O Baile De Máscaras

No Hospital


Nunca senti nada pior do que estou sentindo agora. Minhas pernas pesavam que nem chumbo, mas corri até ele, no chão, me ajoelhei do seu lado e comecei a soluçar descontroladamente. Ele estava estirado no chão, a perna virada em um ângulo estranho, e embaixo de sua cabeça saia sangue, muito sangue. Ver ele desse jeito, jogado assim no chão, foi a pior sensação que já tive, parece que alguém tinha arrancado o meu coração e arremessado ele a um metro e meio de distância. A dor era tão grande, e aumentava quando eu pensava na possibilidade de ele nunca mais abrir os olhos. Eu não posso deixá-lo morrer, não posso viver sem ele, não posso!!!
Cheguei mais perto de seu nariz e percebi que ele ainda respirava bem fraco, mas respirava. Coloquei dois dedos no seu pulso e ele ainda tinha batimentos, e um alívio momentâneo se apossou de mim. Mas eu tinha que ser rápida, antes que fosse tarde demais. Afrouxei sua gravata, para que ele respirasse melhor, e nessa hora, as pessoas começaram a se aproximar, inclusive a Mari e o João, que quando me viram jogada no chão, vieram correndo ver o que estava acontecendo.
- Manu, o que aconte... – começou ela, mas parou quando viu que era o Arthur no chão, todo ensanguentado.
- Chama uma ambulância Mari, rápido – eu disse, entre soluços
- Não precisa, eu já chamei – disse uma voz desconhecida – me... me desculpe por ele, não sabia que tinha uma festa aqui, achava que estava todo mundo em casa, logo hoje. Eu não o vi. – disse o motorista do carro, com cara de culpado.
- Não... não foi culpa sua, fui eu que o fiz ficar parado no meio da rua.
- Isso não interessa agora – disse a Mari – a ambulância chegou
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Eu estava sentada em uma cadeira, na sala de espera, impaciente por notícias. Não aguento mais esperar sentada e começo a andar de um lado pro outro da sala, desesperada. A mãe da Arthur estava sentada do meu lado, e estava tão angustiada quanto eu, segurando um lenço de papel. Minhas lágrimas caiam livremente pelo meu rosto, não me dava ao trabalho de enxugá-las, mais lágrimas iriam cair. Depois do que pareceu ser uma eternidade, o médico sai da sala de cirurgia e se aproxima de nós. Paro de súbito, e olho para o médico. A mãe de Arthur, Dona Paula, olha pra ele também, cheia de esperança, e pergunta:
- Como está meu filho, doutor?
- Não sei como te dar essa notícia, senhora, mas... seu filho não sobreviveu a cirurgia. Sinto muito. – disse o médico, se afastou e foi embora.
Meu mundo caiu. Olhei para a mãe dele e a abracei. Começamos a soluçar alto, e todo o hospital olhava pra nós. Eu não aguentaria viver sem ele, cai no chão, em posição fetal, e chorava mais e mais. A dor no meu coração era imensa e nunca iria passar.
Minha mãe se aproxima e coloca a mão na minha cabeça
- Filha, você precisa levantar, acorda filha, acorda...
Acorda...

Abri meus olhos e estava na sala de espera de novo, mas em vez da sala de cirurgia, estava na frente do quarto 394, encolhida em uma das cadeiras. Minha mãe passava a mão na minha cabeça.
- Acorda Manu, a Paula disse que você pode entrar para vê-lo. – disse ela, com voz de preocupada. Graças a Deus aquilo não passou de um pesadelo. Respirei aliviada. Limpei meu rosto e olhei para a porta do quarto dele. A Dona Paula estava na frente do quarto, sorrindo.
- Ele vai ficar bem – disse-me ela. – ele machucou a cabeça, mas não foi nada grave, só quebrou a perna. Ainda não acordou, mas se quiser vê-lo...
- Quero sim. Obrigada Dona Paula – eu disse, passando do seu lado. Ela olhou nos meus olhos e me abraçou como se dissesse “eu não te culpo pelo o que aconteceu com o meu filho, foi um acidente”. Sorri como forma de agradecimento e entrei no quarto, e ela fechou a porta. Estávamos só nós três lá dentro.
Quando o vi naquela cama de hospital, com a perna engessada e com vários fios saindo do seu corpo, desacordado, desatei a chorar novamente.
- Me d-desculpa A-Arthur – tentei dizer, entre soluços – foi t-tudo c-culpa m-minha, se eu n-não t-tivesse te c-chamado...
- Não querida, não foi sua culpa – disse Dona Paula, passando o braço por meus ombros
- Foi sim! Eu o c-chamei, ele p-parou no meio da rua, f-ficou p-parado lá, não v-vimos o c-carro chegando, já era t-tarde d-demais... – eu disse, entre soluços.
- Olhe pra mim, Manuela – disse ela, pegando o meu queixo e virando o meu rosto para que eu a encarasse. – não foi culpa sua! Não foi culpa de ninguém! Não importa o que aconteceu, só importa que agora ele está bem, ele vai ficar bem, sem sequela nenhuma! Eu não a culpo, e sei que ele não a culpará! Eu que sou a mãe e você que está desesperada? – ela disse, rindo.
- Eu o amo tanto Dona Paula, e só descobri o quanto o amo esta noite – eu disse, abraçando-a de novo.
- E ele te ama também, querida, não duvide disso! Agora chega de chorar, uma garota bonita como você não pode ficar chorando. Vamos fazer assim – ela começou, soltando-se do meu abraço e olhando pra mim, com as mãos na cintura – tenho que cuidar do Thiago, o irmão do Arthur. Ele só tem 6 meses e eu ainda o amamento, não quero trazê-lo aqui, então não vou poder ficar aqui com o Arthur. Volte pra casa, troque essa roupa, deve estar desconfortável, e volta pra cá, fique com ele. Eu sei que não sairia daqui mesmo que eu ficasse.
- É sério Dona Paula? Vai me deixar ficar?
- Vou sim. Mas vá pra casa, troque de roupa. Eu falo com a sua mãe. – ela sorriu bondosamente pra mim, saímos do quarto e ela foi conversar com minha mãe. Avisto a Mari e o João há alguns passos de mim, e caminho até eles, ainda limpando as minhas lágrimas.
- E ai, como está o Arthur? – perguntou a Mari.
- Ainda desacordado – respondi – mas sem lesões ou sequelas. Só uma perna quebrada.
- Ah, graças a Deus! – disse João. Ele era um dos melhores amigos de Arthur, e realmente parecia feliz.
- Quer ir vê-lo? Acho que a Dona Paula não vê problemas...
- É, vou tentar – disse ele, e então se afastou, me deixando sozinha com a Mari. Olhei pra ela e novamente as lágrimas começaram a escorrer do meu rosto. Ela viu e me abraçou.
- É t-tudo c-culpa minha M-mari! – eu comecei, e então contei toda a história, e a idiota me vem com um:
- Eu já sabia de tudo isso, Manu. Sabia que Arthur era o V., sabia que ele te ama há muito tempo, sei de tudo. Quando me contou que tinha um admirador secreto, quando li as mensagens, a primeira coisa que eu fiz foi ligar para o Arthur. Pra oferecer ajuda.
- Ajuda? – perguntei, surpresa.
- Sim, ajuda. Como sabia que Arthur te amava, também sabia que você também o amava. Sempre o amou, mas nunca admitiu, nem pra si mesma. Ou você realmente achava que esse ciúme todo que tem dele é só ciúme de amigo?
Ela tinha me pegado de surpresa. Depois de pensar muito em tudo o que aconteceu aqui no hospital, percebi que era realmente isso. Nunca quis admitir que amava Arthur, mas agora não podia mais negar.
- Eu fui uma burra por não ter percebido, por não ter admitido, por ter machucado ele com cada príncipe estúpido que eu tentava encontrar, quando ele estava do meu lado, o tempo inteiro...
- Manu, nem tudo é como a gente acha que é. Você se enganou com muitas pessoas, com você mesma, deveria aprender a conhecer as pessoas antes de julgá-las. Principalmente a Bia. Ela nunca namorou o Arthur, ela estava o ajudando com o plano. Ela ama o Diego. Eles namoram, sabia?
- Eles namoram? Mas o que foi... – comecei
- Foi tudo parte do plano. Quando o Arthur acordar, a gente te explica. Agora você precisa dormir...
- Não vou conseguir dormir. A mãe do Arthur me deixou ficar aqui com ele, e é o que vou fazer. Sinto-me tão culpada...
- Por mais que a culpa não seja sua, se eu estivesse no seu lugar, também me sentiria. Então vai pra casa trocar de roupa, ou espera passar a noite inteira com esse vestido?
- Já estava indo fazer isso. – eu disse. Ela sorriu, acenou e foi pra perto do João, que estava entrando no quarto do Arthur. De relance, vi a aliança, e sorri. Pelo menos essa noite foi perfeita pra uma de nós duas.

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