De mi no puedes escapar

León corou, mas pude notar que apesar de tímido, ele se encontrara um pouco irritado.

- Mas que tipo de pergunta é essa, Violetta? – León disse já um pouco alterado.

- É que a fala da Ludmila pareceu tão sugestiva e... – Tentava de todas as maneiras explicar-me.

- Basta. – Ele me interrompeu. – Já que a gente chegou mesmo nessa conversa, também vou querer saber da sua... Vida. – Lançou um olhar desafiador.

Eu corei na hora. Não queria falar para León sobre a minha “experiência” com os garotos, seria bem constrangedor, já que eu não tenho nenhuma. O que mais me deixava preocupada é que ele estava enrolando demais para me responder, o que praticamente já me deixava certa da resposta.

- Tá. – Bufei. – Mas agora me responde logo! Sim ou não.

- Isso vai mudar em algo na nossa relação?

- Não. – Respondi insegura.

Aquela pergunta dele só me deixava mais certa ainda da resposta, eu abri bem os ouvidos, apesar de não querer escutar nada. Meu coração teria que suportar.

- N-não. – Ele disse timidamente e então olhou para os pés.

Eu não entendi nada. Se era essa a resposta, por que tanto enrolamento e vergonha? León simplesmente não fazia sentido nenhum naquele momento.

- Não??? – Eu disse surpresa. – Mas como? Vocês ficaram quatro anos juntos, como aguentaram? E é sério, a Ludmila foi bem sugestiva.

- Violetta, quando eu e a Ludmila começamos a namorar tínhamos treze anos, nem sabíamos direito o que era isso. Sem contar que ela foi a minha primeira namorada, empolgação de momento, eu sequer gostei realmente dela algum dia.

- Mas então por que tanta vergonha para responder? – Eu sei, já estava virando um questionário, mas eu devia aproveitar a oportunidade.

Ele suspirou.

- Associe... A Ludmila foi a minha primeira namorada, e logo depois você apareceu e nós terminamos. E já que eu nunca toquei em você... – Ele não terminou a frase, sugerindo que eu tirasse as minhas próprias conclusões, e eu logo entendi.

- León, você é...

- Sim. – Ele me interrompeu. – Você está diante de um cara com quase vinte anos, que é virgem. – Pude perceber que ele corou muito naquela hora, só faltava esconder a face de tanta vergonha. – E a Ludmila só foi sugestiva para te provocar. Vergonhoso né?

Eu só não entendia como o garoto mais cobiçado do Studio nunca tivesse ficado com ninguém, mas confesso que eu estava praticamente saltando por dentro por ouvir essa resposta.

- Mas como? – Eu abri um sorriso enorme. – Por quê? Tinha tantas garotas do Studio que morriam por você.

- Sim, mas eu não gostava de nenhuma delas, exceto você. Sem contar que o meu pai me ensinou a ser gentil, sempre me disse que garotas tinham os sentimentos muito aguçados e que eu não devia fazer nada com incerteza, e bem, eu acho que a gente só consegue ter certeza depois que casa. – Corou mais ainda.

- Lindo. – Eu disse e beijei a bochecha dele. – Isso não é nem um pouco vergonhoso, é admirável.

Ele sorriu.

- Ainda bem que você acha admirável agora, porque isso vai acabar quando a gente se casar. – Pude vê-lo mordendo o seu lábio inferior.

Eu corei.

- É-é. – Sorri com nervosismo. – Bem, nem preciso falar da minha vida né? Afinal, foi você quem deu meu primeiro beijo.

- É, eu lembro bem. – Pude sentir um pouco de malícia naquela fala.

- Ei! – Dei um leve tapa no braço dele.

- Bem, pelo menos isso significa que nós seremos completamente um do outro, não é?

- Sim. Mas León... Quando o dia chegar, sabe... – Dei uma pausa.

- Quando o dia chegar o quê? – Perguntou.

- Sabe, somos dois inexperientes, como vamos saber o que... fazer?

Ele riu.

- Qual é, Violetta. Isso nasce com a gente, todo mundo sabe como fazer.

- T-tem certeza? – Perguntei insegura.

- Quer testar agora? – Ele deu um sorrisinho malicioso, o que me assustou.

- C-COMO?! – Eu perguntei assustada.

Ele começou a rir descontroladamente.

- Estou só brincando, sua besta. – Sorriu e beijou minha testa.

Eu suspirei de alívio naquele momento. Apesar do último momento tenso, León me deixava bem segura, e isso era muito bom. Era perfeito saber que ao meu lado existia alguém que me esperaria, e que me respeitasse acima de tudo apesar de ser um homem. Naturalmente as garotas idiotas achariam que o fato de León nunca ter estado com ninguém significaria que ele era um tremendo otário, mas não, isso só demonstrava tamanha força que ele tinha para se controlar, o que também significava que o mesmo respeitaria as minhas decisões num futuro casamento. Aquilo sim era homem.

Passei o resto do dia fazendo qualquer coisa com León. Nós cantamos, assistimos filmes, brincamos, ouvimos música e atormentamos a Ludmila e a Sra. Vargas. A única coisa ruim naquele dia foi o fato de Ludmila me lançar um olhar exterminador a cada vez que eu passava por ela, o que me deixava um pouco intimidada. Por sorte, cada vez que ela me provocava León a provocava mais ainda.

O dia passou tão rápido que quando fomos ver já havia passado da hora de ir pra casa, León me levou e como sempre ouviu um discurso do meu pai, mas era só o mesmo de sempre. Me deixou com um breve beijo de despedida e então eu subi para o meu quarto.

Demorei um pouco para pegar no sono. Confesso que não conseguia parar de pensar em quão mágico seria o momento em que eu e León realmente nos entregaríamos um para o outro, mas aquilo também me deixava um pouco preocupada. Não sei se era coisa da minha cabeça, porém a conversa que eu tive com León me parecera um tanto sugestiva, como se não fosse demorar até que nós subiríamos no altar juntos, o que era assustador para uma garota de dezenove anos.

De qualquer forma, a única coisa que eu teria que fazer no momento era me concentrar no aniversário de León. Já que eu não fui convidada para a organização da festa, eu deveria no mínimo caprichar no presente, e ser bem criativa, o que realmente era difícil para mim.

Passei praticamente a noite inteira pensando em todas as possibilidades de presente possíveis e então finalmente cheguei à uma conclusão, e esta seria mais uma surpresa para León. Saber o que dá-lo era tão reconfortante que não demorou muito até que eu caísse num sono tranquilo e profundo, somente aguardando a chegada do grande dia.