pradaria, quando Anne segurou em seu braço, buscando apoio. Charles era um homem controlado, sempre fora, mantinha curta as rédeas de suas emoções, e poucas vezes Anne o pegara desprevenido, essa fora uma delas.

Seu pobre coração angustiado saltava dentro do peito, e Charles, apavorado com a possibilidade de que Anne, ou ainda pior, Mary, o ouvisse paralisou por alguns segundos.

– Algum problema, Charles? – Anne perguntou, tocando-lhe gentilmente.

Havia todos os problemas possíveis. Charles queria tomá-la nos braços e fugir para longe, algum lugar deserto onde ninguém, nenhum Musgrove ou Elliot poderiam jamais encontrá-los.

No entanto ele limitou-se a responder “- Não há problema algum, minha cara Anne”.

Ah, se Anne Elliot ousasse sequer imaginar todos os pensamentos que, mesmo depois de tantos anos, rondavam incessantemente a mente do pobre Charles Musgrove, com certeza ficaria ruborizada.

– Estou sendo maltratada por você, Charles, tendo que ficar do lado da sebe, enquanto você mantêm Anne protegida e livre dos incômodos, isto não é nada justo.

Maldita seja à hora em que Charles decidira pedir a mão de Mary Elliot. Ele a escolhera pensando que talvez houvesse algo em que ela se assemelhasse a irmã, no entanto houveram apenas aborrecimentos. Tudo o que ele mais desprezava em modos e mente apareciam e se destacavam em Mary Elliot, e isso tornava ainda mais fácil a comparação entre as duas mulheres.

Charles nunca entendeu porque Anne o recusou, ele poderia tê-la feito feliz, ele sabia disso. A cabeça de Charles começara a doer, assim como toda vez que pensava demais em Anne Elliot. Ele soltara o braço de ambas às mulheres, alegando ter visto uma doninha e que iria caçá-la, quando, na verdade, tudo que ele queria era apenas nunca ter conhecido Elliot alguma.