A verdade é que depois de todas as gripes, febres, cupcakes e cafés, ela tinha um dia decidido sair com ele. Sair como num encontro e sem beijos por culpa da bebida, e na verdade, sem culpa de nada.

Era terça feira de novo e ela não tinha mais coriza nem febre, e ele continuava sentado na mesa da janela lendo um novo livro antigo. Era terça feira de novo e ele jurou tentar pela última vez chamá-la para sair. Era terça feira de novo e ela aceitou, porque o cheiro do café e do perfume estavam bons e o cabelo dele parecia mais adorável do que nunca.

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Era terça feira de novo e ela ficou vermelha quando disse sim, e ele ficou com um sorriso de orelha a orelha quando ela disse sim. Era terça feira de novo e ele disse que a buscaria às oito e era terça feira de novo e ela se sentia como se tivesse 12 anos outra vez, com todo aquele nervosismo de primeiro beijo sem álcool no sangue.

Era terça feira de novo e ela estava contando os minutos. Era terça feira de novo e ele ensaiava um “Oi” no espelho pela quinquagésima quarta vez.

Era finalmente terça feira quando ele tocou a campainha. Era finalmente terça feira quando ela abriu a porta.

Era finalmente terça-feira quando eles chegaram ao restaurante, e era finalmente terça-feira quando tudo começou a ser o que deveria ser.

E quando eles sentaram-se a mesa, Leo percebeu que não conseguia pronunciar um nome sequer daqueles pratos, e Reyna ficou sem graça ao notar que todos a sua volta estavam vestidos para a entrega de um Oscar.

Os dois, de calça jeans e a luz de velas, riram.

“Isso é um encontro, certo?”, ele checou só pra poder cair a ficha.

Ela confirmou com a cabeça e cruzou as pernas. “É essa a definição de encontro? Sair, comer alguma coisa e conversar?”

“Eu acho que sim.” Ele respondeu, e então olhou de novo pro cardápio antes de fazer o pedido. “Quer mesmo comer isso?”

Era finalmente terça feira e os dois estavam no apartamento 675 do bloco C comendo uma pizza meio calabresa e meio abacaxi, e ela, já sem sapatos e nem timidez disse que esse era o melhor encontro, porque finais felizes acabam em pizza.

E agora, depois de seis meses desse último primeiro encontro, ele já morava no mesmo apartamento que ela, que por ironia do destino, ainda não tinha pedido aquele afastamento judicial de 500m.

XXX

De todos os loucos do mundo, ela o escolheu, porque aquela loucura era a que mais combinava com a normalidade dela.

E de todas as loucas do mundo, ele não escolheu nenhuma, porque era da normalidade inconstante dela que ele gostava de verdade.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.