Em breve

O fotógrafo e o preto.


Thales Martins acordou atordoado, com aquele sentimento típico de quando não lembramos de um sonho, mas sabemos que sonhamos.

Dormiu mal provavelmente porque ficara acordado até muito tarde fotografando um casamento entediante no dia anterior. A demora não foi o casamento em si (com a tia-avó do noivo pedindo para ele fotografar cada detalhe supérfluo da decoração), mas se deu início quando esse mesmo noivo que, apesar de ter agora um anel caríssimo na mão, a mantinha fechada; e informou, no último segundo, que não pagaria a condução de volta de Thales. "Ô, menino, já tá muito caro, né. Se quiser, meu sogro te dá uma carona pra Campinas". Thales tinha feito desconto para o evento de mais de 4 horas deles. E morava na capital, a cerca de boas dezenas de minutos e algumas conduções de distância da aleatória cidade Campinas, oferecida de forma

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"Tão altruísta." ―ele pensou.

Para recuperar o corpo da pequena viagem na última madrugada, tomou um café da manhã reforçado. E demorado, já que se distraiu um pouco enquanto assistia Law & Order: SVU. Na tela da TV era mostrada, conversando com os detetives, uma menina hospitalizada – a qual acabara de perder a mãe e ser estuprada. A situação dele não era tão ruim... Não eraboa o suficiente, todavia.

"O corpo é simples. Mas o que fazer para recuperar a mente?"

Há seis meses fora enganado por um amor à distância, o qual Thales insistia, de forma teimosa e ilusória, que seria bem sucedido. Se entregou à terapia e remédios que nunca resolviam seu tédio crônico. Afinal, era tédio mesmo ou falta de vontade de fazer algo? Há muito não fazia nada além de trabalhar e, vez ou outra, encontrar os mesmos amigos de sempre. As campanhas contra tecnologia nuclear e contra a discriminação que fizera quando mais jovem pareciam bonitas na tela do computador, mas nunca preencheram seu próprio vazio, tampouco resolveram algo, de fato, para o mundo ao redor...

"E se, justamente, o problema não fosse no indivíduo, mas no meio? E se o peixe só estiver nadando mal porque o pH da água é que está incorreto?"

O menino que era fã de super-heróis – mas trocou seu uniforme colorido de batalha por uma básica camisa preta, ao crescer – voltou a habitar no, já maturo aos vinte e poucos anos, "sr. Martins". Ele que, antes, ingenuamente, queria mudar o mundo (desistira por não ter as ferramentas necessárias). Agora, porém, com a base principal – sua vontade – retornando à sua corrente sanguínea (que se agitava e começara a correr mais...) ponderava que, talvez, finalmente soubesse quais eram tais ferramentas. Bastava encontrá-las:

Alô, prima? Lembra daquela história maluca que você que me contou sobre viagem astral? E se a gente pudesse criar uma fórmula racional e aplicável ao...

[...]