Enchanted

Estrada


Enchanted

Capítulo I Estrada


Abriu os olhos não enxergando nada além do céu azul claro, os lábios secos entreabertos por aberturas, o mesmo estava partido de tanta sede, os olhos cerrados demonstravam o quanto a mesma estava cansada, levantou-se meio cambaleante sentindo seus cabelos ruivos claros balançarem de acordou com a direção da brisa, e ao ver o sentido que a brisa harmônica apontava, começou a segui-lo com a respiração calma e o coração sereno, saberia o que fazer na hora certa, saberia o que fazer quando encontrá-lo, ela sabia que sim — apesar de não ter muita certeza.



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Obrigou-se a não cambalear durante sua caminhada, os pulmões cheios de ar, e o coração batendo, ela nunca sentira um coração, nunca sentira um, ela nunca o teve, apertou os olhos rejeitando este tipo de pensamento que à até pouco tempo atrás nem mesmo existia em sua mente, avistou uma pequena movimentação perto de um edifício grande, ela lembrou-se das palavras de seu pai ao ler: Colégio Negimem Solemen.



— Aonde você irá daqui a alguns anos, terá algo que você nunca viu, Haley. — a menina de cabelos ruivos franziu a testa e emburrou a face fazendo o pai gargalhar, os olhos azuis claros da menina brilharam em uma raiva que a fez emburrar ainda mais sua face mostrando um pequeno beiço em seus lábios pequenos de uma criança de oito anos. — Lá terão escolas, ou colégio, como quiser.



— Escolas, papai? — a menina perguntou curiosa e confusa sobre o assunto, passou a mão sobre seus cabelos ruivos pensando mentalmente no que seria este, talvez, objeto que a mesma nunca vira, desistiu de pensar sobre o mesmo assim que viu que não chegaria a nenhum lugar. — O que é um colégio, papai?



— Colégio é aonde muitas crianças vão para aprender coisas sobre o país de onde nasceram, e treinam o cérebro no final do mês fazendo pequenas provas sobre isso. — os olhos azuis da menina brilharam num entendimento repentino, lembraria disso para todo o sempre, nunca iria esquecer quaisquer palavras que seu pai pronuncie para a mesma.



Suspirou passando a mão levemente sobre seu cabelo ruivo claro, ela nunca entenderia essas pessoas, nunca entenderia esse esforço nos quais elas tinham para no fim, fracassar, ignorou o repentino frio na barriga ao ver que estava em frente ao colégio, os olhares curiosos imediatamente foram para a mesma, ignorou novamente sentindo uma leve pontada em seu peito esquerdo, apertou o local com cuidado, curiosa, já que não havia nenhuma ferida ali para sentir aquela forte pontada no mesmo.



Sentiu-se ser cutucada no ombro, virou-se de maneira tensa, rígida, deu-se de cara com lindos olhos azuis, tão zuis como os céus, seu cabelo dourado, e um sorriso estampado em seus lábios, estremeceu ao olhar diretamente em seus orbes azuis, engoliu em seco, o menino sorriu-lhe mais ainda.



— Você veio falar com meu pai? — o menino lhe perguntou com uma de suas sobrancelhas claras arqueadas, indicou a escola com umas das mãos, a menina ficou sem fala, piscou repetidas vezes até então ver o garoto sorrir sem graça. — Desculpe, eu nem me apresentei, meu nome é Steve Solemen, sou filho do dono da escola, se você quiser eu posso levar você até o meu pai.



— Não. — respondeu virando-se olhando ao derredor, todos os alunos os encaravam, fechou os olhos fortemente sacudindo sua cabeça, ela teria de achá-lo, e rápido. Em passos lentos, ela continuou sua caminhada, mas, agora, pelo lado oposto de onde estará, seus passos, antes calmos, agora rápidos e largos, mas estancou assim que sentiu-se ser parada por alguém que segurava seu pulso, olhou por soslaio para trás e viu Steve. — O que há?



— Você não me disse seu nome. — ele respondeu-lhe, vacilante, um rubor nas maçãs de seu rosto denunciava sua vergonha ao falar com a menina, os pensamentos de Haley rolaram, nunca tivera sobrenome, apenas nome, nunca tivera sobrenome, até agora.



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— Haley Fitzpatrick. — soltou seu pulso e voltou a caminhar, um cheiro de álcool chegou a suas narinas assim que avistou um pequeno casebre, fez uma careta, ela precisaria de uma casa, adentrou no minúsculo casebre percorrendo os olhos verdes pelo local escuro, a visão embaçada, procurando até o mínimo detalhe do casebre, o cheiro de álcool impreguinava o local deixando-a com nojo e uma pequena ânsia de vômito. — Tem alguém aqui?



Perguntou para o vácuo da casa, procurando alguém — ou algo — que pudesse morar nessa bagunça, tudo estava revirado, o sofá rasgado e sujo de lama estava de cabeça para baixo, as madeiras que seguravam as cadeiras estavam quebradas, haviam cacos de vidro por todo o cômodo de onde estava, e ela viu que esta seria os poucos de sujeira ali dentro. Em passos lentos e um pouco receosa, se não apreensiva, caminhou para a única porta dali retirando a da entrada, respirou fundo inalando mais uma vez o cheiro de álcool e lama girando lentamente a maçaneta, logo o barulho de asas foram ouvidas, todos os morcegos que estavam ali saíram deixando-a sozinha com os olhos arregalados, o coração batendo numa velocidade extrema e a respiração descompassada pelo susto, engoliu em seco, tossindo ao — respirar fundo — inalar poeira.



— Muito sujo. — resmungou consigo mesma, fechou os olhos com força e concentrou-se nas energias da natureza, todos pareciam estar dando poucas de suas energias, as árvores, a terra, as plantações, os animais, e os humanos, logo o casebre aparecera arrumado, limpo e cheiroso, piscou repetidas vezes até acordar de seu transe, olhou para as roupas que vestia, uma calça preta, estranha, pensou ao vê-la melhor, uma blusa rosa bebê simples sem babado, e uma sapatinha dourada, apenas isso, nada para realçar seus olhos, seu cabelo, e nem seu corpo.



Caminhou em direção a cozinha ouvindo o estômago roncar, suspirou ao não ver nada na dispensa, ela já teria de sair de casa, estendeu a mão aparecendo bolos de dólares em sua mão, a quantia era alta, e assim ela poderia comprar tudo o que precisaria para manter-se ali, naquele casebre e naquele local, saindo de dentro do casebre, ela nada viu, senão árvores — já que ela estava na floresta. Um pouco receosa em qual direção seguir, ela decidiu ir pela esquerda, ouvindo o barulho do farfalhar das folhas quando pisava em cima das mesmas, assim que saiu da floresta avistou o asfalto com alguns veículos passando em alta velocidade pela mesma.



Esperou o tempo certo para passar a rua asfaltada, e vendo que nenhum carro mais passava, ela decidiu atravessar a rua ainda olhando para os dois lados, não viu nada, deu de ombros e atravessou a rua sem problemas, sorriu consigo mesma satisfeita em conseguir fazer algo sem a ajuda de alguma pessoa. Avistou um pequeno mercadinho, e caminhou até o mesmo, distanciando-se dos carros em movimentos. E adentrando no mercadinho, ela avistou várias prateleiras cheias de variadas coisas.



Determinada, pegou tudo o que parecia bom, para seu gosto, mas não conseguia pegar algo de cima da prateleira por conta de sua altura, pulou tentando pegá-la, mas mesmo assim não conseguiu, de longe, ela viu um menino de cabelos negros como a noite, seus cabelos eram bagunçados, desgrenhados, mas charmosos, o viu pôr alguns produtos nas prateleiras de cima, caminhou em direção ao mesmo de modo firme, cutuco-o pelo ombro fazendo-o virar-se com uma carranca em seu rosto, em seus olhos verdes escuros presos em seus azuis, um brilho assassino passou pelos olhos verdes escuros.



— Você poderia pegar aquele produto para mim, por favor, moço? — pediu com um rubor em suas bochechas, o menino largou os produtos que estava nas mãos de forma bruta bufando e murmurando palavras desconexas que ela não pôde formular. Ele fez o que ela pediu-lhe, pegou o produto com facilidade e jogou o produto no ar para Haley que pegou imediatamente quando viu algo em sua direção.



Mas nem ela e nem ele, sabiam que aquele seria apenas o primeiro de vários encontros, sejam formais, ou informais.


Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.