Watashi No Hime!

Capítulo 01 - Prólogo


-Eu te amo!

Fiquei calado, ignorando quem quer que tenha dito essa frase “inútil” e continuei meu caminho. Porém, o Ser não entendeu o recado e logo palavras desconexas chegavam ao meu ouvido.

“O que eu fiz para merecer isso...”- Desarrumei meus cabelos instintivamente enquanto pensamentos sobre minha vida azarada circulavam minha mente. Parei de andar.

-Por favor! Me escute, Kira-kun! Por favor, eu te amo! Saia comigo! Eu te prometo que serei tudo aquilo que você sempre quis! Eu farei tudo por você! Por favor! – A criatura estava quase de joelhos, chamando a atenção dos curiosos em volta e até daqueles que no geral não davam a mínima para situações como essa.

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“Calma... Nada de descontrole...” - Respirei fundo. O ar estava pesado, meio difícil de respirar, eram muitas pessoas se aglomerando. Minha visão estava ficando meio turva, acho que é melhor eu sair logo daqui, estava muito quente.

-Kira! Kira! Me responda! Você vai me deixar assim! VAI!? ME RESPONDA, AMOR!!! EU TE AMO! VOCÊ É TUDO PARA MIM!!! EU VOU MORRER SEM VOCÊ!

Encarei a pessoa que tanto gritava. Provavelmente meu rosto já devia estar meio vermelho tanto de raiva como de calor, e bem, eu devia estar com uma careta estranha, típica de quando estou com ódio. Ainda assim, os olhos do infeliz brilhavam diante a atenção que agora eu lhe dava.

Mas aquele brilho permaneceu ali por pouco tempo, bastou eu abrir a boca.

- Quem é você? Quem deixou você me chamar pelo meu primeiro nome? Por que você está me seguindo? Eu permiti que você me chamasse de Amor? – Falei alto e em bom tom, para que todos ali ouvissem – E quem é você para dizer “Eu te amo”? Você por um acaso me conhece? Não! E não seja prepotente! “Ser tudo o que eu sempre quis”?!Ha.

O cara já estava sem chão àquela altura do campeonato, e eu estava só começando.

Respirei fundo e prossegui – Pense bem antes de falar qualquer coisa ou inutilidade. E tenha educação. Causar um alarde por meras palavras é uma infantilidade, da qual eu não quero fazer parte, a propósito. Então, recomponha-se e suma da minha frente... – Apesar de eu ter sido o mais gentil possível, era notável que o serzinho estava quase chorando, por isso acrescentei meio que a contra gosto - ...por favor.

E assim, continuei andando. Abrindo caminha por entre as pessoas, estas que me olhavam em geral horrorizadas. Vi de longe que algumas meninas e meninos foram tentar reconfortar o ser que continuava paralisado no mesmo lugar.

“Fracote...” – Entrei na sala de aula, sem cumprimentar ninguém e fui para meu lugar no fundo da mesma.

-Nossa, Hime-san! A aula mal começou e você já está destroçando corações! – A voz fina se propagou pela sala de aula, assustando boa parte dos alunos já presentes.

E após essa fala super discreta minha amiga de infância, Aoi, correu em minha direção. Logo, me preparei para o “Big panda”, um nome idiota que ela deu para os abraços mortíferos que ela cismava em me dar todo santo dia.

- Aoi, me larga.

Essa era meu “Bom dia”, pelo menos para ela.

-Ohayou Kira-kun! Como você está lindo hoje! Tão Kawaiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii! O que você passou na sua pele?! Ela está tão macia!!! – Sempre a mesma conversa. Ela chegava, quase me matava e depois ficava falando sobre mim. Doida.

-Como sempre... Eu não passei nada – Falei sem animo algum.

Mas como sempre, ela me ignorou e começou a fazer diversas perguntas, no geral inúteis e às quais sequer escutei.

Mas para minha alegria logo o professor da primeira aula chegou e acabou com toda a conversa. E assim o dia passou rápido sem mais nenhuma grande interferência, ou pelos menos nenhuma que valesse realmente a pena comentar.

...

-Ei! Hime-san, vamos mais rápido! Senão as meninas vão me xingar! – Aoi implorou pela quarta vez, enquanto eu apenas virava o rosto e andava o mais lento possível, sem ser xingado pelos transeuntes estúpidos – Vai, Kira-kun! Lembre-se que hoje é aniversário da Yano-chan!

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Suspirei alto. Aquele tão esperado aniversário estava me custando preciosas horas de meu tempo na frente da televisão. Eu não queria ir e havia deixado isso bem claro para todas as cinco, seis meses atrás (Aprendi que com elas é melhor prevenir do que se ferrar depois... Mas nunca deu certo). Elas me conheciam muito bem, ainda assim me forçavam a ir nesse tipo de encontro barulhento e feminino. E até hoje, eu continuo achando que elas não aceitaram totalmente meu gênero: Masculino - XY.

Desistindo de resistir, apressei-me para acompanhar uma Muito animada, Aoi. Já que se fosse para sofrer, que sofresse depressa!

Em dez minutos já nos encontrávamos na frente de um enorme prédio, daqueles belos, caros pra caramba e anti-pobre. Mas bem, ele em si não importa, mas sim quem mora ali, em um dos vinte dois apartamentos.

-Eu não gosto daqui – Comentei baixo, enquanto atravessávamos a entrada sob diversos olhares, nada agradáveis, a propósito – É tudo brilhante demais...

-Hime-san, você combina perfeitamente com um ambiente desses, sabe? Você tem uma aparência de atriz mirim de cinema...

-O que...? – Falei entredentes, contendo minha raiva e certa vontade de ver sangue de um certo alguém. Se havia algo que eu não suportava era ser comparado a uma menina, independente da minha aparência.

-Hahaha, calminha, Hime-san, foi só uma brincadeira! Eu só queria dizer que você tem um tipo de beleza que combina com esse ambiente – Ela quase gritava e continuava a rir – Por que você acha que todos estão nos encarando, apesar dessa não ser a primeira vez que estamos vindo aqui?

Ignorei sua pergunta, e fui em direção às escadas. Eu nunca gostei de elevadores e nem mesmo 18 lances de escadas me fariam perder esse “medo”. Vi de lado, Aoi, me seguindo, mas parando ao ver por onde eu ia. Tão sedentária...

-Hime-san, a gente se encontra lá em cima!

Não respondi. Apenas puxei o ar, me preparando mentalmente para subir e subir... Quem eu estou querendo enganar? Eu sou mais sedentário que ela!

...

-Ah...Ah....Ah... – Soltei o ar, tentando manter minha respiração o mais normal possível, depois de ter subido 18 lances de escada. Não obtive grande sucesso – Eu vou morrer.... Maldito medo estupido.... Ah...

Botando os pulmões para fora e suando feito um animal, cheguei finalmente ao meu objetivo: apartamento número 18! Toquei a campainha.

-HIMEEEEEEEEE – Um grito histérico e típico de menina soou pelo andar. Suspirei alto. Felizmente, naquele prédio, havia um apartamento por andar, então a possibilidade de incomodar os vizinhos era meio nula. Apenas meio.

Entrei no imenso lugar, e logo vi todas as minhas queridas amigas lá, até mesmo Aoi. Elas me cumprimentaram de suas formas sádicas e femininas. E quando por fim me vi livre para respirar, me arrependi profundamente de ter pisado os pés naquele lugar.

-POR FAVOR! Vai, Hime-chan! Por mim! Onegai! Onegai! Onegai! Onegai! – Yano começou a gritar, após cerca de meia hora. Ela é as outras tentavam em vão me fazer aceitar um plano maluco.

Yano, a aniversariante, cursava jornalismo. Chii, a mais velha do grupo, estudante do último ano de engenharia química. Yuka, uma bolsista, estudante de moda. Mika, a mais nova estava no primeiro ano do colegial, assim como eu e Aoi. Sendo que ambos estávamos no último ano.

Esse era o nosso pequeno grupo. E como sempre, elas marcaram de sair por conta do aniversário de 20 anos de Yano, porém dessa vez diferente das outra, ela haviam marcado de ir num tipo de “Goukon” e, é claro, que elas arranjaram um jeito de me meter nessa, mesmo que seja um encontro com exatamente seis caras. E bem, não sei se você notou, mas estamos em cinco mulheres e um cara!

Eu tenho que me apressar e arranjar novas amizades!

-Kira-kun, onegai! Faça isso por todas nós – Mika falou com sua voz doce e sonora. Me fazendo relaxar um pouco – É a primeira vez que surge esse tipo de oportunidade! Onegai!

-É isso mesmo! – Chii gritou, concordando com a outra. Aquela ali só queria aproveitar a oportunidade para comer alguma coisa, já que a mesma há tempos perderá as esperanças de achar algum cara a seu gosto – Você quer nos ver morrer virgem!?

Suspirei de desgosto, elas estavam começando a apelar.

-Hime-san, você lembra que me prometeu um favor....? – Yuka, a nerd tsundere do grupo se aproximou calmamente de mim. Tremi ao lembrar de minhas palavras, eu realmente lhe devia um favor.... – É a hora de eu pedir esse favor de volta....

-Mas.... Mas... – Sussurrei tentando faze-las desistir de suas ideias malucas.

-Nada de mais, Hime! Aceite sua situação como homem e cumpra sua palavra!

Aquelas meninas há tempos tinham fantasias a respeitos de me vestirem com certos tipos de roupas. Talvez devido a minha imagem que todos dizem ser afeminada ou por puro sadismo, prefiro não pensar muito sobre isso. Enfim, sou baixinho, cerca de 1,59 m; tenho cabelos lisos, estes um pouco abaixo do ombro e loiros; meus olhos são cinzas, meus traços são delicados, ou como as meninas dizem, típicos da realiza (Não sei como elas podem saber disso, já que nunca viram ninguém, a não ser a velha rainha Diana, com uma coroa), por esses e outro fatores elas me apelidaram de Hime e pelas mesmas razões eu odeio que me confundam ou insinuem que sou uma menina.

Naquele momento, devido a uma promessa feita de forma descuidada, fui obrigado a ceder e ir a um Goukon com minhas “adoráveis” amigas...

E pela primeira vez na vida a possibilidade de cometer um ou mais assassinatos realmente passou pela minha cabeça, mas antes que eu pudesse completar meu plano, de forma que eu não fosse para cadeia, me vi com um vestido, maquiagem, cabelos feitos e um salto alto vermelho no pé.

Alguém me mate! Por favor!