Dois Cafés Com Creme E A Conta, Por Favor

Lar, doce (ou talvez extremamente amargo) lar


Quando abriu os olhos, Reyna só sabia que era sábado porque não havia nenhum despertador estridente fazendo o papel que ele fazia dos dias úteis da semana.

Ela havia passado de segunda a sexta aturando aquele inconveniente durante todo (ou quase todo) o período que estava acordada.

E recentemente, nem os cafés da manhã em que ela tanto prezava o silêncio haviam sido realizados com paz. Não, ele ainda não tinha chegado ao ponto de invadir o apartamento 675. Reparem que eu disse ‘ainda’, porque a medida da cara-de-pauzisse de um Valdez nato (e ela esperava que isso não fosse genético e/ou hereditário) não era algo medível, como a temperatura da ebulição da água ou o número de graus kelvin necessários para acabar com o movimento das moléculas.

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Desde que Percy havia se pseudo-mudado para o apartamento apertado onde moravam Annabeth, Reyna e um piano espaçoso, os sucilhos matinais haviam sido trocados por doses diárias e mais que exageradas de melação de casal.

E ela tinha certeza de que aquela coisa de ‘amor, me passa a xícara’ e etcera e tal era com certeza mais doce que o frapuccino de caramelo e doce de leite do Starbucks.

E aquilo era realmente muito doce.

Enfim, a coisa é que ela já pensava em desprezar o café da manhã regado de chatices. Porém, depois da recém descoberta de hipoglicemia, Reyna infelizmente não podia passar 3 horas sem a ingestão de algo consideravelmente salgado ou doce. E não, toda aquela coisa-de-casal-recém-apaixonado-e-pseudo-casado não se incluía nesse cardápio.

Pegou o cereal de chocolate e frutas secas e pôs na tigela de tigre. “Annabeth, poderia me passar o leite?”, foi o que ela pediu. Annabeth não atendeu, então ela estalou os dedos umas três vezes para chamar atenção. Suspirou e rolou os olhos. “Amorzinho, pode me passar o leite?”, e só com a voz de falsete ela conseguiu ser notada.

A loira apaixonada lhe deu uma careta e com as mãos do automático, pegou o leite em cima do balcão.

“O primeiro passo você já deu. Agora é só mexer um pouquinho o braço e me entregar.”, ela implicou. E assim que viu que não seria atendida, se levantou do banco e foi-se pegar a droga do leite.

Mastigou a pasta sucrilhosa e torceu para que seu pâncreas produzisse insulina o suficiente para aguentar a overdose de melação que ela pegaria por osmose.

XXX

E então, era oito da manhã e ela estava sentada no topo da mesa da sala, agitando o copo de suco de maracujá que já estava se dissolvendo em duas camadas.

Estava sol, e como sempre, o sistema de refrigeração estava quebrado. Tomou mais um gole e limpou a borda do copo com o polegar.

E então, ela tinha um biquine, um dia de sol e um copo de suco de maracujá com a borda cheia de digitais. E talvez um pouquinho de empolgação para mergulhar e dar saltos ornamentais no trampolim da piscina.

Mas talvez fosse só o sol.

XXX

Não, não era só o sol. Era a vontade de sair de casa e de tomar sorvete que vendia próximo ao clube. E de jogar tênis também.

E então vestiu aquela roupinha de esportista que Annabeth considerava adorável e saiu pela porta da frente em busca de paz e tranquilidade junto a água clorada da piscina e dos suquinhos de uva.

Tirou a chave da bolsa, destrancou a porta. Dia lindo, dia azul, dia bom para ir para a piscina. Droga de dia.

“Olá, querida.”, foi o que disse um Leo Valdez sorridente que a encarava do outro lado da porta. “Eu estava prestes a tocar a campainha quando você voluntariamente abriu a porta para mim.”

Ela revirou os olhos e largou a bolsa no chão. “Bom dia para você também. O que faz aqui a esta hora?”

“Nada, para ser honesto. Eu vim aqui porque não tinha absolutamente nada para fazer.”, ele suspirou e então respondeu.

“Lindo. Não quer entrar e tomar uma xícara de café?”, ela ironizou, e nisso, Leo já tinha limpado os pés no capacho.

“Não seria muito incômodo?”, e pôs a mão sobre o peito só pra dramatizar a cena.

“Honestamente seria, mas eu sigo as regras da boa educação. Ande logo, antes que eu desista e te mande embora.”

Ele deu de ombros e sorriu. “Sua gentileza é encantadora.”

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XXX

“Água, café, suco de morango e Pepsi. Quer algum desses?”, ela perguntou enquanto olhava na geladeira.

“Achei estranho da sua parte não me oferecer ácido sulfúrico.”, ele implicou só pra ser inconveniente.

“Droga! Acabou de estragar meu plano de te matar discretamente.”, ela riu.

“Vou querer o suco de morango, mesmo.”, ele deu de ombros e ela serviu dois copos.

Bebeu alguns goles e recolocou o copo na pia. “Por que veio aqui?”, ela perguntou.

“Eu já disse, não tinha nada pra fazer.”, e encolheu os ombros contra a geladeira. Ela olhou-o acusatoriamente. “Honestamente?”, e então ela confirmou com a cabeça. “Vim ver o apartamento que comprei.”

“Ahn, eu não sei se ouvi direito. Você comprou um apartamento aqui?”

Ele sorriu. “Sim. Não é ótimo?”

Um, dois, dez segundos de silêncio.

“Reyna?”, ele chamou, e então começou a balançar a mão freneticamente na frente da garota.

“Isso é mesmo de verdade?”, ela perguntou só pra confirmar.

“Sim. Agora é bem mais cômodo te levar e buscar.”, ele comentou com orgulho. “Não quer conhecer meu novo ‘lar, doce lar’?

Ela deu aquele meio sorriso de derrota e tomou mais alguns goles do suco. “Excelente.”, foi a resposta irônica dela.

XXX

Um bloco de diferença. Enquanto ela morava no C, ele tinha escolhido o B, muito embora ficassem no mesmo número. E a janela de seu quarto era a vista do quarto dele.

Isso é tão história de livro de água com açúcar, ela pensou ao ver aquela coisa de o-menino-da-janela-da-frente.

“Então, gostou da minha nova casa? Ainda está sem móveis e sem a sujeira normal, mas é um belo cafofo.”, ele comentou com um ar orgulhoso, como um pai explanando para toda a família o prêmio da feira de ciências do filho mais velho.

“Por favor, Leo. Nunca mais diga esta palavra com ‘c’.”, ela reclamou do palavreado antiquado dele.

“Qual é, Reyna! O que você tem contra ‘cafofos’?”, ele implicou como de praxe.

“Nada, se você for um tiozão de meia-idade com gírias dos anos 80 e lâmpadas de lava.”, ela, nada irônica, respondeu. Porque é inválido falar desse modo cafona.

Ele rolou os olhos. “Alguma coisa contra lâmpadas de lava, brotinho?”, e ajeitou o cabelo em um topete e falou com uma voz que deveria ser pseudicamente sedutora.

Mas não era, obviamente.

“É a primeira e última vez que venho aqui, só pra deixar escrito nos seus registros.”, ela afirmou enquanto saía com os passos firmes do apartamento ainda-não-mas-brevemente-mobiliado-com-móveis-que-deveriam-ser-retrôs.

“É o que veremos. Até mais, vizinha.” e piscou. Mesmo que ela já tivesse ido embora, só pra não perder aquele maldito hábito.

Porque ele não perderia a oportunidade de pedir uma xícara de açúcar pra vizinha-de-bloco-porém-não-de-apartamento.

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Então, babes, gostaram? Eu achei meigo. E meio que é importante pra fic.

Vou-me, lindas.

beijus <4